Desafiando a Gravidade escrita por LinaFurtado


Capítulo 7
Odeio hospitais


Notas iniciais do capítulo

Adiantando perguntas futuras: SIM! EU AMO SANGUE! Hahahaha (risada maléfica) Amo tudo que tem sangue, acidente, morte... hahaha ;P Vão entender nesse capítulo e é bem provável que já até saibam... Sim, tem sangue nesse capítulo, mas não tem vampiros (:[)



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Capítulo 7. Odeio hospitais.

Edward's POV

-Isso... Não é coisa que amigos façam. Estou errada? – Bella perguntou logo que se afastou de mim, depois do nosso último beijo. Grunhi depois disso.

-Não. – disse normalmente.

Virou-se para mim, me olhando com um misto de raiva, incredulidade e confusão, com os lábios vermelhos e convidativos, mas me contive. Afinal, ela poderia beijar muito bem, mas se assim fizesse acabaria com todas as chances de ela ser minha amiga e nunca mais falar comigo novamente.

-Então... Por quê...? – Estava confusa, porém logo franziu o cenho e ficou muito vermelha. – Edward, como define o que somos?

-Amigos. – disse simplesmente.

-Amigos que se beijam? Pelos céus, Edward! Pode achar que eu sou burra, mas eu tenho uma novidade para você, eu não sou! E eu sei que amigos não se tratam assim! – Respirou fundo e eu a olhei com diversão e, realmente estava. – Não ria... – murmurou abaixando a cabeça.

Ela queria uma definição sobre o que éramos, mas eu não sabia, pois ela não gostava de mim e eu igualmente a ela, já que eu ficava em sua cola por causa de minha mãe. Briguei internamente em como fui deixar que isso acontecesse mais de uma vez. Para falar a verdade para mim mesmo, ela mexia comigo, mas odiava admitir isso, muito menos em voz alta.

-Tudo bem, você quer uma melhor definição. – Olhou-me curiosa e eu pensei sobre o que falar. – Digamos que somos amigos ficantes.

Não compreendi sobre suas feições e ela se virou para o outro lado, puxou a mochila e se levantou rápido para ir embora.

-Bella! – Me levantei e fui atrás dela. A garçonete apareceu na minha frente do simples nada com um sorriso. Nesse meio tempo Bella saiu porta a fora, como um furacão.

-Vi que a sua acompanhante já foi... – Iniciou e eu só conseguia seguir Bella com os olhos até onde dava. Argh! – Então, se quiser eu lhe faço companhia.

-Hum? Não, obrigado. – Eu estava morrendo de raiva de mim mesmo por ter falado uma coisa tão idiota e essa mulher ainda vinha trás de mim para me perguntar se eu queria companhia? Mas ao menos eu me recusava a perder a minha "cavalheirisse". Peguei logo a minha carteira no bolso da minha calça e dei algumas notas de dinheiro a ela sem me importar com troco. – Isso deve bastar para pagar a conta. – Voltei correndo à mesa e peguei minha mochila antes de correr atrás de Bella.

Olhei para os dois lados e nada dela. Saí em passos rápidos em direção ao meu carro, seria mais rápido achá-la com ele. Pulei para dentro e leguei andando pelo centro olhando para ver se a achava. Nada.

Bella's POV

Aturar Edward... Pensava que isso podia ter se mostrar impossível e, eu mudei de idéia por alguns momentos, mas depois daquilo foi a gota d'água. Quem ele pensava que era para me usar só para beijar? Essa era a coisa mais ridícula que se pode fazer hoje em dia! Como ir para uma festa e beijar sem compromisso. Alice mesmo já me disse que já havia feito isso antes de encontrar Jasper, por quem agora ela morre de amores e ela sempre defende de que essa é a melhor maneira sem se prender a alguém.

Saí a passos largos pela rua, sempre de cabeça baixa e sem me importar em esbarrar nas pessoas ou o caminho que estava pegando. Estava tão irritada que só queria sair dali o mais rápido possível e fiquei contente que Edward não estivesse vindo atrás de mim, se não me responsabilizaria pelos os meus atos.

Fui entrando nas ruas sem realmente ver para onde ia. Decidi que não importava.

-Hey, gatinha! – Ao passar na frente de uma rua, fui puxada para ela através do meu braço e rodei até parar de frente para um homem que era o dobro do meu tamanho. Foi tudo muito rápido e quando notei o que estava acontecendo, ele havia inspirado o ar antes de me beijar na boca.

Usei toda a minha força para me livrar de seu beijo forçado e de seus braços, mas era em vão. Segurava os meus braços com suas mãos enormes que chegavam a rodear eles. Fiquei desviando o rosto e ele me acompanhava. Eu me debatia feito louca para tentar me libertar. Estava me machucando, tinha mordido o meu lábio inferior e suas mãos deixavam marcas em mim. Bati com força nele, mas de nada adiantava. Queria gritar por ajuda, porém o homem matinha a minha boca ocupada.

Ele soltou meus braços rapidamente e me segurou pelo o casaco. Tropecei para trás com o mínimo de espaço que consegui me separar e ele arrancou o meu casaco, jogando-o longe. Nesse meio tempo ele me soltou e eu aproveitei para correr, porém não deu certo. Ele me puxou com tudo para trás pela gola da minha blusa, fazendo ir ao encontro do chão e batendo a cabeça contra o cimento. Senti uma dor latejante no local, mas não tive tempo em me lembrar dela. O homem pulou sobre mim e me prendeu entre suas pernas.

-Me solta! – Gritei me debatendo inutilmente. Ele saltou e tampou a minha boca com a mão, enquanto a outra ia para a minha blusa, tentando levantá-la, mas eu o atrapalhava. Comecei a pensar no que fazer em um tipo de situação como essa; de estupro. Porque era lógico que se eu não conseguisse sair dali ele iria me estuprar. Já vi em jornais que o prazer de um estuprador é a mulher que faz de tudo para não permitir, mas se mostrar-se estar pouco ligando, ele desistiria.

Bem, eu não tinha tempo para ver se isso funcionava e muito menos cabeça para permitir.

Também comecei a pensar em como era burra, idiota por ter saído daquele café sem Edward. Ainda vou me ferrar muito por causa do meu orgulho imenso, como ele mesmo diz.

O homem soltou a minha boca para poder pegar os meus dois braços que tanto o atrapalhavam e prendeu, igualmente a minha cintura, entre suas pernas.

-Socorro! – Gritei com toda a voz que me restava.

Quando eu imaginava que não podia ficar pior, o homem após erguer a minha blusa até o meu pescoço, levou uma mão para detrás das costas, voltando ela com uma faca pontuda e suja de terra ou sei lá do quê. Eu me debatia com toda a minha força, mas quando vi o que ele puxou parei, olhando – sem tirar os olhos – do objeto brilhante e sujo.

Notei que o rosto do homem estava coberto por uma máscara de Halloween de um monstro com o rosto cortado e com tinta de sangue escorrendo.

-Vamos brincar de médico. – disse ele. – Não vá gritar, gatinha, e nem espernear, porque se não eu posso errar. – disse divertindo-se. Voltou a tapar a minha boca.

Ele veio aproximando a faca do meu abdômen e eu fiquei com muito medo. Meus olhos se enchiam de lágrimas, deixando a minha visão embaçada e sem foco. Comecei a me debater mais forte e gritar por entre a sua mão, saindo abafado e parecendo um gemido.

-Shiu, gatinha. Vai ser rápido. – disse a última parte ao se debruçar sobre mim e sussurrar em meu ouvido.

Eu chorava desesperadamente, torcendo para me livrar daquilo. Não!, eu gritava em pensamento. Chega, por favor!

Libertei um dos meus braços e voltei a tentar afastá-lo de mim. Ele soltou a minha boca e segurou o meu braço com a mão agora livre.

-Argh! – Gritei de dor ao sentir ele ao me cortar na barriga. Agora eu sentia o líquido quente escorrer ao longo da minha barriga. Não conseguia mais gritar, a dor era tanta que eu só conseguia me concentrar em ficar acordada.

Acordada tempo o suficiente para ver o meu salvador. Quem diria que seria Edward...?

Edward deu um chute na mão que segurava a faca, fazendo-a escorregar para longe e outro no rosto do homem, o mesmo caiu para o lado, batendo a cabeça no chão, com um som perfeitamente audível. Edward correu até mim depois disso e me ajudou a me levantar rápido.

-Vamos, Bella! Temos que sair daqui! – Passou um dos meus braços por cima de seu ombro, sustentando-me, enquanto eu forçava minhas pernas a se mexerem.

-Es... Está doendo... Muito. – murmurei com mistura de dor e frio.

-Eu sei, mas temos que correr se quisermos nos livrar dessa. – Foi quase me arrastando para fora da rua. Vi seu carro ainda ligado e com a porta do motorista aberta. Edward abriu a porta traseira. – Entre, Bella, entre.

Me joguei para dentro do carro, colocando a mão e cima do corte e tentando controlar a dor. Edward rodeou o carro e entrou, cantando pneu ao dar a partida. Ouvi uma batida forte na janela da porta traseira antes de partirmos.

Engoli seco, sentindo o sangue escorrer entre os meus dedos, enquanto Edward pisava fundo no acelerador. O via olhar pelo espelho retrovisor o tempo todo para ver se eu estava acordada, ainda. Ao menos ao tentava permanecer assim. Precisava ocupar a minha cabeça e me esquecer do corte.

-O... – Senti uma pontada de dor e ainda assim me obriguei a continuar. - Onde estamos indo?

-Hospital, lógico. – disse automático.

-N... Não, por favor... Odeio hos... Hospitais.

-Não é hora de saber se você gosta ou não de hospitais, Bella. A sua situação é urgente, está sangrando e muito! – Havia pânico em sua voz e senti o carro fazendo muitos desvios, ele estava desviando dos carros que via na frente em uma velocidade absurda.

Tentei me sentar para ver janela afora, mas não consegui, apertava o machucado se assim fizesse. Recostei minha cabeça no banco de couro e fechei os olhos me concentrando em minha respiração. Arfei abrindo eles, ao sentir a dor mais forte.

-Edward... – Chamei-o sem forças.

-Diga, Bella. Não fique calada um momento! – Ordenou. – Agora fale!

-Eu... Acho que... – Respirei fundo. – Eu não deveria ter saído de lá... Sem você...

-Espero que tenha aprendido. – Ele fez uma curva e mais líquido escorreu, chegando ao banco. Com a outra mão, ajeitei melhor a minha blusa, colocando-a por de cima do corte e deixando uma mão sobre os dois. – Estamos chegando, agüenta um pouco aí, por favor.

Senti o carro parar e Edward sair feito um furacão e dando a volta no carro para chegar até mim. Abriu a porta e me ajudou a sair, com muito cuidado e, mesmo assim, senti uma dor aguda.

-Ai! – Me contorci de dor, forçando-o a parar de andar.

-Vamos, Bella. Temos que entrar, eu te ajudo... – Olhou para os lados ao entrarmos no hospital. - Ajuda! A garota fui atacada com uma faca! – Gritou.

Logo apareceram médicos e enfermeiros, um veio com uma maca e me colocou em cima.

Não dava mais. Não agüentava mais me manter acordada, a dor me puxava para dentro da inconsciência aos poucos e, por mais que eu tentava andar contra ela, não conseguia mais. Meus olhos foram se fechando, apenas escutando e vendo as luzes do corredor passarem rápidas diante deles.

-Bella! Fiquei acordada! Fique acordada, por favor! – Escutava a voz de Edward perto e sentia sua mão sobre a minha que ainda estava sobre o corte.

Meus olhos... Estavam em frestas... Quando somente consegui ver a cor preta e me entregar à escuridão sem dor.

(N/A: Ia parar aqui para dar aquele suspense, mas estava pequeno demais, por isso deixei :] Sou boazinha demais!)

Estava acostumada, de algum modo, acabar ir parando em hospitais, mesmo odiando eles com todas as minhas forças. Com o azar que eu tinha tudo era possível e o resultado final era sempre o hospital.

Mantinha os meus olhos fechados ainda, apenas sentindo o meu corpo. No lado esquerdo na parte inferior da minha barriga, era onde mais doía. Não doía tanto quanto eu me lembrava, mas era bem menor, um dolorido irritante. Estava deitada em uma cama reclinada, com um lençol sobre mim, até a altura abaixo do peito. Escutava o barulho da máquina de freqüência cardíaca e do arrastar de uma cadeira no chão, levemente.

Estava com dor de cabeça, com a impressão que ela explodiria a qualquer momento.

Resolvi abrir meus olhos, pestanejando para poder acostumá-los com a claridade envolvente. Estava em um quarto de hospital, exatamente como eu previra. Nunca estive em um dos quartos desse hospital antes, essa era nova. Era todo branco com uma faixa verde clara atravessando o meio das paredes, em uma deles havia um pequeno sofá bege e uma mesinha de cabeceira ao lado.

-Você tem que parar de sempre acabar ou em enfermaria de colégio ou em hospitais. – murmurou Edward.

Ele estava sentado ao lado da cama, apoiando a cabeça sobre os braços que estavam em cima da grade de segurança. Parecia cansado.

-Queria que fosse fácil. – respondi.

-E é, só não pode se meter em confusão, conhecendo a si mesma...

-Humm

Fiquei olhando para a porta que era de frente para a cama, e ainda assim sentia os olhos dele sobre mim, apenas me analisando. Não iria falar nada, não queria. Eu tinha feito besteira, uma besteira tão grande que quase me custou à vida. Tinha vergonha de mim mesma por isso.

-Bella, por favor, me desculpe... – Olhei-o a tempo de vê-lo abaixar a cabeça. – A idiotice que fiz foi... Imperdoável. Não vou mais me per...

-Pare. – Ordenei e ele ergueu o olhar para mim novamente. Fiquei surpresa em ver nele que falava sério, estava realmente e sentindo mal pelo o que me aconteceu. – Se tem alguém que tem que se desculpar aqui, é eu. – Ia me interromper. – Me... Desculpe por ter saído daquele jeito, me desculpe por ter te preocupado...

-Preocupado foi pouco.

-... por ter que arriscar para me salvar, por quase o cara ter te matado e... – Olhei-o diretamente a fim de que ele visse a sinceridade em meus olhos. – Obrigada. De novo.

Sacudiu a cabeça.

-O cara não quase me matou, Bella. Quem quase me matou foi você com o tamanho do susto que me deu. – Fiquei confusa. Ele umedeceu os lábios, desviando os olhos de mim por um momento e segurou a minha mão, apertando-a levemente. – Nunca mais faça isso de novo comigo, por favor.

Respirou fundo antes de prosseguir.

-Só eu sei o quanto eu estava apreensivo por não te encontrar em lugar nenhum, por ter escutado o seu grito, o seu socorro... – Seu rosto se contorceu de dor.

-Mas não precisava se arriscar por mim. – murmurei, observando suas reações. Ele deu um sorriso triste.

-Não entendi o que eu pretendia fazer, mas quando me vi, já estava chutando o rosto do cara e te ajudando a se levantar... De uma coisa em sei, - Seus olhos verdes estavam me prendendo a eles com uma intensidade enorme que chegou a me surpreender. – Precisava sim te ajudar, te salvar, porque o que ele te fez... Já foi horrível e desumano.

-Faria isso por qualquer um. – Tentei desconversar.

-Não, Bella. – Sorriu torto. – Pior que não. – Ergue a minha mão junto com a dele e começou a analisá-las com confusão. – Fiquei com medo. – Admitiu com vergonha. – Medo de que tivesse acontecido algo de ruim a você, por minha culpa...

-Já disse que não foi sua culpa.

-De certo modo foi. Você ficou irritada com uma coisa que eu disse. Uma idiotice minha.

-Isso foi mesmo. – Tentei divertir, ele sorriu, mas não chegou aos seus olhos.

-De qualquer modo eu sei que é imperdoável, mas quero que saiba que eu realmente sinto muito que agora esteja deitada em uma cama de hospital por minha causa.

-É... Que eu esteja salva por causa de você.

-Não precisaria te salvar se eu...

-Edward, cale a boca. – Ordenei e ele assim fez. – Me diga, o que aconteceu depois que me trouxe para cá?

-Eles foram ver se o corte era muito profundo ao ponto de ter furado um dos seus órgãos, mas não foi. Fo profundo, mas não a esse ponto. Limparam e deram ponto. Dez, na verdade.

-Dez? – Assentiu. – Nossa, esse é um novo recorde para mim... – Pensei alto. Olhei-o, continuava sério. – Você... Viu tudo?

-Vi. Não deixei me permitir ficar muito longe de você. – disse simplesmente.

-Po-Por quê? – Gaguejei.

Sorriu torto.

-Porque eu me preocupo com você. – Abaixei minha cabeça, mordendo o lábio e sentindo o meu rosto queimar.

Bateram na porta e entrou uma mulher loira e gordinha. Reconheci como enfermeira devido a sua roupa. Ela sorriu a mim, enquanto Edward se afastava.

-Vejo que acordou, senhorita Swan. – Chegou perto da cama e tirou o lençol sobre mim, erguendo a minha blusa com sangue seco sobre o corte. Analisou-o. Estava com iodo por cima dos pontos. Era relativamente grande. – Está tudo certinho. Está liberada para ir.

-Obrigada. – disse quando ela abaixou a minha blusa e me ajudou a sair da cama, abaixando a grade de proteção da cama.

-Terá que vir aqui novamente para tirar os pontos. Daqui duas semanas, ou menos, se for rápido.

Fiz uma careta involuntária.

-Ela virá. – disse Edward, recostado a parede.

A enfermeira acreditou nele e se despediu de nós no corredor, antes de se virar para o outro lado e seguir. Edward se virou para mim e me estendeu a mão.

-Quer ajuda para andar?

-Não precisa, obrigada. – Dei um passo sentindo uma dor. Fiz uma careta, mas nada disse.

-Deixa disso, Bella. – Revirou os olhos.

Pegou o meu braço e passou por cima de seus ombros, antes de me puxar para si, segurando minha cintura. Começamos a caminhar em direção à saída em silêncio, vendo algumas pessoas passarem por nós, nos olhar e sorrir.

-Não contou aos meus pais onde estava, não é mesmo? – Implorava internamente que não. Esme ficaria louca se descobrisse.

-Não, mas você irá.

-Não vou não. – disse birrenta.

-Você tem. – Parou de andar para me olhar com reprovação.

-Não preciso, só causaria problemas. Esme ficaria louca... Não. – disse firme.

Ele bufou.

-Está certo. Mas só por causa de sua mãe. – disse resignado. – Agora são seis e meia da tarde, ainda dá tempo de passarmos na minha casa antes de te deixar na sua.

-Por quê?

-Vai trocar essa blusa. – Apontou para ela, indicando a mancha de sangue seco.

Ri.

-Esperto, mas ai, quem terá um problema será a tua mãe.

-Ela agüenta. – Sorriu e me ajudou a entrar no banco da frente do carro.

Olhei para trás e vi o banco de couro com algumas pequenas poças de se sentou no banco do motorista e se debruçou sobre mim, puxando o cinto e me prendendo. Fez o mesmo consigo.

Mordi o lábio.

-Desculpe pelo banco.

-Está tudo bem, depois eu limpo. É couro mesmo. – Deu partida e saiu do estacionamento do hospital.

O silêncio reinou entre nós. Não sabíamos o que falar e fazer, a não ser olhar a pista.

-Está doendo muito? – perguntou ele, olhando rápido para o corte sob a blusa e voltar a atenção à pista.

Olhei para o mesmo.

-Não muito. É suportável.

Entramos na rua da casa de Edward. Já estávamos chegando quando escutei o celular de Edward tocar. Ele tocava no bolso da frente de sua calça. Soltou uma mão do volante e tentou pegar, mas estava todo enrolado em dirigir e em pegá-lo ao mesmo tempo.

-Deixe comigo. – Bati em sua mão e fui pegar seu celular. Peguei-o depois de um esforço e entreguei-lhe já ativando.

-Estamos na porta, mãe. – Revirou os olhos. – Tchau. – Tirou do ouvido e desligou, me entregando para segurar.

Edward parou diante da garagem e acionou o portão eletrônico. Estacionou e saímos. Saí sozinha com um pouco de dificuldade e Edward logo deu a volta para me ajudar. Agradeci com um sorriso fraco, sabendo que sua mãe já estava na porta da garagem.

-Oi, mãe. – disse ele, enquanto ajudava a me apoiar.

-A mãe de Bella ligou para cá depois que não conseguir falar no celular dela e nem no seu. Ela está super preocupada.

-Oi, senhora Cullen. – Cumprimentei-a. Ela me sorriu que logo sumiu ao ver a cor da minha blusa e eu me apoiando em seu filho.

-Ó meu Deus! O que aconteceu? – Correu até nós a fim de me ajudar também.

-Está tudo bem agora. Bella foi cortada por um maluco, mas eu a levei ao hospital e deram pontos. Está tudo bem. – Repetiu ao ver que sua mãe estava pouco ligando para o que ele falava, só queria ver o tinha ali.

-Ave Maria! Por que Bella foi esfaqueada? – Falavam como se eu não estivesse ali. Como ocorria de vez toda a vez que ia lá.

Me levaram até a sala e me ajudaram a me sentar no sofá. Os dois permaneceram de pé, discutindo o que tinha acontecido comigo.

-Ela não foi esfaqueada... – Edward tentou falar.

-Foi quase! Céus! – Levou as mãos à boca. – Explique. – Ordenou à Edward.

-Também não sei o que aconteceu, só sei que quando cheguei a onde ela estava, havia um homem sobre ela e com uma faca na mão. E Bella já sangrava.

-ONDE VOCÊ ESTAVA NESSA HORA, EDWARD ANTHONY CULLEN? – Gritou Elizabeth.

-Indo atrás dela! Ela tinha saído de perto de mim!

-Ela podia ter morrido!

-EU SEI! – Vez dele de gritar. Fez uma cara de dor e se sentou ao meu lado, passando as mãos com força no rosto, de novo se sentindo culpado. – Eu sei! – disse mais baixo.

Não pude deixar de ficar triste ao ver sua tristeza e culpa em seus olhos. Ele estava ao ponto de ter um ataque e Elizabeth não o estava ajudando. Ergui minha mão até a sua que estava em seu rosto e a puxei para mim, apertando-a gentilmente. Ele me olhou ainda triste.

-Não é sua culpa. – disse-lhe.

-Bella, querida, o que te aconteceu? – Elizabeth se agachou na minha frente e me analisou com os mesmos belos olhos, também verdes.

-Como Edward disse, eu saí de perto dele por um tempo e acabei sendo abordada por um homem com máscara de Halloween que tentava me beijar e arrancar a minha roupa. – Os dois fizeram uma careta de desgosto, Edward colocou a outra mão sobre as nossas, afagando. – Achei que ele iria me estuprar, mas ele tirou uma faca e ia fazer alguma coisa comigo, acho que uma marca... Chegou a me cortar, mas Edward apareceu – Olhei-o em agradecimento e ele o sustentou. – E me salvou.

Elizabeth se ergueu e se sentou na poltrona perto do sofá, parecia estar pensando.

-Seus pais sabem disso? Seu pai a viu? – perguntou ela.

-Não, estávamos em outro hospital e, por favor, não conte a eles.

-Por quê?

-Porque ficariam histéricos.

-Mas é com razão.

-Não quero preocupá-los. Por favor.

Elizabeth bufou.

-Tudo bem. – disse ela.

-Mãe, será que a senhora tem uma blusa verde como a de Bella? É para ela não aparecer com essa toda suja de sangue.

-Acho que tenho. – disse se levantando e subindo as escadas.

A segui com o olhar e voltei a olhar Edward quando ele puxou minha mão e a beijou. Fiquei sem entender. Ele apenas sorriu e não a soltou ao recostar a cabeça no encosto do sofá, fechando os olhos e respirando fundo. Fiquei observando-o até sua mãe descer sorrindo à mim e me estendendo uma blusa da mesma cor que a minha, só que sem manga.

-Essa deve servir, é a menor que eu tenho. – Piscou para mim.

-Obrigada. – Agradeci envergonhada.

-Venha. Vou te ajudar. – Soltei minha mão da de Edward, que permanecia com os olhos fechados e Elizabeth me ajudou a me levantar. – Se troque no meu escritório.

Me encaminhou até ele e fechou a porta antes de tirar a minha blusa. Estava com frio. Ajudou-me a colocar a blusa e me estendeu um casaco preto com capuz.

-Para você não ficar com frio. – Explicou e colocou-o em mim. Abriu a porta e me ajudou a siar e voltar à sala.

Edward estava de pé, com as chaves do carro na mão.

-Vamos? – Estendeu-me a mão.

-Vamos. – Peguei-a e me sustentou ao voltarmos para a garagem.

-Obrigada, senhora Cullen. – Agradeci a ela, que apenas sorriu e assentiu.

Entramos no carro e partimos em direção a minha casa. Esme deveria estar louca atrás de mim e provavelmente me faria dez milhões de perguntas que eu não saberia responder.

Suspirei.

-E então, qual é o plano? – perguntou Edward sem tirar os olhos da estrada.

-Na verdade, não tenho um plano. – Bufei. – Ainda. Que tal uma ajuda? – Olhei-o sugestivamente.

-Pensei que como você não queria que contássemos você já tinha um plano. – Sorriu torto. – Não sei como posso te ajudar.

-Acho que vou dizer que fui assaltada.

-E como explica não conseguir andar com muita firmeza e sentir dor?

-Caí. Acontece quando eu corro, então, não ficarão surpresos. Finjo um tornozelo torcido.

-Pensou em tudo, não é?

Sorri.

-Na verdade, veio tudo agora à mente. – disse-lhe.

-Humm. Quer que eu te ajude até ir ao seu quarto? – Olhou-me rapidamente.

-Acho que não seria uma boa idéia... – Não sabia como Esme iria reagir a minha desculpa do assalto e não queria que Edward visse o show de preocupação que ela faria.

-Por quê? Sua mãe brigaria por eu te ajudar a subir as escadas? – perguntou divertido.

-Não é isso... Certo. Tudo bem. Mas lembrasse, fui assaltada enquanto te esperava do lado de fora da lanchonete.

-Tudo bem. E como explica que torceu o tornozelo?

-O cara me abordou e eu caí para trás, torcendo o tornozelo.

Riu.

-Certo. – Parou diante da minha casa e deu a volta no carro para me ajudar a sair. Não demorou muito para Esme sair de casa assim que nos viu. Alice acabou vindo junto. – Boa sorte. – disse-me antes de elas se aproximarem.

-Bella! – Esme ia me abraçar e eu já podia sentir a dor disso, mas Edward entrou na frente.

-Senhora Brandon, Bella torceu o tornozelo. – disse à ela, desculpando-se pelo ato.

-Por quê? Bella! Você me deixou mega preocupada. Onde estava? – Esme cruzou os braços e franziu o cenho.

-Mãe, eu fui assaltada. – Fui direto ao ponto.

Esme levou a mão à boca, sobressaltada.

-Como foi isso? – Alice perguntou.

Contei toda a história as duas enquanto entrávamos e Edward me auxiliava a andar. Tive que levantar um pouco a perna para fingir tornozelo torcido. Ficaram pasmas e Esme me contou que estava quase mandando polícia atrás de nós dois.

Edward pediu para poder me deixar no quarto e Esme assentiu agradecida. Alice se mantinha atrás da mãe sorrindo para mim. Subi as escadas com dificuldade, doía a cada degrau que íamos subindo, porém o que facilitou foi Edward estar me ajudava.

-Vou fazer alguma coisa para você comer. – disse Esme ao se virar e ir para a cozinha.

-Eu te ajudo! – Alice se virou rápido e foi atrás da mãe.

-Está doendo? – perguntou enquanto ainda subíamos.

-Um pouco. – Admiti.

Ele parou de subir e passou um braço por debaixo das minhas pernas, me erguendo gentilmente, terminando de subir o que restava e ir para o meu quarto, colocando-me sentada na cama.

-Não precisava fazer isso... – Corei fortemente.

Ele sorriu.

-Mas foi bem melhor do que você sentir dor. – Rebateu.

-Edward, não precisa fazer isso.

-Isso o quê? – Ergueu a sobrancelha.

-Sei que se sente culpado pelo o que me aconteceu, mas não precisa ficar tomando conta de mim.

-Não estou fazendo isso por que me sinto culpado. – disse simplesmente. – Faço porque quero o seu bem, o seu bem-estar e a sua melhora.

Arregalei os olhos e ele sorriu abertamente.

-Surpresa? – Divertia-se.

-Um pouco. – Admiti de novo. – Edward Cullen que me odeia se preocupando comigo, essa é nova.

-Eu não te odeio. Nunca disse isso. – Estreitou os olhos.

-Também não disse o contrário. – Minha vez de rebater.

-Não preciso dizer. Pensei que o que tinha acontecido no café provava isso, além do quê, sempre fui eu quem estava atrás de você.

-Para me irritar.

-Também... – Sorriu maliciosamente e piscou para mim, me deixando muito sem-graça. – Esqueça isso. Vou indo, depois nós conversamos.

-Tchau e, obrigada de novo. – Sorri fraco.

Revirou os olhos e caminhou até mim, dando-me um beijo na testa e afagando o meu rosto.

-Tchau. Bons sonhos. – disse calmamente com sua voz sedosa e gentil.

Fiquei abobalhada enquanto o via sair. O que havia sido aquilo? Alice estava bem na porta, desviando dele e se despedindo também. Entrou em meu quarto sorrindo maliciosamente. Se sentou ao meu lado, me olhando esperançosa. Quando voltei ao meu estado normal, ignorei-a, já sabendo o que vinha depois disso e, não deu outra.

-O. Que. Foi. Isso? – Perguntou pulando na minha cama e o ato fazia tudo mexer e conseqüentemente, me fazia mexer.

-Pare de pular, Alice. – disse rude.

-Aí! Que bicho te mordeu?

-Nenhum. – Passei minhas pernas com calma para cima da cama e me deitei detrás de Alice. Ela se virou com um sorriso novamente. Revirei os olhos.

-Sei que bicho te mordeu. – Começou. – Edward Cullen.

-Aham, vai nessa. – disse sarcástica.

-Fala sério, Bella! Por favor, me conta o que vocês fizeram hoje o dia inteiro!

-Saímos.

-Jura? – Revirou os olhos. – Ajuda aqui!

-Nada que você está pensando, Alice.

-Não disse o que eu estava pensando e nem pensei nisso. – Seu sorriso se abriu mais ainda, se possível.

Merda!

-Ará! – Saltou para fora da minha cama e começou a pular. – Eu sabia! Eu sabia! Como foi? – Agachou ao lado da cama e ficou me olhando com os olhos brilhando. – Ele beija bem?

-Hã? Do que você está falando...? – Virei o rosto para o outro lado.

-Bella, Bella, Bellinha... – Fez Tsc, tsc com a boca ao balançar a cabeça. – Quando você vai aprender que você não sabe mentir, eim?

-Me esquece, Alice! – Puxei o meu travesseiro e cobri meu rosto. Alice o puxou, forçando-me a olhá-la.

-Meu Deus! Quando foi isso? Conta! Conta! Conta! Agora! Agora! Agora!

-Ta chega! – Bati minha mão no colchão e eu fiz uma careta involuntária de dor.

Alice estreitou os olhos, mas logo voltou ao normal.

-Conte, agora! – Ordenou.

-No dia do seu aniversário, satisfeita? – Meu rosto estava em chamas.

Alice arregalou os olhos.

-Eu. Sabia!

-Não sabia nada. – Resmunguei.

-Claro que eu sabia! Você estava estranha... Ummm, bom...

-Bom nada.

-É verdade, bom é pouco, é ótimo. - Pensou alto.

-Alice! – Ela riu.

-Conte-me mais.

(N/A: Outra vontade de acabar logo com o capítulo e mais uma vez eu fui boazinha. Eu pensei: "Ahhh! Vou escrever o dia inteiro, logo" :D)

Bem, eu tive que contar toda a história e aturar as reações de Alice em cada coisa que eu dizia. Para ela, era super normal falar disso, mas a mim... Eu ficava um pouco desconfortável. Ela começou a me dizer que tinha futuro, eu e ele, que formávamos um casal bonito, que éramos lindos juntos, que sempre soube que ficaríamos juntos e, blá, blá, blá.

-Então vocês estão juntos? – perguntou animada.

-Escutou o que eu acabei de dizer? Os dois beijos foram acidentais.

-Aham... E você quer que eu acredite nisso? Bella, beijos não são acidentais.

-Continuo não gostando dele. – disse firme.

-E só os beijos dele são bons... – Riu de sua própria piada.

-Alice...

-Ta! Calei a boca. - Ergueu-se e foi em direção a porta. – Amanhã eu vou ter uma conversinha com Edward. – disse antes de fechar a porta.

-O quê...? Alice! Volte aqui! – Ela não apareceu. Merda. Estava ferrada com Alice como irmã, uma irmã que está louca para me arranjar um namorado.

Céus!

Me levantei com cuidado e fui me arrastando até o banheiro. Tomei um banho morno para não arder no local ferido e me troquei, colocando um pijama bem quente. Refiz o curativo, do mesmo modo que estava antes, para não esbarrar nos pontos e acabar me machucando mais. Abaixei a blusa assim que escutei Esme bater e entrar no meu quarto.

-Se sente melhor? – Perguntou entrando e trazendo uma bandeja com uma sopa e pães. Colocou-a na minha cama. – Deixe-me te ajudar.

Veio até mim passando meus braços sobre o ombro e me apoiando pela cintura, encostando a mão no curativo.

-Argh! – Me soltei rápido.

-O que foi? – Perguntou assustada.

-Nada... – Sorri fraco e indo até a cama, tentando evitar não chorar de dor. – Acho que pisei forte demais.

-Tome mais cuidado, Bella. Não quero ter que me preocupar com você enquanto anda na rua. – Esperou que eu me sentasse e foi até o meu banheiro e trazendo um comprimido. - Quer um remédio para a dor?

Assenti. Seria melhor mesmo, estava latejando de dor. Esme pegou o copo de suco que havia também na bandeja e me entregou, juntamente com o remédio. Tomei em um gole. Sentou-se ao meu lado e colocou a bandeja/mesa na minha frente.

-Fiz uma sopinha para você. – Sorriu.

Eu sorri em agradecimento.

Esme ficou me olhando tomar, enquanto mexia no meu cabelo, olhando com os mesmos olhos maternos e gentis de sempre. Via que ela realmente me considerava sua filha. Isso era muito bom e sentia que agora eu podia me abrir mais com ela, porém não ainda.

Conversamos um pouco até eu terminar e ela sair levando a bandeja. Fiquei um tempo encarando a porta, perdida em pensamentos. Edward tinha razão, como sempre. Depois que eu permitisse que alguém se aproximasse de mim ao ponto de me fazer confiar na pessoa, no caso ele, tudo ficaria mais fácil, eu ficaria maleável com os outros. Permitiria a aproximação de outras pessoas a minha vida.

Sorri ao me deitar e me enrolar debaixo do cobertor.

Fiquei me lembrando dos meus momentos com Edward; quando o conheci, quando nós brigamos, quando acordei na enfermaria e ele estava do meu lado, no aniversário de Alice quando ele me beijou... No carro quando conversávamos e eu contava tudo sobre o que me mantinha afastada das pessoas, nas abordagens dele em mim na escola, na nossa saída, de novo no beijo... Essas era as lembranças que eu mais demorava para passar, a lembrança de seus lábios sobre os meus...

Levei minha mão, em um ato inconsciente, à minha boca.

Tinha que admitir que ele mexia de algum modo comigo, de um modo diferente. Além do ódio que sempre tive ao ele se meter demais na minha vida, ao não me deixar em paz nunca, tinha também outro sentimento. Um sentimento que fazia o meu coração acelerar todas as vezes que o via, todas as vezes que sorria torto, ou com malicia, as vezes em que ele estava próximo demais de mim...

Balancei a cabeça, tentando afastar os meus pensamentos. Tinha que raciocinar direito. Eu não suportava Edward. Coisas assim não mudam ou... Pelo menos, não podem mudar.


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Notas finais do capítulo

E ai, people? O que acharam do capítulo inteiro? Bem, como ele foi grande e eu fui boazinha não cortando o capítulo, não acham que eu mereça uma review e das BEM grandes? ;D

Quero saber o que acharam de início ao fim, saber se tem alguma dúvida, porque aí eu terei o prazer de responder ;]

Bellinha se apaixonando e, não sei por que, mas eu tenho a ligeira impressão que o Ed também...

Beijão e até o próximo!
Lina Furtado