Saga Sillentya: Lágrimas da Alma escrita por Sunshine girl


Capítulo 12
XI - Fatos


Notas iniciais do capítulo

Mals pela demora, eu disse que ia postar mais rápido devido às férias, mas uma crise de preguicite aguda resolveu me acometer nesse fim de semana...

Pois é, demorei, mas voltei!

Obrigada a Juliacalasans por recomendar a música do NickelBack que é a cara do Christian e da Agatha! Vlw mesmo!!!

Boa Leitura!



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Capítulo XI – Fatos

“Mostre-me como é,

Ser o último a ficar de pé

E ensine-me a diferença entre o certo e o errado

E eu te mostrarei o que posso ser

Diga isso para mim

Diga isso por mim

E eu deixarei essa vida para trás

Diga se vale à pena me salvar...”

(NickelBack – Savin’ Me)

O final de semana havia chegado e passado com a mesma velocidade. Parecia que os fatos estavam se acelerando conforme o fim do ano aproximava-se.

Era uma nevoenta manhã de segunda-feira, a densa e fria cortina branca parecia querer perseguir-me. Desci as escadas apressada, enfiando as mangas do grosso casaco nos braços.

Minha mãe apareceu ao pé da escada, carregando uma caneca, da qual exalava uma fumaça branca. Reconheci o aroma do chocolate quente caseiro, receita de vovó. Encarei-a completamente confusa.

- Qual o problema, mãe, não vai abrir a loja hoje?

Ela sorriu um pouco, sentando-se no sofá branco da sala. Colocou a caneca sobre a mesa de centro e ajeitou seu roupão, soltando um longo suspiro.

- Não posso, Bill ficou de me entregar um carregamento na sexta, mas pelo visto algum imprevisto deve ter acontecido. Ele nem mesmo se deu ao trabalho de me ligar.

- Isso é estranho. – murmurei, lembrando-me da devoção que Bill alimentava por minha linda e jovem mãe. Talvez ele estivesse ressentido com o noivado dela com John.

- Justo nessa época do ano, - reclamou ela – tinha um casamento para abastecer, mas pelo visto, terei que adiar tudo.

Lancei-lhe um olhar de desculpas, ajeitei a alça da mochila em meus ombros e caminhei até a porta da frente, girando a maçaneta. Porém, a voz de minha mãe ecoou mais uma vez.

- Não vai comer nada? – perguntou-me ela, o rosto vincado pela preocupação.

- Como algo na escola.

Minha mãe revirou os olhos, sorri-lhe, acenando enquanto saía para a manhã gélida e embaçada. Aquela fumaça toda se assemelhava à condensação após longos minutos de um banho quente. Era úmido e frio, e arrepiava-me ao entrar em contato com a minha pele sensível.

Abracei-me, fitando a rua desaparecer lentamente sob aquela fina camada leitosa. As casas mal podiam ser visualizadas. Um arrepio percorreu todo o meu corpo, provocando um enorme e violento espasmo.

A sensação de que havia algo errado apanhou-me, e o som explodiu atrás de mim, em um bater de longas asas. Virei-me a tempo de ver o imenso corvo dirigir-se até o bosque a oeste de minha casa. A ave carniceira pousou no galho de um gigante cedro, emitindo um som áspero e rude que ardeu em meus tímpanos.

Enterrei minhas unhas nas palmas de minhas mãos, sentindo cada músculo de meu corpo enrijecer devido ao medo. Eu sabia que devia correr para a escola, eu precisava partir naquele momento, mas algo me impedia, algo... Segurava-me ali.

Meu pé avançou o primeiro passo, esmagando as folhas secas que se derramavam sobre a frente de minha casa. Eu não desgrudava meus olhos da ave pousada naquele galho retorcido e seco, típico do inverno, daquele velho e decadente cedro.

Algo no modo como ela corvejava, emitindo aquele grasnado áspero e doloroso aos meus ouvidos, dava-me a sensação de que havia algo errado.

Semicerrei meus olhos e, passo por passo, avancei rumo aquele cedro. Embrenhei-me na mata do bosque, elevando meus olhos até os galhos mais altos das árvores. Estaquei diante do cedro, no qual o corvo havia pousado. Ele tornou seus olhos negros para mim, observando-me incisivamente. A penugem negra e lustrosa cintilava sob a fina camada pungente da névoa.

Encarei o corvo, estreitando meus olhos para ele, desafiando-o. Havia algo de errado com aquele corvo. Havia... algo sinistro com ele.

Mordi meus lábios, preparando-me para sair logo dali, aquela ave estava me dando nos nervos. Virei-me, porém, assim que o fiz, tive que me abaixar, encolhendo-me no chão. Um segundo corvo voara em minha direção, raspando o ar acima de minha cabeça, as asas longas e negras estendidas, sobrevoando o ar gélido.

Soltei um grito abafado e vi a ave pousar no mesmo galho em que a outra se encontrava, juntando-se a ela, emitindo mais grasnados, e logo, ambas corvejavam simultaneamente.

- Pássaro idiota. – sibilei entre dentes, encarando, furiosa, as duas aves negras pousadas sobre o imenso galho.

Levantei-me do chão, desfazendo o contato das palmas de minhas mãos com o chão de terra e folhas secas. Imediatamente, senti uma umidade a mais as recobrindo. Esfreguei as palmas, imaginando não ser absolutamente nada, mas a coisa era pegajosa e densa demais para ser simplesmente nada.

Lentamente, eu virei as palmas de minhas mãos, meu coração acelerou no mesmo instante, minha respiração tornou-se mais árdua, pesada, e meus olhos não desgrudaram mais de minhas mãos, enquanto meus lábios escancaravam-se, vendo o líquido carmim recobri-las completamente.

Era sangue.

Ofeguei, lançando meus olhos imediatamente até o amontoado de folhas secas, onde segundos antes eu havia colocado minhas mãos. Havia uma mancha escura recobrindo-as, estranho que eu não tivesse notado antes.

Mas, o mais assustador, era que a mancha não terminava ali; naquele monte de folhas secas. Pelo contrário, ela compunha uma trilha, um rastro que se seguia em linha reta, dando a volta no cedro. Acompanhei a trajetória do rastro de sangue e estaquei. Podia ser um animal morto. Tinha que ser um animal morto, pensei comigo mesma.

Fixei meus olhos na trilha que marcava o chão de folhas secas. Ignorei os corvos que ainda grasnavam e segui-a, dando a volta no cedro. A trilha de sangue não parara, pelo contrário, seguia até mais alguns cinco metros, e então acabava... Aos pés de um grande e espalhafatoso salgueiro.

Estaquei ao final da trilha, procurando pelo animal ferido, possivelmente, ou então por seu cadáver, já que a quantidade de sangue era imensa.

Lentamente, elevei meus olhos, acompanhando o tronco grosso e cheio de cascas e de superfície saliente e áspera da grande árvore. Só então notei, que a trilha não cessava ali, ela continuava através do tronco da árvore, subindo, em sentido vertical, borrando em vermelho o tronco do velho salgueiro.

Assustei-me de imediato, que tipo de animal seria capaz de escalar uma árvore, ferido daquela maneira e sangrando? Elevei ainda os meus olhos, dirigindo-os até os galhos mais altos, ocultados pelas folhas verdes e longas, pendendo verticalmente até quase o chão.

Mas, ao encontrá-lo, eu não pude conter o medo que me dominou naquele instante. Eu arfei, apavorada, sentindo meus músculos enrijecerem e minhas pernas ficaram dormentes, eu mal as sentia.

O grito acumulou-se em minha garganta, enquanto eu arfava descontroladamente, e quando não pude mais segurá-lo, eu simplesmente o libertei, e um grito apavorante eclodiu de minha garganta, e eu fui ao chão, completamente desolada e apavorada.

Um grito não fui o suficiente, eu precisava expor todo aquele medo, eu precisava me livrar dele de alguma forma, e uma série de berros apavorantes sucedeu o primeiro, permeando todo aquele bosque que ladeava o quintal de minha casa, assustando os corvos, que se acumulavam em número incontável nos galhos do salgueiro, próximo... Próximo ao cadáver.

Apertei meus olhos, vendo a forma como o corpo pendia de um dos galhos. A corda presa ao pescoço, completamente ensangüentada, amarrada a um dos galhos mais altos. Mas o pior era que eu podia reconhecer cada um daqueles traços. Eu podia reconhecer aquela figura muito bem.

Porque, pendurado por uma corda em um dos galhos daquela árvore, estava Bill Packson, o homem que durante anos nutriu uma admiração e uma paixão secreta por minha mãe. Que sempre se mostrara esperançoso em relação a ela, mas que no fim, acabara ali.

O corpo girava lentamente sob a corda amarrada ao galho. O peito encontrava-se nu, o dorso grande e rechonchudo à mostra, e várias marcas haviam sido cravadas em seu abdome. Parecia ter sido feito por algum tipo de lâmina ou objeto cortante, pois o sangue escorrera completamente por elas, até que o corpo secasse e minguasse por inteiro.

As marcas fundas ziguezagueavam em seu dorso, marcando-o do peitoral até um pouco da virilha. E eu sabia exatamente o que isso significava. Parece que eu não cheguei a tempo para salvar a terceira vítima do Wayeb. Sim, o terceiro sacrifício havia sido realizado, e agora só restavam duas vítimas.

Eu não consegui impedir que a umidade se acumulasse em meus olhos e depois, simplesmente despencassem, molhando meu rosto. Mas depois de ver a expressão contorcida e sem qualquer vestígio de vida no rosto de Bill, eu não consegui mais permanecer ali.

Com um salto, eu retirei-me dali, correndo como um furacão em direção a minha casa.

- Mãe! – eu a chamava, desesperadamente – Mãe!

E não demorou muito tempo para que ela aparecesse na porta. Pronta para me acudir. Lancei-me em seus braços, caindo em prantos, chorando sem parar, enquanto seus braços envolviam-me, acalentando-me, embora ela não conseguisse compreender absolutamente nada.

Fitei a figura imensa e desprovida de coordenação motora do delegado Percy, mover-se pela sala, soltando um longo suspiro e depois se assentando no outro sofá, e seus olhos imediatamente recaíram sobre mim.

É claro que eu estava abalada, minha mãe estava abalada, até mesmo o delegado Gregory Percy mostrava certo temor diante de tal situação.

Lá fora, sob a densa e gélida névoa, o corpo de Bill fora removido da árvore na qual estava pendurado. E já fora encaminhado até o necrotério, onde os legistas fariam a autópsia e determinariam qual fora a causa da morte. Embora eu já soubesse a causa e o motivo disso.

O delegado esfregou o dedo indicador no bigode, olhando-me de forma incisiva e intimidadora. Eu ainda estava apavorada demais para dizer qualquer coisa, e os braços de minha mãe ainda me acalentavam, dando-me suporte e segurança.

O delegado pigarreou, exigindo a minha atenção.

- Muito bem, Agatha, eu serei objetivo com você. Quero que seja sincera comigo, O.k.?

Olhei para minha mãe, esperando que ela objetasse algo, que se impusesse, mas suas feições estavam tranqüilas, serenas, então tornei meus olhos até a figura do delegado e assenti.

- Tudo bem.

- Agatha, você está sabendo de algo? Quero dizer, não é a primeira vez que te vejo metida em algo do tipo. Você não está ocultando nada, está?

Mordi meu lábio inferior, estava hesitando. Meus olhos percorreram toda a mobília que compunha a decoração da sala. Fitei minhas mãos, ainda um pouco manchadas de vermelho e finalmente decidi falar-lhe algo.

- Não, eu não sei de muita coisa.

O delegado arqueou uma de suas sobrancelhas, claramente ele não acreditava em mim.

- Tem certeza? Eu não fiz questão de interrogá-la a respeito do suicídio de Becki porque sabia que você estava abalada demais para tocar no assunto, mas novamente, eu vejo-me sem qualquer escolha. Agatha, se souber de algo mínimo, nem que seja apenas uma pista, você sabe que pode me falar. Confie em mim.

- Bem, talvez eu tenha uma pista... – sussurrei, vendo o delegado ajeitar-se no sofá, inclinando-se na minha direção.

- Pode contar, Agatha.

Eu sabia que tinha falado demais. Mas eu queria que aquilo tivesse logo um fim. E queria que Stevan Blake saísse do meu caminho. Se ele era mesmo o responsável por tudo isso, então ele tinha que ser detido. E antes que fosse tarde demais.

- Meu novo professor de História Européia... Ele, quero dizer, talvez ele saiba de algo sobre isso.

- E por que acha isso, Agatha?

Droga! E agora? No que eu afirmaria uma acusação tão grave quanto aquela? Eu não podia contar a verdade, iam me chamar de louca e me internarem em um hospício. Eu precisava encontrar uma saída e rápido.

- Eu não sei ao certo, só que ele possui um comportamento um pouco suspeito. E todos esses fatos se iniciaram após a chegada dele.

Isso, encontrei uma saída!

O delegado coçou o queixo, analisando minhas suposições.

- O nome dele é Stevan Blake, certo? – ele indagou, tentando claramente lembrar-se de sua figura.

- Sim.

- Hmmm, nisso você pode estar correta. Já cruzei algumas vezes com ele.

O delegado levantou-se do sofá, alongando-se vagarosamente.

- Farei algumas perguntas a esse tal de Stevan Blake – garantiu-me ele, e eu senti o alívio inundar-me naquele instante, o delegado Percy já estava desconfiado de sua figura, e isso era tudo o que eu queria. Gregory encarou minha mãe, que ainda me aninhava em seus braços – Eva, Bill não possuía nenhum parente vivo e sei que vocês dois eram amigos, você poderia cuidar do enterro dele?

- Claro, eu cuidarei de tudo. – garantiu minha mãe, e eu pude notar a tensão em sua voz.

O delegado soltou um longo suspiro e depois se encaminhou até a porta da frente que se encontrava escancarada, revelando as viaturas da polícia e uma ambulância.

- Acho que vejo vocês no enterro. – murmurou ele antes de colocar o chapéu sobre a cabeça e cruzar a porta, fazendo uma pequena mensura ao final.

Minha mãe repousou seu queixo no alto de minha cabeça, sua voz doce como a de um arcanjo verberou meus ouvidos, deixando-me um pouco mais aliviada.

- Acalme-se, meu bem, em breve isso terminará.

E seus dedos tornaram a acariciar os fios de meu cabelo.

Quisera eu poder ter essa certeza...

Um vento frio levantou as folhas secas sobre aquele imenso gramado do cemitério. O enterro de Bill terminara. Minha mãe despedia-se do grande amigo uma última vez, depositando o ramalhete de flores sobre a lápide recém-gravada.

Bill James Packson

1965 – 2010

“Grande amigo, companheiro fiel...”

Minha mãe curvou-se até a lápide de granito, tocou-a com as pontas dos dedos e sussurrou um “descanse em paz”. Depois, afastou-se, abatida.

Eu apenas a encarei, completamente amordaçada e incapaz de dizer-lhe alguma palavra de consolo. Eu jamais fora boa nisso, em confortar alguém. Então, apenas a deixei partir do cemitério, os cílios úmidos, o nariz vermelho. Claro que minha mãe prezara tantos anos de amizade. Afinal, desde que ela chegara a South Hooksett, preste a dar à luz, minha mãe sempre pôde contar com o apoio incondicional de Bill.

Eu ainda não acreditava que ele tivesse perecido daquela forma. Apertei meus olhos, sentindo o vento frio castigar a pele exposta de meu rosto.

O delegado Percy encarou-me do outro lado do cemitério, as mãos na cintura, os olhos intimidando-me.

Girei meu corpo para o lado, e meus cabelos imediatamente esvoaçaram ao vento, rebeldes e indomáveis. Porém, eu perdi o fio do pensamento mesmo, ao encontrar um par de olhos azuis do outro lado do cemitério, a mais ou menos trinta metros de onde eu estava.

A ventania de repente cessou, dando espaço a calmaria e ao silêncio. Um discreto sorriso brotou em meus lábios, Christian estava ali, e parecia preocupado.

Caminhei até ele, atravessando o gramado repleto de lápides e indo ao seu encontro. Ele também abriu um pequeno sorriso ao ver-me indo à sua direção.

Estaquei diante de sua figura, de certa forma, em sua presença, eu conseguia fugir desse inferno no qual vinha vagando nos últimos meses.

Christian parecia conter em si uma aura poderosíssima, capaz de sanar todas as minhas dores e curar todas as minhas feridas. Seus olhos azuis estreitaram-se e ele olhou através de mim, onde as pessoas vestidas em sobretudos pretos despediam-se de Bill, depositando flores em suas lápides.

- O que houve? – perguntou-me ele, sério, os músculos enrijecendo-se pela tensão.

- Bill Packson, um amigo de minha mãe foi encontrado essa manhã perto da minha casa. Ele cometeu suicídio.

- Tem certeza? – ele indagou, retórico.

- A autópsia e o laudo da perícia confirmaram que ele mesmo amarrou a corda no pescoço e no galho de um velho cedro e depois saltou.

Estremeci depois de dizer isso, eu ainda não conseguia imaginar uma pessoa tão doce e gentil como Bill cometendo um ato tão repulsivo quanto esse. Tirar a própria vida.

Christian arqueou uma sobrancelha, deixando claro que ele sabia muito bem o que estava havendo. Soltei um longo suspiro, rendendo-me.

- Eu sei que esse foi o terceiro sacrifício. Só não consigo aceitar o fato de que tenha sido alguém próximo a mim. Christian... E se na próxima vez for um de meus amigos, ou pior, pode ser o noivo de minha mãe, ou ela própria!

Christian percorreu todo aquele cenário com os olhos estreitados, parecia querer confirmar algo. Depois, tornou-os para mim e entreabriu seus lábios.

- Acho que aqui não é o melhor lugar para discutirmos isso, você pode vir comigo?

Virei minha face para trás, vendo a fila de pessoas que ainda se despedia de Bill, minha mãe estava entre elas, mas ela estava tão distraída, cumprimentando as pessoas que também mantinham contato com o falecido.

Tornei toda a minha atenção para Christian, que ainda aguardava, ansioso, por minha resposta. Abri-lhe um pequeno sorriso.

- Claro.

Christian meneou a cabeça para trás, ele queria que eu o seguisse. Fitei o céu acinzentado, as sombras já ameaçavam dominá-lo, e não demoraria muito para que isso fosse feito.

Caminhamos em silêncio, um ao lado do outro, deixamos o cemitério e seguimos até o centro da cidade, onde luzes ofuscantes já se preparavam para iluminá-lo quando anoitecesse.

Ainda bem que eu vestira um casaco grosso, o tempo estava piorando, e as temperaturas só tendiam a despencar com a chegada da noite.

Christian conduziu-me até um pequeno estabelecimento, que eu reconhecia muito bem. Pela vidraça reconheci as mesas redondas, agrupadas em cantos distintos. Os papéis de parede em tons carmim, as cadeiras, o balcão de madeira enegrecida e as enormes banquetas ao seu redor. Também reconheci o cheiro inconfundível das massas e dos molhos, atravessando as grossas paredes e infiltrando-se por toda aquela rua, dominando no ar.

Era o restaurante italiano do Joe’s.

Christian abriu a porta de vidro, fazendo o sino preso a ela ressoar no mesmo instante, delatando a nossa chegada. Eu ainda me lembrava muito bem do escândalo que minha mãe armara há quase três anos. Dificilmente eu apagarei aquela sua cena de minha memória.

Naquela noite o Joe’s não estava muito cheio. As pessoas preferiam deixar esses programas em família para os finais de semana.

Christian dirigiu-se até uma mesa mais afastada, colada em um dos cantos mais reservados do restaurante, eu apenas o segui. Ele arrastou uma das cadeiras, e aguardou que eu me assentasse.

Retirei meu casaco pesado e o pendurei no encosto da cadeira. Christian puxou a cadeira de frente para a minha, sentando-se nela e voltando seus olhos imediatamente para os meus. Ele repousou ambos os cotovelos sobre a toalha vermelha e cruzou as mãos.

- Peça algo, será por minha conta. – sugeriu-me ele com um sorriso safado nos lábios.

- Não estou com fome.

Ele apanhou o Menu de capa vermelha de veludo e o estendeu gentilmente para mim. Quando viu que eu não ia apanhá-lo, ele abriu o envelope, parecendo analisar minuciosamente cada prato que estava ali. Revirei meus olhos de forma dramática.

- É sério, Christian, não estou com um pingo de fome.

Ele respondeu-me sem ao menos desgrudar os olhos do Menu.

- Essas coisas realmente parecem ótimas, e não estrague a minha diversão, faz anos que eu não levo uma garota para jantar.

Apoiei minha face em uma de minhas mãos e aguardei, até que uma garçonete apareceu, interrompendo-nos.

- Posso ajudar? – perguntou ela, querendo ser prestativa.

Olhei para cima, vendo uma mulher de mais ou menos trinta anos, cabelo louro artificial, olhos castanhos e um sorriso largo demais no rosto.

Christian respondeu-lhe sem demover seus olhos do Menu. Bati meus dedos no tampão da mesa de maneira impaciente.

- Pode me trazer um desse. – sugeriu ele, mostrando a ela o cardápio e apontando o que havia escolhido com o dedo. Assim que entrou debaixo do olhar de Christian, a mulher estremeceu, pareceu ficar meio zonza, não que eu pudesse culpá-la. Eu mesma tinha dificuldade em lembrar coisas mínimas e crucias enquanto olhava para aquelas duas pedras azuis como lápis-lazúli, como por exemplo, o fato de que seu dono era bem irritante.

A garçonete retirou um bloco do bolso do avental e anotou com uma caneta. Depois, encarou, esperançosa, Christian, enquanto eu me mantive entediada.

- Posso trazer-lhe mais alguma coisa?

- Algo para que ela possa beber. – pediu ele, baixando o Menu na mesa e voltando-se inteiramente para ela, os olhos calorosos e um sorriso de deboche nos lábios.

Eu pensei que a mulher fosse desabar no chão ali mesmo, mas para a minha surpresa e o meu espanto, ela recompôs-se, engoliu em seco e retirou-se dali sem ao menos olhar para Christian novamente. Eu o encarei, incrédula.

- Você adora fazer isso com as pessoas, não é? Principalmente com as mulheres.

Ele deixou que a confusão atravessasse todo o seu semblante naquele instante.

- Fazer o quê?

- Deixá-las sem ar desse jeito. Ora, não me diga que não faz isso de propósito! – eu o acusei.

Ele relaxou a postura, voltando a se recostar no encosto da cadeira e um sorriso maroto brotou em seus lábios.

- Desculpe-me se sou charmoso e irresistível demais.

- Não, não aceito suas desculpas. – retruquei, mal humorada, e ele riu baixo. Mas, decidi que seria melhor para eu pôr um fim no assunto da vida amorosa de Christian e ir direto ao que me interessava.

Inclinei-me na sua direção, nossa conversa tinha que ser o mais discreta possível.

- E então? – indaguei, lançando-lhe o olhar mais incisivo que consegui. E ele o retribuiu com um sorriso.

- O que você sabe sobre o Wayeb?

- Somente o básico – respondi-lhe -, está relacionado ao calendário Maia, aos últimos dias do ano, os cinco dias sem nome. E... que para despertá-lo, são necessários cinco sacrifícios.

O canto dos lábios dele repuxou-se um pouco, em um sorriso de canto completamente arrebatador, sucedido de um olhar debochado.

- Quer dizer que além de linda e extremamente geniosa você também é inteligente? Puxa, estou completamente admirado e eu devo admitir, enfeitiçado por você.

- Pare com as gracinhas, isso é sério! – repreendi-o, espalmando minhas mãos na mesa.

Christian soltou uma pequena risada, e eu o encarei, incrédula. Ele não podia levar nada a sério? Bufei, e ele notou minha impaciência, cessou seu riso no mesmo instante, lançando-me um olhar de desculpas.

- Sinto muito, é que eu simplesmente não consigo resistir ao fato de deixá-la tão irritada.

- E por quê, senhor sabichão? – retruquei, mal humorada.

- Porque você fica extremamente sexy zangada. É sério, seus olhos praticamente exalam a sua fúria, e é claro, que isso a deixa ainda mais encantadora.

- Tudo bem, - exclamei, no ápice de minha paciência – você não consegue levar nada a sério, foi uma perda de tempo eu ter vindo falar com você.

Estava preste a me levantar quando uma de suas mãos segurou na minha, obrigando-me a permanecer ali, e ele ainda sorria descarado!

- Ei, eu não terminei. – ele reclamou.

Puxei minha mão da sua, mas como da outra vez, seu aperto sutil não consentia em minha liberdade, eu só partiria quando ele permitisse.

- Mas, eu sim! Deixe-me ir, agora! – exigi, mas ele fez pouco caso de minha ordem.

- Não permitirei que se vá agora. – disse-me ele, calmamente.

Revirei os olhos e tornei a me sentar na cadeira, Christian soltou minha mão no mesmo instante. Ele pigarreou, e de repente, seus olhos ganharam um aspecto mais sombrio, mais sério. Entreabri meus lábios, mas ele foi mais rápido e iniciou seu discurso.

- O que os Maias chamaram de os cinco dias sem nome, trata-se de um fenômeno que só ocorre uma vez por ano. No fim do ano, não sabemos o porquê exatamente, mas a barreira que separa os dois planos torna-se mais fraca, mais fina, e permite a passagem de alguns espíritos, onde podem ocorrer tanto possessões quanto influências por parte dessas entidades. Alguns Mediadores descobriram que utilizando cinco sacrifícios humanos iniciais e depois de um longo período, mais cinco sacrifícios finais, eles podiam facilitar a passagem de mais espíritos para o plano físico. Na época eles não levavam em conta muita coisa, os rituais para extração de almas para tornar um humano em um Escravo das Sombras eram trabalhosos e desgastantes demais, fora que só era permitido um por vez, mas no Wayeb não, grandes quantidades de Escravos das Sombras poderiam ser formados. Como resultado, eles conseguiam obter grandes exércitos de humanos possessos, mas o processo era temporário, e assim que os cinco dias terminavam, os espíritos tinham que retornar para o plano espiritual. Essa é a regra.

- Cinco sacrifícios iniciais e cinco sacrifícios finais? Mas, no total são dez então.

- Separados por um intervalo de tempo. Mas, sim, no total são dez. Sua cidade possui algum histórico de assassinato em massa?

Ofeguei, percebendo como a resposta esteve na minha cara o tempo todo, eu é que não enxergava.

- Os Hamilton...

- Uma família inteira? – ele conjeturou.

- Sim, mas... Foram seis assassinatos naquela noite, há mais de cinqüenta anos, e não cinco.

- Então, existe algo errado aí.

- O que estamos deixando passar? – perguntei-lhe, confusa.

Christian mudou a posição na cadeira, claramente ele estava cansado e entediado.

- Veja bem, mesmo que esse desertor misterioso esteja por trás disso, inclusive desse massacre há mais de cinqüenta anos, seja o que for, ele não poderá ir longe, mesmo que ele consiga obter o controle sobre um exército de humanos possessos, em cinco dias estará tudo terminado.

- Não há um meio de tornar isso permanente?

- Não, - respondeu-me ele, categórico – a não ser que ele encontre uma fonte de energia incalculável. Uma fonte de energia tão grande, que ao ser liberada, poderá tornar permanente a possessão dos espíritos e a sua estada nos corpos humanos.

- Fonte de energia... Incalculável? – tive dificuldade para digerir essa idéia.

- Sim. – ele assentiu, prosseguindo – Mas, nem que as Sete Tristezas fossem todas sacrificadas simultaneamente, não seria liberada uma quantidade de energia suficiente. O que, no caso, poderia vir a calhar. – murmurou ele com um sorriso sombrio nos lábios.

Decidi mudar de assunto, voltando ao que realmente interessava.

- Então, não existe uma fonte de energia tão grande assim que possa ser utilizada? – conjeturei, aguardando por sua resposta.

- Não, essa fonte existe. – ele concordou automaticamente, seu rosto sendo vincado por um sentimento desconhecido por mim... Seria amargura, ou fúria?

- E qual é o problema?

Ele soltou um longo suspiro, hesitando. Passou a mão nos cabelos e fitou o teto.

- É um pouco complicado. – ele confessou-me.

- Complicado como? – perguntei-lhe, aturdida.

- Olhe, Agatha, eu não quero entrar nesse assunto agora. – respondeu-me ele, e eu notei a dor novamente em seus olhos, então sua velha ferida estava aberta novamente, e pelo visto, sangrando também.

- Tudo bem. – respondi-lhe, mas não consegui esconder minha insatisfação.

Quando eu estava perto da verdade, ela fugia-me. Poderia ser uma maldição? Talvez.

Estava preste a lhe perguntar sobre outra coisa quando a garçonete retornou, trazendo um prato fumegante, e com um aroma irresistível, eu tinha que confessar. Ela o depositou sobre a mesa, colocando o copo de vidro com refrigerante ao lado, e em seguida encarou Christian, sugestivamente.

- Mais alguma coisa? – perguntou ela, esperançosa novamente. Sacudi minha cabeça, estalando a língua quando Christian a encarou, uma sobrancelha arqueada.

- Não, é só isso.

A garçonete pareceu-me um pouco decepcionada, torceu o nariz e ergueu as sobrancelhas.

- Realmente não há nada que o senhor queira? – eu podia quase ouvir o duplo sentido em sua pergunta, mas preferia me calar. Afinal, quem era eu?

Christian soltou uma pequena risada, divertindo-se obviamente.

- Não, não, é somente isso. Pode trazer a conta.

- Tu-tudo bem. – assentiu ela, um pouco trêmula e se retirou novamente, deixando a nós dois sozinhos.

Ele inclinou-se sobre a mesa, apoiando-se nos cotovelos, os olhos voltados inteiramente para mim.

- Eu já sei, já sei! – retruquei mal humorada – Não há sentido discutir com você.

Ele sorriu e empurrou o prato fumegante na minha direção. Minha mãe certamente teria uma síncope se descobrisse que jantei com um estranho e em um restaurante italiano! Não, ela com certeza não ficaria nada contente com isso.

A contragosto, apanhei os talheres e belisquei o prato que ele havia escolhido. E realmente estava muito bom. E lá no fundo – no fundo mesmo, eu digo, bem lá no fundo – eu me diverti na companhia dele, como não fazia há muito tempo...

Caminhávamos com uma lentidão exagerada pela calçada. A luz da lua era nossa única companheira naquele momento. A ventania havia cessado, mas as temperaturas ainda eram baixíssimas.

Já estávamos no meu bairro – Christian insistira em acompanhar-me até a minha casa -, e certamente já se passava das nove. Minha mãe estaria me aguardando, indubitavelmente.

Estaquei diante de minha casa, virando-me para ele instantaneamente. E encontrando o par de olhos azuis como lápis, que naquela noite pareciam ainda mais brilhantes. Seu cabelo negro cintilava em ondulações suaves e prateadas, debaixo dos raios luminosos da lua.

Mordi meu lábio inferior e meus olhos percorreram a rua vazia àquela hora da noite.

- Obrigada por tudo, Christian. – agradeci-lhe.

Ele deu alguns passos na minha direção, parecia tão hesitante ao fazer aquilo. Ele deixou que os seus olhos recaíssem sobre o meu rosto de forma tão cálida e suave que eu perdi o fio do pensamento no mesmo instante.

Uma brisa leve, porém, fria como gelo, castigou-nos, agitando algumas mechas de meu cabelo. Encolhi-me debaixo de meu grosso casaco.

- Não precisa me agradecer. – murmurou ele por fim, a voz suave, leve, macia como veludo.

Eu ri sem humor, desviando-me de seu olhar apaixonante. Eu sabia exatamente o que estava havendo, o porquê de Christian estar olhando-me daquela maneira. Ele estava vendo em mim, a figura de sua amada, a sua Caroline.

- Agatha? – ele chamou-me, exigindo minha atenção novamente.

- Sim? – respondi-lhe, aguardando que ele me contasse o que o afligia naquele instante. Christian deixou que os olhos percorressem a frente da minha casa, fixou-os nas sombras densas que a cercavam, e sem olhar para mim, continuou em seu discurso.

- Eu... – ele relutou consigo mesmo, tentando encaixar as palavras de maneira correta na frase – Eu não tenho sido um bom garoto nesses últimos anos. Eu costumava ser um bom garoto, mas isso foi antes de perder Caroline. Eu me tornei em algo... ruim, algo que eu jamais quis ser, eu deixei que o ódio e a sede por vingança contra aqueles que me prejudicaram aflorasse dentro de mim, e isso me consumiu por tantos anos... Eu estava cego de ódio e não conseguia enxergar mais nada. Mas... Isso foi antes de eu conhecer você. Quando estou perto de você, sinto que devo ser uma pessoa melhor, eu... Eu sinto que devo voltar a ser a pessoa que costumava ser, alguém... Bom e generoso.

- Ah, Christian... – sussurrei, sendo dominada por aquele mesmo sentimento de compaixão de outrora, quando ele confessou-me sobre a dor que sentia ao se lembrar de sua amada.

Lancei-me em sua direção novamente, envolvendo-o com meus braços, abraçando-o como na noite anterior. Só que dessa vez foi diferente, porque ele retribuiu meu gesto, retribuiu meu abraço.

Era bom lembrar que por baixo de tanta arrogância escondia-se uma pessoa que sofria, uma pessoa que gritava desesperadamente por socorro e amparo.

E o silêncio instaurou-se entre nós dois naquele instante, sendo rompido apenas pelo silvo baixo do vento gelado que continuava a castigar toda a cidade.

Afastei-me dele, olhando em seus olhos, deixando que aquele oceano de águas tão serenas e límpidas dominassem-me e arrastassem-me para o seu mundo, permitindo que aquelas águas envolvessem-me, cercassem-me, e eu pudesse finalmente conhecer os seus segredos mais ocultos, os seus segredos mais furtivos, todos os seus medos disfarçados com sorrisos.

E naquele momento eu tomei consciência de toda a sua dor.

A mão dele envolveu minha face, afagando minha pele.

- Eu serei uma pessoa melhor a partir de hoje. – prometeu-me ele, solenemente, e o som da promessa ressoava em sua voz.

- Obrigada. – sussurrei, meus olhos mal podiam conter a felicidade que me dominava naquele instante, algo que eu não sentia desde a partida de meu amor.

Meu peito estufou-se de alegria e satisfação, eu não estava mais sozinha, de certa forma...

- Estarei por perto, então se precisar de mim...

- Claro. – eu o interrompi, ainda sorrindo.

Christian estreitou os olhos suavemente, e inclinou-se na minha direção, seus olhos prendendo-me como cárceres dos quais eu não podia escapar.

Meu coração acelerou, eu arfei, sentindo o peso do ar em meus pulmões. O vento frio ardeu nas maçãs de meu rosto. Eu entreabri meus lábios, permitindo que minha respiração fluísse de forma lenta através dele.

Mas, o mais assustador, é que eu não recuei. Minhas pernas trêmulas permitiram-se permanecer ali, fixadas no asfalto, enquanto minhas mãos grudaram-se a lateral do meu corpo, imóveis, sem dar nenhum sinal de vida.

E os lábios macios e quentes dele roçaram na minha bochecha, onde ele depositou um beijo casto que arrepiou minha pele e fez um tremor violento percorrer todo o meu corpo.

Meu coração ainda martelava freneticamente em meu peito, fazendo o sangue correr a toda velocidade por minhas veias. Christian ainda permaneceu com a face próxima a minha por mais alguns segundos, inspirando em minha pele, e então se afastou de uma vez só...

Ele virou-se, caminhando em direção à escuridão, e depois de algum tempo, desapareceu completamente nela.

Permaneci estarrecida por mais alguns segundos, antes de despertar para a realidade e entrar como um furacão em casa. E eu estava certa, minha mãe esperava-me no sofá, de roupão, cochilando levemente, um edredom gigante sobre ela.

Dei um meio sorriso e aproximei-me sorrateira dela.

- Mãe... – sussurrei em seu ouvido, acordando-a no mesmo instante. Ela abriu seus olhos negros e brilhantes, emoldurados pelos cílios grandes e grossos e encarou-me, ficando ereta imediatamente.

- Agatha? – ela chamou-me, ainda sonolenta – Onde você estava, querida? Você sumiu do cemitério... – seu discurso foi interrompido por um bocejo, ela estava cansada.

- Estava com um amigo, não se preocupe. – tratei de tranqüilizá-la.

Minha mãe espreguiçou-se no sofá e depois direcionou os olhos furiosos e intimidadores para mim.

- Eu não quero que você fique vagando pela cidade à noite, principalmente depois do que o delegado Percy me contou.

A confusão atravessou todo o meu rosto.

- O que ele te disse, mãe?

Minha mãe bufou, mas depois prosseguiu.

- Ele esteve na casa do Bill, disse que havia sinais de arrombamento lá, tudo estava revirado, fora do lugar e... – ela interrompeu-se, parecendo esboçar um outro tipo de sentimento... Temor?

- E... – eu a instiguei.

- Havia pegadas humanas lá.

- Pegadas humanas? – repeti, incrédula.

- Sim, e elas estavam cheias de barro e descalças...

Estaquei depois do que minha mãe disse, completamente pasmada.

- Mãe, a senhora tem certeza?

- Claro, meu bem, o delegado está investigando, mas ao que parece não há pistas suficientes para levar a um suspeito.

Fitei o carpete da sala, sem realmente vê-lo, minha mente vagava distante dali – bem distante para ser franca.

- Agora, a senhorita irá para a cama, já tivemos emoções o suficiente por hoje! – ordenou minha mãe, trazendo-me para a realidade novamente.

Encarei-a sem nada dizer, mas não a contestei, estava cansada demais para discutir.

Subi as escadas, entrando no banheiro, desejosa por um banho quente e relaxante, e depois eu lancei-me em minha cama quente e confortável, pronta para me desligar de todos os acontecimentos medonhos e aterradores que me assolaram hoje, ou pelo menos, eu tentaria escapar deles.

Parecia que o sobrenatural não deixaria minha vida tão cedo, e talvez, nunca deixasse de fato...


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Notas finais do capítulo

Ahhh que fofo esse Christian... Ele não é um fofo completamente apertável e esmagável???

E o que acharam da morte do Bill?? Bem sinistra não... E essas pegadas na casa dele, hmmmmm a coisa tá ficando feia...

*limpa a garganta*
E é com muito prazer que eu venho anunciar que a verdade sobre a Agatha está muito perto mesmo!!!

Ahhhhhhhhhhhh!!!! *surto*

É sério, essa fase é menor que a 1ª, acho que em menos de 10 caps, eu termino ela!

Obrigada a sonhadora girl por recomendar a fic!!
Oinnnn brigaduuuu vc tbm mora no meu coraçãozinho!!!
Flor!!!!! Vlw mesmo!!!

Próximo cap, mais terror! Preparem-se para revelações bombásticas e assustadoras!

Reviews???

Beijoquinhas para todos!!!