Apaixonada por Um Fantasma escrita por Gibs


Capítulo 12
Capítulo 11 - Mensageira


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas.. uhull!! mais um capitulo ..
Boa leitura...



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Quando cheguei em frente a casa de Alan, não consegui ir até sua porta. Fiquei olhando-a de longe. Sua mãe deve estar em casa, é sábado. E Andy provavelmente deve estar dormindo. Ainda é cedo.

Creio que eu tenha ficado uns 10 minutos parada em frente a sua casa, não sei se ia ate lá ou não. Fitava aquela porta, aquela bela casa onde tudo era calmo e tinha harmonia, e sabia que não tinha fantasmas, desconfianças e medo.

– Está tudo bem? - me sobressaltei e procurei o dono daquela voz. Olhei em volta, mas não tinha ninguém.

– Sebastian?

– Ei, aqui. - quando olhei para baixo, vi um garotinho todo molhado.

– Quem é você?

– Meu nome é Pedro e o seu?

– Victoria. Onde mora? - perguntei olhando em volta. Da onde veio esse garoto? Cadê a mãe dele?

– Moro naquela casa ali. - ele apontou para a casa ao lado da de Alan. Foi ai que eu a vi.


– Alguém me ajude, por favor?! - uma mulher saia apressada de sua casa segurando algo. Olhei para o garoto e de volta para a mulher. Ele havia sumido.

– Mãe, to aqui! Mãe! - ele a chamava desesperado, gritando e pulando na sua frente. Encontrando meu olhar, sumiu. Corri até a mulher. Parei ao vê-la se ajoelhar na grama frente a sua casa, colocando o garotinho no chão, e o abraçando se pôs a chorar mais e mais. Vi varias pessoas saindo de suas casa. Murmúrios chegavam em meus ouvidos. Algumas correram até a mulher a ajudando, a afastando de seu filho, enquanto outros ligavam para o socorro. Alguns mexiam na pequena criança. Um homem abraçava a mulher, a consolando. Seu marido?

– O que aconteceu? - olhei para o lado e vi Alan. Sua mãe ficara na soleira da porta com um Andy assustado.

– Peça para sua mãe entrar com Andy, ele não tem que ver isso. - falei, sem olhar para ele. Alan foi até sua mãe e falou com ela. Só a vi entrar com Andy. Voltando a ficar ao meu lado, esperou que eu lhe respondesse. Fui até a mulher em prantos. Ao seu lado, vi o garotinho a olhar tristemente.

– Eu não sei o que aconteceu. – ela chorava e explicava entre soluções. - Uma hora ele brincava com seus brinquedos, outra ele tinha sumido. – lagrimas rolavam por seu rosto. - Ficou roxo! Eu não sabia o que fazer... Foi tão rápido! - a ouvi falar enquanto me aproximava. O garotinho me olhou e baixando os olhos, sumiu.

– Com licença. Com licença. - eu pedia, abrindo passagem entre a multidão que crescia constantemente em volta daquela cena sombria e melancólica.

– Meu filhinho, por favor... me ajudem... - ela pedia ajoelhando-se novamente e pegando seu filho no colo.

– Ele morreu. - falei, quando consegui ficar ao seu lado.

– O que? - ele me fitou, chocada.

– Poderia falar com a senhora? A sós? - lhe perguntei. Ela me olhou confusa; perplexa. - É importante. - murmurei. Algumas pessoas ao meu redor me olhavam com cara feia.

– Desculpe, mas preciso levá-lo ao hospital. - com o filho nos braços ela foi guiada até o carro do homem que a estava consolando. Entraram no carro e partiram. Fitei a traseira do carro a vendo ir embora.

– Você vai conversar com ela? - olhei para o lado quando ouvi Pedro falar comigo.

– Vou sim. - ele deu um sorriso de lado e não o vi mais.

– O que houve? - Alan me perguntou quando me viu voltar para onde ele estava. Ele não tinha saído de frente da sua casa.

– O menino. Ele estava todo molhado. Deve ter se afogado, ou algo assim. - Alan baixou os olhos e suspirou. Imaginei o que ele estava pensando.

Isso poderia acontecer com qualquer um, e temia que isso, por falta de atenção, acontecesse com Andy. Podia ter sido ele. Podia ter isso qualquer criança.

– Você o viu?

– Sim. Tentei falar com a mãe, mas, ela só queria levá-lo para o hospital. – falei. O olhei e ele encarava a grama a sua frente.

– Mas ele... – murmurou.

– Sim, eu sei. - o fitei um pouco aborrecida. Eu queria fazer algo, mas não podia, estava de mãos atadas. Precisava falar com aquela mulher. - Vou dar um tempo pra falar com ela.

– O que veio fazer aqui, antes disso acontecer? - perguntou-me Alan, sentando-se ao meu lado na grama frente a sua casa.

– Minha mãe.

– O que ela fez agora?

– Não acho que esse seja o assunto a ser tratado agora. - Alan me fitou confuso e olhou para onde eu fitava. Pedro estava parado na minha frente, sentada, eu era de sua altura.

– Você precisa falar com a minha mamãe. Ela ta muito triste. - falava ele, sentando-se na grama. Baixei os olhos e Alan, enfim, compreendeu que eu falava com mais um fantasma.

– Você quer que eu... - perguntou ele, fazendo menção de se levantar.

– Pode ficar. – falei. Pedro desviava o olhar de mim para Alan e de volta para mim.

– Você tem que falar pra minha mamãe que eu não fiz por mal. Não era pra eu ter chegado tão perto assim da piscina. Só tentava pegar meu boneco, e escorreguei.

– Ei, calma. Eu vou falar tudo pra sua mãe, ta bom? Eu sei que você não fez por mal, e ela também deve saber disso.

– Ela vai ficar brava. Eu a desobedeci, ela vai brigar comigo.

– Não querido, sua mamãe não vai ficar brava. Fique tranquilo. - dei um sorriso sincero, tentando passar a mínima confiança para aquela pobre criança. Ele estava tão perdido e temeroso de como sua mãe reagirá. Tudo o que eu queria era abraçá-lo. Passar a mão sobre seus cabelos loiros e dizer que tudo ficará bem, que ele acordará e tudo isso era apenas um pesadelo.

– Quando vou poder ir pra casa?

– Sua casa agora é em outro lugar. – falei, sorrindo-lhe.

– Minha mãe vai estar lá?

– Não, querido. Mas tenho certeza que não ficará sozinho. Você verá sua mãe em breve, eu prometo. - ele baixou os olhos, colocando a cabeça apoiada nas pernas.

– Diz pra ela que eu a amo. E que estou esperando por ela.

– Claro, digo sim. – assegurei.

– Tchau Vic. - e assim, ele sumiu. Suspirei e encostei minha cabeça em minhas pernas.

– Ele se foi? - perguntou Alan voltando a falar. Ele ficara o tempo todo em silencio que pensei que havia nos deixado sozinhos. Mas ele ficara.

– Disse que nos veríamos. Creio que aparecerá quando eu falar com sua mãe.

– Então, você vai mesmo falar?

– Tenho que falar, eu prometi. E é o que eu faço. – o olhei.

– Se quiser, eu vou com você. - sorri. Assenti, me levantando. Alan se levantou e pedindo-me que esperasse, entrou em casa. Voltou dizendo que podíamos ir. Talvez tivesse ido avisar a mãe, porque ela logo apareceu na porta e sorriu ao me ver. Sorri de volta e dei um tchau para o pequeno Andy que aparecia atrás dela, curioso como sempre.

Estávamos andando há mais de uma hora. Caminhávamos em silencio, ora nos olhando, mas sem falar nada. O silencio não era constrangedor, não precisávamos falar para sabermos o que cada um estava pensando. Sei que Alan deve estar preocupado comigo, curioso pra saber o que eu ia falar sobre minha mãe, o que o pequeno Pedro havia me falado, e um tanto temeroso do que a mãe do pequeno poderia me falar. A maioria das pessoas não aceitava bem o que eu lhes falava, não acreditavam e me chamavam de louca, mas eu só fazia o que me pediam. Eu tentava de alguma forma lhes proporcionar um pouco de paz, mesmo que por poucos instantes. Tentava mostrar para seus familiares que aquele sofrimento de perda, aquela dor, não era só eles que estavam sentindo, mas, também quem eles perderam. Eu me aproximava tentando ajudá-los, lhes mostrando que nada está totalmente perdido, que há uma ultima palavra a ser dita, que há uma maneira de dizer tudo que em anos de convivência, nunca disseram um ao outro. Eu era uma mensageira.

Chegamos ao hospital. Alan ficou para trás enquanto eu procurava a mãe de Pedro. Este apareceu do meu lado. Caminhava comigo, ora sumindo, ora aparecendo um pouco mais adiante, talvez me guiando até sua mãe. Virei algumas esquerdas e direitas, com Pedro me guiando. Parei quando cheguei onde, supostamente, era a cantina do hospital. Vi a mesma mulher de antes. Ela estava sentada e fitava o copo a sua frente. Imaginei que o que ela estivesse tomando, já esfriara, pois ela o olhava e mexia com a colher sem a mínima atenção ao seu redor. Caminhei até ela e parando frente a uma cadeira, a vi levantar os olhos e os baixar. Sentei-me na cadeira a sua frente e olhava para os lados, mexendo em minha mão. Não sabia como começar a falar. Eu já havia feito isso tantas vezes, mas, agora, algo em mim relutava em abrir a boca.


– Sra., tem algo que preciso falar, é sobre... - comecei, me ajeitando na cadeira.

– Você o viu, não é? - ela me fitou, parando de mexer no copo.

– Como? – perguntei, surpresa.

– Depois que ele se foi. Você o viu. - não era uma pergunta.

– Sim.

– Como? Porque você conseguiu vê-lo? – perguntou ela. Seus olhos estavam vermelhos e ela fungava constantemente.

– Eu tenho um dom. Eu vejo fantasmas.

– Você o viu antes de me ver saindo com ele nos braços?

– Sim. – murmurei.

– Por isso foi falar comigo? - assenti mais uma vez. Ela suspirou e baixou o olhar.

– Eu sinto muito. – falei.

– Ele falou algo?

– Disse que sente muito por ter te desobedecido, e que não fará mais isso. - lágrimas brotaram em seus olhos. Vi então que Pedro estava ao seu lado. Bem perto de seu rosto.

– Ele era tão pequenino quando nasceu. Ele mal cabia nos meus braços. - ela murmurava, escondendo o rosto com as mãos.

– Pedro está aqui. - ela me olhou e sorriu.

– Ele está bem? Como ele está? – perguntou esperançosa.

– Ele está bem. Está triste por ter te desobedecido, e com receio que você não o perdoe por isso.

– Não, meu amorzinho, a mamãe não está brava, não. Foi um acidente. Eu me distrai. Eu deixei você sozinho.

– Diga a ela que vou ficar bem, e que estou esperando por ela. - pediu Pedro me fitando. – E que ela não deve se culpar por não estar lá comigo. Ela foi a melhor mamãe do mundo. Fale isso pra ela. – pediu.

– Ele disse que vai ficar bem e que te esperará. – repeti. – Falarei pra ela.

– Vou sentir tanto sua falta. – ela sussurrou, limpando o rosto.

– Então sinta. - lhe falei. Ela me olhou. - Quando sentir que algo o lembrará, lembre. Sorria com essa lembrança. Quando sentir saudades, se deixe sentir. A Sra. não precisa esquecê-lo. Ele estará sempre com você. - ela sorriu meio a lagrimas.

– Até logo mamãe querida. - repeti o que Pedro falara.

– Até logo bebê lindo. - ela disse num sussurro. Vi que Pedro olhava para cima, imaginei que estivesse vendo a luz. Assenti, o encorajando a seguir em frente. Ele sorriu e antes que fosse, passou a mão pelo cabelo de sua mãe, que sorriu surpresa com o toque fantasmagórico. Virando-se, caminhou em frente, sumindo.

– Ele se foi. - informei a fitando. Maira - como me dissera que se chamava - sorriu e chorou, assentindo. Ela aceitava tudo tão delicadamente. Sei que vai sofrer mais do que aqueles que mostravam magoa e raiva, mas, ela teria mais lembranças boas que tais pessoas.

– Obrigada. – murmurou ela. Maira se levantou e seguiu para a porta do hospital. Fui com ela, encontrando Alan sentado em uma das cadeiras na sala de espera. Ela se despediu e foi embora. Alan se levantou e nos fitava com expressão pensativa e, cauteloso em querer falar. Ficamos parados por alguns segundos antes que eu lhe puxasse pela mão para sairmos dali. Eu estava bem, feliz, plena. Sentia-me em paz cada vez que ajudava um fantasma. Eu pensava que ia ser difícil, afinal era uma criança, mas, até que correu tudo bem, e agradeço aos céus por isso.

Alan me deixou em casa e depois foi embora. Quando abri a porta de casa, vi minha mãe passando roupa, ela me olhou e sorriu. Realmente as coisas estão mudando, mas, algo dentro de mim dizia que faltava alguma coisa, para que tudo seja perfeito.

Sebastian





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Notas finais do capítulo

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http://letras.terra.com.br/lifehouse/95988/traducao.html

ouçam