Uma História Marota escrita por MarinaND


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey UHM Readers !

O capítulo 3 está lançado! Finalmente vamos matar a aflição de não saber o que Emily vai fazer quanto ao seu namorado safado, Richard!
Aproveitamos para informar que nosso Tumblr está totalmente ativo e lá colocamos fotos dos personagens e as promos dos próximos capítulos (siiim, só pra deixar vocês com água na boca pelas próximas cenas!) . Então vocês podem seguir lá, http://maraudershistory.tumblr.com/ ! E está tão cutie! *-*
Bem, nãao esqueçam de ir no blog : www.umahistoriamarota.blogspot.com

E comentem !



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- Porque você não quis ser vista por ele? – Remo perguntou depois de um tempo.
Eles já estavam no corredor da cozinha e não tinham falado nada desde o acontecimento com Richard. Emily parecia particularmente distraída e a cada passo andava mais devagar. Ela parou de vez, seu rosto virado para baixo, tornando impossível para Remo decifrar a sua expressão. Ele estava sem saber que fazer. Ela levantou os olhos e o maroto se assustou ao ver lágrimas ali.
- Merlin! Emily... Não chora.
Ele a abraçou sem receber resistência. Ela se grudou a ele como se precisasse disso há muito tempo.
- Não fica assim, ele nunca te mereceu mesmo. – Ele sussurrou contra o cabelo dela, se inebriando com o cheiro que os fios irradiavam, enquanto ela afundava em seu peito.
Ficaram assim por uns minutos e o corredor ainda parecia uma região fantasma, sem ninguém a vista. Então Emily separou-se de Remo delicadamente, limpando as lágrimas. Os olhos azuis brilhavam muito.
- Como eu sou linda, chorando por um cara que me fez de idiota. Bem... Eu devo ser mesmo uma idiota.
Ela respirou fundo e encostou-se à parede, apoiando as mãos nos joelhos. Olhava para baixo, como se estivesse muito cansada. Remo estava atordoado, mas pelo menos as lagrimas tinham passado.
- Nós não precisamos mais ir almoçar, se você não quiser. Eu posso te acompanhar até o Salão Comunal; talvez você precise de um tempo sozinha agora, para pensar. – Ele falou cauteloso.
- Não. – Emily disse, levantando a cabeça, seus olhos indecifráveis. – Eu preciso ocupar a minha mente por enquanto. Só vamos fingir que nada aconteceu.
Ela se levantou e continuou a andar; Remo a acompanhava de perto, tentando entender aquela menina que o impressionava a todo o momento.
Subiram a ultima escada; assim como Remo tinha dito, eles saíram bem ao lado da mesa dos professores, dentro do Salão Principal. O lugar não estava muito cheio, a maioria dos alunos ainda não tinha chegado. Eles foram em direção da mesa da Grifinória e rapidamente encontraram James, Sirius e Peter almoçando com uma Lilian sorridente.
- Oh! Você está aqui, estava estudando na biblioteca? – Perguntou Lilian, assim que Emily se sentou ao lado dela.
- Sim. O Lupin estava me ajudando a entender as movimentações dos duendes na primeira guerra.
- Que bom. Eu também tenho que rever essa parte, depois você pode me explicar?
- Na verdade não.
- Por quê?
- Eu não entendi nada. É melhor nós vermos isso com a Alice, depois.
- Eu não sei se ela vai estar disposta para pensar em História da Magia.
- Mas ela está sempre disposta para pensar em História da Magia. – Replicou Emily, dando um riso curto.
- É, mas você sabe como ela está ultimamente. Agora mesmo ela passou aqui, pegou o almoço dela e falou que queria ficar sozinha essa tarde. Foi almoçar em outro lugar. O problema vai ser explicar isso para o Frank. Ele está procurando por ela a manhã inteira e simplesmente não vai entender que ela quer ficar sozinha, esse tipo de coisa não entra a cabeça de Frank.
- Mas que merda... E a Evy, onde está?
Lily deu um riso curto diante da pergunta. Ela apontou para a outra extremidade da mesa da Grifinória. A amiga delas estava sentada com vários meninos ao redor, ela parecia estar se divertindo muito com as bobeiras que eles falavam; Evelyn ficava muito bonita até quando estava rindo escandalosamente.
- Eu acho que ela só está tentando me afetar; mal sabe que eu não sou do tipo que se afeta. – Falou Sirius, que estava acompanhando a conversa das meninas e a interrompeu.
- Porque ela iria querer te afetar, Sirius? Até onde eu sei, ela quer distancia de você, então porque estaria querendo fazer ciúme? – Remo perguntou, apenas para começar a fazer o amigo se irritar. Mas foi Peter que respondeu.
- A teoria de Sirius é que ela está tentando o enlouquecer implicando com ele de todas as formas possíveis.
- O que é uma teoria plausível, já que você já enlouqueceu a maioria das meninas com que você esteve. – Falou James, também se metendo na conversa, que agora participava todo o grupo.
- Olha quem fala, como se você também não enlouquecesse com a vida das meninas. – Alfinetou Lily, olhando sarcasticamente para James.
- Se eu tivesse ficado com a metade das meninas que você fala que eu fiquei, eu seria um homem mais feliz, Lilian.
- De fato, o Pontas não fica com tantas garotas quanto o mestre aqui. - Falou Sirius.
- Pontas? – Perguntou Lilian, confusa com o apelido.
- Ignore os dois, Lily. Vamos voltar para as minhas piadas. – Interrompeu Peter.
- Piadas?
- Sim! O Peter tem piadas ótimas, ele estava me contando antes de vocês chegarem; você tinha que ver, Emy, eu não parava de rir. – Lilian ria de novo, ao lembrar-se das piadas.
- Quais são os planos para a tarde? – Perguntou Remo, enquanto Peter distraia as meninas com as piadas que eles já conheciam de cor. Foi James quem respondeu.
- Nós estávamos pensando em organizar uma guerra de folhas. Já viu a quantidade de folhas de outono que tem lá fora? É só juntarmos as folhas em bolas, com o feitiço de limpeza reunidius, que reuni toda a poeira; acho que vai funcionar com folhas, é quase a mesma coisa.
- Podíamos ser nós contra o fã-clube da Priuet. – Disse Sirius, olhando feio pro outro lado da mesa. – Eles já estão começando a me irritar e ela parece uma hiena rindo daquele jeito.
- Você não era o Sr. Inatingível, Almofadinhas ? – Alfinetou Remo. – Olha, vamos deixar as brigas pessoais de lado, eu não vou poder livrar vocês de mais uma detenção e estamos quase chegando na lua cheia. Podemos organizar algo mais amistoso.
- Então podemos organizar dois times com grifinórios e corvinais. – Sugeriu Sirius.
- Boa! Peter , o que acha de uma Guerra de Folhas com o pessoal de Corvinal? – James perguntou alto e animado. O sorriso tão característico dele estampado no rosto.
A conversa de Peter com as meninas foi cortada, enquanto o menino respondia já bem animado.
- Eu acho que alguns corvinais merecem uma boa surra pelos boatos de que vão apoiar a Sonserina do Campeonato de Quadribol.
Tanto os marotos quanto as Emily e Lilian riram, apesar das meninas não saberem realmente se ele estava falando a verdade. Esse era o problema de andar com aqueles meninos, você nunca sabia era sério ou não.
- Duvido que a Macgonagal deixe uma coisa dessas. – Falou Lilian, meio presunçosa, como se tivesse falado apenas para escutar o que eles tinham para dizer ao seu favor.
- Nesses tempos de guerra, Lilian, qualquer coisa para divertir e esquecer é bem vinda. – Quem falou foi James, a voz séria.
De repente o clima na mesa pesou, apenas a menção da guerra os deixou tensos.
- Atualmente, nós temos que aproveitar por Hogwarts ainda ser o lugar mais seguro na Inglaterra, não ser corrompido por essa filosofia podre de Voldemort. – Complementou Sirius, o tom também sério, os olhos azuis escuros condensados e o queixo tenso. Para o Black bom da família, sempre foi um assunto serio falar sobre Você-sabe-quem.
- É verdade, aqui existem as melhores e menos corrompidas pessoas que se podem encontrar. – Remo falou, e naquele momento todos sentiram um arrepio, o Barão Sangrento passou ao lado deles com a sua áurea sempre negra. Emily puxou forte o ar pela boca e olhou para a mesa, o que Remo disse a tinha deixado nervosa.
O clima pesado só durou um segundo, pois naquele momento Frank chegou cumprimentando todos, falando alto, se sentou ao lado de Emily e já começou a colocar o seu prato.
- Já perceberam como o tempo hoje está maluco? Tá ventando, mas está abafado, o que me faz suar. Eu não gosto de suar. Em falar nisso, eu estava conversando com um pessoal da Lufa-lufa; vocês tinham que ver, eles são hilários! Aquele pessoal é muita gente boa. Vem cá, alguém viu a Alice?
- Ela passou aqui mais cedo. Disse que queria ficar sozinha e nem comeu na mesa. – Falou Lilian, um pouco apreensiva em suas palavras, pois sabia que Frank ia começar a indagar o porquê de Alice se isolar. Foi o que ele fez.
- Quem gosta de comer sozinho? Essa Alice me assusta às vezes. Estou procurando por ela a um tempão, mas ela me abandonou! – o garoto tentava arrancar das meninas onde ela tinha se enfiado, fazendo a sua cara de coitado. Ele sabia que elas não resistiriam. – E então, vão me falar ou não onde ela está?
- Frank... – disse Remo cauteloso – ela disse que queria ficar sozinha.
- Ela sempre quer ficar perto de mim. – Disse ele se vangloriando pra Remo, deixando nítido em sua voz o ciúme que emanava de seu coração quando Remo se referia assim à Alice, como se a conhecesse e a entendesse melhor que ele. Mas os tempos já não eram os mesmos. Pra Frank, toda aquela história de mudanças em Alice estava o deixando profundamente irritado. Antes, eram os dois juntos, pra um lado e pro outro. Não existia isso de “quero ficar sozinho (a)”. Eram um só.
- É Frank, mas agora ela quer ficar sozinha. É só respeitar isso. – Disse Emily impondo a posição das moças.
Frank não se sentiu confortável com a situação em que se encontrava. Resmungou alguma coisa e começou a comer meio enfezado.
O silêncio reinou na mesa, uma coisa rara de acontecer com a presença de Frank; apenas mais uma prova de como aquilo o tinha deixado abalado. Lilian sentiu pena do rapaz. Sabia o quanto ele estava sofrendo com a crise da amiga. Assim como Alice conversava com Remo sobre o que sentia quanto a isso, Frank conversava com Lily, o que fazia James ficar com ciúmes. Mas não era sobre isso que Lilian estava pensando. Ela se perguntava como poderia melhorar a situação de Frank, o que poderia fazer para animá-lo, mas nada lhe vinha à cabeça.
- Se eu soubesse onde ela está, eu contaria, Frank. – disse aliviada.
- Não ia não, Lilian! – disse Emily indignada. – Os problemas de Alice com o Frank, ela resolve com ele. Não podemos ficar nos metendo.
- É verdade, quando Alice estiver pronta, ela irá conversar com você Frank. Nós não podemos desrespeitar o tempo dela. - Remo falou, deixando o garoto ainda mais irritado.
- Sabe o que parece? Que tem alguma coisa acontecendo e todo mundo está sabendo, menos eu. Ninguém me fala nada e isso é quase traição. – Frank disse todo afetado. Seus olhos estavam sérios demais e por um momento todos pensaram que os copos iam explodir novamente, como de manhã, quando a irritação de Sirius estilhaçou tudo. Mas nada aconteceu, tudo continuou inteiro e Frank apenas continuou a comer calado.
Lilian sentiu uma pontada no peito, queria abraçá-lo e contar tudo o que se passava com Alice, mas não podia fazer isso. Sentiu-se uma péssima amiga. Remo também se sentia mal por Frank, devia ser péssimo se sentir excluído dos amigos e temia que o garoto pudesse começar a odiá-lo por Remo saber mais sobre o que se passava do que o ele. Desejou que Alice resolvesse logo essa história.
O clima estava novamente pesado. As refeições daquele dia estavam bem tumultuadas.
- Hey, Frank. Não fica assim cara, as mulheres são todas malucas, vai entender o que se passa na cabeça delas. – Falou Sirius, meio envergonhado pois não era muito bom em lidar com os sentimentos, dele e dos outros. – Se te consola, eu também não sei o que está acontecendo.
- Mas a Alice não é sua amiga, Sirius. Ela nem gosta de você. – Disse James.
- Mas que absurdo! Como você sabe disso?
- A Lilian me contou mais cedo. Mas ela também não gosta de mim. Na verdade, tanto a Lilian quanto a Alice nos odeiam.
- Que coisa horrível, porque isso, Evans? – Sirius estava ultrajado. – Não sou charmoso o suficiente para você?
Lilian só conseguia rir da cara do maroto. Assim como todos da mesa, claramente aquilo tinha descontraído a ambiente.
- Pra mim você fica mais lindo a cada dia. – Falou James.
- Bem que eu estranhava quando o Sirius falava que ia ajudar o James a tomar banho. – Disse Remo, falsamente sério.
- Ele não está falando sério, não é? – Lilian perguntou para Peter, que riu da cara da menina.
- Não, o James e o Sirius são bem machos.
Eles já estavam terminando de comer e, agora, o Salão Principal já estava cheio de alunos que conversavam e riam alto. Muitas pessoas começaram a passar por eles, cumprimentando Frank e os marotos. Meninas do quarto ano passavam cheias de risadinhas e davam aceninhos para Black, ao mesmo tempo em que mexiam em seus cabelos. Ele retribuía a todas com seu sorriso galã e uma piscadinha que faziam até Emily e Lilian corar. James espalhava a noticia da Guerra de Folhas, falando com a maioria das pessoas. A mesa da Grifinória era sempre a mais movimentada.
Naquele momento, duas garotas sentaram-se junto deles, ao lado de James. Era Britanny Seeley e sua melhor amiga inseparável. Britanny tinha os cabelos loiros escuros, olhos castanhos, era de altura mediana e tinha muito busto; podia-se dizer que era gordinha se for uma pessoa grosseira, porém os garotos preferiam chamá-la de gostosa.
- Britanny! Quem é vivo sempre aparece. Como vai? – Falou James, galante, com o seu sorriso mais maroto. Ela sorriu também, olhando nos olhos dele. Ambos bem descarados quantos as suas intenções.
- Você sabe, o de sempre. Nós nunca mais nos encontramos, então eu fiquei com saudade.
James trocou olhares com os amigos antes de responder.
- Acho que hoje à noite não tenho nada. A gente pode se encontrar o final da tarde, para colocar a conversa em dia.
- Pode ser - Ela disse em um tom de voz que fez a frase simples parecer sexy demais.
Lilian revirou os olhos e parou de prestar atenção no casal à sua frente.
- Amiga, vamos falar com a Evelyn? – Falou ela com Emily, que concordou. Ambas se despediram de todos, combinando se encontrarem mais tarde no pátio oeste de Hogwarts para a brincadeira maluca de James.
- Marie, está tudo bem? – Lilian perguntou para a amiga assim que se levantaram, chamando-a pelo nome do meio. Ela se aproximou, para que ninguém mais ouvisse o que diziam.
- Tudo sim. Por quê?- Emily mentiu, sorrindo beatamente. O tipo de sorriso estranho que ela dava quando não estava prestando muita atenção, como se estivesse assistindo tudo de cima.
- Não sei. Só achei estranho o Richard ainda não ter aparecido, e ter deixado você ficar a manha quase toda com Remo.
- Não é como se o Richard dissesse com quem eu posso ou não ficar. Mas na verdade, ele nem sabe que eu estive com o Remo essa manhã. – Ela dizia com o seu usual toque de despreocupação. - Mas ele não precisa saber, não é mesmo?
Emily sorriu novamente, dessa vez com uma pitada de humor negro. Mas Lilian não entrou no jogo dela.
- Precisa, é claro! Um relacionamento é construído na base da confiança e da sinceridade, ainda mais um namoro de quase um ano como o seu e o do Richard. E ele sente muito ciúmes do Remo, todo mundo sabe, é melhor você contar antes que alguém conte e acabe provocando uma briga entre vocês dois. – Lilian falou, sempre com o tom de mãe, dando lições de moral até em árvores.
- Realmente, Lily. Um ano. Como eu pude ficar um ano com ele? Está durando muito, não acha? – Ela perguntou séria, ignorando todo o discurso da amiga.
- Eu acho que nós temos que conversar sobre isso depois, especialmente assim que você me contar o que está acontecendo. - Lilian bufou e cruzou os braços, sua testa mostrou vincos de preocupação. – Como se nós já não tivéssemos problemas bastantes, agora todo mundo resolveu agir estranho. E como se não bastasse, veio aquela Britanny Seeley perturbar, sentando perto da gente como se fosse uma amiga!
Emily riu da indignação dela.
- Ela senta onde quiser, e você sabe que ela é uma amiga de Potter, na verdade mais que uma amiga, ele são bem íntimos... Isso é ciúme seu.
- Ciúme?! Potter pode ficar com quem quiser, eu não sou nada dele para ficar com ciúme. Só não gosto de meninas exibidas.
- Mas você tem uma amiga exibida!
Elas pararam de andar, estavam no outro lado da mesa.
- Quem é exibida? – Perguntou Evelyn, que tinha visto as amigas chegando e elas estavam agora ao seu lado.
- Você, é claro. – Respondeu Lilian.
Estavam perto do portal de entrada do Salão Principal, então, naquele momento, viram Richard entrando, indo em direção a mesa da Corvinal, com ele estava o mesmo amigo de mais cedo. Richard andava com jeitão de menino descolado, era alto e tinha cabelos lisos que usava com uma franja meio jogada pela testa, era charmoso para quem gostava do tipo.
- Quer saber? Eu vou lá falar com o meu namorado. Nós nos falamos mais tarde. – Disse Emily, indo em direção do menino sem esperar resposta das amigas.
- Eita! O que deu nela? – Perguntou Evelyn, achando estranho o tom da amiga mais calma que tinha.
- E alguém sabe o que deu em todo mundo? – Lilian falou, balançando a cabeça. – Acho que a Emy está irritada com o Richard, espero que seja só isso mesmo; o que mais pode ser, logo agora?
Evelyn riu diante da preocupação da amiga. Levantou-se da mesa, se despedindo de seus amigos.
- Venha amiga, vamos sair daqui. – As duas deram os braços, andando uma engatada na outra. – Você precisa arejar a cabeça, senão vai tudo explodir ai dentro.
- Eu preciso passar no dormitório.
- Ótimo, também queria ir pra lá; mas depois eu vou para aquele negócio do James, você vai?
- Eu vou monitorar, é claro. Me certificar de que eles não vão matar ninguém, você sabe, matar você.
- O Black está irritado tanto assim? – O brilho nos olhos negros de Evelyn era perigoso.
- Você mexeu com o ego do garoto, Evy. É claro que ele ficou furioso.
A menina ficou silenciosa depois disso, fazendo mistério quanto aos planos que se passavam em sua cabeça.
Elas já tinham saído do Salão Principal e subiam escadas, indo em direção à torre da Grifinória. Ficaram apenas conversando coisas banais, falando sobre os acontecimentos já agitados do dia que estava apenas no meio.
As nuvens andavam rápido no céu, levadas pelo vento. O sol aparecia em intervalos regulares, iluminando o dia abafado. No horizonte, o céu estava cinza escuro, mostrando a tempestade que cairia sobre Hogwarts daqui a alguns dias ou até no dia seguinte, já que o vento estava rápido.
No pátio esquerdo da escola, nas margens da Floresta Proibida, grupos de alunos se reuniam; alguns sentavam no gramado ou encostavam as árvores, outros estavam em pé, dispersos, esperando alguém começar a organizar os times da disputa.
James, Sirius, Remo e Peter andavam em direção ao local combinando, conversando calmamente. Lilian e Evelyn estavam sentadas encostadas em uma arvore, a ruiva estava lendo um livro e não viu quando a amiga se levantou para ir falar com Potter.
Os dois tiveram um conversa rápida, pareciam discutir algo sobre o território e sobre métodos de ataque e defesa. Ficou decidido que James ficaria com o lado direito de um campo nos quais as divisões foram feitas na hora. Recomeçaram a discussão, dessa vez para decidir as pessoas que ficariam nos respectivos times.
- Priuet, eu faço questão do time de Grifinória, do Remo e do Peter. – Falou James, usando a mesma voz autoritária de quando estava dando ordens nos treinos de seu time de quadribol.
- Você não sabe se todos vão querer ficar com você, Potter.
- Então vamos reunir o pessoal, contar quantas pessoas ficará por time.
Todas as pessoas no pátio foram chamadas, um grande grupo se formou e Evelyn e James começaram a decidir seus companheiros de batalha.
- Você vai participar disso ai? – Perguntou Lilian, assim que Emily chegou com Richard e se sentaram ao seu lado.
Ela ficou um tempo olhando a confusão da escolha dos times antes de responder.
- Não mesmo. Talvez mais tarde, não sei; por enquanto só vou ficar dando uma olhada.
Lily riu do jeito distraído com que a amiga disse aquilo.
- É claro, Emy. Ficar só dando uma olhada, fumando um. O de sempre. – Ela falou brincalhona, fazendo Emily rir. – E você, Richard?
- Talvez eu jogue na próxima rodada. O que você está lendo?
- É só um livro trouxa de romance, nada demais.
- Eu estou lendo um bruxo, é sobre uma conspiração no ministério na magia e tem um personagem principal bem engraçado.
- Me deixa ver qual é?
Richard pediu para Emily pegar o livro, que estava na mochila ao lado dela. Ela fez isso e ficou mexendo distraidamente nas coisas do namorado, enquanto ele e Lilian trocavam figurinhas sobre livros. Ela já sabia de cor o que tinha dentro da bolsa, pegou um dos cadernos e abriu, o nome dela ocupava toda a parte de dentro da capa. Emily Marie Mcdonald. Aquilo era tão injusto. Ficou muito tempo olhando o nome sem realmente vê-lo, seus pensamentos falando tão alto dentro sua cabeça, que ela anulou todos os movimentos e sons do lado de fora de sua mente.
- Está tudo bem com você? – Ela se assustou com a voz de Richard tão próxima de sua orelha, o hálito dele esquentando sua nuca, aquilo a dava arrepios. As mãos dele agarrando a sua cintura e se metendo por dentro de sua blusa, puxando-a para perto. Ela se sentiu incomodada com aquilo de uma forma que nunca tinha sentido antes.
- Emy? – Ele chamou de novo.
- Ah ... Tá sim, tudo bem.
Ele e Lily tinham parado de conversa, a amiga tinha voltado a ler, talvez haja muito tempo, ela não estava prestando atenção para saber; era provável que ele já tivera chamado-a algumas vezes, mas ela não tinha escutado.
- Você não parece muito bem.
- Não é nada, eu só estou meio preocupada com História da Magia.
- Você sabe que sempre se dá bem no final, não precisa ficar tão preocupada.
- É essa nova matéria, eu... Deixa pra lá; Eu não acredito que você ainda tem isso. – Disse, apontando para o caderno. – É do começo do namoro, no ano passado.
Ele sorriu e colocou a mão em cima da mão dela, a que segurava o caderno.
- As coisas importantes a gente mantém guardadas.
A forma como ele disse aquilo embrulhou o estomago de Emily.
- Daqui a duas semanas, será um ano, não é? – Ele continuou, sem perceber a mudança de respiração da namorada. – Eu acho que deveríamos fazer alguma coisa pra comemorar.
- É, pode ser. – Ela respondeu evasiva, fechando o caderno e jogando ele pro lado.
Eles ficaram um tempo em silencio, até que Richard voltou a falar, com o tom despreocupado.
- Emy, você almoçou com o Lupin hoje?
- Sim, por quê? – Ela também pareceu despreocupada.
- Nada, eu só o encontrei hoje, por acaso, perto da hora do almoço e me perguntei para onde ele estaria indo.
- Eu estudei com ele de manha, depois nos encontramos na hora do almoço. Não faço idéia para onde ele poderia estar indo.
- Estudou só você e ele, ou alguma das meninas também estava?
- Só nós dois, por quê?
- Você sabe que ele é afim de você, Emily!
Emily revirou os olhos, não acreditava que estava escutando aquilo; como se ele tivesse direito de dizer alguma coisa, quanta hipocrisia!
- Que foi, virou ciumento agora, também? – Ela falou, talvez um pouco mais alto do que esperava. Os olhos grudaram-se nos dele, fervendo de irritação.
Richard se assustou com a namorada, não esperava essa reação. Soltou uma risadinha que pretendia ser de descontração e bom humor, mas que saiu com tom de nervosismo.
- Nossa, calma! Essa matéria de História da Magia deixou você irritada mesmo.
Emily percebeu o que tinha o assustado e se controlou, desviou os olhos e calou-se.
Ele deu um beijo em seu pescoço e murmurou algo doce em seu ouvido.
Richard tinha um jeito de puxar o queixo de Emily que ela costumava achar apaixonante; mas agora ela apenas desvencilhou seu rosto das mãos dele e virou a cara, tudo o que ela menos queria agora era ficar aos beijos com um estranho e se sentir ainda mais traída.
No campo de batalha, Remo se distraiu com a cena. Não estava entendendo a atitude de Emily, achava que ela deveria estar brigando e gritando indignada com o namorado, exatamente como ela estava com ele naquela manha; toda aquela passividade não eram características da garota. Ele só conseguia pensar naquilo e estava cada vez mais difícil prestar atenção naquele jogo idiota.
Naquele momento uma bola com folhas extras explodiu na sua cara.
- Mais atenção aí, Aluado. – Peter falou. O amigo estava ao lado dele, ambos cobriam a retaguarda do time.
O jogo estava bonito de se ver, as folhas castanhas e ruivas voando e explodindo pareciam um quadro impressionista. A partida era confusa, mas o time de Evelyn estava na vantagem e aparentemente ganhando. Sirius jogava bolas cada vez mais enormes em um ritmo impressionante.
Algumas vezes o vento ficava tão forte que todas as bolas que estavam no ar explodiam e uma chuva de folhas caia sobre todos. Em outros momentos o sol aparecia por entre as nuvens, iluminando a cena, e tudo brilhava, as folhas, as pessoas, a grama ainda e milagrosamente verde. O cheiro do outono, as árvores peladas e melancólicas, o vento interminável, os gritos dos adolescentes na agitação da idade, a deliciosa confusão, a tensão da brincadeira, a descontração de levantar as mangas por causa da correria. A magia nunca para de surpreender.
Lilian tinha desistido a muito tempo de ler seu livro, que ficou desinteressante diante do quadro de maravilhas a sua frente; Ela tinha começado a assistir a partida desde o começo, quando as bolas castanhas começaram a voar pelos ares, ela não entendeu nada das regras do jogo ou mesmo o que estava acontecendo. Depois de meia hora a batalha acabou e a menina não fazia idéia de quem tinha perdido ou ganhado.
O casal ao lado da ruiva ficou apenas trocando algumas palavras, coisa estranha de acontecer, pois era um casal que costumava ser bem caloroso; Lilian estranhou, pensando que a briga entre os dois tinha sido mais séria do que imaginava. Quando a partida acabou, Richard se levantou, falando que queria jogar e foi procurar um time pra entrar. Emily foi se sentar ao lado da amiga. Dali a pouco, Frank estava andando em direção das meninas, ele conversava com um colega, George Travis.
Travis era par de Lilian na aula de Aritmancia. Assim que chegou perto da ruiva cumprimentou-a e sentou-se ao lado dela.
- Então, Lilian, eu já comecei a fazer o nosso trabalho.
- Mas como? Nós devíamos fazer juntos, você não tem que fazer tudo sozinho!
- Eu não me importo, de verdade. Mas eu só comecei, eu não vou fazer nada sem a sua opinião. Nós podemos nos encontrar depois e terminar logo isso.
- Com certeza, pode ser hoje à noite, se você puder.
- Posso sim, seria perfeito.
- Então você me fala depois o melhor horário pra você. – Ela concluiu, sem deixar de sorrir. George era um ótimo garoto.
Frank começou a falar que ainda não tinha encontrado Alice, e estava achando que ela tinha sido abduzida pelos alienígenas trouxas. Ele fez beicinho para Lily e deitou sua cabeça no colo dela, que começou a fazer carinho em seus cabelos castanhos escuros e lisos, dizendo para ele deixar de ser bobão, pois Alice estava apenas cuidando da própria vida e ele devia fazer o mesmo.
Emily continuou alheia a tudo, calada, apenas olhando para frente; para a confusão de pessoas que conversavam enquanto esperavam uma nova partida começar.
James e Remo começaram a vir na direção do pequeno grupo.
- Vamos jogar, Frank? – James perguntou quando chegou perto.
- Poder ser. Eu jogo em que posição?
- Na minha, eu vou sair agora. – Remo respondeu.
Frank se levantou do colo de Lilian e virou para George.
- Vamos jogar, cara?
- Vamos sim. – George também se levantou e antes de ir virou-se para Lily. – Nos vemos mais tarde então, Lilian.
- Até lá. – Ela respondeu, sorrindo novamente.
Remo sentou entre ela e Emily, eles logo começaram a conversar.
- Você vai pro time da Priuet. – James falou para George, assim que começaram de fato a separar os grupos. O menino foi sem discordar.
O jogo começou logo, seriam mais duas partidas de 25 minutos e o time de Potter não estava feliz, pois Evelyn tinha ganhado a primeira partida; a menina estava pegando pesado no ataque, o que fez James ter que ir para defesa que comandava junto com Peter e Frank, Sirius ficou sozinho no ataque de seu time, mas estava fazendo um ótimo trabalho.
Seria uma melhor de três, então o time de Evelyn estava fazendo de tudo para ganhar invicto, enquanto o outro time tentava recuperar o tempo perdido. Toda aquela agitação chamou a atenção de quem passava, principalmente a de Macgonagal, que apareceu no pátio logo quando falta pouco menos de 10 minutos para a partida terminar.
Lilian se levantou para ir falar com a professora.
- Quer saber, acho melhor nós sairmos daqui. – Falou Remo, mais como um pretexto para conversar a sós e sem interrupções com Emily, do que com verdadeiro medo de levar bronca de sua supervisora.
- Também acho, vamos pras estufas. – Falou Emily, se levantando.
Eles passaram discretamente e foram andando a pátio de trás de Hogwarts.
- Você está com problemas com a Macgonagal? – A menina perguntou, enquanto andavam.
- Eu já livrei a cara dos meninos mais de uma vez esse ano, não quero acabar perdendo o cargo de Monitor Chefe por causa disso. De qualquer forma a Lilian está lá; não vai dar nenhuma merda.
Emily apenas concordou distraidamente e não disse mais nada. Remo mordeu o lábio inferior, decidindo se falaria algo ou não. Acabou falando, direto demais.
- Você não vai terminar com ele, não é?
Ela respirou fundo.
- Você sempre vai ficar me dando esses sustos? – Ela levantou os olhos sem levantar o rosto, um mínimo sorriso em seus lábios.
- Você sempre vai ficar me enlouquecendo com o seu silêncio?
- Como as pessoas sempre conseguem pensar em respostas rápidas? Sabe, como você fez agora. Eu nunca consigo ter um raciocínio tão rápido, na maioria das vezes eu...
- Eu não acredito que você está mudando de assunto. – Ele disse, interrompendo-a.
Emily deixou a frase morrer em sua boca, e o ar de riso sumiu instantaneamente. Ela parou de andar e o olhou nos olhos, diretamente.
- Eu me sinto humilhada, traída e enganada. Sinto-me uma idiota por ter confiado nele, por ter pensado que ele gostava de mim como eu gostava dele. E eu estava pensando... Pensando em gritar com ele, bater nele, amaldiçoá-lo; mas acho que nada disso vai atingi-lo da forma que eu quero que atinja, quero que ele se sinta da mesma forma que eu. E o mais importante: quero que ele suma da minha vida, não quero ouvir a voz dele nunca mais.
- Então o que você vai fazer?
- Uma pequena surpresinha e você vai me ajudar, Remo.
O rosto de Emily tinha uma expressão que o menino conhecia muito bem, aquele olhar de encrenca, de coisa errada, de vingança e até de uma pitada de maldade. Aquilo o deixou fascinado, e, de repente, ajudar a sabotar o namoro de Emily pareceu a coisa mais correta a se fazer.
Macgonagal tinha concordado em esperar a partida acabar antes de conversar com os responsáveis por aquela bagunça no meio do pátio da escola. Lilian tinha tentado convencê-la com todos os argumentos possíveis que a brincadeira não era perigosa e que não tinha nenhum problema, mas até mesmo ela estava sentindo a tensão que emanava dos dois times; então não sabia se tudo o que tinha dito surtiu algum efeito na professora.
Como apenas os jogadores entendiam as regras do jogo, quem olhava de fora não podia prever quem estava ganhando ou não. A partida estava fervorosa e os times estavam perigosamente cada vez mais próximos. Evelyn vinha fazendo um bom trabalho na liderança, seu time continha muitos corvinais e alguns grifinórios, ela estava aproveitando bem o seu espaço de campo de batalha e tinha formulado uma tática de ataque que tinha garantido sua vitória na primeira partida.
Todo o time da menina estava espalhado cobrindo todo o campo e Evelyn estava no meio, coordenando tanto ataque quanto defesa de forma espetacular; ela era uma verdadeira amazona, uma menina muito poderosa.
Porém James logo entendeu o que o time adversário estava fazendo e os tomou de surpresa em um ataque que pôs fim a partida.
Os dois líderes de time vieram falar com a Macgonagal e depois de 5 minutos conversando a ultima partida foi devidamente autorizada, contanto que ao final todas as folhas fossem recolhidas e juntadas em um só lugar com um feitiço anti-vento, permitindo que não se espalhassem pelo gramado novamente. E Lilian foi encarregada de garantir que tudo ocorresse bem.
Antes de começar a terceira e ultima partida, os times se permitiram alguns minutos de descanso e também para decidir se alguém ainda queria mudar de lado.
James, Sirius, Peter, Frank e mais algumas pessoas do time ficaram confabulando táticas de jogo. Evelyn, Lilian e George ficaram conversando.
- Então foi o time do Potter que ganhou agora? – Lily perguntou mais uma vez, ainda muito confusa com tudo aquilo.
- Sim, Lily. Olha, vou te explicar o que aconteceu. – Evelyn que respondeu, ela sempre foi uma menina bem paciente, afinal de contas. – Eu e meu time criamos uma ótima tática, que deu bem certo na primeira partida: Nós ocupamos todos os lados do nosso campo, de forma que não poderíamos se invadidos, e aplicamos um ataque contaste, de forma a deixar o inimigo cansado e não deixá-lo entrar em nosso território. Mas o James e o time dele sacaram isso, então a segunda partida ele parou de ficar revidando o nosso ataque e se concentrou em quebrar a nossa defesa, e conseguiu.
- Vou dizer o que eu acho disso tudo: vocês estão velhos demais pra brincarem de guerrinha.
Evelyn ficou um tempo tentando entender como alguém podia ser tão sem competitividade e espírito esportivo como Lilian.
- Ai ai, Lily. Você precisa relaxar, é serio. – Ela disse por fim, rindo da amiga. – E onde está a Emy?
Lilian se deu conta do sumiço de sua outra amiga e olhou em volta, esperando vê-la conversando com Lupin em algum lugar.
- Não sei, ela estava conversando com o Remo; e agora sumiu.
Evelyn fez cara de malicia, pensando que os dois estavam juntos demais naquele dia.
- É bom o Richard prestar atenção, senão vão nascer duas protuberâncias na cabeça dele. – Falou Evelyn, fazendo o gesto de “chifrinho” com os dedos em cima da cabeça.
Lilian riu e concordou.
- É bom ele não dar mole, porque o Remo não está para brincadeira.
Ambas trocaram um olhar maldoso, imaginando o que tanto Remo e Emily estavam fazendo juntos.
Do outro lado do campus, de frente para as meninas que conversavam, estava grupo de Evelyn. Eles começaram a acenar e chamar a morena; a partida já ia começar. Ela ainda trocou algumas com palavras e depois foi para onde seu grupo estava.
Os dois times se agruparam e ficaram um de frente para o outro; em um primeiro sinal, todos começaram a se arrumar em seu campo de batalha, cada um ocupando seu lugar; no segundo sinal, as folhas voaram pelos ares e, Lilian tinha certeza, alguns feitiços também.
A ruiva estava alerta e olhava pros lados a todo o momento, esperando ver Macgonagal espreitando-a de alguma janela do castelo. Ela ficou receosa no momento em que a ultima partida começou e ela percebeu que seria para valer, ninguém ali estava jogando para perder. Lilian só conseguia em quantos machucados iriam resultar daquela brincadeira idiota.
Com as testas franzidas tentando discernir algo do jogo na sua frente, a menina se sentou no pé da mesma arvore onde estava desde o começo.
- George! ...George! – Evelyn chamava seu colega de batalha, tentando chamar sua atenção enquanto ele se livrava de uma grande bola que vinha em sua direção com um aceno de varinha. Ele finalmente a escutou, e se virou pra ela com os cenhos franzidos.
- 5 minutos, George. Dê o sinal! – Ela falou e também se protegeu de uma bola.
Eles eram os mais atacados do grupo, tendo que ficarem se protegendo quase a partida inteira, jogando apenas algumas bolas de folhas.
O garoto deu o sinal como combinado e o time de Evelyn se arrumou em forma de meia-lua em frente ao outro time, formando quase uma muralha e forçando o grupo de James recuar.
Frank, Peter e James estavam na retaguarda, e foram espremidos quando todo o grupo foi para trás afugentado. Xingando, Potter gritou ordens para começarem a se espalhar para os lados e continuarem atacando, mas não apenas com folhas, de forma que clarões de feitiços puderam ser vistos. James deixou Frank e Peter comandarem e foi para a frente, ver de perto o que o outro time estava fazendo.
Ele viu o grupo de Evelyn fechando o cerco em volta de seu time, e estava claro que iriam perder. Porém os ataques cada vez mais ferozes estavam desestabilizando o adversário. James viu que George estava o comando junto com Priuet e isso o deixou furioso, ele não podia perder para aquele palerma tapado. Aproveitando-se da confusão que estava o jogo, ele se aproximou da dupla que estava no centro e um pouco atrás da muralha, concentrados em revidar os ataques.
- Experliarmus! – James derrubou e jogou longe a varinha de George, deixado o menino desorientado por um momento. Evelyn viu de onde tinha vindo o feitiço, e lançou uma azaração na direção de Potter, porém o menino se defendeu com um floreio da varinha e um sorriso convencido no rosto.
George finalmente viu James e, furioso, foi em direção a ele.
- Qual é a sua, Potter? Isso é roubo!
- Ahh Travis... Ficou chateado foi? – James respondeu, com um sarcasmo desnecessário.
Evelyn se juntou a eles e devolveu a varinha ao companheiro de time.
- James, mande o seu time parar de nos atacar. – Ela falou, com a varinha em punhos e alerta.
- Então mande o seu time recuar, Evelyn.
- Ela não vai mandar ninguém recuar, o seu time perdeu, Potter. Aceite isso. – Falou George.
- Cala a boca, seu merda! Ninguém te chamou na conversa. – James disse furioso e apontou a varinha a o menino enquanto falava.
- O que foi que eu te fiz, Potter? Ficou me atacando o jogo inteiro e agora isso. To começando a achar que é pessoal.
Ao escutar isso, James olhou para George como se pela primeira vez realmente o visse; um sorrisinho debochado surgiu no canto de sua boca.
- É Travis, você está certo. Isso é pessoal. – James se aproximou de George até seus rostos ficarem perigosamente próximos. – Você não devia ter se aproximado da Evans e muito menos ficar marcando encontros com ela. Espero que isso sirva de aviso para você se afastar dela o quanto antes.
George ficou pasmo. Precisou de um momento para compreender que a razão daquilo era, de fato, Lilian.
- Ela não é sua propriedade, Potter. – George falou, soltando um risinho sem humor para a cena patética que James estava fazendo.
Sirius estava atento na movimentação de James desde o começo e apenas foi observando e se aproximando aos poucos enquanto o amigo discutia com Evelyn e George. Decidiu intervir naquele momento, pois pressentiu que o idiota do seu amigo iria pular no pescoço de George a qualquer momento. Frank também se aproximou sentindo o clima pesado no ar.
- Fique longe dela! – James falou, começando a colocar a puxar o colarinho da capa de Travis. George reagiu e empurrou Potter.
Antes que a briga realmente começasse, Sirius se meteu.
- É bom você escutar direitinho o que o meu amigo aqui disse. – Sirius disse e fez um pequeno sinal com a cabeça, apontando James que estava atrás dele. – Senão as coisas podem começar a ficar feias pra você.
- Isso é uma ameaça? – George perguntou furioso.
- Wow gente, já perceberam a bagunça que fizemos aqui? – Disse Frank interrompendo, ou pelo menos tentando.
- Exatamente, isso é uma ameaça. Nós não estamos a fim de brigar agora, mas eu não sei quando ficaremos com vontade; então é bom ficar atento quando estiver andando pelos corredores.
- Do jeito que os corredores andam congestionados eu ficaria mais preocupado em não ser pisoteado que...
- Cala a boca, Frank. – Disse James. O menino deu um sorriso sem graça, vendo que pelo menos daquela vez não ia conseguir amenizar o clima.
Naquele momento surgiu uma Lilian esbaforida e vermelha acompanhada por uma Evelyn com cara de preocupada e irritada. Ambas se meteram entre Sirius e George.
- Fique longe de George, Black. – Evelyn disse, já alerta com sua varinha.
Uma rodinha se formou em volta do grupo. Aparentemente Evelyn tinha acabado com a partida enquanto os outros discutiam e Lilian veio correndo quando percebeu que estava rolando confusão.
- Nós estávamos apenas conversando. – Sirius falou, levantando os braços com cara de inocente.
Evelyn e Lilian olharam para George, esperando que ele discordasse com Sirius, mas ele apenas concordou com a cabeça e disse que eles estavam mesmo apenas conversando.
- Bem... Então tudo bem. – Evelyn disse, jogando o cabelo pra trás e olhando severamente para Sirius e James na sua frente. – Como vocês já devem ter percebido, a partida acabou. O meu time ganhou.
- O que?! – Sirius se revoltou. – Foi empate!
- Talvez tivesse sido empate, Black. Se vocês não fossem uns cretinos e não tivessem interrompido o nosso jogo! – Evelyn respondeu, pronta pra briga.
Antes que outra discussão se iniciasse, Lilian interrompeu.
- A conversa aqui acabou; o time de Evelyn ganhou e pronto! Agora todo mundo se espalhando! – Ela disse alto, apontando para a roda de pessoas em volta. – A brincadeira acabou. Todos indo embora senão tiro ponto de TODAS AS CASAS. Anda, anda, anda!
Depois de um tempo todos já tinham ido embora. George se despediu das meninas e foi embora com um grupo de colegas da Corvinal. Por fim, restou apenas Lilian, Evelyn, Sirius, James e Frank que tinha desaparecido em meio à confusão e ressurgia agora como se nada tivesse acontecido (a verdade é que ele tinha ido fofocar sobre a briga, mas ele nunca admitiria isso).
Antes que fosse embora, Lilian falou que precisava ter uma conversinha com James
Um pouco afastados do grupo de amigos que os esperavam, a menina começou a falar energicamente.
- Potter, eu definitivamente não sei mais o que fazer com você. Você vive arrumando confusão e quando eu acho que posso confiar, você só me desaponta. Dessa vez a Macgonagal tinha deixado sob minha responsabilidade e se acontece alguma coisa por sua causa, e eu acabo levando a culpa, não tenho pena de te deixar em detenção o resto da sua vida! E não pense que sua amizade com o Remo, com o Frank ou com qualquer outro amigo que nós tenhamos em comum vai ajudar. Porque NUNCA MAIS eu deposito a minha confiança em você!
Lilian acabou de falar e no final estava muito vermelha e quase em ar, por de falado tudo de uma vez. Potter escutou tudo sem se abalar, o que irritou ainda mais a menina.
- Você só vai brigar comigo? E a sua amiga Evelyn, e o seu namoradinho? – Ele perguntou, fazendo pouco caso do que ela tinha dito.
- Namoradinho? Eu não faço idéia de quem você está falando, Potter.
- Estou falando do George Travis, eu vi quando vocês marcaram de se encontrar hoje a noite.
- Nossa, Potter! Cada dia eu fico mais impressionada com o quanto você é doente mental. Nós só estávamos marcando de fazer um trabalho, porque eu sou dupla dele.
- Não interessa, eu não quero você perto dele.
- Você está achando que é quem, garoto? Eu ando com quem eu quiser e você não tem nada a ver com isso. Já tá na hora de você deixar de ser hipócrita e ir perturbar outra, não acha? - Lilian cruzou os braços e olhou séria para James. – Minha conversa com você acabou, espero que você tenha entendido e que pare de importunar a minha vida e a dos meus amigos.
A menina se virou para ir embora, mas foi interrompida por James que segurou o braço dela.
- Lilian, espere! Eu... – O menino começou a falar, mas perdeu a fala quando se deparou com o olhar de Lilian. Ela olhava com um olhar intenso de desprezo pra ele.
- Não toque em mim. – Ela disse.
James soltou o seu braço e ela se foi embora sem o deixar ele falar mais nada.
Frank, Evelyn e Lilian estavam no Saguão Principal, começando a subir as escadas, indo para o Salão Comunal. Conversavam sobre o jogo daquela tarde que mal tinha acabado, o começava a se por lá fora e os três começaram a se perguntar onde estaria Emily, que tinha sumido na ultima partida, e Alice, que estava sumida a tarde inteira.
- Eu fico preocupado com elas, já vai anoitecer... Que horas são, afinal? – Frank perguntou para Evelyn, que não tinha relógio e apenas olhou pro céu lá fora.
- Eu não sei, mas o sol está se pondo; então deve ser umas cinco e meia, Frank. – Ela respondeu distraída e olhou sorrindo para o amigo. – Frank?
Ele não estava mais ao lado dela, estava descendo a escada rapidamente e, sem olhar pra trás, saiu pela porta do Saguão, indo para o pátio frontal de Hogwarts.
O sol estava se pondo e Frank sabia o lugar favorito de Alice para ver o pôr do sol.
Alice estava sentada na relva observando o sol, embaixo de um cipreste. Sim, o pôr do sol naquela parte de Hogwarts, acreditava Alice, era mais bonito que em qualquer parte do planeta. Nada podia comprar aquele momento, nem seu pai ou todo o dinheiro do mundo. Tem horas que a gente só precisa estar só, pensou ela.
A brisa insistia em brincar com os seus ondulados e castanhos cabelos. Ah, tão assanhada que invadia as vias respiratórias de Alice sem a sua permissão. Envolvia seu corpo como se acalenta um bebe. Tão deliciosa a sensação que Alice chegou a rubrar.
- Ora, você está aí. – Era a voz de Frank. Droga, pensou Alice. E de onde ele teria surgido foi o comentário a seguir. – Estou te procurando a um tempão.
- Queria apenas ficar sozinha um pouco. – Disse em seu tom de voz calmo, em sua face bela de poucas expressões e no seu jeito refinado de falar.
- Sozinha um pouco... – Frank repetia as palavras da amiga baixinho, tentando entender.
Sentou-se ao seu lado e ficou um tempo olhando para o mesmo lugar que a amiga. O silêncio ficou incômodo entre os dois.
- Está tudo bem? – Ele perguntou.
- Tudo ótimo. – Ela respondeu evasiva, sem olhá-lo.
Frank sentiu-se inquieto com a distância de Alice. Era como se não fosse bem vindo ali ao lado dela. Mas isso era impossível, já que eram grandes amigos, ou pelos menos Frank achava que eram. O reflexo fraco e frio do sol estava iluminando as maçãs do rosto da condessa. Rosto frágil, olhar penetrante e imponente. Boca e coração antes tão cálidos e agora tão severos e frios. Coração que antes fazia o tempo de Frank tremeluzir devagar na sua frente. Ao sol frio do outono, as imagens dos longos anos de amizade eram interrompidas com mordidas no lábio inferior de Frank, que fazia isso toda vez que ficava triste.
- Longbottom, você é um irresponsável fanfarrão! – A pequena Alice gritava pro garoto toda vez que este fazia alguma travessura pra surpreender a amiga. – Ainda há despencar da árvore sabia?
Frank ria.
- Aposto que não consegue fazer também, condessa.
- Seu Roça! Não fui criada feito um bicho do mato, mas consigo fazer tudo o que você faz! E não me chame de condessa, eu não sou uma!
- Condessa!
E a menina subiu.
Fora a primeira vez que Alice comia frutas do pé, tiradas com a própria mão. Foi um momento inesquecível, principalmente para conseguir com que a dondoca descesse depois. Frank viu que a menina confiava nele acima de tudo nesse dia, em que ela dependeu exclusivamente dos braços e da força do menino para voltar ao solo (o que não deu certo, já que ela caiu de cara no chão por cima dele). Ela confiou nele em todos os momentos de sua vida, difíceis, fáceis, inesquecíveis. Era Frank quem estava lá. Isso era tão injusto.
- Isso é tão estranho, antigamente ficávamos sempre juntos. Sabe Alice... Acho que alguma coisa mudou na nossa amizade. – disse Frank com as maçãs do rosto rosas.
- Realmente mudou Frank. – Disse Alice, levantando-se da grama.
- O que mudou?
- Não somos mais crianças.

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