Comentários em Extinto

Nightmare

04/04/2015 às 12:31 • "Não existe mais"
Heey!
O título me chamou atenção. A sinopse me chamou atenção. A capa me chamou atenção e até mesmo as notas da história me chamaram atenção. E, eu não nego, a nota inicial deste capítulo também me chamou atenção. Mas se eu te dizer que o capítulo e as notas finais me chamaram atenção novamente você iria acreditar? Não sei, espero que acredite.
Gosto de títulos diferentes. Talvez pessimistas, depressivos... De algum modo, a palavra "extinto" trouxe-me para cá. Assim como a palavra racismo. Quando você afirmou, logo de cara, que a fic continha racismo, eu franzi a sobrancelha e pensei "Como assim?". Quando você escreveu para mantermos a mente aberta, eu pensei de novo "Como assim?".
Será que ela quer propagar o racismo? Quer que acreditemos nisso?
E foi com uma curiosidade gigantesca para saber sua opinião referente ao assunto que eu comecei a ler. A cada comentário, a cada descrição eu continuei intrigada. Indignada talvez. Permaneci lendo cada fala, cada frase e cada reação. O texto chegou ao fim e era como se eu ainda estivesse lendo-o. As palavras nos prendem, nos chocam.
Todavia, a nota final foi a parte que mais gostei. Gostei, porque vi o seu esforço em combater algo antes incentivado. Eu vi a sua vivência e isso tornou tudo mais impactante. Chamou minha atenção pela sétima, oitava, décima vez. Acho que tudo na sua história traz isso.
Chama atenção pois impressiona, critica. Estabelece um jogo - a qual você mesma viveu - entre os nossos atos e a nossa consciência. Será que sou racista? Então voltamos a ler cada frase e percebemos que em dado momento nós tínhamos sido os autores dela. E isso nos deixa em choque. Como você mesma disse, faz nos sentir horríveis. Incrivelmente hipócritas.
É justamente por isso que resolvi comentar sua história. Diferente do que vemos por aí não é sobre um romance impossível, sobre uma perda irreversível ou ainda sobre um mistério que vai ser solucionado. Sua história é real. Sua história aconteceu. Sua história é a nossa história. Talvez por essas razões ela me chamou tanta atenção.
Você está de parabéns por trazer um problema social em pauta. Parabéns pela iniciativa e parabéns pelas palavras. Parabéns de verdade. Beijos e até Ç:


Resposta do Autor [Fernanda]: Shalom!
Impacto. Eu passei mais tempo procurando uma imagem que me servisse de capa do que escrevendo o texto em si. Foi complicado! Eu não queria passar do que se tratava a história, mas não queria correr o risco de ficar desinteressante. Afinal, muitas pessoas julgam histórias pela capa, infelizmente. E acredito sim, hahaha! Como já cansei de procurar por aqui histórias com ''nomes tristes'' ou diferentes. A maioria das procuras foi um fracasso, mas me surpreendi com algumas com nomes mais simples. Tento não julgar pela capa ou sinopse, mas é quase impossível. Principalmente na sinopse. Ela é como o cartão de visitas! Nada que eu colocava como sinopse se encaixava, então recorri para a etimologia e o significado da palavra. Nada chamativo, mas deu o efeito que eu queria. Que entendam o título. A ironia.
Inicialmente, pensei em deixar em branco. Eu não sabia bem o que fazer. Aviso que tem racismo? Isso se classifica como humor negro (sic)? E a faixa etária?
Bom, resolvi que sim! Eu devia avisar. Apesar de não ser comédia (longe disso) eu devia classificar como humor negro, mas também tragédia. De fato, você não achou um pouco trágica, a história? Ah, e, é claro, a Linguagem imprópria. Bom, impróprio seria palavrões? Eu acho que não. Impróprio é (destrinchando a palavra) inadequado, indecente, mau, sórdido. Eu estaria errada em classificar racismo como impróprio? Acho que não.
Propagar é uma boa palavra. Deus me livre querer fazer isso, mas gostei de escrever sobre isso. Principalmente por ser alto tão pifiamente desvalorizado. Agradeço por ter gostado.
Eu fico realmente feliz por ter gostado do meu desabafo. Eu queria, há muito tempo, encontrar uma forma de falar sobre isso em algum lugar. Só tirar isso da cabeça, sabe. No facebook era arriscado eu ser motivo de chacota, parar em algum print em páginas de humor escrachado, essas coisas. O Nyah! não permite esse tipo de texto como história. Mas eles nada disseram sobre as notas finais, hahahahahhaahaha. Considero o texto um índice. Um... hã, prefácio de meus reais sentimentos. Acho que fica melhor explicado assim.
Eu queria ser mais expressiva para passar o que realmente sinto. Poder xingar, gritar a plenos pulmões verdades que as pessoas não escutam. Ou pior, fingem não escutar. Não acho possível que com tanta informação em nossas mãos (logo nós, viventes dessa geração em que o conhecimento está a um deslizar de tela de um smartphone) as pessoas realmente acreditem que o racismo foi erradicado.
Eu quis provocar choque, consciência. O mínimo de sentimento que inflama ao lerem isso aqui já me traz um pouco de paz. Fico realmente muito feliz que eu tenha conseguido chamar a sua atenção. Muito mesmo!
Não só minha história é real. A de muitos. Muitos que estão por aí, tentando reivindicar seus direitos. Tentando serem reconhecidos como um igual. Tentando recuperar o tempo perdido pela falta de humanidade de certas pessoas (se é que podemos chamá-los assim). Sim, nossa história. Que, por mais triste que seja falar isso, não está nem perto de ter um bom final. Os jornais fazem questão de esfregar isso na nossa cara. Crianças morrendo. Crianças sendo assassinadas. Sendo impedidas de entrar em uma loja por conta de sua tez. Discriminação em faculdade. E não para por aí. Infelizmente, não para.
Agradeço de coração pelo comentário.
Um grande abraço,

Fernanda.



Tamires Svarg

05/04/2015 às 09:58 • "Não existe mais"
Yo!
Difícil ver textos assim por aqui, aliás, difícil ver qualquer texto ou história que passe algo a mais, uma mensagem nas entrelinhas, algo que nutra o cérebro e o coração. O fato é que não queremos ver as verdades que tocam nossos rostos todos os dias. A verdade é que nos achamos no direito de jogar nossas palavras ao vento e na face alheia como quem diz "pega isso e se vira".
Sinceramente? Eu tenho preconceitos por diversas coisas. Certo ou errado, eu os mantenho em minha mente, ninguém precisa saber deles ou ser vítima deles. Pode ser um pensamento pequeno, porém creio que esse gesto amenize um pouco, pois é menos um para meter o dedo na ferida.
Eu sou branca numa família de pardos/negros e ouvi infinitas vezes que deveria "pegar um sol". Anos depois, descobri-me dolorida com isso e questionando o que havia de errado com minha pele. Nasci dessa forma, cresci dessa forma e é como me identifico no espelho. Apenas um tom de pele diferente dos demais...
As pessoas deveriam se colocar no lugar do outro e imaginar o quanto doloroso é ouvir críticas por algo que apenas se é.
Não só o negro, mas o deficiente, o diferente... Para alguns parece ser prazeroso escarnecer destes como se isso injetasse autoestima em suas veias e os fizesse melhores.
Obrigada por compartilhar este pequeno texto que fez minha mente voar e refletir.
Parabéns!


Resposta do Autor [Fernanda]: Mahalo!
Sim, é realmente encontrar textos deste tipo, e foi um dos motivos de eu ter escrito! Eu realmente estava com vontade de ler algo... além do fictício, acho que é essa a expressão. E, hã, depois de procurar bem... não encontrei :( Eu já estava pra postar esse pequeno ''monólogo'' de vários interpretes há muito tempo, mas só agora tive coragem. Enfim!
"O fato é que não queremos ver as verdades que tocam nossos rostos todos os dias." Nossa, é exatamente isso. Eu paro pra observar ao meu redor quando posso (da faculdade pra minha casa é, em tese, uma viagem! Então posso dizer que é sempre nesses momentos em que observo) e me assusto com certas coisas.
Os preconceitos ou pré-conceitos são infortúnios que a sociedades nos impõe, infelizmente. Eu não posso dizer "Ei, eu sou 100% sem preconceitos". Seria uma mentira. Não é porque eu quero ser assim. Eu fui criada assim. "Gente gorda é feia", "Negros não ficam bem usando x cor", "Ser branco é ser bonito". Não estou falando da minha família, claro. Somos uma mistura incrível de raça e credo, sabe. Há pardos, negros, portugueses e índios. Há ateus, cristãos, católicos... Crescendo nessa diversidade não há como eu ter esses tipos de preconceitos que atingem famílias de um ''único tipo''. O que nos enfia na cabeça estes preconceitos é a sociedade, a mídia. Mas de maneira tão manipuladora que não percebemos. Eu levei muito tempo para notar, para começar a questionar. Creio que vou levar mais algum tempo para notar outras coisas. Mas, se você os têm, o melhor que pode fazer é o que já faz. Mantenha-os longe de outras pessoas. Na sua cabeça.
Entendo isso. Minha irmã é um pouco mais clara que você, apesar de não considerá-la branca em todos os aspectos. (Com todos os traços. Pele bem clara mesmo, olhos claros, cabelos lisos e lábios finos.) Ela ficava chateada por não ter a cor mais ''dourada'' que o resto da família. Ficava horas no sol, mas o que conseguia era uma pele vermelha e descascada. Com o tempo, ela entendeu que não havia nada demais em ter a pele diferente. Não ficou sentida com isso.
Sim, mas não se colocar no lugar do outro. Veja bem, TODOS merecem o mesmo tipo de tratamento, o mesmo direito perante a sociedade. Somos, afinal das contas, iguais, não é mesmo? Mas... não era assim para certas pessoas. Os negros, há (teoricamente) 127 anos atrás foram, finalmente, libertos da escravidão. Mas... foram aceitos normalmente entre os ''superiores'' brancos? Não. Ainda eram discriminados por sua cor. Desde o momento em que alguém lhes tirou o direito de humanidade por causa de sua cor, os negros ficaram marcados, magoados. Com sua liberdade podemos dizer que hoje em dia, os negros (não só os negros, mas os índios e os mestiços) tem os mesmo direitos que os brancos? No papel, eu diria que sim. Mas sabemos que não é. Sabemos que vai além de meros documentos. O preconceito racial ainda é muito comum. Principalmente e lamentavelmente no Brasil. Ele só está escondido... Camuflado com outros nomes.
No fim, acho que precisamos de mais amor e compreensão para com o próximo. Seria um grande passo, não acha?
Eu agradeço por ter vindo lê-lo.
Um abraço,

Fernanda.



Sabrina Hoffmann

12/05/2015 às 21:10 • "Não existe mais"
Tive que reler essa história pra poder conseguir escrever algo coerente, até porque sempre ficava sem palavras quando chegava no final.
É incrível como esse pequeno texto já foi e é tão atual. Infelizmente acho que será atual por muitos anos.
São essas atitudes racistas e que vêem das pessoas mais próximas que me matam de raiva. Não é possível que não dê pra ver o sofrimento no rosto da pessoa quando fazem essas piadinhas e comentários – para não citar a violência física – abomináveis! E depois a gente vê o efeito devastador quando as vítimas de racismo acham que a culpa é delas! É um absurdo!
Acho que o primeiro passo é a conscientização, né? Mas vejo um tanto de gente que sabe que isso é errado e o porquê, mas insiste nesse tipo de comportamento. Não sei se agem assim por crueldade, pra não se sentir deslocado no grupo, se acreditam mesmo que é algo banal, etc. Mas pelo menos existem pessoas, como você, que fazem esses tipos de textos. À primeira vista pode não significar muita coisa, mas é muito importante que as pessoas percebam que racismo não é algo banal, é muito mais sério do que dão a devida importância.
Enfim, parabéns pelo ótimo texto!
Beijos ♥


Resposta do Autor [Fernanda]: Cada comentário nessa história é um presente inestimável pra mim. Eu te juro que já postei sabendo que ela não teria uma recepção calorosa. Claro que não estou dizendo que todos aqui são preconceituosos. Acho que o Nyah é usado muito mais para diversão, então um assunto tão sério quanto este deve ser um tipo de estraga-prazeres em meio a tanta história mais legal.
Chega a ser meio aterrorizante, né? Eu fico meio abismada quando estou em locais abertos e ouço (sou um pouco fuxiqueira, admito) alguns comentários tão maldosos como os que citei nesse "conto", na falta de caracterização melhor. As vezes, percebo, é algo inconsciente. E a gente nota que racismo não foi uma ideologia exterminada, mas sim maquiada (e muito mal). Por muitas vezes ou outras podemos ver a cara lavada dessa ideia de superioridade que, por mais infeliz que seja o pensamento, nunca vai se extinguir. Assusta, magoa, chega a faltar o ar pra respirar. Eu fico me perguntando o porquê de imaginarem que uma pessoa é melhor que outra por conta de pigmentação de pele. Logo nós, humanos! Cada um com sua particularidade, imperfeição e diferenças. É até controverso existir uma ideia tão boba. Mas se fosse apenas bobagem eu nem me importaria tanto.
Eu quero muito acreditar que um dia aja essa consciência de que nunca, em nenhum momento vai existir "raça" alguma que seja superior a outra. Um dia em que vamos poder olhar para uma pessoa e nos enxergar, sabe? Apesar das diferenças, somos iguais. Um núcleo só . Mais que isso, eu espero que um dia exista de fato o respeito recíproco que é extremamente decadente hoje em dia.
Se tirarmos uma conclusão final, o que realmente falta é amor, não é? :)
Eu realmente agradeço muito pelo comentário. Agradeço mais ainda pela linda recomendação. Não tem ideia do quanto me deixa feliz. Suas palavras me emocionaram!
Um Super abraço,
Fernanda.


Gislane Brito

13/05/2015 às 21:03 • "Não existe mais"
O que mais gostou no capítulo?

A verdade



Como todo brasileiro sou mestiça... Pra falar a verdade, eu não acredito que existam raças, existe apenas a espécie humana! É... Humanos... Que muitas vezes se parecem com a espécie mais miserável do universo... Tolos, imbecis... Mas, felizmente, existe também aqueles que respeitam a todos, sem exceção! Graças a Deus, somos diferentes... Imagine a monotonia se todos fossem exatamente iguais?! Deus é muito criativo... Ele ama cada indivíduo... Mesmo aqueles racistas retardados! Fazer o quê?!


Resposta do Autor [Fernanda]: Oi, Gislane! Desculpe a enorme demora a responder!
Ah, quem dera acreditar nisso! Eu queria muito, te juro, mas não me deixam. Todos os dias eu sou obrigada a acreditar que isso não existe. Igualdade. Vejo negros morrendo por serem negros, pardos sendo julgados por serem pardos, brancos sendo taxados disso e aquilo por serem brancos, homossexuais, transgêneros, pessoas que seguem certas religiões... É difícil acreditar em um mundo igual quando todos são tão diferentes, não? E mais, é impossível acreditar que aja igualdade quando TODOS a sua volta te impõe que cada um e cada um e há certa superioridade em algumas raças. É difícil. O Brasil vem mostrando uma face que me envergonha a cada dia que passa, Gislane, é terrível. Concordo que seria terrivelmente monótono se fossemos todos iguais, mas imagina que loucura viver no mundo onde fossemos tratados como iguais?
Pois é, e tenho que admitir que esse amor é o que mais me assusta...
Obrigada pelo comentário!
Abraços,

Fernanda.



Lina Gauss

05/06/2015 às 23:57 • "Não existe mais"
Bem, eu vou te contar uma coisa. Eu sou racista. De verdade. Minha família me criou com essa cultura. Desde criança eu aprendi a desvalorizar os negros e sua história. Mas, eu nunca falei nenhuma dessas frases. Porque machucam no fundo da alma, porque não quero ser presa rsrs. Tá, com exceção das cotas. Porém, é um ponto de vista pessoal meu. E eu não saio falando isso pra ninguém. Guardo comigo. É algo polêmico.
Eu sei que apesar de minha cor clara, eu não sou branca. Afinal, o Brasil é mestiço. Até os europeus são mestiços. A mistura de povos que rodou naquele continente durante o começo da Idade Média ou até depois...
Sim, racismo é burrice. Já dizia a música. Contudo, é difícil para eu tirar de minha cabeça tudo o que aprendi com meus pais. Por mais que eu estude... Leia. Me informe. Se a África tivesse dominado o mundo, ao invés da Europa... Os brancos que seriam taxados de inferiores. É uma coisa mais cultural.
Eu não sei se você entendeu tudo o que eu disse. Espero que não fique chateada. Ou me xingue e tals. Admiro as pessoas que lutam por seus direitos. Negros, homossexuais, minorias religiosas. Elas devem fazer isso. Só assim, a sociedade será livre. E eu gostei de sua fic, tanto que vou favoritar daqui a pouco. E tanto que estou deixando esse review. As pessoas deviam escrever mais fics assim, a maioria dos jovens anda muito banalizada com coisas frívolas.
Sucesso para você. Obrigada por essa reflexão.


Resposta do Autor [Fernanda]: Não se preocupe, não vou te xingar ou algo parecido. Eu sei o que você quer dizer. Acho que você apenas usou a palavra errada, ou pelo menos eu assim espero. Pelo que você escreveu, noto que você é uma pessoa com muitos preconceitos. A parte da família, eu entendo um pouco. Minha família, como quase todo o conjunto brasileiro, é um festival de diversidade. Meu avô paterno é húngaro, minha avó, pernambucana; os maternos, vô e vó, são descendentes do vergonhoso passado do brasil, negro e índia. Então, de raça eles nem ousariam discriminar, né? Seria ilógico. Mas, olha que engraçado, tem gente preconceituosa mesmo assim! Eu não sei se eu sou um pouco paranoica com isso, acho que não... Mas eu vejo muitos comentários que, se visto sem o conhecimento certo, são terrivelmente preconceituosos. "Fulano preto e usa tal coisa", "Fulano pintou cabelo dessa cor, ridículo", "Fulano isso e aquilo". Eu já discuti com minha mãe umas mil e uma vezes por conta de cabelos alheios na rua. Ela tem uma cisma de que cabelo bonito = cabelo liso, nariz bonito = nariz fino. Ora, que isso tem de preconceito? É gosto dela, não? Bom, pode ser. Mas não notar que essa estigma que temos com cabelo ''''duro''''' e traços africanos é algo enfiado em nossas cabeças por conta do que aconteceu há tempos lá atrás seria muito tolo, não acha? Por que cabelo crespo é taxado como feio? Porque um nariz mais avantajado é tão vergonhoso? Porque lábios tem que ser sempre finos? Por que, desde sempre, existe essa mania de querer embranquecer tudo e todos? Entende isso? Eu nunca sofri com essas coisas, mas fico me perguntando como é nascer de uma maneira que o mundo te vê como completamente fora do padrão de beleza. Tipo: "Olha, afine o nariz, alise esse cabelo, não use cores chamativas e talvez você fique apresentável". Não é um pensamento infeliz? Por isso me sinto mal quando alguém fala que black power é legal, mas tal fulano devia passar um alisantezinho, ao menos... Enfim.
Racismo é burrice? Racismo é mais uma alienação. Existem pessoas extremistas que posso alegar que são, bem, burras. Aquelas que fazem questão de berrar aos quatro cantos o quanto não gostam de negros, que são engraçadas fazendo piadas sobre isso e aquilo e que toda essa hipocrisia e falso moralismo dos outros é inveja por eles terem a capacidade de mostrar que não sentem vergonha de se expressar verdadeiramente. Isso é meio louco, mas o pior são aqueles racistas que acham que não são, sabe? Que estão sempre despejando asneiras e encobrindo com desculpas como ''nada contra negros, tenho amigos, eles comem na minha casa" Ui. Essa mata.
Sim, isso, sem dúvida aconteceria. Os preconceitos, a fé, a cultura... É tudo uma questão geográfica. Quem conquista tem a chance de contar a história à sua maneira. Mas " E se"? Se fosse assim, Se acontecesse, Se os negros... Bom, esse "Se" não existe, nunca houve um ''se'', essas pessoas nunca tiveram a possibilidade de um ''se'' na história. Não podemos pensar em possibilidades que nunca se concretizarão(m) enquanto há tanta desigualdade no presente, entende? Eu entendi perfeitamente o seu posicionamento, mas espero que acate um pouquinho do meu. Eu nem entrei na questão de cotas porque realmente é algo complicado de se debater e leva... Hm, essa resposta ia ficar meio (muito) longa. Mas pense assim: Em uma corrida em que muitos levaram vantagem saindo antes do disparo de largada e os impossibilitados receberam a chance de receber um atalho para se igualar aos outros. Consegue, pelo menos, ter um pouquinho de simpatia com o caso? Acha que é aceitável, pelo menos em parte? Opiniões são divergentes, mas sempre temos que olhar para o outro argumento para ter um posicionamento mais firme, certo? :)
Receber comentários aqui é bom porque essa é uma história bem incomum, sabe. Me faz entender um pouco o lado oposto e também receber mais conhecimento desse meu lado. O mais legal é que nunca há necessidade de grosseria. Gosto disso.
Muitíssimo obrigada pelo review, desejo o mesmo para você!
Um abraço,

Fernanda.



Wesley Brito

21/06/2015 às 01:11 • "Não existe mais"
Fantástica como de maneira sucinta você resumiu o racismo no Brasil.


Resposta do Autor [Fernanda]: Imagina que louco se no Brasil o racismo acontecesse apenas de maneira sucinta?
Hahahahah, é rir pra não chorar.
Obrigada pelo comentário ♥


Yasmin

24/06/2015 às 22:16 • "Não existe mais"
Quase chorei, sério.
Eu sou negra e já sofri muito preconceito mesmo, sofro até hoje, é claro que agora que já estou com 15 anos e falo oq penso diminuiu, mas antes quando eu era criança sofria muito, por causa do meu cabelo "ruim", ruim nada eu esse ano que fui perceber que nao tenho que ficar alisando meu cabelo para ser o que eu nao sou e graças a Deus assumi mesmo cachos, ruim é a opniao preconceituosa dos outros.
Olha é tao bom quando vejo pessoas que entendem e sabem como é passar por isso varias vezes..
Amei sério mesmo..
Olha eu


Resposta do Autor [Fernanda]: Yasmin, eu fico realmente emocionada que esse texto tenha te tocado.
É complicado pra mim. Não posso dizer que sei como é, apesar de não ser branca. Mas posso simpatizar pelo que vejo. É difícil imaginar o quão terrível é um negro adulto sofrer preconceito. Com criança eu tento nem pensar. Sei que fechar os olhos não ajuda em nada, mas é difícil.
Me deixa muito feliz, de verdade, saber que você deixou de achar que o cabelo crespo é algo ruim. Não se encaixe nesse padrão que a sociedade obriga a seguirmos. O preconceito não vai acabar de uma hora pra outra, mas essas ''pequenas'' atitudes já contribuem para que, pouco a pouco, vençamos essa luta.
Eu realmente agradeço pelo seu comentário. Foi meio complicado, recebi reviews difíceis de responder aqui, mas valeu a pena ter alguém que entenda de verdade o que é passar por isso na pele. Admiro muito você, moça. E não preciso te conhecer mais profundamente para isso.
Notei que o comentário veio ''cortado''. Se quiser me mandar uma MP, sinta-se a vontade.
Novamente, obrigada!
Beijos,

Fernanda.



Leigh Bliss

25/07/2015 às 12:24 • "Não existe mais"
TA BEM. Esse nao eh um comentario lindo e inpirador, eh so um exemplo e um parabens.
Parabens por ter escrito algo tao verdadeiro.
E o Exemplo eh meu. Todos tem algum preconceito, e eu sempre procuro manter a mente aberta, mas eu nao consigo engolir isso. Acho nojento, desculpe se ofendi alguem. Mas meu preconceito eh o Incesto. Mas nao aprovar nao significa odiar. Nao significa que nao eh amor. Talvez ate seja. Mas,que eu posso fazer? eu procuro sempre respeitar os outros por suas personalidades e carater.
QUando minha Madrinha numero 1.000 era pequena, ela trabalhava de faxineira. Isso mesmo que voce leu. E no natal, a sua "patroa" lhe disse algo como "Sai daqui pretinha! Papai Noel nao traz presente pra escurinho nao! NInguem te quer aqui." Que tipo de alma diz uma coisa dessa pra uma crianca, e no NAtal?
Bem, era so isso, eu acho.
-Adios!
(Desculpe por nao ser tao bom, mas eu disse o que queria dizer.)


Resposta do Autor [Fernanda]: Rosemary, muitíssimo obrigada pela recomendação. Suas palavras me tocaram, fico feliz que a história tenha sido mais que uma mera leitura pra você. O tema é delicado, mas que deve ser discutido urgentemente com todos. O Brasil vem se mostrado cada vez mais preconceituoso e racista. Ou talvez apenas tenha ficado mais transparente.
Não se preocupe, não estou aqui pra julgar ninguém. Também tenho meus erros e preconceitos. Respeito acima de tudo. E tolerância!
Isso é triste, não é? E, infelizmente, não é algo incomum!
Muito obrigada pelo comentário, pela recomendação, por tudo!
Um beijo,

Fernanda.



Brey

29/07/2015 às 22:49 • "Não existe mais"
Olá,
O título e principalmente a sinopse me chamaram a atenção - não porque tive a impressão de que era algo mais dark, mas porque tinha a palavra racismo nela. Após a minha típica infância racista, eu, aos 12 anos (o que não foi há muito tempo, pode acreditar), graças ao meu cabelo cacheado fiz sobre ele no google (como cuidar e talz), e eu acabei chegando ao cabelo crespo. E o cabelo crespo me levou aos negros que me levaram inúmeras pesquisas que mudaram todo o meu conceito de racismo. Enfim, acho que desde então qualquer coisa que tem essa palavra me chama a atenção.
Eu amei a fic. O capítulo está perfeito. Eu parei pra pensar ao pouco após ler e chegou a ser assustador que eu ouvi todas as frases sendo ditas por pessoas na rua, pessoas que conheço, professores e até amigos meus. Porra, parece que você, autora, praticamente pegou um resumão de todas as desgraças racistas que as pessoas sempre falam como se fosse uma coisa normal. Parabéns. Deu vontade de mostrar essa fic a inúmeras pessoas racistas que conheço (minha mãe, por exemplo), mas tive que me segurar. Provavelmente quando discutir alguém por racismo mostrarei essa fic.
Aliás, eu não sei se gostei mais da fic (capítulo) ou das notas finais. Ás vezes chega a ser meio frustrante (e irritante pra caralho) como essas coisas acontecem com pessoas negras como se fosse algo "comum". E eles não tem escolha nenhuma que não seja simplesmente agir como se fosse normal mesmo.
Eu não sou negra. Na minha certidão de nascimento diz que eu sou branca (por mais que obviamente eu seja parda, e que as pessoas praticamente se dividam em grupos que dizem que eu sou morena clara e uma minoria que me acha branca), mas já sofri umas poucas vezes com isso por causa do meu cabelo ou até a cor do meu lábio superior. É sério, uma garota parda da escola cismou com o meu lábio superior porque é mais escuro que o inferior e isso faz a minha boca ser de "preto". E uma vez um velho bêbado parecido com um hippie gritou na rua algo tipo "OLHA ESSE CABELÃO RUIM". Detalhe: eu estava com a mesma colega que cismou com a cor do meu lábio superior e outra negra. Elas riram. A voz do cara me fez rir, mas o que ele disse foi bem assustador.
Também poderia contar inúmeros incidentes como esse (a vez que fui na dermatologista e a desgraçada me mandou alisar o cabelo e de reflexo respondi para ela retocar a progressiva barata porque a raiz estava crespa), ou o dia que uma garota da escola falou que eu tinha sorte de não ter cabelo crespo. Meu nariz é bem fino, o que também já fez a minha mãe dizer que esse o sinal mais claro de que eu sou branca e fez algumas pessoas negras/pardas da escola me invejarem, mas são outras histórias.
ENFIM, depois de um longo review só digo isso: eu amei essa fic. Me fez pensar nas vezes que falei algumas coisas citadas aqui quando era criança e provavelmente me fez perguntar se eu ainda sou racista. Amei a reflexão e a escrita. Eu vou mostrar pra alguns racistas de plantão.
Grey.


Resposta do Autor [Fernanda]: Olá, Grey!
Fico imensamente feliz por essa palavra ainda ter peso para algumas pessoas. O racismo é tão disseminado que quase não se espantam mais quando se fala dele.
Eu resolvi fazer essa fic e me perguntei "Não é possível que alguém não tenha pensado nisso ainda", porque, se formos olhar, é algo naturalíssimo. Cada frase, sabe. Não tem nenhuma que eu não tenha ouvido. E isso em rodas de colegas de faculdade, amigos da família, pessoas chegadas, nem preciso ir muito longe pra encontrar que as diga como quem comenta sobre o clima. Fico de queixo caído porque só fui notar isso depois de muito tempo. Enquanto você está de olhos fechados, nada do que escrevi parece ser racismo. E quando parece, a pessoa que disse tal frase se apressa em dizer que não é nada disso, que foi só um comentário e (Meu deus, essa é a pior) que tem muitos amigos negros.
Inicialmente eu quis transformar esse... acontecimento como uma história, mas pensei que seria muito mais interessante terminar essa oneshot com uma ''moral'', se é que podemos chamar assim. Eu nem gosto muito de me lembrar, porque foi um dia muito frustrante pra mim (Nem quero imaginar para minha amiga), mas realmente me fez enxergar que o racismo existe e está longe de ser extinto.
Ah, eu não entendo muito dessa coisa de definição de cor ainda. Eu sou parda por não ser totalmente branca, então alguns me classificam como negra, mesmo minha pele sendo clara. Outros me dizem que eu não devo me intitular negra por não sofrer nada que um negro sofre. Eu realmente me sinto confusa, então quando me perguntam qual é a minha cor, eu digo "A maioria dos brasileiros, uma mistura". Ah, ainda tem essas, né? Eu não, mas minha irmã herdou o nariz do meu avô que é negro. Acontece que ela é bem mais clara que eu, diria branca se não fosse pelos traços e cabelos crespos. As pessoas dizem que ela é feia por ter traços ''agressivos demais'' para o tom de pele. Mas, ah, isso não é racismo, né? É só uma opinião :T
Quando ouvimos ou sentimos o racismo na pele, a reação inicial é sempre essa. Rir pra aliviar a tensão, ou contra-atacar quando é algo ofensivo demais pra deixar passar. A sensação momentânea de vingança passa depois e deixa um amargo na boca. Não sei se é só comigo que acontece, mas eu fico pra morrer.
Eu fico satisfeita por essa fic ter tido uma boa quantidade de comentários e cada um me deu uma pequena história e, o que mais apreço, uma esperança de que um dia isso tudo pode mudar. Um dia, quem sabe, as pessoas percebam o que é liberdade de expressão e o que é preconceito.
Obrigada pelo comentário!
Beijos,

Fernanda.



Lady Nym

05/11/2015 às 23:15 • "Não existe mais"
Seria cômico se não fosse trágico, sou negra e já por muitas dessas frases e ainda tenho que aguentar gente dizendo que n existe mais racismo :/ adorei o texto, pequeno de tamanho, mas imenso em conteúdo.



Resposta do Autor [Virginia Storm]: O mais cômico disso tudo é ter que encaixar essa história em "Humor negro"
Não aguente! Desfaça amizade, relacionamento, saia de perto de gente assim, flor. Pessoas assim não merecem sequer um pingo de tolerância.
Muito obrigada por ter lido!
Beijos,
Storm