Doce Tentação escrita por M-Duda


Capítulo 2
Capítulo II - O Compromisso




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Capítulo II – O Compromisso

 

Edward preferiu desviar o olhar e assim quebrar o contato que poderia lhe custar a alma se continuasse admirando Isabella.

- Então você pretende passar o dia todo aqui? – ele indagou.

A menina pestanejou surpresa. Não pensou que aquele assunto pudesse ser negociável.

- E eu tenho escolha? – estreitou as pálpebras encarando Edward, agora sem nenhuma malícia. – Emm disse que você não ficaria com um cachorro desconhecido em casa sem o dono por perto. Neste caso “dona”. – apontou para si mesma. – Aceitei sem reclamar porque realmente preciso dos preciosos filhotes de Perséfone. Mas saiba que te achei meio fresco por essa exigência.

Ela disse rapidamente com nariz torcido, movendo as mãos; mas Edward parou de acompanhá-la pela metade do caminho. Confuso. Emmett havia dito o quê? E a história de que a jovem não se afastaria da companheira?

Não conhecia Isabella o suficiente, mas achava impossível a menina estar inventando tudo aquilo. Já Emmett, era outra conversa...

Mas por que Emmett mentiria?

Mais tarde ligaria para o amigo e tiraria todas as dúvidas. Enquanto isso, preferia não comentar nada com a garota sobre sua descoberta, afinal, tinha medo do que poderia estar passando pela mente do veterinário.

- Hum...acho que Emmett não me interpretou muito bem... – não diria que era invenção de Emmett, mas tão pouco participaria da farsa. Sendo assim, daria um jeito de sair daquele embaraço e ainda se livrar da presença tentadora da garota – Não se preocupe Bella, não me importo em ficar sozinho com Perséfone. Se quiser pode ir embora e voltar mais tarde, ou até mesmo amanhã, para buscá-la.

- Tudo bem, eu vou. – ela disse sem hesitar, mas também sem se levantar do sofá.

Edward se assustou com a imediata concordância da menina. Não esperava que pudesse ser tão fácil convencê-la. Muito menos esperava ficar chateado por conseguir tal proeza; mas ficou...e também irritado.

 

“Sabia que ficar me elogiando não passava de uma gracinha juvenil!”

 

- Só me deixe descansar mais um pouco – ela pediu.

- Descanse o quanto quiser. – Edward disse pesaroso.

 

“Então foi isso. Ela percebeu que educadamente a mandei embora, e acabou concordou em ir sem reclamar. Que idiota eu sou!”

 

Precisava se redimir. Não era certo ser grosseiro com a linda menina só porque ele não conseguia controlar seus instintos.  

- Não estou te mandando embora Bella, não me interprete mal. – engoliu em seco por ouvir suas próprias mentiras – Apenas te dando opções.

Talvez daquela forma ela o enxergasse como uma boa pessoa por proporcionar-lhe a escolha de um dia livre. Edward não sabia explicar, mas não queria que a menina o julgasse alguém desagradável.

A jovem sorriu satisfeita em sua acomodação ao notar a sinceridade do dono da casa.

- Que bom. Fico feliz. Mas vou aceitar a opção de voltar mais tarde para buscar Perséfone.

Isabella olhou o relógio de pulso e constatou que ainda dava tempo, se corresse, de acompanhar o grupo naquela manhã. Ficou feliz. Não queria perder o compromisso que só acontecia uma vez por mês.

Se os filhotes de Perséfone não fossem tão importantes para o seu bolso, não teria desistido da visita que tanto a agradava.

Edward não se conteve ao notar o contentamento de Bella e indagou de cenho franzido:

- Por quê? – e logo tratou de recobrar o bom-senso e disfarçar o ciúme inesperado – Quero dizer...por que não volta amanhã? Por mim não tem problema.

Bella rolou os olhos.

- Já disse, o meu tio foi pescar.

- E o que isso tem a ver?

- Que ele só volta amanhã. Não posso deixar Perséfone aqui. Não quero passar a noite sozinha em casa.

- Ah, entendi. E está certa. – Edward concordou preocupado, imaginando se a cachorra seria mesmo suficiente para proteger a menina.

Isabella pulou para fora do sofá e anunciou agitada.

- Mas agora preciso ir... – não queria chegar atrasada, afinal, não gostaria de perder um minuto que fosse dos preciosos noventa que passaria ao lado de pessoas tão especiais. – Eu volto para almoçar com você, não precisa ficar triste. – disse ao ver o semblante contrariado de Edward.

Ele franziu ainda mais o cenho.

- Não estou triste. – contradisse ligeiramente sabendo que não era verdade. E descobrir que Isabella fora capaz de enxergar tal sentimento que até ele mesmo estranhava, não o deixou muito animado. Então ela voltaria para almoçar? Mas aonde iria tão feliz da vida, afinal? Alguma festa? Não. Festa nenhuma terminaria antes do almoço, ainda mais num sábado. Algum encontro? Um namoradinho?...

 

“E o que isso me interessa? O ideal seria que ela fosse embora e não voltasse nunca mais...”

 

- Tem certeza? Talvez fosse melhor continuar em sua festa...

A menina revirou os olhos e ignorando o comentário pediu sem pudores:

- Empreste-me o teu carro.

- O quê? – Edward teve um sobressalto, certo de não ter ouvido direito.

Bella bufou e colocou uma mão na cintura enquanto a outra se estendia no ar.

- Isso mesmo que ouviu. Empreste-me um dos teus carros. Não tenho preferência por modelo nem cor. Vamos...me passe qualquer chave. – se bem que a idéia de dirigir o Volvo prata que tinha visto na garagem a agradava mais do que ter que dirigir o outro preto.

 

“Ela só pode estar brincando!”

 

- Ora, ora... – Bella continuou tentando ao ver a cara de choque com que era encarada – Que mal há? Sou uma ótima motorista e vou chegar aqui antes do almoço, já disse.

 

“Ah, caramba! Enquanto isso o tempo está passando. Vamos lá. É tão simples. Não sei pra que tanto drama!"

 

- Você é maluca? Claro que não vou emprestar nenhum dos meus carros.

- Aff...que chato! – exclamou irritada, mas sem tempo para discutir – Chame pelo menos um táxi, então. Um do tipo que voe.  

- E que compromisso é esse que de repente ficou tão importante?

Bella cruzou os braços impaciente e começou a bater o pé direito contra o chão.

- Em primeiro lugar, não ficou importante. Sempre foi. Em segundo lugar, chame logo um táxi, por favor, porque os minutos estão passando.

- Tudo bem. Tudo bem.

Edward se levantou e caminhou até o rack da televisão, onde também ficava a base do telefone sem-fio. Por sorte tinha ali na lista de urgências o número de uma central de táxi confiável que sempre usava quando era preciso.

Edward passou para o atendente do serviço o seu endereço assim como o nome do bairro e da rua para onde Bella iria.

- Saiba que é você quem irá pagar pelas minhas viagens...tanto a de ida quanto a de volta.  

A menina anunciou fazendo Edward arquear uma sobrancelha após ter desligado o aparelho.

- Mal entendido ou não, só estou atrasada por tua culpa. – se justificou.

- Então pra mim sairia mais barato se, ao invés de um mal entendido, você precisasse mesmo ficar o tempo todo aqui com Perséfone? – ele ironizou, sabendo que com ela por perto, nada sairia barato para ele. Mas isso já não se tratava de dinheiro...

Ela deu de ombros.

- Sairia mais barato se você me desse a chave de um dos carros.

Edward a olhou de soslaio e preferiu não comentar, principalmente ao notar o irresistível biquinho que Bella fazia.

Ah, pagaria mesmo por um táxi, de preferência um espacial, para mandar a tentação para bem longe, pelo menos por alguns minutos.

Isabella bem queria comentar com Edward sobre o seu compromisso do dia, mas não tinha tempo para detalhar, pois precisava ligar para Alice e avisar que estava a caminho.

- Espere um momentinho.

Pediu e se afastou um pouco. Retirou do bolso traseiro do jeans o celular repleto de adesivos da Tinkerbell e discou o número interessado. Edward não perdeu nenhum dos movimentos da garota. 

Oi Bella. –Alice saudou assim que atendeu.

- Oi. Adivinha? – quis ser breve, pois sabia que seus créditos estavam minguando. Não podia correr o risco de deixar Alice falando sozinha do outro lado da linha. – Eu vou. Espere por mim, sim?

Claro que sim. Que notícia maravilhosa! Estava super triste com a idéia de não tê-la conosco este mês. Nem sei como ficaria o grupo sem a tua alegria.

- E vai continuar sem saber. – garantiu sorrindo e depois se despediu.

Realmente não tinha como a Dra. Alice Brandon – médica oncologista do setor infantil do hospital onde trabalhava há dois anos - saber como seria uma visita de seu pequeno grupo de voluntários sem a presença da espontânea e querida Isabella; pois a jovem, desde que aumentara o número do time destinado a levar alegria e novos ares às crianças em tratamento daquela unidade, nunca perdera sequer uma visita que fosse.

E Alice soube desde o começo que poderia contar com o responsável comprometimento de Isabella.

O trabalho podia ser voluntário, mas não era feito de qualquer jeito. Alice era muito cuidadosa com suas crianças e jamais exporia qualquer uma delas a algum tipo de mente perturbada e fraca. O grupo deveria levar felicidade e não tristeza ou sentimento de piedade estampado no rosto. Sendo assim, além de ter passado por exames físicos, Bella passou também por uma entrevista, que avaliara se ela suportaria enfrentar uma realidade tão diferente e sofrida sem deixar-se abalar como acontecia com muitos.

A médica ficara encantada logo de cara com a jovem, e também espantada ao notar o quanto uma garota de tão pouca idade podia ser mais madura do que muitas pessoas “experientes” que conhecia.

Alice fizera questão de se aproximar de Bella; e aos trinta anos de idade, a dedicada médica não via problema algum em revelar que sua amiga-confidente era na verdade, uma jovem de apenas dezessete anos de vida. E há seis meses exatos, as duas tinham se tornado unha e carne.

- Ah, meu táxi chegou!

Bella estava se despedindo de Perséfone quando praticamente gritou para que Edward se apressasse, ao escutar o interfone.

Ele saiu de dentro da casa contando as notas que achava suficiente para pagar as corridas e quando entregou à menina afoita falou:

- Quero o troco.

- Aff...mas que mesquinho! Quer troco por essa mixaria? – fez careta olhando as notas depositadas em sua mão direita. – Saiba que se o dinheiro não der, eu não vou descer longe e chegar andando, viu? Já caminhei muito por hoje. Faço o motorista me trazer até aqui e então você completa o que ficar faltando.

Edward não sabia se ria ou se chorava. Isabella era simplesmente um furacão. Não sabia como sua casa permanecia intacta diante aquele pequeno Katrina.

- Mas Bella, você não precisa voltar...pode tirar o resto do dia para fazer o que quiser.

A menina estreitou os olhos e deu um meio-sorriso travesso.

- Prefiro passar o resto do dia contemplando uma certa imagem.

E depois de dar um inesperado beijo no canto da boca de Edward, correu pelo gramado e atravessou o portão já destravado; saindo do campo de visão do homem que ficara paralisado, por muitos minutos, no mesmo lugar.

Edward levou o indicador direito ao local onde Bella o havia tocado com doces lábios, sentindo o coração frenético dentro do peito.

 

- Fadinha! – Bella abraçou Alice quando entrou na sala onde normalmente o grupo se reunia e conversava antes de iniciar as visitas.

- Afrodite! – a amiga de cabelos escuros e corte moderno retribuiu sem disfarçar o contentamento por ver a mascote da turma chegar.

Os integrantes do “Clã da Alegria” – como eram conhecidos – não se chamavam pelos verdadeiros nomes. Era mais divertido e sonhador criar apelidos; sem contar que os mesmos ajudavam a todos – até aos mais inibidos – a se soltarem com maior facilidade durante os encontros mensais. Cada apelido tinha um motivo de ser, e Bella recebera o seu graças à paixão que sentia pela mitologia grega.

- E aí Harry Potter, beleza? – Bella cumprimentou com batida de mãos o senhor de mais de sessenta anos que estava acomodado em uma das cadeiras

- Beleza amiguinha! – era nítido o carinho que o homem grisalho tinha pela jovem.

- Barbie...que saudade! – abraçou a mulher de cinquenta, que se levantou para saudá-la.

- Ainda bem que veio, querida. A Fadinha disse que por pouco você não pôde vir.

- Pois é...mas aqui estou. Não foi desta vez que se livraram de mim.

- Ainda bem! – o Incrível Hulk mais magro de todos os tempos, brincou puxando-a para um abraço. – Não vivemos sem você.

- Que bom. – e continuou com os cumprimentos. – Pantera-Cor-de-Rosa. Goiabada. Senhor Risada.

Pronto. Agora o grupo estava completo. E assim que discutissem as novas idéias e experiências do mês, sairiam rumo àqueles que já os aguardavam ansiosos.

 

- Rosalie, passe o telefone para o teu marido, agora.

- Nossa, Edward! O que aconteceu com os teus bons modos? “Oi” em primeiro lugar!

A senhora McCarty estranhou o modo impaciente do sempre tranquilo e educado engenheiro.

- Desculpe, Rose. “Oi” e “por favor”, deixe-me falar com Emmett imediatamente. – as palavras foram mais educadas, porém o tom exigente ainda surpreendia Rosalie.

Ela olhou o aparelho como se nunca o tivesse visto antes, tentando imaginar o que poderia ter acontecido com o amigo.

- Edward quer falar com você. – entregou o telefone para o marido que aproveitava a manhã de sábado para jogar vídeo-game com os dois filhos, Jared e Paul, enquanto a esposa já começava a imaginar o que iria preparar para o almoço.

- Ele parece estranho – ela comentou em tom baixo, de modo que Edward não escutasse do outro lado da linha.

Emmett franziu a testa. Será que havia sido descoberto?

- E aí Edward? – tentou parecer entusiasmado, esforçando-se para não demonstrar culpa logo na primeira frase.

- Emmett. Sem enrolar. Explique-me as histórias que inventou para Isabella e para mim. – ordenou, fazendo o veterinário sorrir.

- Histórias?

- Ah, não me venha com conversa mole. Você sabe muito bem sobre o que estou falando.

Emmett coçou a cabeça, olhou para Rose que o observava, e deu de ombros.

- Quer mesmo saber? – Rose sabia que o marido não conseguiria ficar de boca fechada se fosse pressionado. Mas não ligava por Edward descobrir o que o haviam tramado, só não queria que Bella ficasse sabendo.  

- Preciso mesmo responder?

- Rose acredita que Bella seja a única pessoa capaz de dar um “up” na sua vida. Por isso demos um jeitinho para que vocês ficassem juntos e se conhecessem melhor. Claro que a minha mulher tem umas idéias mais românticas, de amor e casamento; mas pra mim, se rolar umas boas...hã, hã – pigarreou sugerindo a palavra que não poderia ser dita na frente dos filhos de quatro e seis anos. – Aquilo que você sabe...já está de bom tamanho.   

- Emmett! – Edward vociferou.

Não podia ser verdade o que acabara de ouvir.

- Você ser um louco não me surpreende, mas Rosalie...? Estão malucos? Tem idéia do que fizeram? Acharam mesmo que eu ficaria com uma garota?

- Não brinca! – Emmett agora parecia assustado – Você não joga mais no meu time?

Edward grunhiu passando descontroladamente os dedos pelos cabelos.

- Não diga asneiras, Emmett. Refiro-me ao fato de Bella ser uma menina de apenas dezessete anos. Tem noção?

- Tenho. Imagine se ela colocar uma mini-saia e meiões de colegial pra você...? – tentou estimular o amigo e acabou levando um soco no braço da esposa. – Ai, ai Rose...estou apenas ajudando! Não vê que agora Edward deu pra ter crise de “quarta-idade”?

Rose jogou as mãos pro ar, desistindo de ajudar o amigo.

- Ah! Mas vocês são dois indecentes mesmo. – cuspiu entredentes.

- Indecentes por quê? – Emmett resolveu então entrar no clima sério da conversa e mostrar sua verdadeira opinião sobre o assunto – Isabella não é uma criança, Edward, pelo contrário, é até mais adulta do que muitos de nós.

- Não duvido que seja mais do que você.

- E quer saber? – o veterinário ignorou a zombaria - Concordo com Rose. Talvez essa menina consiga dar jeito no teu astral. Quem sabe até mesmo te tirar da toca? Falando nisso...onde ela está? Você a mandou embora?

- Claro que não! – apesar de que tinha feito mesmo aquilo – A super madura se mandou na primeira brecha. Não sei pra onde foi. Deve ter ido namorar um pouquinho antes de vir interpretar o papel de presente de natal. – ironizou.

- Ah, Edward! Não seja tão crítico. Aposto que gostou do presente. – repetiu as palavras do engenheiro em tom malicioso.

- Já chega! Não vou mais discutir. E saiba que achei ridículo esse plano idiota de pedofilia.

E sem falar mais nada desligou o telefone, amaldiçoando as duas pessoas que conhecia há dezesseis anos.

Edward tornara-se amigo do casal McCarty ainda na faculdade, porque Rosalie era irmã gêmea de Jasper Hale, o estudante de contabilidade com quem dividiu o quarto universitário.

Quando Emmett - que era dois anos mais velho que outros os três - começou a namorar Rose, não tardou a se misturar com o pequeno grupo de amigos, e desde então, não se desgrudaram mais.

Edward encarou o teto, irritado com o que havia descoberto. Não era possível alguém tão normal quanto ele estar vivendo uma loucura daquele tamanho. Se pudesse, enforcaria o casal de veterinários.

 

- Até o próximo mês, turma! – Fadinha se despediu do grupo, feliz por mais um trabalho bem sucedido.

- E então, Bella...? O que aconteceu afinal? Não deu certo o cruzamento entre os cachorros?

- Nada disso, Alice. É que o tal Cullen... – começou a explicar sem precisar checar novamente o papel que Emmett havia lhe dado, pois fez questão de decorar o sobrenome de Edward assim que o conheceu pessoalmente – Não achou chato ficar com Perséfone sem mim.

- Ainda bem. Seria triste se não tivesse vindo. Viu como Penélope Charmosa ficou apaixonada por você? – o grupo apelidava também as crianças com as quais brincavam.

Bella sorriu ao se lembrar da menina, que já estava sem os cabelos devido à quimioterapia, se divertir com os desenhos malucos que criava ao lado da amiga Afrodite.

- Você bem que podia conseguir uma autorização para que pudéssemos fazer essas visitas mais do que uma vez por mês.

- Estou tentando. Estou inclusive incentivando os responsáveis pelos pacientes de outras idades a também adotarem o nosso grupo, ou pelo menos criarem outros, em suas alas. Não são apenas as crianças que ficam felizes com toda essa “bagunça” que aprontamos.  

- Concordo.

- É uma pena eu estar de plantão esta noite. Poderia te fazer companhia se estivesse livre.

A garota assentiu.

- E como está Collin? - Bella quis saber.

- Bem. – Alice riu vendo a expressão de desdém da companheira de alegria. Sabia que Bella não punha sentido naquele seu noivado, pois a amiga já deixara diversas vezes bem claro sua opinião. “Ele é legal, mas não combina com você!”.

Alice entendia que para Bella era difícil aceitar o jeito autoritário e possessivo de Collin. Mas para ser sincera, até mesmo ela andava se incomodando com as brigas desnecessárias que vinha travando com o amado. 

- Vai pra casa agora?

Bella sorriu e piscou.

- Nem que eu fosse besta! Vou é para a casa de Edward. Combinei de almoçarmos juntos.

- Que carinha atrevida é essa? – Alice não deixou passar a malícia da amiga ao mudar de assunto.

- Hum...estou certa de que encontrei o amor da minha vida!

 

Bella parou em frente ao portão de Edward pela segunda vez naquela manhã – faltando vinte minutos para considerar tarde – e tocou o interfone.

Sim?

- Sou eu, gato! – riu sozinha, tampando a boca, marota, no meio da calçada.

Ela não era boba, e já havia percebido que elogiar Edward o deixava constrangido.

Mas ele era lindo. O que podia fazer?

Edward destrancou o portão, permitindo dessa vez que a menina entrasse sem a sua escolta. Fazia duas horas e quinze minutos, para ser mais preciso, que Bella tinha saído. Pois é. Ele havia marcado.

Por onde será que havia estado?

Ele permaneceu na sala, fingindo não dar importância para o retorno da jovem. Mas quando esta atravessou a porta animadamente cantarolando “cheguei”, esmagou qualquer tentativa de indiferença.

Ela estava ainda mais radiante, mais encantadora, mais tentadora...como alguém podia iluminar tanto um ambiente com a simples presença?

- Sem chances...não sobrou troco.

- E como foi o tão importante compromisso? – frisou a palavra com pouco caso.

Bella notou o tom, mas ignorou.

- Ótimo. – sentou-se no sofá, ao lado e praticamente encostada em um Edward que discretamente tentava se afastar, entretida em abrir a bolsa apoiada nas pernas.

- O que era? Algum namorado? – conseguiu soar natural.

A menina parou de fuçar na bolsa e fitou-o por sob os cílios.

- Não. Não foi um compromisso desse tipo. – voltou a se concentrar na bolsa, de onde retirou uma pequena pasta verde. Abriu-a e pegou um dos papeis desenhados que lá estavam – Ah, aqui está! – disse satisfeita. – Tenho algo para você – escondeu a obra de arte contra o próprio peito.

- Para mim?

Edward ficou estranhamente contente por ela ter vindo da rua, de seu compromisso, com algo para ele.

- Mas antes preciso contar de onde veio isto.

Então, agora com tempo, detalhou para o dono da casa onde estivera e o que fizera naqueles minutos de ausência.

Edward ficou boquiaberto ouvindo Bella narrar sobre seu trabalho e também constrangido por ter pensado menos da garota. Ela tinha olhos brilhantes ao falar ternamente sobre as crianças que visitara naquela manhã. Em especial Penélope Charmosa - que a cativara com seu sorriso deslumbrante.   

Edward estava vidrado em tudo o que escutava e além disso, maravilhado pela pessoa que tinha sua total atenção. Bella era deleitável. Fascinante.

- Bom... – ela seguia tagarelando enquanto Edward seguia admirando-a – Minha mais nova amiga fez isto para você.

Edward pegou a folha que ela lhe ofereceu e ergueu uma sobrancelha ao ler a primeira linha.

 

“Querido amigo, Cabeça-Dura,

Fique sabendo que a Afrodite é uma ótima motorista. Da próxima vez, por favor, deixe-a vir dirigindo, pois o táxi foi lerdo demais.

Beijos da Penélope Charmosa.”

 

Ele sorriu ao ler o recadinho da criança, que ficava ao lado do desenho de um carro cheio de corações.

- Cabeça-Dura?

Bella deu de ombros.

- Você fez por merecer.

- Afrodite?

- Deusa do amor.

- E também da beleza. – Edward completou, sem saber o motivo de abrir a boca se era pra falar merda.

E ficaram se olhando. Muito próximos.

- Está com fome? – ele perguntou, saindo de um transe, e ficou em pé.

- Varada de fome.

- Então vou preparar minha especialidade. Macarronada.

- Hum...Mi piace!

Edward semi-cerrou as pálpebras.

- Sabe falar italiano?

- Só o que me convém.

E sacudindo a cabeça, foi para a cozinha dando risada. Bella nunca seria cansativa.  

 

Almoçaram e tiveram uma tarde agradável. Edward se manteve – consideravelmente - afastado da garota, e graças às conversas mais descontraídas que abordaram ao longo do dia, não se preocupou tanto com os malditos pensamentos inapropriados.

A cada minuto ele se via mais interessado pelas amenidades que ela lhe contava e ficou até mesmo orgulhoso por saber que a menina – que dizia ainda não saber o que queria da vida – estava entre os finalistas do concurso de conhecimentos gerais que um jornal local andava promovendo.  

- Parabéns! Você deve ter passado por muitos concorrentes.

- É...alguns.

- Como alguns? Fiquei sabendo que até mesmo escolas de outros Estados trouxeram seus alunos para a primeira fase.

- É porque o prêmio vale a pena.

- Vinte mil dólares para o primeiro lugar...estou certo?

- Certíssimo. E dez mil para o segundo.

A final seria dali a vinte e dois dias e Bella estava estudando muito para aumentar sua poupança.

- Meu tio nunca me deixou faltar nada; mas não acho justo um homem jovem e solteiro ter que bancar sozinho uma sobrinha que, de repente, caiu de pára-quedas em sua vida.

Edward achava no mínimo apaixonante o modo como Isabella encarava o mundo, e ficou realmente deslumbrado pela forma carinhosa e saudosa, porém alegre, com que ela comentava sobre os pais falecidos.

- Morrerem cedo, sim; mas ao menos foram felizes...

Ela não tinha problemas em falar sobre nada; e com a mesma intempestividade que terminava um assunto, iniciava outro.

- Quer que eu durma aqui esta noite? – perguntou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- Dormir aqui? – Edward pestanejou perplexo.

- Sim. Seria mais fácil, pense...ao invés de ter que nos levar embora hoje, buscar amanhã e levar novamente; você teria que fazer apenas uma viagem quando desse a hora de nos levar pra casa amanhã. Fora o fato de que Perséfone ficaria a noite toda com Sam.

- De jeito nenhum! Acha mesmo que o teu tio ficaria feliz ao descobrir que você andou dormindo na casa de um desconhecido?

Bella bufou e jogou alguns fios de cabelo para trás dos ombros.

- Em primeiro lugar, meu tio não precisa saber; em segundo lugar, você não é um desconhecido, é amigo de Emm e Rose.

Edward revirou os olhos.

- Não.

- Aff...sabia que não ia concordar...Cabeça-Dura, mesmo! – Bella cruzou os braços.

 

Já passava das sete horas quando Edward abriu o porta-malas de sua BMW-X5 estacionada frente à morada de Isabella, liberando Perséfone do improvisado cativeiro. Mesmo sendo um bairro com típicas residências sem portões, a cachorra sabia bem qual era o seu lar e logo correu para os fundos da casa, em busca das almofadas que lhe serviam de cama, enquanto Bella se despedia de Edward.

- Então amanhã estarei aqui oito horas em ponto.

Falou já entrando no carro. Bella assentiu e pediu com um gesto de mãos para que ele abaixasse o vidro, após ter fechado a porta.

- Mais alguma coisa? – perguntou quando a jovem apoiou os cotovelos na janela aberta.

- Ah, sim. Você não se despediu direito. – garantiu.

E antes que Edward percebesse quais eram as intenções da menina, ela segurou o rosto masculino entre as mãos e selou os lábios de ambos em um beijo macio e rápido.

Quando se afastou, a garota tinha um brilho felino nos olhos e um sorriso malandro na boca.

Edward ficou, mais uma vez, paralisado, sentindo uma onda de calor descer de onde Bella o tocara até bem mais embaixo.

- Você está brincando com fogo, Isabella. – ele resolveu alertá-la.

O sorriso devasso ficou ainda mais irresistível quando a menina mordiscou o lábio inferior.

- Hum...e você promete incêndio?

Edward ficou cego. Já estava alucinado pelo cheiro de pecado que vinha de Isabella, e agora mostraria à jovem o tamanho do incêndio que o queimava por dentro. Mas quando levou as mãos para abrir a porta e descer do carro, escutou uma voz envelhecida saudar de longe.

- Boa noite, Bella!

A senhora robusta que entrava na casa vizinha acenou educadamente, fazendo Edward cair em si e ficar horrorizado pelo o que poderia ter acontecido não fosse a interferência.   

- Boa noite, Sra. Green.

- E Phil? Volta amanhã?

- Sim, sabe como são essas pescas do meu tio...

- Hã...se precisar de alguma coisa é só chamar. Você vai ficar sozinha?

Era evidente a curiosidade da mulher ao encarar descaradamente o carro de Edward.

- Ah, sim. Meu amigo aqui já estava de saída. Boa noite e obrigada pela preocupação, Sra. Green.

E vendo a intrometida entrar na casa, Bella voltou a encarar Edward, sem dessa vez apoiar-se na janela.

- Aff...aposto que vai fazer fofocas quando titio chegar. Mulher enxerida...

Bella fez careta sabendo que a vizinha ficaria de vigia a noite inteira. Mas não por preocupação como fingia, e sim por maldade.

Edward ligou o carro e olhou para frente. Não cometeria o erro de encarar Isabella antes de partir.

- Boa noite. – soltou com certa rispidez e saiu roncando o motor do automóvel antes mesmo que a garota pudesse responder.

Edward estava certo de que o domingo seria um dia estressante, no entanto, Bella podia jurar que na verdade ele seria muito interessante.

 


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Notas finais do capítulo

Oi, amores...aí está mais um dos capítulos que já estava pronto. ;)
Resolvi alcançar logo as postagens do outro site para seguirmos juntos nos dois lugares, ok? Sendo assim, daqui alguns dias volto com o terceiro capítulo.
Bom, não sei vocês...mas eu estou me divertindo muito com essa Bella!! hahaha Dou risada sozinha escrevendo esta fic!! rsss

Mas agora, quero agradecer a todos que comentaram no capítulo, passado:
Liviagabi4, ale winchester, mandynhaa, sica, GrazzyMoraiis, danivena, silaer, CamiiBerlofa, franfurtado, DEA, Simoneipua e joelma.
Obrigada pelo incentivo, amores!!

Beijão e até mais ;)
Duda