Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 25
Animals




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Flash back on

Miguel levantou-se abruptamente e segurou com força o agente pela colarinho da camiseta branca. Os olhos azuis brilhavam numa ira contida que se misturavam com o medo e beiravam a insanidade. Thompson não precisava ser perito em psicologia para saber que Miguel não estava no seu juízo perfeito.

- Onde. Ela. Está?! - As mão tremiam no aperto.

Thompson respirou fundo e encarou-o encarou fixamente.

- Eu já te disse. Nós não...

- VOCÊ PROMETEU CUIDAR DELA! - Gritou jogando-o sobre a cadeira de plástico. O som atraiu os guardas que só não renderam Miguel a pedido do agente. - DISSE QUE ELA FICARIA A SALVO SE EU NÃO RESISTISSE! - Bateu os punhos sobre a mesa e se deixou cair sobre a cadeira.

As mãos foram em direção aos cabelos segurando-os com força.  A cabeça estava abaixada e o olhar perdido em algum lugar que com certeza não era o chão do quarto.

Gary fez um sinal com a cabeça e os guardas saíram a contra gosto. Se recompôs ajeitando a gravata.

- Ele é mentiroso... - Ouvi-o murmurar baixo. Miguel riu baixo e voltou o olhar para o policial. Um sorriso presunçoso nos lábios. - Sabe Thompson, no fundo eu sabia que você não passava de um devorador de rosquinhas. Vocês são todos iguais.

Gary suspirou e apoiou o peso sobre as mãos na mesa.

- Miguel, por favor entenda que essa não é a hora mais apropriada para isso. - O moreno franziu o cenho prestando atenção nas palavras do mais velho. - Sei que prometi algo que não sabia se poderia cumprir e me arrependo, mas estamos fazendo de tudo para encontrá-la e a prova é que estou aqui pedindo sua ajuda.

Ele suspirou e olhou para a parede.

 - Eu não posso ajudar, lamento.

A resposta fez Gary arregalar os olhos.

- Como?!

Miguel se virou para ele.

- Eu já não sou o que costumava ser. Não consigo me lembrar nem como destravar um mísera arma. Tudo o que sei fazer  é gastar meus comprimidos com cigarros e torcer para que eu não tenha nenhuma resistência genética contra o câncer de pulmão.

Thompson suspirou colocando as mãos sobre as têmporas.

- Miguel, eu sei que deve ter sido difícil, mas...

- VOCÊ NÃO SABE DE NADA! - Levantou-se aproximando o rosto ao do agente. Disse entre dentes, de novo tinha aquela expressão quase animalesca. - Sabe o que é isso, agente? - Sorriu ao abaixar a gola da camiseta branca. - É isso o que fazem conosco quando ficamos um pouco descontrolados.

Engoliu em seco e abaixou o olhar.

- Miguel... Eu...

- O que foi Thompson? - Encarou-o inocentemente antes de completar. - Você tem medo da dor?

Afastou-se rindo do olhar do agente. Gary já não tinha mais tanta certeza se fora uma boa ideia ter vindo até ali. Já lhe haviam falado que Miguel havia mudado desde a sua ultima visita, só não acreditava que houvesse ficado daquele jeito.

Fez um sinal discreto com os dedos para o guarda parado próximo a janela, ele respondeu com um aceno.

- Miguel. - O som sério fez com que ele parasse de rir.

- O que foi dessa vez, Thompson? - Sorriu de lado. - Não se preocupe com Tessa, ela está ótima. - Os olhos se foram para um ponto atrás do agente. - Não é mesmo, querida.

Gary suspirou fundo ao ver a gravidade da situação.

- Me desculpe, Miguel.

- O que?

Dois enfermeiros entraram na sala antes que ele pudesse responder qualquer coisa. Thompson virou o rosto quando Miguel começou a resistir a abordagem. Mas nem com isso deixou de ouvir os gritos e os xingamentos que o mais jovem dirigia a ele. Sentia-se culpado em fazer aquilo, mas precisava de Miguel agora, como nunca jamais pensou que precisaria de alguém antes.

Flash back off

Central do FBI, Chicago.

10/02/2010

- Quanto tempo mais até ele recobrar a consciência? - Miguel pode ouvir a voz familiar. Não tinha ideia de onde estava.

- Senhor, em breve. Tivemos que usar remédios e sedativos fortes. Precisa dar tempo para que o...

- Nós não temos tempo!

Um suspiro.

- Sim, lamento, não há mais nada que eu possa fazer.

A porta se fechou e Miguel fez força para abrir os olhos. O quarto não era branco. Tinha tons pastéis, mas estava numa cama que lembrar a de um hospital e um parelho monitorava seus batimentos cardíacos.

- Onde... - Sua garganta estava seca. Era estranho falar. - Onde estou?

Gary Thompson entrou na sua área de visão.

- Como está se sentindo?

- Á-água.

Ele assentiu e depois o ajudou a bebericar de um copo com água que havia trazido. Não sabia de onde. Sua visão ainda estava turva e sua cabeça latejava.

- Está melhor?

- Não sei. - Respondeu. - O que houve? Onde estou, Thompson? - Miguel tentou se sentar e mais uma vez precisou da ajuda do agente.

Gary sentou-se num banco ao lado da cama.

- Do que se lembra?

- Odeio que responda minha pergunta com outra pergunta, inferno! - Disse já perdendo a paciência. - Me diga de uma vez o que houve!

Gary sorriu. Esse era o Miguel que conhecia. Só esperava poder mantê-lo assim pelo tempo que precisava. O sorriso logo desapareceu ao se lembrar por que precisava dele.

- Talvez não se lembre... Mas não está mais na penitenciaria.

Isso fez Miguel sorrir sarcástico.

- Ah, não? Quer dizer que o diabo finalmente resolveu me expulsar do inferno? E por que não me lembro desse fato memorável.

- Você desenvolveu distúrbios mentais e teve um ataque. Precisei que te dopassem. - Miguel ficou extremamente ao ouvir isso. - Está sobre efeito de remédios fortes agora... Para manter a lucidez.

Suspirou.

-É claro. - Olhou em volta esperando ver Tessa ou seu pai em algum lugar. Thompson tinha razão. - E para que precisa de mim?

O semblante de Gary foi da seriedade profissional a preocupação no mesmo instante.

- Thereza foi seqüestrada a duas semanas atrás.

Diferentemente de antes, Miguel continuou impassível.

- Tem alguma pista?

- Quase nada. Encontramos a bolsa dela num beco perto do seu antigo apartamento. - Miguel fechou os olhos ao ouvir isso.  É apenas uma coincidência, repetiu a si mesmo.

- E o que mais?

- Nada. - E continuou. - Mas isto chegou numa carta alguns dias depois.

Gary lhe entregou um papel amarelado. Seus olhos se arregalaram ao ver o desenho do parque que ele havia feito para sua irmã doente... O mesmo desenho que nunca havia conseguido entregar para ela...

- O remetente é de uma vila perto do Alaska, fomos até lá e não encontramos nada.

Virou a página e leu na odiosa caligrafia que... Não, ele ainda estava vivo.

" Volte para o começo."

- Esperava que você tivesse alguma...

- Eu sei onde que lugar é esse.

Gary piscou duas vezes.

- Como?

Miguel o olhou sério.

- Acha que consegue um avião para Londres em quanto tempo?

(...)

Antiga casa de Miguel, Londres.

12/02/2010

A casa continuava vazia. Os rumores do assassinato da família que morava lá se espalharam rapidamente e, devido a isso, nunca foi comprada. O governo não achou necessário sua demolição por estar num bairro antigo.

Então ficou lá.

A grama já parecia matagal e escondia toda a fachada do que um dia fora um simpática casinha branca ao lado do parque infantil Violet Hill. Pedaços de madeira foram, há muito tempo, presos nas janelas e portas para evitar a entrada de vândalos, mas algumas já haviam se soltado.

As viaturas rodearam a casa e os policiais se ajeitaram para cobrir todo o perímetro do terreno. Em pouco tempo a rua ficou deserta. As mães chamaras as crianças aos gritos e o resto das pessoas correu para longe o mais rápido possível.

- Estão todos prontos? - Thompson vestia, assim como todos os outros, um colete a prova de balas e botas de couro. Carregou a arma. Estava perto do carro por que não entraria devido a perna. - Ao meu sinal.

Olhou de lado para Miguel.

Ele estava também com uma arma e um colete. Podia ver em seus olhos como se segurava para não sair correndo e desobedecer sua ordem. Sorriu para si mesmo. Se tudo terminasse bem, ele sairia da prisão e terminaria sua pena sob custódia.

Era o mínimo que poderia fazer por ele e Thereza.

- Agora!

Um policial abriu a porta com um forte chute. Entrou. Atrás dele foram outras cinco e Miguel. Passaram se pelos menos dez minutos até voltarem frustrados, Miguel mais do que todos. A casa estava vazia. Nenhuma alma havia pisado naquele lugar pelos últimos quinze anos.

- Acalme-se Miguel. - Thompson pôs a mão sobre o ombro de Miguel. - Vamos encontrá-los.

- ME DEIXE! - Afastou-se num ímpeto. Apoiando os braços no balcão da velha cozinha. Pode ouvir os peritos buscando provas de que Boris havia estado ali com Tessa em algum momento. Imbecis.

Gary suspirou.

- Quando foi a última vez que tomou o remédio?

- Não preciso da droga do remédio.  - Murmurou baixo.

- Miguel... Já conversamos sobre isso. Você precisa se manter lúcido se não.

Ele se endireitou de repente encarando Thompson nos olhos.

- Eu vou te dizer do que preciso. - Disse muito irritado. - EU PRECISO DELA! OUVIU?!  - Apoiou as costas no balcão escondendo o rosto nas mãos. - Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer com ela. Não vou.

Gary sentiu muita pensa ao vê-lo daquele jeito. Não sabia o que dizer ou fazer. As coisas estavam realmente difíceis.

Pegou o frasco em seu bolso e deixou-o ao lado de Miguel. O ruído fez com que o moreno o encara-se.

- Se realmente quer salva-la. Então, primeiro terá que salvar a si mesmo.

E saiu fechando a porta.

Miguel arregalou os olhos para aquela afirmação. Como? Pensou consigo mesmo ao segurar o frasco entre os dedos. O abriu e pegou um dos comprimidos, mas antes que pudesse colocá-lo na boca... Ele apareceu.

- Volte para o começo.

Miguel deu um passo para trás derrubando o frasco no chão este espatifou em mil pedaços.

- O que você quer aqui? - Disse num sussurro para a pessoa a sua frente.

- Volte para o começo.

A versão infantil de si mesmo sorriu maldosa e tirou uma faca de trás das costas... Deu dois passos para frente fazendo Miguel dar os mesmo dois para trás até bater o pé na parede.

- Volte...

- Onde?! - Sobressaltou-se. - Onde é o começo?!

- Volte para o começo.

E então foi esfaqueado por si mesmo no estômago. A dor foi real o suficiente para que fechasse os olhos e perde-se a força nas pernas, mas quando os abriu viu que estava sozinho e sem nenhuma ferida... No entanto, já sabia para onde ir.

Passou pela sala correndo ignorando os olhares dos peritos e policiais que ainda estavam ali. Gary até tentou correr atrás dele, mas não conseguiu.

Miguel subiu numa das viaturas, a chave estava na ignição. Ligou o carro e partiu em máxima velocidade.


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