Meus olhos relutaram em abrir, e eu sentia que se fizesse isso, ficaria mal o dia inteiro. Mesmo assim os abri. Minha cabeça doía enquanto eu sentava na cama. Coloquei a mão na cabeça, gemendo um pouco. O quarto estava iluminado pela luz do sol. Leah estava costas, olhando pela janela.

  O que havia acontecido? Não me lembro de nada que tenha acontecido depois do segundo copo de uísque. Leah se virou para mim, soltando um "ufa", então se sentou na beirada da minha cama.

  _Você é maluca ou o quê? - Perguntou ela.

  _Digamos que eu esteja ficando rebelde - eu disse.

  Rebelde. A palavra me fez lembrar do pequeno discurso que fiz para conseguir meu primeiro copo de cerveja.

  _Como cheguei aqui? - Perguntei.

  _Como? - Disse ela, soltando uma risada. - Você veio totalmente desacordada e molhada nos braços de seu namorado. E, bom, digamos que não foi uma boa noite de sono para mim.

  _Por quê?

  _Simplesmente, porque à cada meia hora, a senhorita levantava para colocar toda aquela bebida para fora.

  Fiz cara de nojo, mas Leah continuou séria.

  _Me desculpe - pedi.

  _Não é para mim que você deveria pedir desculpas - disse ela. - É para o seu namorado, que ficou decepcionado com você.

  _Não tenho mais namorado - disparei.

  Leah arregalou os olhos e a boca.

  _Como assim? - Perguntou.

  _Suspirei, e pude sentir uma lágrima descer por meu rosto só de lembrar daquilo.

  _Ele me traiu - eu disse. - Com a Tanner. - Comecei a chorar de verdade. - Ela tanto insistiu que conseguiu. - Leah levou as mãos à boca, completamente chocada. - Eu vi os dois. Na cama. Foi horrível.

  Deitei no colo de Leah, as lágrimas vindo como um dilúvio. Ela acariciou meus cabelos.

  _Mas que cafajeste - disse ela. - E todas nós acreditamos nele. Principalmente você, amiga! Oh, Nessie! Eu estou triste e revoltada por você. Não é a toa que tenha resolvido ir afogar as mágoas.

  Solucei, tentando engolir o choro.

  _Essa não é a única loucura que fiz - eu disse.

  _Ah não, Nessie! Me conta, vai.

  Hesitei. Me sentei na cama e limpei as lágrimas. Olhei para Leah.

  _Antes de ir para o bar, eu... eu... Beijei o Alec.

  Ela me olhou, sem expressão. Logo depois, tocou minha mão.

  _Já pensou em dar uma chance a ele? - Disse ela. - Sei que ele não é o cara mais confiável do mundo, mas ele gosta de você. Gosta mesmo. Quem sabe? Pode dar certo.

  _Leah - eu disse -, eu não estou com cabeça para outro cara. Não agora que a apunhalada é recente. Preciso de tempo.

  Ela assentiu, e disse para eu me trocar, pois já era hora do almoço. Olhei para mim mesma. Estava só de lingerie. Ah, meu Deus! Que vergonha! Não quero nem saber o que aprontei.

  Me troquei. Apenas uma calça jeans escuro, uma camiseta branca, uma jaqueta jeans e um tênis preto. Descemos e fomos direto para o restaurante/bar. Claire e Jane já estavam lá, esperando por nós. Felizmente não vi Jacob em lugar nenhum, mas em compensação, Bree estava alí, com suas "amigas", rindo como uma hiena. Quando me viu, ela teve a cara de pau de acenar. Trinquei os dentes para não fazer coisa pior.

  Quando nos sentamos, Jane perguntou:

  _Está melhor?

  _Sim... Quero dizer, não... Bom, minha cabeça está doendo um pouco - respondi.

  _Primeiro porre? - Perguntou Claire. Assenti.

  _Mas, por que você fez isso? - Perguntou Jane. - Você não é disso, Nessie.

  Dei uma mordida no sanduíche e fiquei em silêncio. Não queria relembrar aquilo. Jane percebeu minha hesitação.

  _Nos conta depois? - Perguntou ela, toda fofa. Assenti.

  _Vocês três também têm coisas para me contar - eu disse. - Mas falamos sobre isso depois. Quero saber de tudo, viu Jane?! - Ela ficou vermelha, mas sorriu. Se conheço bem o Mike, ele foi um perfeito cavalheiro.

  _Ei, Renesmee - ouvi alguém me chamar. Olhei para trás e Kate estava vindo em minha direção. - Tem alguém procurando por você lá fora.

  Quis perguntar se ela era a garoto pombo-correio, mas não perguntei.

  _Quem é? - Perguntei apenas, curiosa. Quem estaria procurando por mim?

  _Não tenho ideia. - Ela deu de ombros e saiu.

  _Bom, vou lá ver quem é - eu disse, me levantando.

  As garotas disseram um "tudo bem" e eu fui.

  Havia alguns alunos na escadaria do hotel e na rua. Também havia vários carros parados. No meio deles, do outro lado da rua, mas de frente para a escadaria, havia uma moto.

  Desci as escadas. Seu dono estava encostado nela. Calça jeans preta, jaqueta de couro preta, óculos escuros e uma rosa vermelha na mão. Seu cabelo castanho claro estava meio arrepiado. Ele deu um sorriso de canto ao me ver. Fui até ele.

  _Olá - disse ele. Então tirou os óculos e eu pude ver seus olhos cinzentos.

  _Matt - eu disse. - O que está fazendo aqui?

  _Você me deve a sua companhia em um passeio - disse ele, me entregando a rosa.

  Olhei para o lado. Jacob nos observava. Ótimo! Peguei a rosa e dei um beijo demorado na bochecha de Matt, que me segurou pela cintura.

  _Você está diferente de ontem - eu disse.

  _Você também, gatinha.

  Eu ri. Ele subiu na moto e segurou o único capacete que tinha.

  _Vamos? - Perguntou, me oferecendo o capacete.

  Olhei para Jacob novamente. Ele nos observava atentamente, com a cara amarrada. Peguei o capacete das mãos de Matt e subi na moto, segurando firme em sua cintura.

  _Vamos logo - eu disse. E foi isso que ele fez. Ligou a moto e saímos apressados.

  Olhar para a estrada estava me deixando tonta e com mais dor de cabeça ainda. Então fechei os olhos e fiquei apenas sentindo o vento gelado bater contra mim.

  Depois de 15 minutos, paramos.

  _Onde estamos? - Perguntei.

  _Não se lembra? - Disse ele. - Tom's Pub.

  Olhei mais atentamente.

  _Nossa! - Eu disse. - Esse lugar é tão diferente à luz do dia. E por que está fechado?

  _Só abrimos à noite - respondeu ele. - Ei, vem. Vamos entrar.

  Ele me pegou pela mão e me conduziu até a porta de entrada do bar. Destrancou e entramos. Estava tudo escuro. Ele acendeu uma luz e continuou me conduzindo para o fundo do bar.

  _Você fez um show aqui ontem - disse ele. - Mas acho que não se lembra, não é?!

  Eu ri, e ele fez o mesmo.

  _Para onde está me levando? - Perguntei.

  _Minha casa - respondeu ele.

  _Você mora aqui?

  _Sim - respondeu ele. - Lá atrás. O Tom me emprestou a casa.

  Fomos para trás do balcão e ele abriu uma porta que tinha por trás de uma cortina de tampinhas. Entramos em um tipo de sala. Estava escuro também. Ele acendeu uma luz, que não iluminou muito bem o lugar. O deixou com uma aparência meio dark e sexy.

  Ele fechou a porta atrás de nós.

  _Quer beber alguma coisa? - Perguntou, jogando as chaves em uma estante perto da porta e tirando a jaqueta de couro.

  _Não - respondi.

  Ele se sentou no sofá.

  _Filmaram você, sabia? - Disse ele.

  Me sentei ao seu lado.

  _Não - respondi. Estava mais perto do que deveria. Ele riu e tirou o celular do bolso.

  _Olha só - disse ele. Procurou o arquivo e colocou o celular de modo que eu pudesse ver o vídeo também.

  Caramba! Eu não acredito que fiz isso. Dançando em cima do balcão? Nem nos meus sonhos mais loucos eu ia me imaginar fazendo isso. Matt colocou um braço em volta de meu ombros. Continuei vendo o vídeo, como se nada tivesse acontecido. Então, uma silhueta grande apareceu no lado da tela. Ela ficou parada por um tempo. Então Jacob avançou, me jogando em seu ombro. O vídeo parou aí.

  Matt soltou o ar.

  _Quem era ele? - Perguntou, curioso.

  _Ninguém - respondi. - Não era ninguém.

  Nos olhamos nos olhos por uns segundos, então os olhos de Matt baixaram para minha boca. Olhei para a sua também. Ele inclinou a cabeça, aproximando nossos rostos. Então, seus lábios tocaram os meus, macios. Me deixei levar, retribuindo seu beijo. Coloquei minhas mãos em volta de seu pescoço, enquanto ele deslizava uma por meu braço. Dei passagem para a sua língua, que estantaneamente se envolveu na minha.

  Sua mão desceu de meu braço até minha cintura, me fazendo arfar. Ele soltou uma risadinha rouca. O beijo continuou, dessa vez mais quente. Sua mão deslizou de minha cintura para a coxa, a apertando. Então seus lábios saíram dos meus e foram para o meu pescoço. Senti um arrepio na espinha, enquanto Matt tentava me deitar no sofá. Sem raciocinar direito, me deitei, lentamente, tirando minha jaqueta.

  Matt continuou a passar suas mãos por minhas pernas, enquanto beijava meu colo e eu arfava de excitação. Seus lábios voltaram para os meus, e ele me beijou ferozmente.

  _Ah, gostosa... - murmurou ele.

  Gemi quando ele subiu sua mão por dentro da blusa e apalpou meu seio por sob o sutiã. Ele também gemeu, e eu percebi que isso já estava indo longe de mais.

  _Matt... - tentei falar, mas minha voz saiu fraca.

  _Shhh... - fez ele, descendo sua mão por minha barriga, me fazendo arrepiar por inteira.

  O senti desabotoar minha calça, então saí de meu transe, afastando sua mão.

  _Matt, não - eu disse.

  _Ah, que isso, gata - disse ele, tentando subir minha blusa.

  _Não, eu não quero! - Gritei. Ele continuou tentando e eu tentava afastá-lo, batendo, chutando, fazendo o possível. - NÃO!

  Então a porta se abriu com um estrondo e Matt foi tirado de cima de mim com violência. Apressadamente abotoei minha calça e peguei minha jaqueta que estava no chão, enquanto Jacob continuava a socar a cara de Matt, que já estava com o nariz sangrando. Ele cambaleou para trás e Jacob estalou os dedos das mãos. Matt estava dobrado ao meio, parecia sentir muita dor. Mas então ele avançou contra Jacob, o jogando na mesinha de centro de vidro, que se quebrou em mil pedacinhos. Matt também deu vário socos na cara de Jacob, mas ele logo se recuperou e tacou Matt contra a parede, que caiu desmaiado.

  Depois de olhar de Jacob para Matt e de Matt para Jacob, coloquei as mãos na cabeça e gritei:

  _Mas que droga você está fazendo aqui?

  _Deveria estar feliz em me ver - disse Jacob.

  _Você me seguiu, seu cachorro?

  _Segui mesmo, e daí?

  Eu o encarei, com ódio.

  _Eu poderia ter me livrado dessa sozinha - gritei.

  _Ah, sei - disse ele, com sarcasmo. - Você estava indo tão bem. Agora, vamos embora antes que esse mané resolva acordar.

  _Eu não vou com você - eu disse, teimosa.

  _Então vá a pé - disse ele, saindo.

  Olhei para Matt, que já começava a se mexer. Bufei e fui atrás de Jacob. Ele já estava dentro de um carro preto. Entrei pelo lado do carona, batendo a porta. Fiquei emburrada e de braços cruzados.

  _Isso não muda nada - eu disse. Ele não respondeu, apenas ligou o carro e saímos dalí.

  POV Jacob

http://www.youtube.com/watch?v=MJDQPcXF9lE (N/A: copie e cole em outra página. Se precisar, espere carregar para continuar lendo - é opicional claro.)

  O silêncio mortal no caminho de volta estava me deixando louco. Mas ela tinha razão em me odiar. E agora eu também estava furioso. Como ela pôde aceitar sair com aquele imbecil? Só para dar o troco e me deixar com ciúmes? Pronto, conseguiu.

  Parei na frente do hotel e ficamos imóveis dentro do carro.

  _Nessie... - tentei dizer, mas ela saiu do carro, batendo a porta com força. Saí também.

  _Você pode me ouvir? - Pedi.

  _Não, não posso - respondeu ela, parando no primeiro degrau da escadaria. A ignorei.

  _Sei que está furiosa comigo - eu disse -, mas isso não é motivo para você sair com qualquer um.

  _Eu decido com quem saio ou não - diss ela, colocando a mão na cintura. - Isso não é da sua conta. Eu não lhe devo satisfações.

  _Só quero que tome conta de você mesma - eu disse. - Eu me preocupo com você, mais que tudo no mundo. Você é minha vida.

  Ela bufou, com uma risadinha. Me aproximei, ignorando seu olhar de advertência. Segurei seu rosto entre as mãos.

  _Me solte - disse ela, mas sua voz era fraca e ela não fazia esforço nenhum para que eu fizesse isso.

  Me inclinei para ela.

  _Eu te amo - sussurrei em seus lábios. Então a beijei.

  Seu gosto era tão bom. Só de pensar que essa poderia ser a última vez que sentia seus lábios nos meus, eu ficava tenso. Uma chama de alegria se acentedeu dentro de mim quando ela retribuiu o beijo, colocando suas mãos em meus ombros. Ela deu passagem para minha língua entrar em sua boca e se enrolar na sua, fazendo o beijo ficar cada vez mais excitante.

  Então ela parou. Abri os olhos e vi que seus olhos estavam arregalados. Ela tirou seus lábios bruscamente dos meus e no segundo seguinte o lado esquerdo do meu rosto ardeu, pelo tapa que ela havia acabado de me dar.

  Ela me olhou por mais uns segundos, então entrou correndo no hotel.

  Me encostei no carro, de cabeça baixa. Era difícil acreditar que aquele fosse nosso último beijo. Mas a verdade dói. Dói tanto, que as lágrimas da dor já inundavam meus olhos e escorriam por meu rosto.

  POV Renesmee

  Corri até que cheguei em meu quarto. Leah não estava lá. Quando entrei, me encostei na porta. Uma lágrima solitária no meu olho direito. Passei o dedo indicador pelos lábios, ainda me lembrando da maravilhosa sensação que é ter os lábios de Jacob nos meus. Mas essa foi a última vez. O último beijo. Me dava um aperto no coração só de pensar nisso. Mas é assim que será.

  Abraçando a mim mesma, deslizei pela porta até chegar ao chão. O dilúvio de lágrimas começando. Apoiei minha testa nos joelhos e não me importei de meu choro estar bem alto. A única coisa que pensava era nos lábios de Jacob nos meus, pela última vez.