Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 12
A beautiful mess


Notas iniciais do capítulo

"- Ahh, Miguel, faça-me o favor. Por que você não quer que eu entre?

Miguel sentiu seu coração acelerar e virou o rosto prevendo que este logo ficaria vermelho novamente.

— Ótimo... – Abriu a porta da frente. – Quer entrar, então entre.

Ele subiu as escadas ouvindo os passos de Tessa logo atrás dos dele, e torceu mentalmente para que Sarah já houvesse se livrado daqueles quadros."



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Pronto Socorro de Chicago

29/12/2007

- Um pronto socorro? – Thereza perguntou cética. – Esse é seu grande plano?

- Escute, você pode confiar em mim apenas uma vez? Há uma pessoa que trabalha aqui e ela pode nos ajudar.

Tessa revirou os olhos, e bateu a cabeça no encosto do banco, não sabia onde estava com a cabeça quando havia concordado com aquele acordo idiota.

- Certo, vamos logo, antes que eu me arrependa. – Ela tirou a chave da ignição e fez menção de sair pela porta, mas foi impedida por Miguel.

- Espere, preciso que me dê um soco no olho.

Falou aquilo com tanta calma que ela achou que estava imaginando coisas.

- Como é?

- Tessa, aqui é um pronto socorro, ninguém vai nos deixar entrar apenas para conversar, é um lugar muito movimentado.

- Essa foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi até agora. – Acomodou-se no banco e tirou os óculos. – É melhor esperarmos aqui.

Miguel bufou irritado, aquela parceria estava saindo mais difícil do que havia imaginado, Thereza era muito teimosa e ele não tinha muita paciência, por isso acabava cedendo ás vontades dela.

Como aconteceu na noite passada quando tiveram que parar para dormir num motel por que: “ninguém dirige meu carro além de mim.”

- Francamente, Thereza, você não atira em ninguém, não consegue matar ninguém, e agora não consegue nem mesmo bater? Não sei que espécie de policial é você. Talvez devesse largar tudo mesmo e ir estudar em alguma faculdadezinha antes que acabe quebrando uma unha e comece a ficar histérica...

Miguel não pôde terminar de falar, pois foi interrompido por um soco vindo em sua direção.

(...)

A recepcionista do pronto socorro digitava agilmente no seu computador de segunda mão no momento em que sua visão periférica captou duas pessoas paradas de frente a sua mesa.

- Sim, no que posso ajudá-los? – O homem retirou os óculos mostrando o enorme inchaço em seu olho esquerdo. Ela não pôde deixar de esconder a surpresa. – Oh! Meu deus, o que aconteceu com você?

- Eu fui atacado. – Respondeu com uma leve ponta de indignação.

- Foi atacado por um poste. – A moça loira ao seu lado completou sorrindo. – Devia prestar mais atenção quando anda na rua, querido. – Deu um tapa em suas costas que pareceu forte demais para um simples agrado.

A recepcionista achou melhor não se meter naquilo.

- Bem... Vou encaminhá-lo para nossa médica de plantão. Preciso de seus nomes.

- Miguel Owen e Thereza Cook. – Respondeu Tessa.

- Certo, podem esperar ali. – Indicou para a recepção praticamente lotada. – Vou chamá-los quando for sua vez.

Miguel colocou os óculos novamente e ambos se sentaram entre um homem que parecia ter cortado a mão com a faca, e uma mãe que segurava o filho com aparência febril.

Alguns minutos se passaram sem que nenhum dos dois dissesse coisa alguma e as poucos as pessoas ao seu redor iam sendo atendidas. A única coisa que era ouvida na recepção eram choros de algumas crianças e o ruído da televisão que chiava devido ao mau sinal.

- Você vem sempre aqui? – Tessa perguntou de repente, num quase sussurro.

Miguel a encarou por um instante.

- Está me cantando agora? – Era obvio pelo seu tom de voz que queria provocá-la para se vingar do soco, que, na sua opinião quase o deixara  cego, pois havia entendido a pergunta.

- Claro que não! – Suas orelhas queimaram de raiva. – Você é um idiota mesmo. – Falou num tom mais baixo. - Pare de rir, não tem graça nenhuma. – Respondeu a risada baixa de Miguel.

- Calma Tessa, só estou brincando. – Ela revirou os olhos e ficou encarando TV chiada. Miguel se irritou com aquilo, descobriu a pouco tempo que não gostava quando ela lhe virava as costas – Não sei por que está tão nervosa, se quem levou o soco fui eu.

- E não sei por que está tão ríspido se foi você quem pediu! – Seus olhos ardiam de raiva.

- Eu não pedi que praticamente tirasse meu olho da órbita ocular!

- Ah! Me desculpe então. Devia ter sido mais especifico ao invés de ficar falando sobre ataques histéricos e unhas quebradas!

O bebê ao seu lado começou a chorar e eles entenderam aquilo como um sinal. Estavam chamando muita atenção.

Thereza se voltou para a televisão, e Miguel ficou encarando as pessoas à sua frente, mas sem de fato vê-las, seus pensamentos estavam na garota sentada ao seu lado que parecia haver ficado tão irritada com o que dissera no carro.

Talvez fosse esse mesmo o problema, será que a havia magoado de alguma forma? Será que devia pedir desculpas? Ela o perdoaria? Ele mesmo não se lembrava de como fazê-lo.

- Tessa... Eu... Peço desculpas, pelo que falei no carro. – Thereza o encarou surpresa. – Não devia ter dito aquelas coisas... Hã...

Ela o fitava de um jeito tão estranho que o fazia sentir-se vulnerável demais, seu coração martelou mais rápido, o sangue subiu ao seu rosto, tudo era confuso demais, nem parecia ele mesmo.

- Droga, não sei mais o que dizer.

Tessa sorriu ao ver a vermelhidão em suas bochechas e por um minuto teve vontade de tirar aqueles óculos para saber se o calor em seu rosto havia conseguido derreter o gelo de seus olhos frios.

- Por que está sorrindo desse jeito? – Miguel perguntou e sem perceber estava sorrindo também.

- Por nada... Eu só... Quero pedir desculpas também. Acho que exagerei demais.

- Acho que nós dois exageramos.

- Pelo menos temos algo em comum. Somos dois exagerados.

Miguel sorriu ainda mais com o fato de realmente ter algo em comum com Thereza, mesmo uma coisa tão irrelevante quanto aquela, algo na idéia de ser parecido com aquela garota o agradava.

- Senhor Owen. – Chamou uma enfermeira, Miguel e Tessa se levantaram. – Sala doze.

E dizendo isso os dois seguiram pelo corredor branco.

- Miguel, achei que devia estar na Austrália numa hora dessas... – Sarah anotava algo numa folha de papel, não havia percebido que Miguel estava acompanhado. Quando levantou o olhar, sua boca assumiu a forma de um circulo completo – Oh céus!

Tessa acenou com a mão timidamente vendo que a médica não deixava de fita-la.

- Sarah – Miguel pigarreou, tentando chamar a atenção. – Está é Thereza Cook. Tessa, está é Sarah Miller.

Sarah piscou algumas vezes e se levantou caminhando na direção de Tessa. Estendeu a mão sorrindo calorosamente.

- Thereza é um prazer finalmente conhecer você. – Cumprimentou. Deixando-a confusa.

- Hã... Também é um prazer conhece-la.

- Sabe, você é muito mais bonita ao vivo do que à tinta.

- Como? – Ela piscou atordoada, começava a achar que aquela mulher era maluca.

Miguel engoliu em seco, Sarah sempre falava demais.

- Sarah, desculpe, mas eu estou com um problema aqui. – Ela se virou e tomou o maior susto ao vê-lo sem os óculos.

- Meu Deus, Miguel! O que fizeram com você?!

Ele se sentou sobre a maca, enquanto Sarah analisava o olho machucado.

- Nada, eu bati num poste. – Sorriu e piscou para Tessa com o olho são. Ela revirou os olhos.

- Nossa então foi um baita de um poste, por que isso está horrível. – Se dirigiu até um armarinho no canto da sala e depois voltou onde estava, com um creme nas mãos. – Mas então me diga, por que vieram realmente aqui?

- Estamos tendo problemas com Louis, Sarah. Primeiro ele estava só atrás de mim, mas agora está atrás de Thereza também. Temos que prende-lo e para... Ai!

Sarah afastou o dedo com o creme antiinflamatório no mesmo instante.

- O que foi? Vai me dizer que está doendo demais? – Riu sarcástica. – Miguel, você já passou por coisas piores que um olhinho roxo.

Tessa riu no canto da sala.

- Vocês duas querem para de rir. – Miguel suspirou quando se fez silêncio. – Eu só não esperava que doesse só isso.

- Sim, claro. – Sarah caçoou. – Agora, vamos ao que interessa, o que exatamente estão procurando?

- As provas contra Bolevuc foram roubadas há alguns dias. – Tessa falou séria. – Você não sabe nada sobre isso?

A médica votou a passar o remédio no olho de Miguel, desta vez com mais cuidado, enquanto pensava.

- Ontem, Tadeu Bolevuc, o filho do meio, estava reclamando de fadiga e perda de apetite. Tenho certeza que está com inicio de cirrose, afinal leva uma vida tão mundana. Enfim, ele estava com uma chave no pescoço, e parecia ser daquelas de cofre bancário. Eu perguntei o porquê de estar usando aquilo. E me disse que o pai deu a ele, para que guardasse com sua vida.

- Você acha que eles esconderam as provas no cofre? – Tessa perguntou olhando para Miguel.

- Não sei, mas de qualquer forma, temos que pegar aquela chave...Ai! – Reclamou, Sarah havia pressionado com mais força machucando-o.

- Ah, desculpe. É que, sabem, Tadeu não está na cidade. Ele foi para Las Vegas hoje de manhã e ficara lá por um tempo. – Voltou a fazer seu trabalho.

- Não sei se isso será um problema. – Miguel estava pensativo. – Podemos ir atrás dele, sabe onde ele está?

- Eu sei que ele vai ao cassino Encore para jogar e beber, mas não sei se é seguro. Pode haver muitos seguranças com ele. – Ela fechou o creme. – Pronto, terminei, a cor vai sumir em uns três ou quatro dias, não se preocupe.

Miguel se levantou e caminhou até a porta, Tessa veio ao seu lado.

- Obrigado, Sarah. – Ele disse pondo os óculos. E saiu pela porta.

- Foi um prazer conhece-la, Sarah. – Tessa falou com um sorriso, antes de sair também.

- Boa sorte. – A médica sussurrou para si mesma, pois no fundo, sabia que aqueles dois precisariam.

-----------*-----------------

Apartamento de Miguel

29/12/2007

Já eram quase seis horas da tarde quando o Porsche de Tessa estacionou na frente do prédio de Miguel.

- É aqui? – Ela perguntou olhando pela sua janela. Ela imaginava que o esconderijo de um assassino deveria ser mais... Escondido. Do que um enorme prédio de vinte andares.

- Sim, eu já volto, só preciso pegar algumas coisas. – E era claro que estava se referindo as armas e munições. Fechou a porta e atravessou a rua.

-Como consegue viver aqui sem levantar suspeitas? – Tessa estava ao seu lado. Miguel deu um pulo com o susto. Não havia percebido que ela o havia seguido.

- Thereza! O que está fazendo aqui?!

Ela franziu o cenho.

- Como “o que estou fazendo aqui?” Acha que eu vou te deixar sair por ai sozinho? Você pode muito bem fugir a qualquer momento.

Miguel tirou os óculos e a encarou friamente.

- Você não vai entrar no meu apartamento.

- Haha,quero ver você me impedir. – Riu. Ele respirou fundo.

- Eu vou te processar por invasão de propriedade privada.

- Ahh, Miguel, faça-me o favor. Por que você não quer que eu entre?

Miguel sentiu seu coração acelerar e virou o rosto prevendo que este logo ficaria vermelho novamente.

- Ótimo... – Abriu a porta da frente. – Quer entrar, então entre.

Ele subiu as escadas ouvindo os passos de Tessa logo atrás dos dele, e torceu mentalmente para que Sarah já houvesse se livrado daqueles quadros.

Assim que chegaram no seu andar, abriu a porta do seu apartamento e praticamente correu para o  quarto antes que Tessa pudesse fazer qualquer pergunta, por que, para sua infelicidade, os retratos ainda estavam ali.

Pegou uma mochila onde sabia ter todas as coisas que precisava, e saiu para a sala.

Tessa olhava atentamente um dos retratos. Ele engoliu em seco.

- Pronto, já podemos ir.

- Espere. – Disse, e Miguel se virou para ela. – Você fez isso? – Indicou para os seis retratos espalhados pela sala.

Respirou fundo, não havia por que mentir.

- Sim, fui eu.

Tessa se sentiu confusa, era obvio que os quadros eram lindos, parecia que estava até mesmo olhando para uma fotografia sua, tamanha era a riqueza de detalhes e não podia deixar de se sentir um tanto lisonjeada, mas não entendia o que levara Miguel a fazer uma coisa assim.

- Por quê?

Miguel sentia-se pressionado, não queria dizer que no fundo, a desenhara tantas vezes pois a achara realmente linda, e que seu  rosto não saia de sua cabeça. Não queria dizer que estava obcecado por ela. Era orgulhoso demais para tanto, para demonstrar tamanha dependência.

- Ora por que...  Por que... – Olhou para os lados procurando uma desculpa. – Por que é claro, quando tenho uma coisa me irritando na cabeça, eu prefiro passa-la para a tela. Não tenho culpa se sou um bom desenhista. – Falou de um jeito rude demais.

Tão rude e prepotente que fez o sangue de Tessa subir a cabeça, suas orelhas queimavam de raiva. Pensou que talvez poderia socar o outro olho para deixar o rosto de Miguel simétrico.

- Ótimo! – Falou. E caminhou em direção a um dos retratos pegando-o. – Vamos embora logo, então.

Miguel a encarou atônito.

- O que está fazendo? – Segurou seu braço antes que pudesse abrir a porta para sair.

- Não me venha com essa, Miguel. – Praticamente gritou de volta. – Estou levando o meu quadro embora.

A única coisa que ele pensou naquela hora é que isso não aconteceria, aquele era seu retrato favorito. E era justo aquele que ela levaria? Se fosse qualquer outro, tudo bem, mas esse? Não!

- Como assim seu quadro?! Fui eu que passei horas pintando!  - Jogou a mochila no sofá ao lado e segurou a tela com a mão livre.

- Bom, é a minha cara que está pintada aqui! – Tessa segurou a tela com mais firmeza. – E ela te dá muita irritação, então solte! – Puxou a tela para seu lado, mas Miguel não a soltou.

- Mas isso não te dá o direito de levá-la! Solte você! – Puxou para seu lado.

- É minha!

- Não, é minha!

- Eu não permiti que você ficasse me pintando por aí!

- Não preciso da autorização de ninguém! Devolva agora Thereza! – Miguel puxou, só que desta vez com mais força do que o normal e acabou trazendo Thereza junto.

Ela cambaleou para frente, e a mão de Miguel que estava em seu braço, no instante seguinte segurava sua cintura com firmeza, colando seu corpo no dela, e ao mesmo tempo impedindo que ela pudesse fugir.

Tessa se viu presa no olhar de Miguel, que de repente não parecia tão frio como quando se haviam encontrado no elevador. Podia ver mesmo que fosse apenas um pouco, aquele gelo em seus olhos derretendo, ao mesmo tempo em que, aos poucos, revelava o homem que existia por detrás do assassino.

- Você quer mesmo o quadro? – Miguel perguntou sem afastá-la um centímetro de si.

- Quero.

- Então pague por ele, me beije, e é seu.

Tessa soltou o quadro e pousou as duas mãos no rosto de Miguel, ela poderia bater nele pela ousadia de dizer aquilo, mas no fundo, ela queria, e não era apenas o quadro.

E por isso, movida pelo desejo de ter sua boca na dele novamente, selou seus lábios nos dele levemente. Primeiro sentindo-os frios, por causa da temperatura ambiente, e depois quentes.

Ela aprofundou o beijo entrelaçando os braços ao redor do pescoço de Miguel sentindo uma série de arrepios quando a mão dele tocou a pele da base de suas costas sob a blusa.

Thereza encerou o beijo quando seus pulmões começaram a exigir ar, mas não fez menção de fugir do forte abraço de Miguel.

- Eu quero meu quadro. – Falou quase sem fôlego. Segurando a tela com uma das mãos.

Miguel deu um meio sorriso e soltou Tessa e a pintura. Pegou sua mochila do sofá.

- Podemos ir? – Tessa perguntou.

- Claro, só estou te esperando.

Thereza revirou os olhos e foi em direção a porta.

- Espere, Tessa, você esqueceu uma coisa.

Ela bufou mal humorada e se voltou para Miguel.

- O que foi agora? – Ela estranhou o sorriso que brincava em seu rosto.

- Esqueceu o troco.

E antes que ela pudesse sequer pensar na lógica das palavras de Miguel, ele percorreu a distância que os separava em três passos, segurou seu rosto com as mãos e tomou-lhe os lábios novamente.


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Notas finais do capítulo

Oieee
galeraaaaa
cap de presente de natal aii

BJaum

e feliz natal

*Wish you a merry christmas and a happy new year*

=D



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