Hereditary escrita por almightymag


Capítulo 4
Bloody night.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi a coisa mais tensa que eu já escrevi na minha vida O_O Tbm considerada por mim uma das coisas mais the fuck que eu já escrevi - não estou sendo convencida, só estou dando a minha opinião sobre minha obra u_u - kkkkkkkk' isso soou tão, éeerc D: Mas enfim... espero que gostem :D



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Pirei completamente!

Não, há palavras melhores para descrever como estou...

Tomei vergonha na cara! Isso! Finalmente tomei vergonha na cara e passei a treinar sério. Dia e noite, sem medir esforços. Nunca foi tão difícil abrir uma conserva. Mas eu ia consegui, eu ia tentar até que a minha última célula explodisse! Sem contar que eu venho sido observada criticamente por meu pai. Ele parece gostar do que vê, mas não confia no que vê. Então eu preciso prová-lo.

Massie foi levada para a ambulância assim que Jasen me tirou de lá. Os médicos a diagnosticaram, mas não conseguiram encaixar os fatos ao estado dela. Muitos disseram que ela desmaiou, outros disseram que ela teve convulsão. Quem iria dizer que um raio surgiu do nada sendo que o dia estava exuberantemente claro e o céu impecável?

O importante é que agora ela está bem, fisicamente pelo menos. Massie não é mais a mesma desde aquele dia. Sua pele está pálida, seus lábios estão secos e seu olhar está sempre perdido em um lugar que eu tenho certeza que ninguém gostaria de conhecer. Amber e Veena não falam mais com ela, então ela está sempre sozinha.

E toda a culpa é minha! Preciso culpar o Jasen também por nunca ter me falado sobre o lance dos sentimentos. Sei que a Massie não é a melhor pessoa do mundo, sei que um dia eu desejei vê-la sofrendo ou pagando um mico daqueles! Mas o que aconteceu com ela... o que eu fiz com ela... ela não merecia tanto!

Lá estava eu no caramanchão, já passavam da meia noite, eu já estava cansada de fazer os mesmos movimentos, mas estava determinada a conseguir finalizá-los. Atrás de mim, a mansão, tudo tão silencioso, mas a cigarra fez o favor de preencher o vazio com sua canção irritante. Todos já deviam estar dormindo.

O treinamento que eu e meu irmão praticávamos era apenas um controle. Eu não era desprovida do dengen, só não sabia controlá-lo, usá-lo.

Eu respirei fundo e peguei o copo em cima da mesinha dando um belo gole d’água. Muito esforço deixava a minha garganta seca.

Mais uma vez repeti todos os meus movimentos: estendi minhas mãos a minha frente como se estivesse segurando uma bola, mudei a mão direita de posição dobrando o pulso de forma que a minha mão ficasse de costas para mim enquanto a mão esquerda fazia seu movimento preciso e simbólico até o pulso direito. A mão direita se mantinha em garra. Então eu me obriguei a sentir tudo, desde amor até o ódio, organizando cada sentimento, colocando cada chakra em seu lugar. Deixei o dengen correr pelo corpo, minhas veias, cobrir cada célula minha, volatilizar em todos os meus poros. E finalmente atingir a ponta dos meus dedos e inchar minhas pupilas.

Já vi meu irmão assim antes. Suas pupilas dilatavam de modo que seus olhos ficavam completamente negros, como órbitas vazias. Eu sabia, eu podia sentir isso porque eu estava enxergando melhor. Podia enxergar com precisão cada gota de orvalho. Tudo estava mais claro como se eu tivesse tirado um véu de meus olhos, como se eu fosse cega todo esse tempo e não soubesse. Eu estava com o olhar de uma predadora.

Na palma da minha mão direita um globo de raios ia se formando com certa rapidez. E aumentando, aumentando até ficar no tamanho de uma bola de basquete.

Então eu soube que finalmente consegui abrir a conserva.

Desta vez não pude evitar minha felicidade, não pude deixar que ela me escapasse. A felicidade veio, um sorriso brotou em meu rosto e globo de raios se esvaiu.

Eu precisava contar para o Jasen! Precisava mostrar para o papai! Enfim ele sentiria orgulho de mim.

Eu peguei o copo d’água, dei o último gole que faltava e voltei correndo para mansão.

Não gosto de lembrar o que aconteceu nos segundos seguintes. É a pior cena que você pode imaginar. Se é que você tem coragem o suficiente para imaginar isso.

O som de vidro se espatifando no chão se espalhou por todo o hall da mansão McGraien provocando um eco atordoante, cortante.

Todos estavam ali, todos da minha família. Estendidos no chão. Corpos sangrando, gargantas cortadas, membros mutilados. O sangue fazia um caminho descendo a escada como cachoeira sangrenta. Não conseguia chorar, não conseguia gritar. Era como se todos os meus sentidos estivessem desativados.

Senti uma ponta cruel de alívio quando vi meu irmão sentado no chão, bem no canto, seus cabelos negros se juntavam com as sombras, as mesmas sombras que cobriam seus olhos.

Meus olhos se inundaram em lágrimas.

– O que aconteceu? – sussurrei apavorada.

Ele não parecia assustado. Muito pelo ao contrário. Ele estava sentando no chão tranquilamente, uma perna dobrada a outra ligeiramente esticada, e em sua mão esquerda uma espada katana de lâmina afiada, reluzente e cromada, cabo de couro preto com alguns símbolos – que estavam fora do entendimento – em prata. E o que delineava o fio da lâmina era sangue, sangue que gotejava na ponta da espada. Eu podia formular os fatos, mas não podia compreendê-los.

Tudo bem. Alguém atacou toda a minha família, mas Jasen conseguiu sobreviver porque se defendeu. O culpado por tudo devia estar entre os corpos. Era nisso que eu queria acreditar!

Eu corri até onde ele estava, com o extremo cuidado de não pisar em nenhum corpo e me abaixei ao seu lado segurando seus ombros largos.

– Jasen, fala para mim o que aconteceu! – minha voz estava embargada.

Ele ergueu seus olhos até encontrarem os meus, seus olhos estavam vazios como um par poço sem fundo. Tive certeza de que ele poderia enxergar até a minha alma.

Ele sorriu. Não como todas as vezes que ele sorria para mim, mas de um modo que deixou arrepiada e com muito medo da resposta que ele estava prestes a me dar.

– Fui eu – disse ele, simplesmente, e depois gargalhou – Fui eu que os matei. Você não percebe? – Ele deixou a pergunta pairar no ar por alguns segundos – Essa porcaria de dengen é hereditária! Quer dizer que isso não vai acabar nunca!

Eu me levantei cambaleante.

Meu sangue gelou e suas palavras rodaram em minha cabeça me causando tontura e mais pavor. Eu mal podia acreditar no que ele estava me dizendo. Era funesto demais. Meu coração batia rápido demais, ao mesmo tempo eu não o sentia bater.

– Certo! – finalmente disse, cada palavras que eu pronunciava arranhava a minha garganta – O que vai fazer agora? Me matar também! Ótimo! Então me mate! Não é isso que você quer?

Ele se levantou, o sorriso malévolo se expandindo em seu rosto, a espada girando tranquilamente em sua mão de um jeito fúnebre.

– É tentador...

Ele ficou sério de repente e se aproximou de mim, mais do que devia. A ponta de nossos narizes quase tocando. Eu não conseguia mover nenhum músculo, meu corpo estava entorpecido enquanto a minha mente tentava achar uma saída. Senti a espada katana deslizar na parte exterior de minha perna e subir até a minha cintura onde ele girou a lamina levantando a base da minha blusa. O calafrio percorreu por todo o meu corpo quando senti a frieza da lamina.

Eu fechei os olhos.

– Por favor, se vai me matar, faça isso logo – minha voz saiu como um sussurro, embargada demais. Minha garganta estava em chamas e as lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto. Ele me faria um favor se me matasse, a morte nunca me pareceu tão atraente, não queria viver o resto da minha vida carregando o que sofri esta noite.

Talvez eu não estivesse chorando por todos os parentes que morreram e sim mais pelo fato de meu irmão ser o assassino.

Jasen ergueu a espada e passou seu braço por mim, me abraçando de modo que a lâmina tocasse a minha nuca. Encostando sua bochecha na minha, pude senti-lo sorrir de novo. Ele se moveu para trás de mim sem desgrudar seu corpo do meu. A lâmina da espada dançava em seu pescoço, meu maxilar, meu queixo, meus lábios, meu rosto...

– Você é inútil demais para morrer, Zo – Ele fez um movimento rápido que cortou a minha bochecha, bem abaixo de meu olho esquerdo.

Eu soltei um breve grito e minhas mãos foram instintivamente para minha bochecha. O corte queimava como um fio de lava.

Ele caminhava até a porta. Foi estúpido demais o que eu fiz nos segundos seguintes. Mas ele mesmo me ensinou a não encubar a raiva.

– Argh! – Eu corri até ele, o globo de raios começava a ser formar em minhas mãos.

Mas ele foi rápido. Muito rápido. Ele segurou o meu pulso com força o suficiente para quebrá-lo, e a sua outra mão – agora sem a espada – me empurrou contra a parede.

Eu bati com a cabeça na quina do corrimão da escada e depois caí no chão. Sentia meu pulso quebrado e uma umidade estranhamente quente se espalhando em minha cabeça e escorrendo por minha nuca.

Vi a sombra de Jasen sair pela porta.

Depois não vi mais nada.


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Notas finais do capítulo

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Não gostou, não gostou, não gostou? Posta review! Dá 10 estrelinhas!!! o/



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