Uma das coisas mais divertidas de se falar de problemas é rotulá-los de Bicho de Sete Cabeças. Quer dizer, é algo tão clássico e tão usado que eu achei digno explicar-lhes.

            Pois bem, acho que você, criaturinha com um mínimo de infância, assistiu Hércules, da Disney. Lembra-se da Hidra?

            A Hidra de Lerna era uma serpente descomunal que babava ácido – claro, um problema que seria resolvido com uma boa bala de hortelã, mas os gregos não tinham nenhum Willy Wonka da vida, né?

            Mas nosso herói é cabra macho, “destruiu” a Hidra cortando-lhe as cabeças – e viva a Rainha de Copas – o que resultou em desespero, já que, para cada cabeça cortada, nascia duas em seu lugar. Se você é bom de calculo, já percebeu que o problema agora era 14 cabeças babadoras de ácido.

            Pois bem, nosso valente Hércules, burro feito uma porta, contou com seu sobrinho e companheiro de aventuras, Iolau, para resolver o problema. O tebano incendiou uma floresta vizinha e, com grandes tições, ia queimando as feridas, impedindo assim que aparecesse duas cabeças a cada corte.

            Hércules virou herói, seu sobrinho piromaníaco nem aparece no desenho, talvez porque seria caçado pela Greenpeace – quem sabe?

            Resumindo, quando alguém quer exagerar na dificuldade do problema e não tem nenhum piromaníaco anônimo por perto, chama o problema de Bicho de Sete Cabeças.