Chocolate Derretido escrita por LyaraCR


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal... Andei lendo o primeiro capítulo e sentí que precisava desenvolver ao menos mais uma cena, e como achei que ficou legal, estou colocando aqui pra vocês.. Vamos lá! Espero que gostem e digam o que acharam! Grande beijo a todos!



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Tudo havia se tornado estranho demais depois do incidente na cozinha. Não estavam se falando e dormir sob o mesmo teto estava sendo uma das tarefas mais árduas de suas vidas.

John havia estranhado a situação, questionado, brigado com eles, mas mesmo assim, ainda insistiam em dizer que se tratava de um motivo banal, insistiam em dizer, um longe do outro, que o mau-comportamento estava causando todas essas desavenças. Dean insistia em dizer ao pai que Sam estava se envolvendo com gente problemática, Sam dizia ao pai que Dean estava querendo mandar demais em sua vida, se achando melhor, perfeito, mais importante. Não, nada disso era absolutamente verdade, mas enquanto John insistisse em saber do que se tratava, infelizmente teriam que fabricar-lhe mentiras. Sabiam, se a coisa toda chegasse aos ouvidos dele, tudo ficaria ainda pior. Ao menos podiam se ver, olhar nos olhos como se quisessem se falar e faltasse coragem, ver que o outro estava bem.

Ultimamente Dean estava bebendo demais. O bar parecia sua segunda casa. Trabalhava durante todo o dia pensando no final do mesmo, pensando no que escolheria para acalentar seus ânimos, acalmar ou afogar suas mágoas. Hoje, por exemplo, não era diferente.

Sentado num dos bancos frente ao balcão, deixava-se escorar no mesmo. Já eram oito da noite e já havia bebido seis ou sete cervejas. Estava praticamente trêbado, e nem queria pensar no tanto que seu pai falaria se chegasse nesse estado em casa. Ao menos seria mais fácil dormir, mesmo com as palavras ásperas de John... Olhar para Sam e se lembrar do acontecido sem nem ao menos dissimular, era uma das coisas mais dolorosas dos últimos tempos. No fundo, ainda podia se lembrar... Sabia que tudo ficaria bagunçado demais para continuar normal entre eles, e sabia, não, não sabia, mas sentia que Sam ficaria assustado, tentaria se fechar como nunca... Tinha que se parabenizar, porque mesmo sabendo da grande merda que estava fazendo, sem dó nem piedade de si mesmo ou do relacionamento sadio que tinha com o irmão ainda deixara-se fazer o que fez...

— Maldito... Por que eu sou tão desgraçado?!

Questionou o barman, xingando-se, deixando todo o rancor transparecer por sua face.

— Não acha que já basta? Tá na hora de ir pra casa...

Ele disse, recusando o gesto de Dean, quem tentava pedir por mais uma dose, mais uma bebida qualquer.

— Qual é! Você não sabe metade dos meus problemas! Se soubesse me daria seu bar inteiro...

— Éh, mas se ficar aqui bebendo, eles não vão se resolver sozinhos garoto... Agora se manda antes que eu chame seu pai...

— Eu tenho vinte anos!

— Não me importa. Se manda...

Obedecendo mesmo a um quase-estranho, com muito custo Dean se levantou e foi em direção a porta, passos trôpegos, olhar inebriado... Não queria voltar pra casa, não bêbado. Estava cedo demais e seu pai provavelmente estaria acordado, Sam começaria a reclamar com ele só para aparecer e as coisas ficariam realmente tensas sob o teto onde morava... Precisava andar com calma, precisava espairecer. Só queria dormir, tudo o que queria agora, era deitar, fechar seus olhos, dormir. Fato que se dormisse sonharia com Sam, como todos os malditos dias de sua vida, mesmo antes de acontecer a “tragédia na cozinha”. Era estranho. Se sentia doente. Toda a sua ânsia de se refrear, de se curar havia deixado de existir justo naquele dia... E seus pensamentos agora tinham a voz mais alta do que nunca. Falavam. Diziam para que fizesse mais, para que se deixasse levar, diziam que seria bom, muito bom, e sabiam prometer convencendo, sabiam perturbar, ainda mais quando se deixava embriagar.

A porta de madeira clara não pareceu forte o bastante para segurá-lo quando tropeçou. Ou estava destrancada.

— Garoto descuidado...

Praguejou, adentrando o ambiente escuro e fechando-se, trancando-se dentro dele. Riu. Só esperava, no fundo, que esta fosse realmente sua casa e que se não fosse, que não houvesse invadido nenhuma cena de crime. Não queria ser preso, muito menos se complicar com a polícia e ter a boa-fama recém-construída detonada por um erro.

Deixou-se parar. Ouvir. Do andar de cima, vinha uma música leve, baixa. No fundo podia ouvir o barulho do chuveiro. Algumas centenas de imagens invadiram seus sensos, seus pensamentos... Sam estava em casa, tomando banho, e provavelmente sozinho. Era perigoso demais se deixar alí, mas não. Não podia correr o risco de voltar para a rua e dar de cara com seu pai, quem decerto não estava em casa, dada a ausência do carro na garagem e a sua ausência na sala de estar num horário em que sempre se encontrava colado à mesma.

Seu coração estava disparado, e sabia que sob o mesmo efeito da outra vez, seria louco o bastante para causar mais problemas... Não podia deixar a adrenalina tomar conta, não, não mesmo... Não queria se deixar levar por ela e acabar fazendo mais uma besteira, dessa vez, ainda pior. Certo que não sabia o quanto se aguentaria louco, afetado como estava. Precisava de ajuda, de um psicólogo ou de algo como uma bala na cabeça, porque sim, sabia, com Sam, sua sanidade resolvia pular pela janela e ir em direção ao bosque mais próximo, se perder num conto de fadas qualquer enquanto Dean ficava absolutamente sem controle.

Não tinha como se refrear. Queria ao menos espiar através da fechadura da porta, ah como queria... Queria poder vê-lo do jeito que vinha sonhando toda maldita noite, queria, no fundo, que ele soubesse que estava sendo observado. Queria que Sam aceitasse. Queria que Sam o quisesse do mesmo jeito incerto, louco, sem se refrear ou coisa assim.

A porta se aproximava, e já podia ver o pé de sua cama. O cheiro de sabonete e o barulho do chuveiro tornavam-se cada vez mais notáveis... Aquele doce aroma, aquela coisa promissora demais para ser inocente, misturada ao cheiro de morango do shampoo...

Passou as mãos no rosto, tentando focar-se em parecer normal, ao menos isso... Sua vista estava embaçando, precisava dela boa o bastante para notar e gravar cada detalhe através do buraco da fechadura que... provavelmente estaria disponível se a porta estivesse fechada. Sam havia tomado liberdade o bastante para aproveitar-se de sua solidão tomando banho com o som de toda a altura, aquelas músicas suaves e a maldita porta aberta... “Deus... Isso já não é provação o bastante? Por quê? Só queria saber por que o faz fazer isso...” Questionava mentalmente, em busca de uma resposta que sabia não ter. Escorado na quina da porta como um ladrão na noite, em meio à escuridão e a penumbra formada pela única arandela do banheiro, pensava no que fazer, em como agir. Sam estava alí, vulnerável e praticamente exposto... Deus... Pediria para morrer se não quisesse vê-lo antes.

A água caía sobre seu corpo. Seu coração palpitava. Era como se algo o estivesse avisando de algum perigo ou acontecimento. Era ruim estar sozinho e ter deixado a porta do quarto destrancada. Se sentia inseguro. Se ao menos Dean estivesse em casa... Dean... Seus pensamentos a respeito dele vinham tão confusos ultimamente... Sabia que estavam mal, sabia que queria ficar bem com ele, e sabia que no fundo no fundo, queria sentir a mesma coisa daquele dia... Ainda se lembrava claramente da tempestade de sentimentos e emoções que o havia assolado enquanto ele pressionava o corpo forte contra o seu, ainda podia se sentir preso contra a parede e... Deus! Estava completamente arrepiado... Não, era errado se lembrar disso e ansiar por mais. Era errado, e como era! Ficava imaginando caso John descobrisse... Estaria tão ferrado quanto Dean. Primeiro por saber que o pai o colocaria porta afora. Segundo por saber que seria castigado, duramente castigado pela ausência dele, por ter aceitado — não tão bem de início — toda aquela coisa confusa.

— Dean...

Sussurrou mais para si mesmo... Tão baixo que nem mesmo ouvira direito. Estava completamente perdido dentre seus pensamentos, completamente alheio ao mundo, brigando com seus próprios sentimentos, tentando negá-los com algum motivo justo, bom o bastante para fazê-lo tomar repulsa do acontecido e falhando miseravelmente. Não se arrependia, mas temia. Temia o fato de que Dean pudesse ter feito aquilo sem realmente querer, embalado pelo calor do momento, deixando-se arrastar pelo seu jeito alterado dada a situação anterior... Dean... Seu irmão mais velho... Estava muito ferrado.

Do lado de fora do banheiro, já no quarto, o mais velho estava descalço. Não queria ser percebido nem mesmo pelo som de suas botas contra o assoalho. Seu coração batia forte, queimando, avisando que seria arriscado demais se deixar observar. E se Sam resolvesse, por algum milagre ou força oculta ver que estava alí e aprontar um escândalo? Certo que não era do feitio dele, mas ainda assim, temia que a coisa chegasse aos ouvidos do pai. Sua mente gritava ao mesmo tempo para que entrasse e para que esquecesse tudo isso. Sua cama estava bem alí! Podia se deitar e tudo ficaria bem, como se nada tivesse acontecido, mantendo o ritmo que a situação havia adquirido.

Sabia, isso era impossível. Deixou-se espreitar mais uma vez... Havia bastante fumaça, e ele estava lá... Sem roupas, molhado, os fios tom de chocolate brilhando ainda mais devido a água que escorria por eles... Deus, era a sua perdição. Sam, seu pequeno Sammy, agora alí, alvo de suas vontades malditas, estranhas e perigosas... Dean daria tudo para conseguir se conter, mas a medida em que seus olhos escorriam sobre a silhueta do outro, gravando cada detalhe, sentia seu corpo esquentar, sua mente clamar por mais, clamar por toques, mais sensações, clamar por ele.

Foi como se houvesse perdido o controle de si mesmo... Agora caminhava em direção ao box, ele estava com os olhos fechados, a água caindo sobre a face... Deus, tão lindo, e tão próximo! Não havia mais volta.

Sua mão abriu o único impedimento em seu caminho, e foi tudo rápido demais. Um baque surdo contra a parede. Logo Sam estava preso mais uma vez, os olhos arregalados, claramente apavorado sem entender nada...

— Dean...

Disse, baixinho. Tremia.

— Não fala nada...

O mais velho ordenou. Sam pôde perceber, ele ainda estava de roupa, e nem mesmo importava em se molhar... Provavelmente estava bêbado, mas a boca tão perfeita em seu pescoço, como grande maioria de seus sonhos, o estava fazendo esquecer de detalhes como aquele numa velocidade incrível. Podia sentir o corpo dele contra o seu, as mãos fortes apertando seus quadris, podia sentir o coração dele tão disparado quanto o seu.

— Por quê?

Questionou. Ele apenas colocou um indicador ante seus lábios...

— Eu sei que é loucura, mas não fala nada...

— Eu estou com medo...

Sussurrou.

— Pshhh...

Agora tinha a boca encoberta pela mão de Dean, enquanto a outra mão do mais velho fazia questão de tocar aquela parte já desperta o bastante de seu corpo. Era bom, ao mesmo tempo em que o deixava apavorado... Assim como seus malditos sonhos. O som tocava alto, camuflando seus gemidos, camuflando os gemidos dele... Podia sentir o corpo forte contra o seu, se esfregando... Tão bom, tudo tão louco! E de repente, não pôde mais se refrear... Deixou que suas mãos até então inertes, fossem até a barra da camisa dele, puxando, logo lhe chamando a atenção, fazendo com que a pobre peça de roupa fosse parar longe de onde antes estava... Dean olhou dentro de seus olhos... Era como se estivesse tão apavorado quanto o mais novo... E não havia nada que pudessem — ou quisessem — fazer para que tudo aquilo parasse.

— Sabe que isso é errado e perigoso, não sabe? E sabe que pode me colocar porta afora se quiser, não sabe?

Sam apenas acenou positivamente com a cabeça, o coração disparado demais para que conseguisse prestar atenção o bastante para formar palavras.

— Você não quer isso, quer?

— N-não...

Disse, Dean deixando-se aproximar mais uma vez, como se fosse beijá-lo, mas não, não podia, e por sorte ainda teve forças o bastante para se refrear. Seus lábios encontraram o canto dos de Sam, quem por Deus, morreria para que aquele toque se concretizasse...

— Sam, por favor, não me deixe fazer isso...

— Por quê?

Sentiam os lábios do outro se mover enquanto os corpos se pressionavam, enquanto conversavam baixinho.

— Porque consegue ser ainda mais errado do que estamos fazendo...

— Eu sei... É pecado...

— Me ajude a me conter, por favor... Eu não consigo sozinho...

Esfregou levemente os lábios contra o canto dos de Sam... era uma súplica, o mais novo teria que ajuda-lo a evitar um beijo que decerto destruiria ainda mais sua mente... E Sam não parecia estar conseguindo fazê-lo... O tanto que ansiava Dean, os lábios dele nos seus, era algo promissor demais para que conseguisse refrear... Mas o faria por Dean... Se ele ainda achava que era pior, ainda mais pecaminoso do que estavam fazendo, evitaria por ele.

Virou o rosto na direção contrária, deixando seu pescoço exposto para toda e qualquer ação do outro, enquanto suas mãos foram em direção ao botão da calça dele, desfazendo, ajudando-o a se livrar de parte daquele martírio azul-claro.

O tocou sem nem mesmo avisar que o faria. Dean gemeu e aquele gesto foi um presente dos deuses para Sam... Estava fazendo Dean gemer por ele, por seus toques.

— Sammy...

A voz rouca próxima demais de seu ouvido, fez com que tivesse que se conter. Estava arrepiado, perdendo todo o seu controle, querendo coisas e mais coisas com Dean... Deus, estava perdido e nem mesmo pensava em se encontrar. Estar alí com ele, agora sendo tocado por ele, era algo que acontecia apenas em seus sonhos e pensamentos mais obscuros, algo que nunca havia se deixado desejar verdadeiramente, sem se reprimir, sem ficar triste consigo mesmo por pensar algo tão impuro com o próprio irmão.

— Dean.. A porta...

— Esquece a porta...

Com os olhos fechados e a cabeça apoiada no ombro do mais novo, Dean deixou-se desfazer de sua calça, do resto de suas roupas, ficando nu, alí, ao lado de Sam, frente a ele, colados... E pôde senti-lo... Era tão delicioso! Estavam forçando os corpos um contra o outro, gemendo, ofegando... Tocar o seu irmão mais novo era uma das coisas que Dean jamais esqueceria. Sam era tão quente, era tão delicioso! Sentir o calor dele contra o seu enquanto se pressionava contra ele, sentir as unhas curtas arranharem suas costas, ouvir a voz rouca gemendo baixinho, tentando se conter, nossa... Dean estava perdido no paraíso e por Deus, jamais queria se encontrar.

Descontrolando-se, o mais velho deixou que sua língua tocasse os lábios entreabertos do mais novo, deixou-se sugar o lábio inferior do mesmo... Estavam tão próximos de um beijo! Mas não, tinha que conseguir refrear, tinha que conseguir se conter, tinha que parar antes que devorasse Sam, sujando a pobre alma do mesmo com seus pecados...

Afastou-se apenas um pouco, sua testa ainda estava contra a de Sam. Sua mão segurou os dois membros juntos, ditando um ritmo forte, rápido, que logo os fez consumir com todo o calor. Estava acabado, e junto com a água quente que escorria sobre os corpos, estavam os pecados. Agora se sentiam bem, mas sabiam que tudo aquilo só faria com que as coisas se tornassem ainda mais difíceis...

E agora, mesmo em meio ao resto de embriaguez que afetava a o seu ser, Dean sentia a crescente certeza de que Sam também o desejava, de que Sam queria, tanto quanto ele, lambuzar-se nos pecados, deixar o corpo inocente deitar-se entre eles junto ao seu, enquanto faziam coisas que nem mesmo poderiam explicar...


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço comentários? :*