Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 20
A Noiva Traída




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– Tudo bem, eu vou dizer mais uma vez, tentem não causar problemas... Emmet? Bella?... Alice? – Carlisle olhava pelo retrovisor e eu sorri por ele não ter mencionado meu nome.

– Ei, e Edward? – Isabella falou alto.

– Convenhamos Bella, Edward é quase um santo... – Emmett gargalhou.

– Você é quem pensa... – ela disse em um tom que eu conhecia bem.

Nós estávamos quase nos aproximando de casa, e Carlisle veio por todo o percurso nos falando sobre os “nervos” de Esme e sobre como ela estava se esforçando para não colocar tia Abgail pra correr de lá. Além de Bella todos nós já havíamos nos acostumado com o nervosismo de Esme e com a facilidade com a qual ele se mostrava, digamos... agressivo com a irmã por perto.

– Pai, toda vez é a mesma coisa... Mamãe se irrita, joga na cara dela a traição do tio Harvey, e sobre ela ter “caído na gandaia”, depois disso ela a expulsa de lá... Oh sim, sem mencionar a raiva que ela desconta na gente, principalmente em você senhor Carlisle. Sim porque a Ed ela pede conselhos, nem Alice entende as mulheres como Ed... – Emmett bateu em minha cabeça do banco de trás e eu me virei jogando-lhe um olhar nervoso.

– Emmett, você poderia ser menos infantil? – perguntei a ele olhando o movimento pela janela.

– E você poderia ser menos boiola? – Emmett disse imitando meu tom de voz.

– Ei vocês! O que papai acabou de dizer? – Alice perguntou autoritária – Até a Bella está quieta...

– Ei! – Isabella se ofendeu.

– Se elas se odeiam tanto, por que é que vocês continuam permitindo tia Abgail vir aqui? – Isabella perguntou de repente.

– Tia Abgail não guarda rancor. Ela é meio hippie e a mamãe fica com peso na conciência... Ela é meio bipolar sabe. O problema é que mamãe não sabe aproveitar a vida como a titia... – Emmett falou sério.

– Chega! – Carlisle disse alto, mas ele se divertia com a conversa – Chegamos... – ele suspirou – Senhor Jesus, nos guarde. – ele disse.

POV. Bella

O negócio estava tenso mesmo. Eu nunca tinha visto a cara da tal tia Abgail e já sabia metade da vida dela, eu até me identifiquei com a coitada, sendo expulsa dos lugares, causando confusões, “caindo nas gandaias” da vida, eu só esperava não ser traída por ninguém, sim porque até isso a pobre mulher já foi... Aliás essa foi a parte em que eu mais me interessei e foi a menos comentada pelos Cullen. Eu descobriria de qualquer maneira...

Nós pulamos do carro e Carlisle resolveu guardar o carro sozinho, talvez porque ele queria ganhar tempo antes de entrar no “matadouro”. Edward passou ao meu lado sorrindo como se alguém tivesse contado uma piada e encostou sua mão na minha propositalmente, claro.

– O que? To com a cara suja? – perguntei rindo dele.

– Não... – ele disse e passou a minha frente.

Na verdade eu ainda achava que todos estavam super exagerando na história toda já que era impossível que irmãs brigassem tanto, pelo menos em minha concepção... Concepção? De onde eu tirei essa palavra... Dicionário Edward Cullen, claro. Entramos na casa que estava mais iluminada que bairro rico em dia de natal e Esme estava sentada no sofá bebendo um copo de água lentamente, quase como se fosse um vinho caro.

– Ah... – Edward começou hesitando perto do sofá – Tudo certo por aqui?

– Claro, tudo bem. – ela disse e sorriu... falsamente, pelo menos pra mim.

– Que pena, achei que tava rolando um barraco aqui... – tapei a boca, eu nem acredito que disse isso, era pra eu ter pensado não dito – Quer dizer... deixa pra lá.

Bom, tirando o olhar que Esme me deu tudo estava calmo, nada de gritarias, cadeiras quebradas, olho roxo, como eu havia pensado, eles tinham exagerado.

– Tanya esteve em minha companhia até agora... – ela disse tristonha.

– Não diga... – resmunguei baixinho e Edward ouviu.

– Ela está em seu quarto Edward, disse que queria pegar um cd seu emprestado ou coisa assim... – Esme se levantou.

Tudo bem. Respira fundo, outra vez... Bella, acalme-se uma vez vadia, sempre vadia como já disse Hayley Williams.

– Em meu quarto? – Edward engoliu seco sem olhar pra mim – Bom então, vou esperar ela sair de lá bem aqui... – ele se sentou no sofá e eu tive vontade de rir de sua expressão – Onde está tia Abgail? – perguntou rapidamente mudando de assunto.

– Ela...

– Esme, sem querer ofender, mas a garota é loira demais pra mim... – uma voz alta e um pouco rouca soou vindo do primeiro degrau da escada. – Meus sobrinhos! – ela gritou animada.

Virei-me pra escada e lá estava a mulher ruiva e alta de braços abertos e sorrindo. De longe ela parecia uma hippie assim como Emmett havia dito, sabe aquelas tias doidonas? Bem assim, e ela usa um batom vermelho escuro que contrasta com sua pele branca. Conforme ela se aproximava pude ver a pouca, mas existente, semelhança com Esme.

Elas com certeza eram muito diferentes. Enquanto Esme vestia uma saia preta dois dedos acima do joelho, uma blusa soltinha lilás e um colar de pérolas, tia Abgail usava todos os assessórios possíveis. Pulseiras, colares, brinco de pena, eu não duvidava nada dela ter piercing e alargador também, ela vestia uma saia, mas a sua se arrastava no chão e era estampada.

A mulher veio na direção de Alice e Emmett e logo depois abraçou Edward, então ela chegou perto de mim, me fitando por alguns minutos.

– Esme ela não me parece ser uma “causadora de problemas”... – a mulher disse rindo e afagou meu cabelo.

– O que? – perguntei meio ofendida. Ah qual é, eu também não era tão ruim assim.

– Você é a americana, tem cara de americana... – disse e me abraçou.

– Tia, o que a senhora dizia enquanto descia a escada? – Emmett perguntou com um brilho nos olhos.

– Ah sim, aquela loira, de que planeta a coitada vem? – eu até responderia, mas já tinha pensado alto o bastante por um dia – De dez palavras que ela diz cinco são “Edward” e as outras cinco são coisas que eu nem tentei entender... – ela bufou.

Sabe que, eu gostei da tia Abgail?

POV. Edward

Tudo estava quieto demais, normal demais, geralmente há essas horas Esme e tia Abgail já estavam a ponto de explodir, mas até agora nada. Tanya parece ter servido para apartar a briga das duas, afinal ela estava lá até agora.

– Abgail, ela é só uma menina... – Esme bufou.

– Tome cuidado com ela Edward, a garota é meio obcecada por você querido... – Tia Abgail deu uma risadinha abafada.

– Edward! – ouvi Tanya gritar – Edward, será que você pode vir até aqui? – ela perguntou do alto da escada.

– Ah... – gaguejei e engoli seco. – Claro... – falei e não me atrevi a olhar pra Isabella.

Segui em direção a escada e enquanto subia eu podia ouvir uma melodia conhecida. Tanya estava mexendo em meus CDs. Isso fizera-me lembrar da primeira vez que vi Isabella e eu sorri.

– Esse é bem legal... – ela estendeu o cd pra mim e estava sorrindo também. Olhei pro cd e não havia capa nem nada, porque Carlisle havia gravado pra mim algumas das melhores sinfonias de Tchaikovsky* – Quando é que começa a música?

– Já começou Tanya... – murmurei.

– É, mas até agora eu não ouvi ninguém cantar... – ela disse como se fosse óbvio.

– Tanya, você... – bufei – É Tchaikovsky, são sinfonias, ninguém canta.

– Oh sim... Você sabe tanto sobre tudo Ed. – ela disse sorrindo de um jeito estranho – Será que você pode me falar mais sobre o... ah...

– Tchaikovsky?

– Sim, ele mesmo...

Eu não queria ficar sozinho com Tanya, mas seria muito mais fácil do que voltar lá em baixo e ter que agüentar os conflitos de Esme e tia Abgail, e ainda ter que encarar Isabella sem poder falar com ela calmamente, oh sim, eu com certeza deixaria isso pra depois.

POV. Bella

Eu estava tentando não pensar no que Edward tanto fazia lá em cima com a loira burra, mas me parecia impossível. Não que eu não entendesse o porquê dele ter subido, Edward é um bom filho e se não tivesse ido com certeza seria motivo pra mais brigas na família. Mas eu não estava nem aí pra isso, na verdade, eu só o queria bem perto, em algum lugar em que eu pudesse observá-lo.

Esme e Abgail estavam tendo uma discussão até que amigável sobre Tanya, e esse assunto realmente não me interessava nem um pouco. Enquanto Esme colocava a loirinha e um pedestal tia Abgail a jogava na lama. Parece que o único motivo de as duas não terem tido tempo pra se pegar até aquele momento era a santa Tanya, isso porque a garota não as deixou em paz nem um minuto pra quebrar o pau...

Mas agora que Tanya estava “ocupadinha” com o meu namorado, a casa começava a cair. Sinceramente eu não entendia o porquê de tanta confusão. Eu nunca tivera uma irmã, mas ser filha única não é uma coisa de que eu goste muito, ainda mais quando só se tem amigos homens como eu, é aí que você desanda de vez, isso é o que Charlie dizia. Charlie, eu precisava falar com ele...

– Você não sabe do que está falando Abgail... Ainda espero que um dia Edward possa se casar com Tanya! – acordei de meus pensamentos ao ouvir Esme dizer isso e percebi que Alice e Emmett já tinha se mandado.

Oh claro, como se não bastasse mandar nele o tempo todo, Esme também escolhia a noiva?

– O que? Oh meu sobrinho é muito inteligente, ele não faria isso... – Boa tia Abgail!

– O que foi Bella? – Esme me olhou intensamente.

– Nada. Só tava pensando em umas coisas... – eu a estava encarando, talvez com um olhar feio... Levantei-me do sofá – Vou ligar pro meu pai, podem continuar o quebra... Quer dizer a conversa...

Segui para o jardim com o celular na mão pronta pra ligar pra Charlie, mas o que Esme havia dito mexera comigo de uma maneira estranha. Eu não estava acostumada a me sentir magoada, talvez porque até agora eu tenha evitado as pessoas que me magoassem, mas agora era meio que impossível não me sentir incomodada com aquilo.

Era como se uma chama dolorida queimasse dentro de mim, eu considerava isso raiva, talvez misturada com um pouquinho de ciúme, eu tinha vontade de sair correndo e tirar Edward de perto daquela garota. A minha mente esquisita chegava até a imaginar os dois se casando... Oh que nojento...

Balancei a cabeça e disquei o número de Charlie.

Eu estou sentindo como se eu não te conhecesse

Você me diz que você me ama e então, me derruba

E eu preciso de você como um batimento cardíaco

E isso é para você e seu temperamento,

Sim, eu lembro o que você disse noite passada

E eu sei que você vê o que você está fazendo para mim

Diga-me o porquê?”

(Taylor Swift – Tell Me Why)

– Pai, eu realmente não te entendo. Pare de implicar com Sue, ou então você vai ficar sem alguém que cozinhe pra você... – falei divertida e ele riu.

– Ei Sue, Bella disse que não devo implicar com você ou passo fome... – ele gargalhou – Sinto sua falta Bells, e os garotos por aqui também...

– Eu também, você nem sabe... Aqui é bem mais agitado do que eu pensei.

– Pensei que quisesse um lugar agitado...

– É sim, mas olha, a cada dia me surpreendo mais... Eu acho que to ficando careta. São os ingleses...

– Os ingleses? Algum em particular?

– Pai!

– Ok, não vou perguntar mais nada, só que, toma cuidado. Te amo Bells...

– Também te amo pai. Tchau. – desliguei.

– Você tem uma boa relação com o papai... – a voz rouca murmurou atrás de mim.

– Oh... – me virei pra ver tia Abgail sentada na grama.

– Não se preocupe criança, eu falava da parte do “eu te amo”, não ouvi mais nada... – ela parecia sincera.

– Ah, tudo bem, quer dizer não falávamos nada demais... – me sentei ao seu lado – Tudo bem lá dentro?

– É, tirando o fato de que minha irmã me odeia, sim... – ela riu.

– Que isso, ela não odeia não... – falei tentando ser convincente.

– Esme não gosta do fato de eu preferir me divertir do que ter um marido, sabe, eu era casada e meu marido me... traiu... – ela hesitou, parecia querer desabafar.

– Nossa... E, por que? – perguntei pra que ela continuasse.

– Não sei o que leva alguém a trair, mas ele alegou “diferenças irreconciliáveis” – desenhou as aspas no ar – No começo foi difícil, mas agora eu quero mais que ele vá ser feliz com a safada que arrumou... Porque eu vivo muito bem. – ela disse animada.

– A senhora não... se sente meio fora do lugar as vezes? Quer dizer, diferente dos outros? – perguntei quase como pedindo um conselho.

– Eu gosto de curtir a vida, sair com minhas amigas e vestir roupas estranhas, e daí? Ninguém paga minhas contas... Já Esme, não viveria sem Carlisle, e até que isso é bonitinho e tal, mas eu não sou como ela... Por ser a mais velha ela acha que eu deveria seguir seu exemplo de dona de casa dedicada, mas eu não sou assim e ela tem que me aceitar como sou. É por isso que ela briga comigo... Porque não consegue me mudar...

– Sabe, as vezes me sinto fora do lugar... – falei sinceramente – Mas, eu sigo firme em quem eu sou, principalmente aqui, todos são diferentes de mim, mas eu não ligo... – sorri – Apesar de as vezes me pegar falando palavras complicadas como Edward e filosofando como ele... – ela riu.

– Edward é muito precioso, tem uma aura boa, mas é inseguro... – falou e depois me olhou por alguns minutos – Sabe que você é perfeita pro meu sobrinho, não aquela loira... – ela parecia falar sério.

– Ah... – engasguei – Por que acha isso? Quer dizer, somos tão diferentes... – suspirei.

– Exatamente meu bem... – ela ficou em silêncio.


“Não pode estar errado, só pode estar certo.

Mostre-me o que você está se sentindo,

Você ficará surpreso com o quão fácil é se abrir, é assim que se cura.

Alguém que te faz pensar que eu não vou entender

Então, o que faz você pensar que eu não vou conseguir seu amor hoje à noite? Fale.”

(Lindsay Lohan – Speak)


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