So What escrita por Mahriana


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Oi! Tudo ok aí?! Sem mortes, por favor. *--*
Aqui está mais um capítulo e me desculpem pela demora explico tudo lá em baixo!:D
Esse vai dedicado a AliceWinchester! Ela é a leitora mais calma que eu tenho. E sempre comenta de forma simples. Sério, suas poucas palavras fazem uma imensa diferença! *-*
~ Apreciem sem moderação ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/103724/chapter/19

PDV Sahra:

Já estava há mais de uma hora trancada no banheiro junto com Akim. Ele via as diversas maneiras de eu me aproximar de Jason, fora as “aulas” de expressão facial. De acordo com ele eu simplesmente não sabia sorrir, e quando sorria, era a coisa mais falsa que ele havia visto na vida. Tentei convencê-lo de que todos acreditavam no meu sorriso, mas ainda assim passei algum tempo tentando parecer uma “pessoa normal”, como o mesmo havia me dito.

– Isso com toda certeza não é um sorriso. – Akim falou pela... Eu já havia perdido as contas de quantas vezes ele tinha dito aquilo.

– Claro que sim. – Falei e coloquei o meu sorriso habitual. – Sempre sorri assim. As pessoas me retribuem se você quer saber.

– Você está sorrindo Sahra. – Ele disse e logo em seguida suspirou. – Mas só com os lábios. Você mesma me falou uma vez que pra um sorriso ser verdadeiro, ele precisa chegar aos olhos.

– Eu disse isso? – Eu lembrava perfeitamente da vez em que havia dito aquilo. – Não lembro. Provavelmente eu estava bêbada.

– Você é impossível! – Ele disse rolando os olhos. – Eu posso contar nos dedos de uma só mão, todas as vezes que você realmente sorriu.

– Eu sempre sorrio. Você é que não está por perto. – Falei indiferente. – Sou uma pessoa extremamente feliz.

– Percebe-se. Você é realmente a pessoa mais animada que eu conheço. – Ele disse acenando com a cabeça. – Quando está bêbada. – Completou. Mostrei meu dedo do meio para ele.

– Já estou cansada disso. – Falei emburrada. – Eu só vou conversar com ele, eu sou bem convincente quando quero, não precisamos de tudo isso. Vai ser fácil manipulá-lo.

– Tudo bem. Acho que por hoje é só. A comida acabou. – Ele falou pegando um pacote de salgadinhos e o virando de cabeça para baixo.

– Pode ficar para o jantar. – Convidei-o.

– Dispenso. – Ele falou balançando a cabeça. – Não quero ser submetido a milhares de perguntas como da última vez. Seu pai é pirado.

– Ele não é... Esquece. – falei suspirando. – Vamos descer.

– Claro. – Ele abriu a porta do banheiro e saiu. Fui logo em seguida. – Essa não é aquela guitarra que quase custou sua vida?

– É sim. – Falei com admiração. – E não paguei o que ela valia.

– Fala sério. – Akim falou rolando os olhos. – Isso não valia aquilo tudo, aposto que o Burnier ficou com metade daquele dinheiro.

– Claro que não. – Falei balançando a cabeça. –Ele provavelmente pagou tudo. Tem o autógrafo do Jimi Hendrix, vale qualquer dinheiro.

– Defendendo o Burnier, Sahra?

– Claro que não, só estou falando a verdade.

– Você devia se livrar disso. É só mais uma das porcarias que ele deu pra você. Uma forma de você ficar se torturando. – Ele disse me olhando sem nenhum traço de humor no seu rosto.

– Acho melhor nós descermos. – Falei cortando o assunto.

– Sim, sim. Vamos descer, só vou terminar de arrumar as minhas coisas e... – Ele se interrompeu. – Você se importa de eu tomar um banho rápido?

– Claro que não. Fique a vontade. – Falei abrindo os braços e me curvando. – Sinta-se em casa. Mi casa es tu casa.

Akim acabou tomando um rápido banho, trocando a roupa e guardando seus pertences. Poucas palavras foram trocadas, ele simplesmente iria insistir no assunto Natanael até as coisas se resolverem. Isso tirava todo o meu animo.

– Tudo pronto. Vamos? – Akim chamou já abrindo a porta do quarto. Assim que ele saiu esbarrou com Mellany que por pouco não foi ao chão. – Nossa! Desculpe-me.

Ele falou a segurando pela cintura. Sai do quarto trancando a porta e eles continuavam na mesma posição. Eu poderia dizer que estava rolando algum tipo de ligação entre eles, pois os olhos de Mellany se encontravam abobalhados e expressivos. No entanto os olhos de Akim se encontravam fincados no decote da blusa que ela usava, ele estava admirando a vista de um lugar privilegiado. Mellany parecia não perceber, pois estava encantada demais olhando para ele.

Pigarreei alto, fazendo com que Mellany se assustasse e tentasse levantar de forma desajeitada, resultando em outra quase queda, contudo, Akim a segurou pelo braço.

– Sahra! – Mellany exclamou exaltada. – Eu não havia visto você –depois virou-se para Akim com o rosto rubro. – Me desculpe, eu estava distraída... Er... Não vai mais acontecer, até mais.

Depois disso, ela saiu quase correndo escada abaixo. Cocei a nuca e fiquei observando ela descer. Olhei para Akim que acompanhava os movimentos dela, mas ao contrário de mim, estava com uma malicia no olhar.

– Você poderia parar de secar a garota. – Falei rolando os olhos.

– Não estou secando ela, como você disse. – Ele falou balançando a cabeça. – Só estou admirando. – completou com um sorriso malicioso. – Algo totalmente diferente.

– Claro que é. – Bufei. – Não se empolga muito, ela não serve pra você. Ou melhor, você não serve pra ela.

– Assim você me entristece. – Ele disse fazendo falso drama.

– Eu estou falando sério. Jonh não gosta de você por estar comigo. – Falei o óbvio. – Imagina se você fica com ela?! As coisas ficariam... Er... Não ficariam nada boas.

– Qual é Sahra? Acho que conversar com ela em uma festa e ter uma noite de luxúria seria legal. – Ele disse dando de ombros.

– Primeiro: não estamos em Londres. – Comecei a numerar fatos com os dedos. – Segundo: as festas daqui não são nem de longe tão legais quanto às de lá. E terceiro: ela não é o tipo de garota que se passa uma única noite.

– Por que você tem tanta certeza do último item? – Ele perguntou cruzando os braços.

– Basta olhar para ela. – Falei apontando para a escada. – Ela é uma garotinha mimada e superprotegida pelo pai.

– Acho que você tem razão. – Ele disse coçando o queixo. – Mas nada que uns drinks não resolvam.

– Esquece. – Falei encerrando o assunto. – Agora vamos.

Descemos a escada e do topo dela podíamos ver que estava acontecendo alguma coisa. Algumas pessoas estavam paradas no meio da sala e Jonh parecia discutir com Clair, que estava com o gato nos braços. Akim desceu o último degrau e parou ali, eu parei uns dois degraus acima e apoiei meu cotovelo no seu ombro, desse modo ficamos observando a discussão que se seguia.

– Pela décima vez: Clair não podemos ficar com esse animal. – Jonh falou exausto.

– Mas eu gostaria de saber o porquê de não podermos ficar com o gato. – Clair rebateu.

– O que está acontecendo com você? Você nunca foi assim, porque está discutindo comigo agora? Não estou a reconhecendo Clair. – Jonh tinha uma expressão vazia, ele não demonstrava a raiva que deveria estar sentindo.

– É só um gato. – Clair falou cabisbaixa.

– Eu levo o gato. – Akim falou em alto e bom tom. Rapidamente me virei para ele e todos da sala fizeram o mesmo.

– Você o quê? – Jonh perguntou com as sobrancelhas erguidas.

– Eu levo o gato e cuido dele pra você Clair. Também o trago para fazer uma visita de vez em quando. – Ele dizia calmamente.

– Acho que é a única maneira de resolver o problema não é?! – Ela falou com a voz levemente afetada e entregando a caixa com o animal para Akim.

– Fala sério. – Falei rolando os olhos. – É só um gato. O que é que tem demais em ela ter um gato? – Perguntei olhando para Jonh.

– Não precisamos de mais um animal para soltar pelos por aí. – Ele me respondeu simplesmente.

– Se está se referindo ao Jason eu...

A campainha tocou e rapidamente Margareth apareceu para abrir a porta. Nicholas passou por ela com o seu jeito apático de sempre.

– Reunião de família. – Ele disse. – Acho que cheguei em uma hora inoportuna não?

– Claro que não Nicholas. – Jonh falou com um sorriso simpático no rosto. – Você não está atrapalhando de modo algum. A que devemos a sua presença?

– Eu só vim deixar algo para Sahra. – Ele disse e mostrou um CD do AC/DC que eu havia emprestado a ele. – Como ela está aqui não precisarei demorar.

– Você não quer ficar para jantar? – Jonh o convidou.

 Aquilo me irritava, e muito. Sempre que Nick aparecia, Jonh simplesmente se tornava um poço de simpatia, parecia até outra pessoa. Era visível como ele simplesmente ignorava Akim e recebia Nick com se fosse o presidente dos EUA ou a rainha da Inglaterra. Olhei para Akim que mexia distraidamente no pequeno gato que se espreguiçava, ele havia percebido o jeito de Jonh. Disso eu tinha certeza, só esperava um momento para contra atacar. Eu esperava que ele se comportasse.

– Obrigado senhor Benson. – Nick agradeceu cordialmente. – Mas terei que dispensar o convite. Vou ajudar minha mãe no restaurante, depois disso, nós vamos jantar.

– Você poderia jantar agora e já que vai trabalhar, com certeza ficará com fome novamente. – Jonh insistiu, eu estava para mandá-lo ir para qualquer lugar e calar a boca.

Não tinha nada contra Nick, muito pelo contrário, ele era um garoto adorável. Mas ter que aturar Jonh a todo instante o elogiando acabava por sufocar a todos. Ele o elogiava mais do que as próprias filhas.

– Eu realmente não posso senhor Benson. Fica para próxima.

– Eu adoraria jantar com você Jonh, mas eu também não posso. – Akim falou sarcasticamente, percebi que Mellany riu baixinho.

Nick veio em minha direção e olhava para Akim pensativamente, parecia analisá-lo. Entregou-me o CD, mas não tirava os olhos dele. Akim virou-se em minha direção e Nick continuou a olhá-lo.

– Garcia? – Nick perguntou olhando para Akim.

– Nicholas River não é mesmo? – Akim falou apertando a mão de Nick.

– Vocês se conhecem? – Perguntei.

– Akim fez alguns favores para mim, que eu ainda estou devendo. – Nick falou. – A propósito eu gostaria de conversar com você.

– Sahra. – Akim falou se virando para mim. – Sayuri mandou um recado pra você, ela disse, abre aspas. – Ele fez aspas com os dedos. –“Eu odeio você. Nunca mais vou atender nem uma das suas ligações e eu ainda quero meu presente de aniversário”. – Ele fez aspas novamente com os dedos. – Fecha aspas. E mandou que eu entregasse isso para você. – Ele tirou um envelope pardo de dentro da mochila. –Acho que são fotos e as suas correspondências que ela pediu que eu fosse pegar no correio assim que eu chegasse aqui, Adam mandou lembranças e os pais da Sayuri também.

– Legal. – Falei com um sorriso idiota no rosto. – Nunca havia perdido nem um dos seus aniversários. – Falei baixinho enquanto sorria. – Mas não fui tão má assim, liguei pra ela nesse dia.

– Se entenda com ela, mas me tire do meio das ameaças. – Akim falou sorrindo em minha direção. – Tenho que ir. Acho que não tenho comida para gato em casa. Até mais amor. – Ele deu ênfase na palavra.

– Até mais meu bebê. – Falei consciente de que ele odiava esse apelido. Desci os degraus e toquei mês lábios nos seus.

– Até mais senhor Benson. – Ele falou com um sorriso de canto, olhando para Jonh. – Boa noite a todos. – Ele disse olhando para todos que estavam parados ali e quando passou por Mellany que estava no meio do caminho até a porta. Parou e beijou a mão dela. – Buenas noches hermosa niña.

Rolei os olhos e antes que alguém me perguntasse alguma coisa subi para o meu quarto. Na tranquilidade do meu quarto abri o envelope e esvaziei todo o seu conteúdo sobre a cama. Contas, fotos e duas cartas. Primeiro peguei as contas e percebi que todas estavam pagas. Rolei os olhos, aquilo tinha que ter sido feito pelo Adam. Em seguida peguei as fotos, eram do dia do aniversário da Sayuri.

Adam a segurando no colo, os dois fazendo careta, a família dela, algumas outras pessoas que eu conhecia e outras que eu não fazia ideia de onde eram. Ri com todas as caras e bocas, até mesmo a senhora Flowers da floricultura, onde eu ajudava, havia tirado fotos engraçadas. Fiquei por bons minutos vendo as fotos até que alguém bateu na porta. Levantei preguiçosamente da cama e caminhei em direção à porta. Abri-a e dei de cara com Jonh parado do outro lado. Suspirei e encostei-me à porta.

– Você não vai jantar? – Ele perguntou. Parecia estar levemente constrangido.

– Não. – Falei simplesmente. – Comi muitas besteiras durante a tarde, estou sem fome.

– Sei. – Ele disse e deu um suspiro desconfortável.

– Era só isso? – Perguntei arqueando as sobrancelhas.

– Bom... – Ele pigarreou duas vezes e coçou a nuca antes de prosseguir. – Eu gostaria de pedir desculpas por meu comportamento para com o seu namorado. – Ele pigarreou novamente e eu levantei as sobrancelhas mais ainda. – Não era minha intenção tratá-lo mal.

– Tanto faz. – Falei dando de ombros. – Akim e eu já estamos acostumados com o lance de presença indesejada.

– Como assim? – Ele perguntou inclinando a cabeça e me olhando de forma questionadora. Então foi a minha vez de coçar a nuca. – Por que você não olha para os meus olhos quando fala comigo?

– Não é nada demais, foi só um comentário. – Falei suspirando. – Acho melhor eu entrar e tomar um banho antes de dormir. Estou cansada de toda vez que falar com você desencadear alguma espécie de discussão. Boa noite Jonh. – Falei suspirando.

– Boa noite. – Ele falou baixo e saiu.

Fechei a porta atrás de mim e fui tomar banho. Toda vez em que tinha conversa com mais de duas frases com Jonh meu humor simplesmente mudava completamente. Me levando a abrir a cicatriz em meu pulso mais uma vez. Saí do banheiro com a munhequeira preta em volta do pulso esquerdo e me joguei na cama. Peguei uma das cartas que havia vindo junto com as outras coisas, estava com o nome da Sayuri do lado de fora do envelope, abri a carta lendo todo o seu conteúdo:

Querida Sahra... Tá bom esse lance de querida é algo totalmente tosco. Então como é que você tá?

Não faço ideia do porquê de estar escrevendo uma carta pra você, mas o Akim disse que apesar de ninguém ter o número do celular, não é totalmente seguro nos comunicarmos por eles. Então vamos voltar aos e-mails e as cartas. Claro que pretendo ligar de vez em quando.

Escrever carta é tão século passado.

Sei que você deve estar totalmente pirada com o lance das contas, mas a ideia não foi do Adam como você pensou, ele pagou a sua dívida milionária com o banco. Eu paguei as suas contas. Sua mãe iria estar muito orgulhosa por saber que você não gasta seu dinheiro levianamente.

A senhora Flowers está sentindo a sua falta e perguntou quando você iria vir fazer uma visita. Eu disse que talvez nunca e que você odiava a gente, por isso, foi embora... Tudo bem eu não falei isso, mas eu disse que não sabia.

A propósito estou com raiva de você. Cara você faltou o meu aniversário. Claro que eu sei que foi por forças maiores, mas acredite quando eu digo que se você estivesse aqui eu colocaria uma placa bem grande na em frente a sua casa, escrito: Foda-se.

Ganhei vários presentes e por falar neles, eu adorei o fato de você não ter me mandado nem a menos um doce. Sim, eu estou sendo sarcástica. Mesmo estando com raiva de você, eu quero um presente.

Entrei naquele lance de adiantamento, então antes de todo mundo irei terminar o colegial. Você sabe que eu estou velha demais para estar no colegial, então vou entrar na faculdade antes de você! Uhul!

Me desculpa, mas eu tenho que falar que passei na sua frente, nesse exato momento estou rindo diabolicamente no meu quarto.

Até mais, beijos e se cuida! Sua gostosa!

Terminei de ler a carta rindo. Ela realmente não existia, uma pessoa totalmente volúvel como ela deveria ser considerada uma ameaça à sociedade. Peguei a outra carta com o nome e sobrenome: Adam Fraiture. Abri-a e comecei a lê-la, contendo a vontade matá-lo estrangulado, por ter pagado a dívida no banco, mas o verdadeiro culpado era Akim. O filho da mãe era quem havia contado.

Olá Sahra.

Não sei muito bem como começar uma carta. Você sabe que não sou muito bom com as palavras, mas... Bom, em primeiro lugar quero pedir desculpas, – apesar de não me sentir culpado – por ter pagado a conta no banco. Eu sei que você não ia aceitar a ajuda do seu pai, então tomei a liberdade de fazer com que seus cartões fossem liberados. Você precisa de crédito e sabe disso.

Sinto sua falta, as coisas não estão indo tão bem. Os “eventos” estão sendo sabotados, desconfio na intromissão de Natanael, mas não posso afirmar nada. Akim veio até aqui e tentamos descobrir algo, mas nossas tentativas foram frustradas.

Mas não se preocupe depois de todos os “eventos” sabotados acho que ele entendeu que você não está mais aqui. Agora acho que vai demorar um tempo até que ele a encontre, o que acho uma maravilha.

Espero que esteja se saindo bem por aí, e também aguardo ansioso a sua volta.

Beijos e até mais!

A carta de Adam, assim como esperava, era bem mais séria. Típica. Ele sempre se preocupava com as coisas e sempre que podia, tentava me informada a respeito de tudo. Eu simplesmente não conseguia ficar com raiva dele. Com toda a sua elegância sempre conseguia me “dobrar”. Me acalmava e me persuadia como bem quisesse.

As coisas não estavam indo bem por lá e, no entanto eu estava aqui vivendo na mordomia sem fazer absolutamente nada. Bufei e então guardei as cartas. Olhei para o relógio e vi que já eram quase onze horas da noite, me joguei na cama e dormi.

PDV Jason:

Fiquei planejando formas de aproximação da Sahra com Daniel. Depois que Sahra entrou no banheiro ficamos à deriva. Quando saímos o jantar estava sendo servido e parecia que nós tínhamos perdido alguma coisa, um evento um tanto significativo. Perguntei a Drew e ele simplesmente respondeu que houve um pequeno momento de intriga com Sahra, o namorado e Nick.

Apesar de agir de modo muito educado eu não gostava muito de Nicholas. O achava estranho e totalmente idiota com suas ideias estúpidas e seu modo de agir, se afastando de todos.

Hoje é sábado, então pelo menos eu tinha um motivo para ficar feliz. Levantei tarde e assim que desci para tomar café dei de cara com Alexia na mesa. Só faltavam Jonh, minha mãe e Sahra na mesa do café. Alexia me recebeu com um abraço e um beijo. Sentei ao seu lado e olhei para todos a fim de receber uma explicação do por que de ela estar ali.

– Aí Jason! – Drew chamou do outro lado da mesa. – A gente vai lá pra piscina. Você vai?

– Bom...

– Claro que vai. – Alexia me interrompeu. – Todos vão não é? Agora vai se trocar que nós vamos esperar você lá.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, todos já saiam e se dirigiam até a piscina. Daniel ficou para trás e me olhou zombeteiro.

– Vai ser divertido. – Ele disse alargando o sorriso.

– O que vai ser divertido? – Perguntei sem realmente entender o que ele queria dizer com aquilo.

– Ver a reação de Alexia enquanto você se aproxima da Sahra. Isso vai ser divertido.

Ele disse isso e saiu. Fiquei alguns minutos na cozinha terminando de tomar café e repassando as formas de aproximação com a Sahra que havíamos montado ontem. Fui até o quarto e me troquei, colocando uma sunga e um calção. Liguei rapidamente o computador e vi que Sahra ainda estava dormindo. Aquilo era ótimo, pelo menos eu não teria que aturar mais uma briga entre as duas. Dei um longo suspiro e desci.

PDV Sahra:

Abri os olhos lentamente e levantei. Olhei ao redor do quarto, me espreguicei e depois procurei ver as horas no relógio-despertador, constatei que já se passavam das dez da manhã. Dei um longo bocejo e levantei. Fiz minha higiene matinal. Saí do banho somente de roupão, peguei uma calça jeans, apesar de dia estar um tanto abafado. Quando estava procurando por uma blusa, alguém bateu na porta.

– Quem é? – Perguntei terminando de vestir a calça.

– Cachinhos dourados em pessoa! – Akim gritou do outro lado da porta. Rolei os olhos e fui abri-la.

– Pode entrar cachinhos. – Falei sarcasticamente. – Me ajuda com o fecho do meu sutiã?! – Virei de costas para que ele prendesse.

– Sim. – ele disse indiferente. – Você estava me esperando de roupa intima? – Ele completou malicioso enquanto fechava. – Nós deveríamos estar tirando e não colocando isso, não?

– Claro. – Falei com um sorriso irônico no rosto. – Não quer tirar a minha roupa para realizarmos as nossas maiores fantasias? – Perguntei abrindo os braços e balançando os quadris. Ele me analisou dos pés a cabeça e depois fez uma careta.

– Não. – Ele disse parecendo estar com nojo. Só rolei os olhos. – Considero Adam um dos caras mais corajosos do mundo, afinal ele namorou com você. – Mostrei meu dedo do meio para ele. – Não se ofenda, mas só peguei você uma vez porque nós dois estávamos muito chapados e aposto que se lembra disso.

Gemi em desgosto. Depois bati com a minha cabeça na parede.

– Você tinha que despertar momentos ruins da minha vida?

– Eu só não enfio você e essa sua enorme cabeça no vaso, porque eu estou com preguiça demais. – Ele falou bocejando.

– Sei que você me ama Akim. – falei debochando. – Não precisa demonstrar o seu amor por mim em todos os momentos.

– Cala essa boca. – Ele disse simplesmente.

– De onde você conhece o Nicholas? – Perguntei curiosa.

– Fiz um favor a ele. Eu meio que o ajudei com o namoro. Você pode dizer que os ajudei.

– Como assim?

– Explico depois. – Ele disse dado de ombros.

– O que você fez com o gato da Clair? – Perguntei cruzando os braços.

– O joguei embaixo de um caminhão. – Ele disse pensativo. – Não. Eu não fiz isso. Ele é um animalzinho legal. Coloquei o nome dele de guerreiro.

– Guerreiro? – Perguntei fazendo uma careta.

– Isso. O gato do He-man. Ele foi muito guerreiro quando eu tentei dar um banho dele.Eu também gosto do He-man..

– Você é retardado! – Falei rolando os olhos.

– Por que você não está assistindo ao jogo do Chelsea?

– Que jogo? – Perguntei subitamente estupefata.

– Você não está sabendo? – Ele perguntou quase rindo. – Chelsea e Liverpool. Está passando a exatos... – Ele consultou o relógio. – Quinze minutos.

– Merda! Por que você não falou antes? – Falei exasperada. Rapidamente revirei as minhas roupas e puxei um short curto e preto junto com uma camisa bem larga do Chelsea.

Tirei a calça e coloquei a roupa em um átimo. Procurei mais um tempo e achei uma bandeira do time junto com um potinho de tinta azul. Enrolei a bandeira por sobre os meus ombros, ela ficou quase nos meus tornozelos. Fiz duas listras azuis em cada bochecha.

– Vamos. – Falei, sem dar tempo para que ele fizesse nada, o puxei pelo braço e descemos escada abaixo. – Em que canal?

– Eu não lembro muito bem. – Ele falou pensativo.

– Mas que merda! Como é que você me fala do jogo e simplesmente não sabe em qual canal está passando? – Perguntei alterada. Liguei a enorme televisão e comecei zapear pelos canais, enfim encontrei o canal que estava passando o jogo. – Liga pra alguma pizzaria. – Falei jogando o telefone que ficava ao lado do sofá, sem tirar os olhos da tela.

– Qual o número? – Ele me perguntou.

– Eu não sei. Deve ter alguma lista aí e... PASSA ESSA BOLA! – Gritei em plenos pulmões.

– Nossa você ajudou muito.

– Procura, pede quatro pizzas, alguma bebida, de preferência cerveja ou algo mais forte.

Akim conseguiu o número de uma pizzaria e dentro de alguns minutos o entregador apareceu com as pizzas e algumas cervejas. Pela primeira vez me senti em casa. Faltava a Sayuri para azarar o jogo, mas tirando isso eu me sentia totalmente à vontade. Comendo pizza, bebendo cerveja e assistindo jogo.

– O que vocês estão fazendo? – Me virei e dei de cara com Jason somente de bermuda. Ele tinha um belo corpo, muito belo mesmo.

– Parece meio óbvio não é? – Falei irônica.

– Vocês estão bebendo e assistindo televisão.

– Parabéns gênio – Falei já olhando para a tela novamente. – Mas que merda! Esse cara tem que marcar mais. Esse jogo tá uma porcaria.

PDV Jason:

Tinha saído da piscina para pegar algo para comermos. Peguei pacotes de salgadinhos, doces e alguns refrigerantes. Antes de sair da cozinha, escutei a voz da Sahra vindo da sala. Dei uma rápida olhada e percebi que ela estava assistindo TV. Sem perder tempo, levei tudo para a piscina e mandei Daniel mantê-los ocupados para que eu começasse a me aproximar de Sahra.

Voltei rapidamente e assim que entrei na sala percebi que ela não estava só. Na verdade, nesse momento foi que eu realmente percebi o que ela estava fazendo. Sahra estava sentada no chão, uma bandeira com um brasão de algum time estendida ao seu lado, tinta azul nas bochechas. A mesa de centro estava com caixas de pizzas sobre ela e latas de cerveja. Ela comia um pedaço de pizza e tomava a cerveja, sem desgrudar os olhos da televisão que passava um jogo qualquer de futebol. Para meu total desagrado, Akim também estava lá, no entanto ele estava sentado no sofá, com uma caixa de pizza sobre as pernas. Fazia a mesma coisa que a Sahra.

– O que vocês estão fazendo? – Falei, e na mesma hora fiquei com vontade de me bater. Aquela pergunta era extremamente idiota.

– Parece meio óbvio não é? – Sahra falou me analisando. Depois retomou sua atenção para o jogo.

– Vocês estão bebendo e assistindo jogo. – Conclui o óbvio e rolei os olhos.

– Parabéns gênio. – Ela falou. – Mas que merda! Esse cara tem que marcar mais. Esse jogo tá uma porcaria.

– Não liga pra ela. – O seu namorado falou. – A propósito, sou Akim. – Ele disse estendendo a mão para mim, que prontamente a peguei. – Claro que você já sabia. Você é o...?

– Jason. – Falei. – Acho que Jonh não vai gostar de ver vocês bebendo. Ele é meio moralista sabe? Faz vista grossa, mas não gosta que façamos coisas erradas bem na sua frente.

– Jonh não gosta disso. – Shara falou de repente, com uma voz meio esganiçada. – Jonh não gosta daquilo. Quem liga pra o que ele pensa?

– Eu ligo. Desde que comecei a morar aqui.

– Tenho uma novidade pra contar. Eu não ligo. – Ela disse entornando a cerveja, ainda olhando para a televisão.

– Não preste atenção nela. Eu avisei. – Akim falou observando Sahra. – Você tem algum pacote de Doritos aí?

– Acho que tem na cozinha. – Falei apontando o polegar na direção.

– Ótimo. – Ele disse levantando e colocando a caixa vazia de pizza sobre a mesa. – Me leve até lá. Você não acha que eu vou deixar você sozinho, sem camisa, junto com a minha namorada acha?

– Eu não... Er... – Me atrapalhei com as palavras. Enquanto seguíamos até a cozinha.

– Fica calmo garoto. – Ele disse dando tapinhas na minha costa. – Agora vamos.

– Eu não iria fazer nada com Sahra. Só estou sem camisa por que...

– Tudo bem. – Ele falou. – Vocês são amigos? Você e a Sahra?

– Não. Não no sentido de amigos, amigos mesmo. Mas nós nos damos bem. – Falei tentando soar convincente.

– Ela é um pouco difícil de lidar. – Ele falou abrindo a geladeira e tirando uma lata de cerveja. – Quer dizer, com aquele mau-humor contínuo é bem difícil.

– Concordo. Ela não gosta muito de se aproximar das pessoas não é?

– Não. – Ele disse simplesmente. – Você disse que tinha alguns salgadinhos?

– Sim. – Falei abrindo a porta de um dos armários. Peguei um pacote de Doritos e entreguei a ele.

– Obrigado.

– Por que ela não gosta de falar com as pessoas? Ou isso só acontece aqui?

– É em todo canto, não se preocupe. Não tem nada a ver com você. – Ele deu uma pausa mastigando. – Ela não gosta que as pessoas a conheçam bem, para que depois façam algo contra ela. É como um mecanismo de defesa. Sem muitas informações você não pode atacar.

– Então isso quer dizer que ela já sofreu? Quero dizer, alguém já a fez sofrer. – Supus.

– Por que você não conversa com ela? – Ele perguntou. Me surpreendi com sua atitude, afinal ela era sua namorada e ele estava sugerindo que nós dois ficássemos mais próximo. Isso com certeza foi estranho.

Sahra entrou na cozinha segurando uma sacola com lixo. Ela parecia ter feito uma limpeza na sala antes de sair de lá.

– Quanto acabou? – Akim perguntou.

– Dois a um. Pro Chelsea, é claro. – Ela respondeu com um sorriso.

– Não responda com tanta confiança. Ele poderia ter perdido facilmente. – Ele a provocou.

– Nós estamos falando do Chelsea ou do Valência? – Ela contra atacou. Akim crispou os olhos.

Jonh entrou na cozinha. Todos suspiraram longamente, até mesmo eu.

– Posso saber o motivo da reunião? – Ele perguntou indiferente. Akim jogou sua cerveja na lata de lixo.

– Só um jogo de futebol – Akim respondeu sorrindo de canto. – Um dos passatempos da Sahra. Não é querida? – Ela somente balançou a cabeça confirmando.

– Hoje acontecerá um jantar beneficente e todos nós vamos. – Jonh o ignorou. – Você também está convidado Akim.

– Oh! Sério?! – Akim falou em uma animação zombeteira. – Peço que me desculpe Jonh, mas não poderei comparecer ao evento.

– O quê? Por quê? – Sahra perguntou um pouco alarmada.

– Tenho coisas a fazer. – Akim falou. – Mas espero que se divirtam. E também espero que você vá, Sahra.

– Eu também. – Jonh falou. – Seu amigo, Nicholas, vai.

– Ótimo. – Akim falou batendo uma mão na outra. – Assim você não vai ficar sozinha. Quero que você se divirta meu amor. Me ligue assim que chegar. Agora eu tenho que ir. – Ele deu um beijo na bochecha da Sahra. Cumprimentou Jonh com um aceno. Pegou a minha mão em um aperto. – Espero que se divirta Jason. Até mais.

Ele saiu e Sahra o acompanhou. Jonh pegou um copo com água e tomou-o lentamente. Fiquei tentando entender o que Akim queria dizer com “Espero que se divirta Jason”. Provavelmente não queria dizer nada, mas minha mente paranoica estava dizendo que ele tinha colocado um significado oculto naquela frase. E a conversa na cozinha tinha sido estranha.

– Traje esporte fino Jason, por favor. – Jonh falou, me surpreendendo. – Vocês estão usando a piscina?

– Er... Sim, Alexia apareceu e Daniel também. Todos estão lá, com exceção da Sahra que estava assistindo ao jogo.

–Tudo bem. Onde está sua mãe?

– Eu não sei.

– Certo. Divirta-se, esteja pronto as sete. Daniel também pode ir se quiser.

– Tudo bem.

Saí da cozinha e ao invés de voltar à piscina, fui para o meu quarto. Assim que terminei de subir as escadas vi Sahra parada em frente o seu quarto. Braços cruzados, mesma expressão de sempre e continuava com o seu uniforme do time de futebol. Assim que notou minha presença levantou os olhos do chão para me encarar. O que não durou muito tempo, pois ela desviou o olhar para algo atrás de mim. Ela parecia estar me olhando, mas na verdade não estava. Aquilo era estranho e irritante ao mesmo tempo.

– O que você estava conversando com Akim? – Ela perguntou franzindo as sobrancelhas. Seus olhos tremulavam, e eles pareciam não se focar em um só ponto. Era a primeira vez que percebia aquilo.

– Você tem nistagmo? – Perguntei sem responder sua pergunta. Ela rolou os olhos.

– Eu perguntei primeiro. – Ela contra atacou.

– Nada demais, só falamos sobre o jogo. Esse tipo de coisa, uma conversa para nos conhecermos melhor. Agora sua vez.

– Tenho. Algum problema com isso? – Ela perguntou provocando.

– Nenhum. Apesar de ter isso, você não olha nos meus olhos porque não quer. Tem alguma coisa contra mim?

– Odeio a sua namorada, você fica do lado dela. Então temos sim um problema. Você vai contar a verdade sobre o que conversou com o Akim ou não?

– Provavelmente não. Como você ficou assim? Foi algo de nascença ou adquirido com o tempo?

– Isso não interessa a você. – Ela disse de modo cortante.

– Você vai à festa? – Estava achando divertido nosso pequeno questionário.

– Sim. Estavam falando sobre mim. Posso ao menos saber sobre o que falavam de mim?

– Não. É algo que se diz respeito somente a nós dois. Traje fino. Espero que você tenha.

– Preocupe-se com o que você vai vestir. Acredite, eu sei o que devo vestir.

– Então espero você as sete. – Falei sorrindo maliciosamente. – Até lá Sahra.

Ela me mandou o dedo do meio e entrou no quarto. Entrei no meu quarto que ficava em frente ao seu. Seria bem mais fácil vigiá-la se eu tivesse ficado com o quarto ao lado do seu. Talvez providenciasse isso depois. Por hora esse jantar estava com ares divertidos.

PDV Sahra:

Jason era irritante e Akim também. Eles provavelmente deviam ter se dado bem, apesar de Akim ter me escondido o que eles conversaram na cozinha, eu sabia que ele não havia falado nada demais. Afinal ele me conhecia. Essa festa seria uma tentativa idiota para me aproximar de Jason.

Apesar de ter dito o contrário, eu não fazia a mínima ideia de como me vestir. Dei um longo suspiro e comecei a remexer nas minhas roupas. Jonh havia falado em um jantar beneficente, então provavelmente iriam várias pessoas ricas. Isso seria uma chatice. Ainda remexendo nas roupas encontrei um vestido, eu sabia que ele estava ali.

Olhei todos os meus sapatos e fiquei em dúvida sobre qual usar. Um tênis, ou um salto? O tênis sempre me era mais tentador, apesar de achar o salto bonito. Separei um tênis preto e uma open boot, também preta. Open boot. O único nome de sapato que havia aprendido depois de tênis e chuteiras.

Nem lembrava como aquela roupa havia parado no meu guarda roupa, mas sabia que estavam al. Peguei alguns acessórios e logo depois separei apetrechos para um bom banho.

Minha pele e meu cabelo agradeceram pelo que fiz por eles.

Passei a tarde inteira tomando banho e me arrumando. Aquilo era realmente o cúmulo da falto do que fazer afinal eu nunca demorei mais do que uma hora para me arrumar. E uma hora era somente para casos muito especiais.

Me olhei na frente do espelho e me impressionei com a imagem refletida nele.

Eu estava bonita. Bem mais que o comum.

Eu não era do tipo narcisista, mas tinha plena consciência da minha beleza. Claro que eu não era nem uma modelo internacional nem nada disso, mas eu tinha um bom corpo por causa de exercícios contínuos e meu rosto era bonitinho. Atraia alguns olhares, não muitos, mas o suficiente para ter um namorado. Se quisesse. Balancei minha cabeça espantando essa ideia da minha mente.

O vestido era preto, colado ao corpo até a base da cintura, depois ele era solto, a algo que eu havia esquecido como se chamava, puxei na minha mente o nome que se dava aquilo, era... Balonê. Isso Balonê! A saia do vestido preto era balonê. Ele ficava um pouco mais de um palmo a cima dos joelhos.

Meu cabelo estava preso em um coque firme e com as mechas verdes soltas. Meu rosto estava coberto com maquiagem, fiz o máximo que pude para deixá-lo do modo perfeito que todos dizem. Depois fiz as coisas que eu era acostumada a fazer, passei sombra preta, bastante rímel e lápis de olho e para um toque final um gloss nos lábios.

Olhei para minhas pernas, recém-depiladas, depois para os meus pés descalços. Era realmente muito difícil decidir entre o salto e o tênis. O evento gritava para que eu usasse o salto, mas meus pés gritavam para que eu usasse o meu tão amado Chuck Taylor preto, com uma estrela que parecia estar derretendo ao lado externo que ficava no meu tornozelo.

O tênis venceu. O calcei e depois parei na frente do espelho com as mãos na cintura, olhando a imagem refletida.

Levantei a mão direita com o polegar erguido me aprovando. Coloquei um relógio prata, que havia pegado do Akim, relógio analógico tipicamente masculino, que ficava tremendamente folgado no meu braço.

Olhei o relógio e constatei que ainda faltavam dez minutos para as sete. Dei um sorriso vitorioso peguei uma bolsa de alça transversal. Não era o acessório mais adequado, mas como não tinha nem uma bolsa de mão, aquela serviria. Coloquei minhas coisas na bolsa e sai do quarto, o trancando.

Cheguei à sala e encontrei com Drew e Jason sentados assistindo a um programa qualquer de esportes. Me joguei em uma poltrona com as pernas para o ar. O vestido desceu um pouco, mas não o suficiente para mostrar algo.

– Belas pernas. – Drew falou. – Que horas abrem? – Me endireitei no sofá e o encarei. Ele era realmente um idiota.

– Você tem problemas mentais? – Perguntei com as sobrancelhas arqueadas.

– Se você for psiquiatra eu até posso ter.

– Com essas suas cantadas, acho que estou me apaixonando por você. – Falei sarcasticamente. – A propósito, você também não está de se jogar fora. Vocês dois.

Ambos estavam de terno. Drew com um terno azul-marinho, calça social da mesma cor e a camisa social preta, sem gravata. Jason estava com um terno preto e calça social preta, no entanto a camisa social era azul-céu. Ambos com as blusas por fora da calça.

– Eu sei que sou irresistível. – Drew falou convencido.

– O que eu fiz para merecer isso. – Murmurei balançando a cabeça

 Mellany, Clair, Jonh e Catherine.Desceram as escadas. Mellany estava com um vestido azul colado ao corpo esguio, o com sapatos de salto. Catherine estava com um vestido vinho, longo com uma abertura na panturrilha com sapatos extremamente altos também. Clair era a que mais me chamou atenção, apesar da carranca, pois estava com um vestido cor-de-rosa com uma fita na cintura, sapatilhas da mesma cor do vestido e os cabelos estavam cheio de cachos. Ela estava uma gracinha.

– Que personagem você é? – Perguntei a Clair com um sorriso um pouco maléfico no rosto. Confesso. – Cachinhos dourados? – Ela fechou a cara ainda mais.

– Muito bem. – Jonh vestido com um terno bem tradicional, com uma gravata preta, cortou a brincadeira. – Acho que está na hora de irmos. – ele se dirigiu pela porta da frente e eu o segui.

Assim que chegamos à frente da casa, uma clássica Limousine Chrysler preta nos esperava. Admirei o carro por uns segundos e logo depois entrei. Sentei em bancos de couro extremamente confortáveis. Estava quase realizando um sonho por estar naquele carro, se eu o dirigisse, minha felicidade seria completa, somente a sensação de estar destro dele já me proporcionava uma espécie de orgasmo.

– Você está bem? – Fui tirada dos meus devaneios pela voz de Jason.

– Estou. Por quê?

– Desde que saímos você está com uma cara estranha.

– Me desculpe, mas só tenho essa.

Fim do assunto. Depois disso o silêncio, pelo menos entre nós dois, predominou até chegarmos ao local onde aconteceria o jantar. O carro parou e o motorista abriu a porta para que saíssemos. Um tapete de camurça azul estava estendido de uma porta grande de um hotel de luxo, até o local onde os carros paravam e desciam os convidados. Alguns fotógrafos estavam presentes no local.

Então flashes vinham de todos os lados. Preferi ficar atrás de Jason. Passamos pelo tapete e do contrário que Jonh queria, não fiquei para tirar as fotos em família, eu simplesmente esperei até que eles terminassem com aquilo. Eu não podia aparecer nas fotos se eu de fato, não me sentia como sendo da família. O hall do hotel onde estava acontecendo o jantar, estava decorado de forma elegante, centenas de mesas cobertas por toalhas vermelhas, pequenos arranjos florais sobre elas e todos os apetrechos, que incluíam guardanapos e o cardápio.

Jonh se encaminhou até a mesa reservada para ele e todos nós o acompanhamos. Ficamos sentados lá e aquilo estava sendo uma das coisas mais tediosas de toda a minha vida. Se Akim estivesse aqui às coisas estariam sendo, bem mais interessantes.

Sem aviso prévio, me levantei com desculpa de ir ao banheiro, comecei a andar pelo local, no intuito de me distrair. Enquanto passeava meu olhar pelo local meu braço foi agarrado e meu corpo foi puxado para dentro de uma das portas que havia nas laterais do salão. Sem mais, segurei o braço que me agarrou e o torci atrás da costa de quem quer fosse. Empurrei a pessoa, que pelo que pude perceber da sua estatura era um homem, na parede forcei mais o braço para cima. Quebrá-lo seria fácil, o homem não estava fazendo nada par me impedir.

– Ai! Você pode me largar agora Sahra! Ai! – Nick levantou a cabeça me pedindo com uma careta.

– Desculpe. – Falei o soltando rapidamente. – Mas você não pode simplesmente me puxar para uma sala isolada e esperar que eu agarre você.

– Certo. O erro foi meu, mas eu pensei que você não iria se levantar nunca daquela mesa. Estava demorando muito, então não contive minha ansiedade.

– Como você tinha certeza de que eu levantaria da mesa?

– Eu conheço você. – Ele afirmou com um sorriso. Aquilo me pegou de surpresa, afinal nos conhecíamos há tão pouco tempo e eu me recusava a falar muito da minha personalidade para ele. Então ele simplesmente diz que me conhece e eu tenho que aceitar e ao mesmo tempo procurar. Procurar uma forma de me deixar menos vulnerável para as pessoas.

– Certo. Mas o que você quer? – Perguntei transbordando impaciência.

– Tenho uma surpresa. – Ele falou empolgado. De repente levantou os braços e apontou para um lado da sala. – Surpresa!

Uma garota estava em pé, meio encolhida. Ela deu alguns passos em minha direção, com um sorriso tímido estampado no seu rosto. Ela estava com um vestido vermelho simples, preso abaixo dos seios, solto que ia até a metade de suas coxas, com alças finas e com uma sapatilha nude. O cabelo castanho estava solto, com as pontas enroladas e o rosto em forma de coração trazia uma leve maquiagem, quase imperceptível. Minha constatação era que ela realmente era bonita. Mas apesar disso, eu não fazia ideia do que ele queria me apresentando a garota.

– Nick. Eu sei que você disse que me conhece, mas... Eu realmente não gosto de mulheres sabe? Eu gosto mais do sexo oposto. Nada contra você. – Falei levantando as mãos em direção a garota. – Você é bonita, mas eu não curto...

– Do que você está falando? – Nicholas perguntou me olhando com as sobrancelhas franzidas. – Não e nada do que você está pensando. Essa é a minha garota. Aquela que eu falei pra você. Se você quiser uma, vai ter que procurar.

– Oh! – Olhei para a garota e depois para Nick, que já se encontrava ao lado dela com as mãos em volta da sua cintura. – Nossa! Me desculpe, mas é que... Eu não sei o que dizer. Então esqueça o que eu falei quando vi você. Meu nome é Sahra. – Falei estendendo a mão para ela.

– Olá. Sou Olívia. – Ela apertou a minha. – Muito prazer.

– O prazer é todo meu. Já ouvi falar muito sobre você.

– Mesmo?! Espero que tenha ouvido coisas boas. – ela falava com visível constrangimento.

– Pode acreditar que sim. Alias o Nicholas simplesmente me enche com todo o papo de, nossa ela é linda, ela perfeita, é educada...

– Já chega Sahra. – Nick me interrompeu.

– Bom. O que interessa é que fico muito feliz em conhecer você e saber que o Nick realmente é um idiota sortudo. Fala sério, o que é que você está fazendo com ele?

– Obrigado Sahra. – Ele respondeu com ironia e a garota riu.

– Ele pode ser um idiota, mas eu acho que consigo aturá-lo.

– Você ganhou a minha admiração, afinal aguentar Nicholas é um castigo para mim. – Falei com um meu costumeiro sorriso educado.

– Acho que se eu deixar você perto da Sahra, por mais um tempo é bem capaz dela convencer você de que eu sou um idiota e que você deveria me largar. – Nick falou emburrado.

– Não se preocupe. Ninguém me influencia quando o assunto se diz respeito a você. – Olívia falou dando um beijo na bochecha dele.

– O amor não é lindo? – Perguntei com uma pontada de sarcasmo. Sendo imperceptível a eles, mas muito visível para mim. Afinal o amor poderia existir e ser uma coisa muito bela. No entanto era traiçoeiro. Com espinhos escondidos e prontos para machuca-lo a qualquer mínimo deslize – Que tal voltarmos para o jantar? – Sugeri. – Jonh deve estar me procurando, disse que ia ao banheiro.

– Concordo que devemos voltar. –Olívia falou.

Saí na frente enquanto Nicholas e Olívia me seguiam.

– Podem ir na frente, esqueci a minha bolsa aqui na mesa, já estou indo.

– Tudo bem. – Nicholas falou.

Abri a porta e Nick veio logo em segui a empurrando ao mesmo tempo que eu, e nós dois quase fomos ao chão. Ele agarrou minha cintura e me segurou. Começamos a rir e de repente um flash me cegou, seguido de mais alguns enquanto eu tentava descobrir de onde ele vinha.

– Que tal mais uma pose? – Um fotógrafo vestido com uma roupa despojada e mascando um chiclete falou. – O mais novo casal. Você é Nicholas River e você é a filha do Benson não é?! A nova filha?! Sahra.

– Sou. Mas nós não somos um casal. – Falei séria. Bem nesse momento Olívia apareceu abrindo a porta e quando viu o fotógrafo ficou envergonhada. – Essa é a namorada dele. Sou apenas uma amiga.

– Então é você a sortuda? Quem é você? – Ele era uma pessoa totalmente desinibida. Eu odiava pessoas dessa maneira. Principalmente quando agiam dessa maneira com pessoas desconhecidas.

Ele tinha uma blusa social e um casaco jogado por cima dela. Calça jeans e tênis. Ele estava vestido de modo bem informal. Tinha o rosto fino e o nariz era um pouco desproporcional para ele. Seu cabelo era curto. Possuía algumas marcas de espinhas. Seu sorriso trazia dentes brancos, mas um pouco grandes demais. Seus olhos eram castanhos.

– Sou Olívia Grings.

– De onde você é querida? Não vi seu nome na lista de convidados.

– Ela veio como minha acompanhante. Não é daqui. – Nicholas respondeu quase de forma rude. Algo em seu tom deixava as palavras mais leves.

– Então você é da Inglaterra? Seus pais são sócios do pai de Nicholas? Ou são empresários?

– Eles são donos de uma lavanderia. – Ela disse de cabeça baixa e as bochechas vermelhas.

– Acho que você está sendo invasivo demais. Você não acha? – Perguntei acidamente ao fotógrafo.

– Você quer que eu acredite que Nicholas River está saindo com uma lavadeira? – O fotografo falou irônico.

– Acho melhor você calar a boca e apagar as fotos que tirou agora a pouco. – Falei de modo ameaçador.

– Sahra Benson. Por que você não acaba com toda essa palhaçada e explica o que está acontecendo aqui?

Joan Jett - Bad Reputation

– Claro que eu vou explicar tudo pra você, seu canalha idiota. Essa é Olívia Grings, namorada de Nicholas River. Ela é uma garota linda e muito simpática. Seus pais trabalham em uma lavanderia. E só pra completar. Ela tem mais caráter nas unhas dos pés do que você em todo o seu ser. – Falei friamente. Ele não podia de forma alguma diminuir uma pessoa. Não era ninguém para fazer isso.

– Escuta aqui garota. – O fotógrafo falou apontando o dedo em minha direção. – Não confie no seu pai para lhe defender. Eu também tenho um advogado e você não pode me ofender assim.

– E você não pode sair por aí tentando ser melhor que os outros, quando na verdade não chega nem perto de se parecer com elas. – Falei sem realmente me importar com a conversa de advogado. Pela minha visão periférica percebi que Nicholas me olhava atento.  Prestando atenção em todos os meus movimentos.

PDV Jason:

Depois que Sahra levantou, fiquei mais entediado ainda na mesa. Resolvi ir atrás dela, sempre acontecia algo interessante a envolvendo. Não entendia a tendência de arrumar confusões que ela tinha.

Comecei a andar por todo o salão a procurando, mas não a encontrei. Fui ao banheiro e assim que sai percebi uma pequena movimentação. Instintivamente me aproximei, sabia que aquilo tinha haver com Sahra. E foi como eu pensei, assim que cheguei perto o suficiente vi Sahra discutindo com um fotógrafo. Ela até que era boa com as palavras. Fiquei assistindo a discussão atento para me intrometer se fosse preciso.

– Olha só garota. Só porque a sua mãe dormiu com um advogado rico e agora simplesmente cansou de você e a mandou para cá. Não quer dizer que você seja melhor do que eu. Quanto você e a vadia... Quer dizer, a sua mãe ganhavam até ela se cansar de você e mandá-la para cá.  – O fotógrafo falou de forma ofensiva.

Sahra se aproximou dele e deferiu um soco de direita acertando o nariz do idiota. Fiquei um pouco boquiaberto, como todos que estavam ali. Ela acertou mais um soco no rosto dele e depois mais um. Nessa noite ela estava vestida como uma garota normal, mas ela batia como um homem. Aposto que o fotografo pensava a mesma coisa

– Para! – Gritou uma garota que estava parada ao lado do amigo de Sahra. Nicholas.

Sahra parou e virou o rosto em direção à garota. Nesse instante o fotógrafo se virou rapidamente e acertou um soco rosto de Sahra. Não sei como aconteceu, mas em um minuto eu estava assistindo a toda à confusão. No outro eu estava em cima do fotógrafo batendo nele como se minha vida se resumisse aquilo.

Ele acertou um soco no meu queixo, mas não me deixei abalar socando o seu rosto mais uma vez e mais forte. Em poucos segundos nós estávamos nos socando e rolando pelo chão. Mas tão rápido como começou, tudo acabou. Meu corpo foi erguido do chão e arrastado por mãos e braços, me debatia tentando largar o aperto de seja lá quem fosse.

– O que está acontecendo aqui? – Jonh chegou ao local com uma expressão incrédula no rosto.

– Eu vou acabar com a sua reputação Jonh Benson. – O fotografo idiota falou enquanto era levado para outro lugar por seguranças.

– Vocês já podem me soltar. – Falei baixo para os seguranças que ainda agarravam meus braços.

Estava sentado em uma poltrona confortável com uma compressa de gelo no queixo. Sahra estava sentada ao meu lado também com uma compressa, só que um pouco mais próxima à boca.

– Você está bem? – Perguntei para ela.

– O que você acha? – Ela respondeu sarcasticamente.

– Vou tomar isso como um não.

Jonh entrou na sala junto com minha mãe, que me olhava severamente.

– O que vocês dois estavam pensando quando agrediram aquele fotógrafo? – Jonh perguntou exasperado. Aquilo era estranho, porque foi a primeira vez que o vi realmente estressado, nem suas brigas com Sahra o deixavam assim.

Sahra parecia ter percebido a mesma coisa que eu, mas sua reação foi diferente, ela começou a rir. Sendo interrompida por um pequeno gemido que foi seguido de uma cuspida em um vaso ao seu lado. Ela virou-se e pude ver um filete de sangue escorrendo de sua boca. Abriu sua bolsa e tirou um pequeno frasco branco. Então ela puxou o lábio inferior e o espirrou no local ferido.

– Ainda estamos esperando uma resposta. – Minha mãe falou com seu tom severo. – O que deu em você Jason? Drew poderia agredir alguém assim. Mas você foi sempre tão calmo.

– Não tem nada o que explicar. – Falei segurando a compressa no meu queixo. – Como vocês podem ver. – Apontei para Sahra. – Ele a agrediu. Eu não podia ficar parado enquanto ele batia nela. Acho que você pode concordar comigo Jonh.

– As coisas não são assim Jason. Eu também fiquei enfurecido com isso, mas você deve considerar o porquê de ela ter sido agredida. – Ele disse voltando a sua máscara de calma.

– Pensei que se importava mais com sua filha, afinal... Ela é sua filha. – Resmunguei.

– Jason! – Minha mãe ralhou comigo. Somente levantei as mãos em sinal de falsa inocência.

– Como eu disse. Devemos levar em conta todos os fatos que envolvem uma situação. – Jonh falou me olhando seriamente. – O que você fez Sahra?

– Por que a culpa tem que ser minha? – Sahra perguntou enquanto tocava o lábio inferior sem se importar com o que se passava ao seu redor.

– Ouvi dizer que você foi a primeira a agredi-lo. Quero saber quais os motivos para isso.

– Nada que seja relevante Jonh. Pode me castigar, a culpa foi minha. Ele queria tirar uma foto minha, eu não quis e acabei acertando um soco no rosto dele. – Ela falava ainda sem se importar enquanto puxava o lábio o olhando através de um espelho de mão.

– Você poderia pelo menos me olhar enquanto conversamos? –Jonh falou impaciente.

– Não acho que seja necessário. Agora por que você não me castiga de uma vez?

Era estranho como ela simplesmente ignorava o fato de estar certa e aceitar o castigo. Afinal o cara xingou a mãe dela e ia sair impune.

– Sinceramente Sahra. – Jonh falou suspirando. – Eu não sei o que fazer. Do que vai adiantar castiga-la?! Não posso tirar nada de você. Você simplesmente não me ouve. O que eu devo fazer em uma situação como essa? – Jonh falou cansado.

– Sua vida estaria bem melhor se eu não estivesse aqui. – Sahra de forma fria. – Ainda não entendi porque você simplesmente me procura depois de sete anos. Eu estaria bem melhor se estivesse na minha casa em Londres.

– Não vou discutir com você Sahra. – Jonh falou fechando as mãos em punho.

– Você não pode discutir quando está claramente errado. – Ela disse franzindo as sobrancelhas.

– Acho melhor mandar vocês dois para casa e amanhã comunicamos os seus devidos castigos. O motorista está esperando por vocês. –Jonh disse olhando para a parede.

Estávamos na limousine. Eu estava impaciente para perguntar a Sahra o porquê de não ter simplesmente jogado a culpa para cima do fotógrafo. Ela estava com os olhos fechados, sentada a minha frente.

– Obrigada. – Me assustei quando ela simplesmente resolveu me agradecer de uma hora para outra.

– Pelo quê?

–Por ter batido no cara por mim. Você entrou bem a tempo. Eu provavelmente teria levado mais alguns socos.

– Não há de quê. Sempre que precisar, pode contar comigo. – Falei polidamente.

– Não posso não. – Ela falava ainda de olhos fechados.

– Por que você diz isso?

– Eu simplesmente sei. – Então ela abriu os olhos cor de ocre e me encarou. Era a primeira vez que ela me olhava nos olhos.

Ela parecia estar fazendo um grande esforço para manter os olhos firmes em mim. Apesar disso, eles ainda tremulavam um pouco. Ela podia me olhar, mas eu não sabia quando seus olhos eram verdadeiros ou não. Todos os dias eles mudavam. Verdes, azuis, vermelhos, pretos, violetas... Tantas cores. Duvidava que um dia eu descobrisse qual a verdadeira cor dos seus olhos. Mas nunca iriam deixar de ser frios e inexpressivos. O brilho parecia ter os abandonado há muito tempo.

Nirvana - Lake of Fire

– Amigos então? – Perguntei estendendo uma mão para que ela pegasse.

– Não. – Ela disse como se fosse algo óbvio com um sorriso calculadamente posto em seu rosto. – Isso é mais como uma trégua. Aceita?

– Aceito.

Apertamos as mãos. Daniel podia comemorar o passo dado hoje, ele havia sido imenso.

– Então temos uma trégua. Mas eu posso saber um pouco sobre você não é? – Sahra perguntou. Aquilo me pegou de surpresa.

– Claro. Mas eu também quero saber a seu respeito. Que tal algumas perguntas? Cinco para cada um. – Sugeri. – Um bom começo para uma trégua.

– Tudo bem.

O carro parou e nós descemos. Sahra disse que estava com fome então foi direto para a cozinha fazer algo para comer. Acabei por ficar a observando e bolando minhas perguntas, ela estava preparando uma torta de frango. Pegou alguns pedaços prontos que haviam sobrado do almoço, provavelmente.

– Desde quando conhece o Daniel? – Sahra perguntou de repente.

– Faz um bom tempo. Nossos pais são sócios em uma empresa. Como você se mantinha em Londres?

– Trabalhei em um restaurante de uns amigos da família. Minha mãe trabalhou lá e eu entrei no lugar dela. Eles praticamente me criaram, fiz alguns trabalhos pequenos também. Desde cuidar de bebês a lavar roupas. – Ela colocou a torta no forno e depois pegou duas cervejas na geladeira. Me jogou uma e ficou com a outra. – Já esteve na Inglaterra?

– Sim. Acho que há uns dois anos. Não lembro realmente do tempo, passei as férias lá com Drew e Daniel. Fomos a Londres. – Quando terminei de responder, Sahra deu um sorriso um tanto sombrio. – Em quê o seu namorado trabalha?

– Essa ele mesmo já respondeu. Ele é designer. O que você fez quando esteve em Londres?

– Nada de mais. Andamos e fomos a festas, nos embebedávamos quase todos os dias. Não querendo desvalorizar seu emprego em Londres, mas... Como você conseguiu a sua moto? E como a equipou desse jeito?

– São duas perguntas. Eu trabalhei muito e também conheci muitas pessoas. Me ajudaram a comprá-la e não a comprei nova. A equipei porque um dos meus amigos trabalhava em uma oficina mecânica. Certa vez ela parou a levei lá, ele disse que seria um trabalho de férias. Você teve alguma namorada durante suas férias em Londres?

– Eu não. Mas Daniel chegou a ficar com uma garota enquanto estávamos lá. Ele a conheceu por meio de um amigo. Natanael. Como você ficou com o olho desse jeito? – O sorriso de Sahra estava ainda mais largo.

– Se você ingerir certas coisas elas podem te causar problemas. Ecstasy é uma delas. Você poderia me dizer se Daniel ainda é amigo desse tal Natanael?

– São. Daniel e ele se comunicam constantemente. Ele é um cara legal, já saímos juntos. Ele sempre entra em contato. Por quê? – Perguntei sem entender o porquê de ela estar perguntando isso.

– Suas perguntas acabaram. – Ela respondeu sorrindo. Depois foi até o forno retirando a torna, então me serviu e depois serviu a si mesma. – Essa trégua vai ser divertida Jason.

– Concordo com você. Espero outras chances para fazer perguntas.

Ela somente sorriu e de repente parecia estar de bom humor. Eu precisava ganhar a confiança dela ainda mais. E eu daria um jeito de fazer isso, não importava como. Teria que deixar de acha-la estranha, ou pelo menos fingir não achar.

Sahra não era uma pessoa na qual depositaria minha confiança. Muito menos uma pessoa para manter alguma espécie de relacionamento. Eu iria usá-la. Apesar de isso não me interessar tanto. Iria usa-la por Alexia e por Daniel. Isso era errado, mas eu simplesmente não me importava, contanto que eu não me ferrasse no final... O que aconteceria com a Sahra era algo secundário. E eu não me importava com os que eu considerava inferiores a mim. E ela nesse momento era justamente isso.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom! Gente eu queria dizer que o capítulo estava pronto há umas duas semanas. Mandei ele pra minha Beta, mas ela simplesmente sumiu. Sério. Ela não respondeu meus e-mails e eu nunca mais a vi online em qualquer lugar. Esperei até hoje pela resposta dela, mas como ela não deu nem um sinal de vida, resolvi postar, afinal faz bastante tempo não é?!
E então?! O que acharam? O Jason está colocando as garrinhas de fora. A Sahra é bem estranha não é?! E bom o que posso dizer? O próximo capítulo vai ter uma surpresinha (66~
O que vocês acham de comentar e que tal uma recomendação?! Fico muito, muito, muito, muito feliz em receber! *-------*
Todos os comentários já foram respondidos! Estou com sono, fome e meu teclado está sem o desenho das letras. Então se tiver letras erradas aí me deem um desconto, por favor. Estou quebradaça e se vocês querem saber... O próximo capítulo já está pronto. Só falta dar uma corrigida! Vou postar em breve! Em quanto isso no jardim mágico... Comentem :B
Ah! Olha só. Uma das minhas leitoras tem uma fic e ela pediu que eu a desse uma lida. Eu li e gostei. Não sou crítica, cada tem sua opinião, então se vocês quiserem dar sua opinião podem dar uma passada aqui ---> http://www.fanfiction.com.br/historia/139060/S.t.a.r.a !
Divirtam-se! :D
Sério gente, acho que vou fazer um miojo agora! Me segue e perturba no twitter @LoydeSilva!
Fui! o// B'jos amores e até o próximo! *-------------*
P.S.: Desculpem os erros :x