Saga Sillentya: Lágrimas da Alma escrita por Sunshine girl


Capítulo 23
XXII - No Covil do demônio


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii!!!

Finalmente apareço por aqui com o penúltimo capítulo da fase!

Espero que gostem da batalha final e de seu desfecho inesperado!

Boa leitura!



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Capítulo XXII – No Covil do Demônio

“Meu Deus, meu protetor,

Devolva a minha salvação

Meu Deus, meu protetor,

Devolva a minha salvação”.

(Evanescence – Tourniquet)

A água escorria pelas paredes lisas e escorregadias, filetes que jorravam da rocha nua e quase indestrutível. Água esta, que escorria livremente acima de mim e pingava na minha testa. E isso fora o que me despertou a alguns poucos segundos.

Eu ainda me encontrava um pouco grogue e baqueada, a rocha lisa e dura onde meu corpo jazia, deitado, era completamente desconfortável.

O torpor ainda recuava de meu corpo, deixando que eu recuperasse um pouco do controle sobre meus braços e pernas. Tentei me mover, mas algo me impediu, algo restringiu meus movimentos.

Girei minha face, atordoada, na rocha para meu braço, e puxei novamente, mas sem resultado. Só então senti a grossa amarra em torno de meu pulso, e de meus tornozelos, prendendo-me a rocha dura.

Girei minha face para o outro lado, gemendo. Minha visão estava borrada, distorcida, sombras toldavam meus olhos, impedindo-me de enxergar a realidade. Mas meus ouvidos podiam captar os ruídos grotescos que ecoavam naquela caverna, como o pingar da água nas rochas. O murmúrio do vento, sombrio, atormentado. Um silêncio de gelar a espinha, e principalmente, uma voz ao longe que me chamava incessantemente.

Concentrei-me nela, reconhecendo seu timbre alarmado, preocupado, e ao mesmo tempo, doce e maternal.

- Mãe... – sussurrei, reconhecendo sua voz.

Movi minha face novamente, gemendo, forçando meus olhos a atravessarem a densa negridão que os toldavam. E a vi.

- Mãe! – exclamei, um pouco mais alto, reconhecendo-a, bem diante de mim.

- Agatha, meu amor, você despertou... – ela murmurou, aliviada.

Seu rosto belo brilhava devido a uma fina camada de suor, que grudava a franja em sua testa. Ela, assim como eu, encontrava-se imobilizada, amarrada. Cordas envolviam seus pulsos, suspendendo seus braços acima de sua cabeça, prendendo-a na grande rocha a minha frente.

- Mãe... – eu repeti, ofegando – Onde está o John?

Ela olhou para ambos os lados, certificando-se de que estávamos a sós. Inclinei minha cabeça, tentando enxergar melhor o local onde nos encontrávamos, mas as amarras impediam-me de me mover, e eu a tombei novamente na grande rocha a qual estava imobilizada, e tornei a fitar a figura de minha mãe, de pé, bem diante de mim.

- Eu não sei, meu amor, eu não o vi... Assim que cheguei em casa ontem pela tarde, uma... coisa atacou-me e trouxe-me para cá. Desde então, tenho estado aqui, sem saber se é noite ou dia, com aquele homem... nojento falando-me sobre você... Querida, você precisa sair daqui! Você precisa...

- Eu sei, eu sei, mãe! – eu a interrompi – Ele tentará me sacrificar no Wayeb para trazer o fim do mundo.

Olhei para os lados novamente, procurando por Christian, mas ele não estava ali, em nenhum lugar. O desespero tomou posse de todo o meu corpo no meu instante.

- Mãe, onde está o Christian?

A confusão atravessou todo o seu semblante no mesmo instante.

- O quê, meu amor? O que Christian tem a ver com tudo isso?

Só então me lembrei que minha mãe não sabia de nada, que Christian era um Mediador, e principalmente, que era irmão caçula daquele quem ela mais odiava, Aidan.

- Deixe para lá... – murmurei, lançando meu olhar para as rochas que vertiam água ao meu redor.

E então, passos ecoaram, decididos, acelerados. Sobressaltei-me no mesmo instante, fixando meus olhos nas penumbras densas que habitavam o fundo daquela gruta, tentando ver o rosto do demônio que havia estendido suas garras e conquistado toda a South Hooksett.

Mas quando ele recuou delas, seu semblante sombrio sendo iluminado pela luz pálida, eu não pude deixar de demonstrar todo o meu pânico, todo o meu temor por estar diante de tal criatura revestida de maldade.

E seu rosto realmente o transparecia; os olhos eram pequenos, o direito cintilava, de um castanho-claro amendoado, muito bonito. Mas o outro era de um azul claro assustador, talvez porque seu olho esquerdo não possuísse íris, e fosse marcado de ponta a ponta, verticalmente, por uma cicatriz assustadora, que pendi até a maçã de seu rosto.

Sua pele era morena, queimada de sol, porém desgastada, como couro velho, os lábios eram pequenos, porém repuxados em um sorriso cruel. E por fim, os cabelos eram de um castanho, escuros e ondulados.

O homem circulou a imensa pedra lisa a qual eu estava amarrada, e adentrou mais sob a pouca incidência de luz daquela manhã. Senti um arrepio subir pela minha espinha quando ele estendeu sua mão grande até meu rosto, segurando em meu queixo, elevando minha face.

- Enfim despertou, jovem Agatha! – ele exclamou com sua voz rouca, e a maldade estava até mesmo ao fundo, ressoando em cada palavra.

Ele soltou meu queixo, e outro sorriso diabólico emoldurou seus lábios. Seu olho defeituoso cintilou na escuridão, e ele notou meu olhar de repudia em sua cicatriz. Ele riu um pouco, e depois apontou para ela, contornando com as pontas dos dedos o rasgo aberto em sua pele.

- Está curiosa a respeito disso, criança, não se preocupe, isso é apenas uma cicatriz de batalha que eu ganhei há muitos e muitos anos, quando desertei de Sillentya.

Ele aproximou-se de minha mãe, avaliando cada reação dela, e depois seus dedos envolveram seu maxilar, eu estremeci.

- Eu estava justamente contando a sua querida mamãe como ela foi feita por um caçador. – ele cerrou os olhos por alguns segundos, perdendo-se em lembranças – Foi simplesmente épica aquela caçada na Romênia.

- Você é louco. – eu esbravejei e ele riu, soltando o queixo de minha mãe – para o meu alívio.

- Muitos dizem isso de mim. Não que eu realmente me importe, depois de servir Sillentya por séculos e mais séculos, eu decidi que estava na hora de seguir o meu próprio caminho e estabelecer o meu próprio reinado.

- Você quer dizer usar pessoas inocentes para travar uma batalha contra Sillentya. – eu cuspi através de meus dentes trincados, meus punhos cerravam-se por minha fúria indomável – Você me enoja. Não passa de um cretino e covarde!

Desta vez ele explodiu em gargalhadas, seu riso maléfico ecoava por toda a gruta, fazendo-me arrepiar dos pés a cabeça. Eu o estava desafiando, mas que outra opção poderia restar-me agora? Eu precisava ganhar tempo, o máximo que conseguisse, pelo menos para que Christian chegasse até mim.

Ele cessou o riso, aproximou-se de mim novamente, seus dedos afagaram a lateral de meu rosto lentamente, eu quis recuar, seu toque era repugnante em minha pele. E um sorriso de satisfação emoldurou os lábios do desertor.

- Sabe, Agatha, às vezes nós mesmos precisamos escrever a nossa história, o nosso destino. E é isso o que estou fazendo, estou reescrevendo o meu destino. Eu já fui um dos mais importantes sacerdotes de Sillentya, servia as Sete Tristezas, cuidava dos seus preciosos rituais, mas isso não era o suficiente para mim, nunca foi na verdade, eu sentia que o meu destino era muito maior que aquilo, e quer saber, estava certo. Em uma noite decidi que não mais os serviria, e fugi, cruzei tantos países, vaguei por tantos dias e por tantas noites sem cessar, até que encontrei essa pequena cidadezinha na América, e ela era perfeita para os meus planos!

- Você é Jeremias O’Connel... – eu murmurei, sorrindo cinicamente para ele, estava determinada a enrolá-lo pelo tempo que fosse necessário. E ele sorriu em resposta, encarando-me com surpresa e admiração no olhar.

- Ora, ora, mas que garota mais esperta! Vejo que andou pesquisando nos registros da cidade a meu respeito, sim, meu nome é Jeremias, eu cheguei a essa minúscula cidade há mais de sessenta anos, e observei os moradores de tal pacata e medíocre cidadela.

Mantive meu sorriso, e inclinei minha face para frente, observando-o melhor.

- Você era o melhor amigo de Anthony Hamilton, aproximou-se da família dele apenas com o intuito de usá-los como os cinco sacrifícios iniciais, e depois manipulou Anthony, fazendo com que ele próprio desse cabo da família, um a um.

Jeremias alegrou-se por meu conhecimento, e aplaudiu-me. Suas palmas ressoavam altas na caverna.

- Estou lisonjeado, é sério, Agatha, estou feliz que esteja a par de tudo o que houve naquela noite, isso me poupa o trabalho de explicar-lhe tudo, mas... Você esqueceu de um pequeno detalhe – ele sorriu novamente, a crueldade e a animosidade presentes em seu sorriso alarmavam-me –, enquanto Anthony alvejava a própria família, e eu assistia de camarote, Lílian Stewart, a querida sogra dele, foi torturada e depois enterrada viva no quintal. Ah, foi maravilhoso! Os humanos simplesmente se rendem como marionetes aos nossos pés, realizam feitos que jamais se atreveriam em sã consciência e perfeita lucidez. Mas, nada se compara a expressão de Anthony depois que eu o libertei do transe, e ele viu o que havia feito às pessoas que mais amava e prezava em sua querida vida, não foi nem mesmo necessário manipulá-lo, ele mesmo explodiu os miolos.

- Você é doente. – eu o acusei – Você destrói vidas como se não fossem nadas, usa-as e depois as descarta. Como alguém como você pode ser tão desprovido de misericórdia e compaixão?

- Você está completamente certa quanto a isso, mas se trato os humanos dessa maneira, devia ver como Lorde Ducian trata os seus semelhantes, como escórias, pestes, pragas que devem ser removidas e destruídas.

Decidi mudar nossa conversa de rumo, pois ela assumira um que era perigoso demais.

- Diga-me como arrastou Laura Cornner contigo nessa história. – pedi-lhe, olhando para a figura de minha mãe, e vendo que ela assentia, compreendendo meu plano.

Jeremias fitou o teto rochoso da caverna, ponderando por longos segundos, levou um dos dedos ao maxilar, coçando o queixo, fingindo uma expressão pensativa.

- Laura era uma caçadora nata, letal, como alguns Mediadores costumavam chamá-la. Ela possuía uma sede por poder, uma chama nos olhos, algo que me atraiu. Não foi nem mesmo necessário convencê-la, ela também se cansara de servir aqueles palhaços, então se juntou a mim, e ao meu plano. Por anos ela esteve no anonimato, espreitando nos bastidores, e então resolvemos por nosso plano em prática, Laura utilizava o embuste de estudante do colégio de South Hooksett para escolher as vítimas perfeitas para os sacrifícios. E então, em uma terça-feira ela chega com a tão esperada notícia... Uma Elemental! – ele cantarolou, parecendo-me fascinado – Tínhamos uma Elemental bem aqui, em South Hooksett, embaixo dos nossos narizes, eu procurei por algum durante décadas, sempre fracassando porque Ducian havia exterminado quase todos, mas eu quase não acreditei em como o destino havia me favorecido!

- E como exatamente ela descobriu sobre mim?

- Ah, foi muito simples na verdade, minha Agatha. Um Elemental que têm os seus poderes suprimidos pelo selo da Fênix não pode ser identificado por sua energia. Aposto que conhece essa diferença crucial entre os três tipos de energias.

- Sim, eu sei – murmurei, vendo que minhas tentativas débeis de ganhar tempo estavam dando frutos –, a dos humanos é mais sutil, tênue, como branco, a dos Mediadores é mais intensa, mais forte, como um prateado.

- Exatamente! Mas esqueceu da energia dos Elementais, ela é ainda mais intensa que a dos Mediadores, é facilmente identificada e notada, e é quase impossível camuflá-la, exatamente como um dourado. Mas, como eu estava dizendo, identificar um Elemental pela sua energia, quando seus poderes ainda estão suprimidos é quase impossível, pois a sua energia assemelha-se a humana, então, Laura precisou de outra pista para descobrir a sua verdadeira origem.

- Minha marca de nascença. – eu conjeturei, e ele sorriu, então era um sim – Laura ouviu minha conversa no vestiário naquela tarde, ela ouviu sobre a minha marca.

- Sim, sim! E veio contar-me no mesmo instante. Eu me interessei por você no mesmo instante, decidi seguir o rastro que fora deixado pela sua energia, e quando a encontrei naquela ponte, naquela tempestade, eu decidi que não ia esperar por outra oportunidade...

Meus olhos esbugalharam-se, perdendo foco no que enxergavam, e eu ofeguei, o coração aos pulos, enquanto a razão dominava-me.

- Era você... – sussurrei – Não era Laura na ponte, era você! – afirmei, dessa vez mais convicta – Você me manipulou naquela noite para que eu pulasse da ponte e sofresse uma experiência de quase-morte! Você queria romper meu selo.

Jeremias continuou com o semblante pensativo, os olhos sondavam-me.

- Sim, esse era o meu objetivo, aliás, ainda é. Preciso de suas habilidades para o ritual de sacrifício, e com a energia que será liberada, a fenda na barreira que separa os dois planos será mantida aberta para todo o sempre. E então, quando isso acontecer, mais espíritos terão liberdade total para deixarem o plano espiritual e possuir os corpos humanos. Em breve, todo o mundo será submetido aos meus desejos e caprichos, e nem mesmo as Sete Tristezas serão capazes de me deter!

- Você é doente. – vociferei com os dentes trincados, mas ele deu de ombros, fazendo pouco caso de minhas ofensas.

- Todos dizem isso de mim.

- Aposto que quando ficou sem saída, você mandou Laura como isca para que Aidan a matasse e deixasse a cidade. Você a sacrificou como um nada, estou certa?

- Infelizmente, pequena, era ela ou eu. E Laura aceitou de bom grado o destino que eu lhe concedi, ela escolheu se sacrificar para que o caçador enviado por Ducian fosse embora e eu obtivesse plena liberdade para pôr meus planos em prática. Afinal, eu já tinha tudo de que precisava.

Meneei minha cabeça para os lados, inconformada. Como uma criatura podia ser tão egoísta e cruel? Então me lembrei de Aidan e do que ele fez ao irmão, e cheguei a triste conclusão de que quase todos eles possuíam esses traços frios e dissimulados.

Jeremias notou o meu silêncio e aproximou-se de minha mãe novamente, circulando a imensa pedra a qual eu permanecia amarrada. Um sorriso cruel vincou seus lábios, e mais uma vez ele afagou o rosto dela.

Minha mãe trincou os dentes e cerrou os olhos, desviando o rosto, sentindo-se enojada. Eu mesma tive que refrear minha fúria naquele momento.

- Ah, Agatha, você não tem idéia do que tua querida mamãezinha esconde de ti. Tantos segredos, tantas mentiras ela já lhe contou, e tudo para te proteger. – ele fez uma pequena pausa, olhando para mim – Diga-me, Agatha, você sabe que destino teve o seu querido pai?

Mais uma vez eu não pude evitar, meus olhos esbugalharam, meus lábios entreabriram-se pelo choque e eu perdi o fio da meada. Ele sabia o que havia acontecido com meu pai?

Jeremias pegou entre os dedos uma mecha de cabelo de minha mãe e começou a brincar com ela. Eu simplesmente não tinha palavras naquele momento, não conseguia nem ao menos pensar com clareza.

- Seu pai certamente deve ter sido um herói, um homem de nobres valores, por ter feito o que fez para salvar a filha da morte.

- Pare! – ordenou minha mãe, os olhos já vertendo as tão temíveis lágrimas traiçoeiras, os dentes trincados pela dor e pela fúria – Não conte nada a ela! Você não tem esse direito!

Mantive-me calada, incapaz de processar o que ambos discutiam. Mas uma pequena parte era absorvida vagarosamente por meu cérebro: meu pai, um herói? Meu pai... salvou-me?

Jeremias ignorou a fúria iminente que exalava dos olhos de minha mãe e tapou seus lábios, cobrindo-os com a palma de sua grande mão.

- Eva, Eva, pretende guardar esse segredo por quanto tempo? Ainda a pouco você me contou tudo, detalhe por detalhe do que houve naquela noite... – ele interrompeu-se, lançando um olhar de malícia para mim, a ponta de sua língua umedeceu seus lábios finos e ressecados.

Minha mãe gemeu contra a palma da mão dele, chorando ainda mais, e eu tornei para a realidade finalmente.

- Solte-a! – eu exigi – Deixe-a em paz, é a mim que você quer!

Ele soltou uma curta e baixa gargalhada, sobressaltando-me novamente.

- E por que eu faria isso? Fica bem mais divertido com uma pequena reunião familiar! Sua mãe adorará ver o que eu farei contigo, minha pequena!

Jeremias afastou-se de minha mãe, deixando-a aos prantos, completamente desolada, enquanto tornava a se aproximar de mim. Eu tentei recuar, tentei fugir dali, mas as cordas apertadas em meus pulsos e tornozelos impediam-me de realizar tal feito.

- Hora de romper o selo, minha cara.

E falando isso, ele repousou a palma de sua mão em minha face, deslizando-a por toda a lateral de meu rosto, passando pela base de meu pescoço e chegando até meu ombro esquerdo, e então, em um movimento abrupto, ele rasgou a blusa que eu usava, deixando meu ombro desnudo, expondo minha marca de nascença, e ele a observou, encantado, fascinado, seus olhos malignos fixaram-se em meu ombro e ele pendeu a cabeça em direção à fênix cravada em minha pele.

- Inacreditável – ele sussurrou para si mesmo, ainda enfeitiçado com o que via –, é quase inacreditável que algo tão pequeno possa suprimir tanto poder de destruição!

Eu ofeguei, sentindo a palma de sua mão pressionar minha pele, enquanto ele cerrava os olhos lentamente, a cicatriz também se encontrava em suas pálpebras, e ficava à mostra quando ele as cerrava.

- Vasilis hideota perpiraz...

Trinquei meus dentes pela ardência que tomou conta de meu ombro no mesmo instante, queimava como ferro em brasa. Tombei minha cabeça para trás, gemendo e agonizando de dor. Minhas costas arquearam sobre a pedra e meus membros retesaram-se, enrijecidos pela dor, até meus punhos cerravam-se, enquanto eu me contorcia, completamente a mercê do desertor.

- Agatha! – minha mãe berrara, angustiada ao ver minha dor e minha agonia – Pare com isso imediatamente!

Jeremias a ignorou, e continuou com o ritual, eu sucumbia mais e mais a cada segundo, sentindo a mesma dor lancinante penetrar meus ossos, alcançar as minhas entranhas, e instaurar-se como uma peste dentro de mim.

Tombei ainda mais meu rosto para trás, e desisti de tentar reprimi-la, simplesmente libertei toda aquela dor, e um grito angustiante eclodiu do fundo da minha garganta. Minha mãe reagiu no mesmo instante, gritou meu nome, a voz chorosa, embargada pelas lágrimas.

Podia sentir que o selo, já enfraquecido, em meu ombro, cedia cada vez mais, liberando meus poderes, a energia que estava selada dentro de mim. Eu queria deter o processo naquele momento, queria impedi-la de deixar seu recipiente – meu próprio corpo.

Mas parecia impossível para mim detê-la somente com minha força de vontade. E eu podia senti-la, solidificando-se, ganhando força, crescendo dentro de mim, desabrochando como uma flor, até que eu não pude mais contê-la, e ela escapou, fluiu livremente ao meu redor, como nos dias anteriores, ela libertou-se, o véu espelhado e cintilante expandiu-se ao meu redor, e Jeremias observou-o completamente absorto e enfeitiçado.

- Simplesmente lindo! – ele exclamou e tornou a me fitar – Não se preocupe, Agatha, será algo rápido, só mais um pouco e seu selo não agüentará a pressão dessa energia, e então, será a hora!

Suas mãos moveram-se rapidamente, e Jeremias retirou do cós de sua calça, uma adaga de lâmina achatada e afiada. Eu compreendi que em pouco tempo seria sacrificada como um animal em favor dos planos sombrios daquele monstro.

Ele empunhou a adaga, erguendo-a acima de sua cabeça, mirando-a em meu coração. Meus olhos esbugalharam enquanto ele preparava-se para o ato final, porém, nenhum de nós dois podia prever o que aconteceria a seguir.

Duas mãos envolveram a adaga que estava contida entre seus dedos, puxando-as para baixo, enquanto o misterioso agressor – e meu salvador – o imobilizava, baixando seus braços, ainda segurando firmemente na lâmina prateada cintilante.

Um par de olhos azuis cintilou na escuridão, olhos semicerrados pela mesma fúria amedrontadora que trincava seus dentes e enrijecia seus músculos, era Christian quem aparecera para me salvar!

Jeremias tentou lutar contra a força que era empregada por Christian, ambos forçavam seus músculos ao máximo, imobilizando um ao outro, enquanto ambos permaneciam completamente imóveis, como dois brutamontes que disputavam uma queda de braço.

E quando não mais suportaram tamanha pressão, ambos recuaram, porém, em um movimento ágil e inteligente, Christian tomou a adaga que cintilava das mãos de Jeremias e imediatamente a usou para cortar as cordas que me imobilizavam. Cortando primeiro as que envolviam meus pulsos, e depois, inclinando-se sobre meu corpo rapidamente, ele cortou as cordas em meus tornozelos, liberando-me.

Eu livrei-me das amarras imediatamente, saltando da pedra em um pulo, postando-me ao lado de Christian, meus olhos dispararam para a figura da qual o desertor havia se aproximado: minha indefesa e frágil mãe.

Por reflexo, meus dedos cravaram-se na camiseta que Christian usava, eu estava tensa, e ele percebeu isso, pois me encarou com um sorriso nos lábios.

- Pelo visto, eu terei que fazer as coisas do jeito mais difícil.

E com um salto tão flexível e ágil como o de um felino, ele postou-se ao lado de minha mãe, desamarrou suas mãos, e colocou-a na frente de seu corpo, uma das mãos envolvia seu pescoço frágil, a outra imobilizava seu braço direito nas costas; um escudo humano.

Christian fez menção de avançar e investir contra ele, porém eu o detive.

- Não! Ele pode machucá-la, ou pior pode tentar usá-la como um escudo.

Meus argumentos o convenceram e ele trincou os dentes em um som audível como resposta, cerrando os punhos até que seus ossos estralassem e reclamassem do esforço.

- Isso mesmo, Mediador, ouça a garota ou a mamãezinha querida dela é quem vai pagar o preço!

- Você é mesmo um covarde, esconde-se da batalha atrás de um inocente? Então é muito mais desprezível do que eu imaginei.

Ele deu de ombros, arriando os ombros, tratando as ofensas de Christian como se fossem elogios.

- Eu só faço uso das armas que tenho em mãos, nada mais do que isso.

- Calhorda! – ele esbravejou, profundamente irritado, os músculos retesavam-se, enrijecidos pela fúria que se alastrava cada vez mais por seu corpo.

- Christian... – sussurrei seu nome, recolhendo um pouco mais do tecido que se entrelaçava em meus dedos, segurando-o, impedindo-o de partir para cima do desertor, eu temia pelo destino de minha mãe caso isso realmente acontecesse.

Jeremias moveu-se, levando minha mãe consigo, seu corpo movia-se lentamente, seus olhos encontravam-se atentos a cada movimento que Christian fazia, cada respiração sua era captada por seus sentidos super-humanos.

Os olhos semicerrados e frívolos transpareciam exatamente o que se passava em sua cabeça: a confusão, o nada. Enquanto que seus lábios entreabertos bafejavam o seu hálito contaminado pelo mal e pela morte. Ele molhou os lábios com a ponta da língua e sorriu malignamente.

- Espero que goste de joguinhos, Mediador, porque eu não estou tão disposto assim a abrir mão dessa cidade e de tudo o que já conquistei.

E ao terminar de proferir essa frase, ele girou o tronco, agarrou minha mãe pelos cabelos, levando-a consigo, Christian reagiu instantaneamente, movendo o corpo para que o acompanhasse, eu não esbocei reação alguma, simplesmente não conseguia, estava tão petrificada quanto uma estátua de mármore naquele momento.

Jeremias encaminhou-se para a saída da gruta, onde pálidos raios de uma manhã nevoenta e nublada manifestavam-se, e de seus lábios, duas palavras foram pronunciadas:

- Caledus obumbrata!

Depois disso houve apenas confusão, e um rosnado bestial, invocado do fundo da garganta da criatura sombria rasgou o silêncio que naquele instante predominava.

Christian afastou-me de si, empurrando-me para a parede de rocha da gruta, enquanto uma figura sinistra, envolta em densas penumbras saltou sobre si. Christian girou o tronco, usando os braços para manter uma boa distância da criatura que o atacava furiosamente.

Reconheci, mesmo envolta em densa negridão, os cabelos ruivos e recobertos por terra e folhagens de Lílian Stewart. Encarei a batalha, pasmada, não sabia o que fazer.

A marca no meu ombro ainda me incomodava, isso significava que eu tinha acesso aos meus poderes, mas se eu os usasse ali, em uma gruta, poderia ser perigoso.

Recuei, alarmada, recostando meu corpo à rocha nua da gruta, e vi quando Christian conseguiu exercer uma pressão maior sobre o aperto da criatura, ele encontrou uma brecha em sua defesa e não perdeu oportunidade, puxou-a pelo punho, suas mãos cerraram-se, e ele golpeou a criatura fortemente, lançando-a para trás, enquanto suas costas chocavam-se contra a parede de pedra, e a criatura despencava de bruços no chão, apagava, permanecendo inconsciente.

Os olhos azuis cintilantes encontraram os meus por alguns meros segundos, e em seguida, ele já me puxava para fora da gruta, fazendo com que eu adentrasse sob os raios pálidos daquela manhã nevoenta.

Reconheci uma grande abertura, a mais ou menos cinqüenta metros a floresta reinava absoluta, pinheiros gigantes erguiam-se do chão. Mas a formação rochosa abaixo de nós impedia o crescimento e o desenvolvimento de qualquer espécie de vegetação.

Atrás de nós, a grande caverna, o covil do demônio.

Meus olhos arderam pela forte claridade, quando eles estiveram tanto tempo mergulhados nas sombras.

A nossa frente, o desertor, o mal encarnado, tendo minha mãe ainda como sua refém.

- Deixe-a em paz, resolva isso comigo! – desafiou Christian, já se preparando para uma possível batalha. Encarei-o, desconfiada e temerosa, ele não estava brincando, ia arriscar uma luta mesmo estando enfraquecido.

- E por que eu faria isso? – retrucou Jeremias, um sorriso cruel nos lábios.

Dei um passo à frente, um pouco vacilante, mas mantive minha compostura, não poderia hesitar agora, não com a vida de minha mãe em jogo.

- É a mim quem você quer, deixe minha mãe fora disso, por favor!

Seus olhos frios e que faziam pouco sentido, foram direcionados para mim, ele ainda mantinha os lábios repuxados em um sorriso diabólico.

- Menina esperta e corajosa, mas infelizmente sou eu ou vocês, e nesse caso, eu prefiro permanecer vivo.

E ao terminar de proferir tais palavras, seus braços balançaram-se, enquanto ele lançava minha mãe de joelhos ao solo rochoso, de lado, e preparava-se para a batalha que estava por vir.

A tensão instaurou-se entre nós três, o vento frio irrompeu por toda a floresta a nossa frente, sacudindo os majestosos pinheiros e vergastando meus cabelos.

Christian franziu o cenho, e apertou os lábios em uma linha rígida e então saltou...

Foi impossível para mim acompanhá-lo com os olhos, ele fora rápido demais, um mero borrão distorcido sob meus olhos. Mas eu vi quando Jeremias decidiu reagir juntamente dele, e também flexionou os joelhos, saltando na direção de Christian.

Ambos moviam-se como borrões de cores e formas distorcidas, uma velocidade quase inacreditável. Pelo pouco que podia ver, compreender e assimilar, Christian levava a vantagem na batalha, mas Jeremias não se dava por vencido.

Observei minha mãe, ajoelhada, observando a cena que se desenrolava, tão pasmada quanto eu, talvez até mais, bem, eu já havia visto uma batalha tão intensa assim outras vezes, mas ela não, pelo menos não que eu soubesse.

Um forte baque ecoou por todo o bosque, sobressaltando-me, tirando minha atenção do semblante lívido de minha mãe e fazendo-me encarar a cena da batalha mais uma vez; algo havia mudado.

Ambos cessaram a movimentação e separaram-se, Christian recuando, postando-se a minha frente novamente, Jeremias ao lado de minha mãe.

Olhei para o lado, vendo o semblante de Christian e notando a diferença crucial: ele havia sido golpeado, um filete de sangue escorria pelo canto de seus lábios.

Ele cuspiu um pouco do sangue que se acumulava em seus lábios, e tornou o olhar para a frente, encarando seu inimigo. Não, aquilo não podia continuar! Christian não estava em condições para uma batalha como aquela, não naquele momento quando o Wayeb o afetava e limitava sua habilidade e capacidade de luta.

Desesperei-me pela idéia dele se machucar, ou até coisa pior. Jeremias parecia o tipo de sujeito sem escrúpulos, disposto a tudo para conseguir o que deseja. Então, pelo bem de Christian, pelo bem de minha mãe, pelo bem de todos os moradores de South Hooksett, inclusive meus amigos, eu precisava intervir naquela batalha. Precisava encontrar algum jeito de exterminar aquele desertor.

Porém, vacilei, e não agi depressa, Christian avançou na direção do desertor novamente, movendo-se como um borrão de cores e formatos distorcidos. Jeremias moveu-se juntamente, com a mesma graça e velocidade, mas, seus poderes não estavam sendo afetados pelo Wayeb, Jeremias estava com suas habilidades no auge, e talvez os cinco dias sem nome até surtissem o efeito contrário nele, e acabassem por fortalecê-lo.

Foi necessário apenas um golpe.

O punho de Jeremias moveu-se com agilidade, vencendo a defesa de Christian, e agindo como um martelo de aço gigante, golpeou-lhe a face, lançando Christian para trás com força e velocidade. Ele deve ter voado vários metros antes de se chocar contra o solo rochoso, permanecendo inerte.

Foi o que bastou para mim.

Sem pensar duas vezes, liberei toda a minha fúria, e junto dela, veio a energia poderosa que fluía dentro de mim. Trinquei meus dentes e preparei-me para suportar a dor o quanto fosse necessário. Eu não desistiria até ter dado cabo da vida daquele monstro.

A energia, como das outras vezes, expandiu-se ao meu redor, desenrolando como um véu com milhares de cristais incrustados. Agindo por impulso, e ainda ensandecida de raiva, direcionei uma pequena parcela da energia em uma forte rajada de vento, que obrigou Jeremias a permanecer em seu lugar, evitando-o de se aproximar de mim.

Mantive o ar circulando ao seu redor, girando como um funil, exigindo o máximo de mim, para que aquela barreira o prendesse ali. Ele tentou escapar, seu pé vacilou, e a resposta de minha parte foi imediata: uma forte rajada de vento chicoteou-o na face, fazendo-o recuar para aquele ponto novamente.

Ele encarou-me, incrédulo, parecia não acreditar que eu o havia encurralado ali. Movida por meu desespero de terminar aquilo de uma vez só, direcionei toda a energia para o solo, usando toda a minha concentração.

A energia logo foi sugada pelo solo rochoso, e houve um tremor de terra.

Jeremias sentiu-o também, e sorriu, maravilhado pelo que meus poderes podiam fazer. O abalo de terra intensificou-se, crescendo cada vez mais, até vir à tona e explodir em um grande temor que fez as árvores curvarem-se, a rocha quebrantar-se, abrindo fendas enormes. Pássaros voavam, acuados no céu branco como papel.

Minha fúria era tamanha que eu podia sentir que estava atingindo meu limite, mas não me importava. E com os dentes trincados, alimentava aquela loucura, fazendo a terra tremer diante de mim.

- Eu estava certo sobre você, Agatha – murmurou Jeremias –, você é muito mais do que especial, é única... Espero que algum dia destrone as Sete Tristezas e ponha um fim a esse reinado de perseguição e opressão ao seu povo.

Mantive-me calada, compreendendo exatamente o que ele queria dizer com aquilo. Ele sabia que não tinha chance, não podia me confrontar e estava jogando o lenço.

Jeremias semicerrou os olhos, os lábios ainda emoldurados em um sorriso de escárnio, quando eu forcei mais a energia pulsante, e o resultado veio imediatamente; a terra cedeu, uma grande cratera abriu-se no meio da rocha nua, o chão sob os pés do desertor oscilou, depois afundou lentamente, e ele desaparecia sob a minha vista, sendo engolfado pelo imenso buraco que meus poderes haviam aberto.

Até que não havia mais nada de si para que pudesse ser visto, e o buraco negro o devorou.

E então, a marca no meu ombro reagiu, uma dor intensa e sufocante abateu-me, sufocou-me, tirou-me todas as forças. Queimando novamente como ferro em brasa.

Gemi com os dentes trincados, baixando minha face, enquanto a energia saía de meu controle, e a fenda na rocha alastrou-se rapidamente, indo na direção de minha mãe.

Desesperei-me imediatamente e lancei-me em sua direção. Minha mãe tentou escapar, tentou sair do buraco, mas seus pés enroscaram-se uns nos outros e ela tropeçou, indo ao chão, enquanto a rocha sob si esmigalhava-se, cedendo lentamente.

Antes que ela fosse completamente engolfada pelo buraco negro, eu peguei em sua mão, mergulhando no chão.

- Mãe, agüente firme! Segure em mim! – berrei, vendo que a fenda saíra do meu controle, mais e mais rocha cedia ao meu redor, sendo tragada pelo buraco negro.

Puxei minha mãe para cima, segurando com a outra mão em seu pulso. O esforço era tanto que meus dedos queimavam pela dor, e a marca em meu ombro ainda ameaçava roubar-me a consciência. Eu estava vacilante.

Minha mãe, com os dentes trincados, e lágrimas nos olhos, apoiou a sola dos pés nas laterais do buraco, içando a si mesma para cima, enquanto eu ainda a puxava. E finalmente nossos esforços deram frutos, ela conseguiu subir, apoiando os cotovelos sobre a borda da fenda.

Ajudei-a a terminar de se içar, e ela ajoelhou-se, completamente esgotada. Observei, pasmada, a profundidade da fenda que eu havia aberto, e cerrei os olhos, exausta, todas as forças completamente drenadas. E sorri, ao constatar que havia conseguido, havia salvado a todos.

Chegar a essa conclusão foi como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas, estava tudo acabado. O alívio dominou-me como uma onda gigante, levou embora todas as minhas preocupações, todas as minhas angústias, levou embora as minhas últimas forças, aquelas que eu usava para me manter consciente e suportar a dor que o selo me submetia.

Cansada, desfaleci, sendo amparada pelos braços carinhosos de minha mãe. Ela olhou-me, preocupada no mesmo instante, sua voz doce chamava-me.

Eu queria tranqüilizá-la, mas o desejo insano de simplesmente adormecer era maior e mais tentador. Então por que eu não poderia ceder?

- Agatha, meu bem, fale comigo, por favor! – ela suplicava, a voz embargada pelas lágrimas de preocupação que eu não desejava que ela vertesse.

Mas alguém decidiu reaparecer, poupou-me o trabalho de explicar a ela de que eu estava bem, apenas cansada e exausta. Reconheci a voz macia e sedutora; Christian.

- Ela está bem, senhora Bryce, não se preocupe, só precisa descansar.

As lamúrias e inquietações cessaram, e cederam espaço para um silêncio reconfortante, que me recobriu como uma manta de veludo, era o local ideal para que eu repousasse, a hora ideal.

E enquanto a dor em meu ombro ainda cedia, dando lugar ao torpor, eu afundei em águas tórpidas e mornas, mergulhando em minha inconsciência, repousando meu corpo, descansando meu espírito, completa e inteiramente satisfeita pelo desfecho que a batalha havia ganhado, e principalmente, por eu ter sido capaz de fazer algo que pudesse mudar a cruel e tenebrosa realidade na qual estava vivendo nos últimos meses. Satisfeita por ter sido aquela quem salvara a todos das garras do mal.


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Notas finais do capítulo

E a heroína da vez foi... Agatha! rsrsrsrsrsrs Mas sério, ela mandou super bem agora! Salvou a todos com seus poderes!

E esse desertor me dá calafrios! *prontofalei*

Mas, muitas dúvidas foram esclarecidas nesse capítulo, e acredito eu que tenha surgido uma: O que realmente aconteceu ao pai da Agatha????? Infelizmente essa resposta só teremos na 3ª fase! E adivinhem da boca de quem ela sairá?????

*tá, parei de dar spoiler*

Próximo capítulo tudo retorna a sua normalidade e a tão esperada fuga da Agatha com o Christian para a Itália! Mas será realmente que ela estará segura em Ephemera? Fica a dúvida no ar!

Estou prevendo o último capítulo para o domingo, e na segunda-feira eu já trago o tão esperado prólogo da 3ª fase! *e acreditem em mim, será uma bomba!*

Depois disso, darei um tempinho em Sillentya para poder recuperar o tempo que perdi em Nopti Furtunoasa, aliás, para quem é fã de suspense e terror, já que não teremos mais sustos por aqui, se quiserem continuar levando uns bons sobressaltos é só me acompanhar por lá, porque acreditem, terror tem de sobra por lá!

Agora chega de tagarelar...

Até a próxima e última vez por aqui!!!

Beijinhos!!!!