Dava para ver o sofrimento nos olhos de Nessie quando ela pronunciou aquelas palavras. A primeira coisa que pensei em fazer era abraçá-la, e dizer que tudo isso não passou apenas de um sonho. E que nada iria acontecer conosco. Mas eu estava sem ação. Fiquei parada como estatua sem vida a observando. Por que, meu Deus? Nessie era tão pequena e frágil... Por que justamente estas coisas estavam acontecendo com ela? Era emoção demais para uma garotinha tão nova. Era poder demais para um bebe. Eu só queria que Nessie tivesse uma vida tranqüila... E se existe mesmo um Deus neste universo acho que não permitiria estas coisas que estavam acontecendo...

Eu ainda estava paralisada em meu momento depressivo, quando a própria Nessie inclinou-se e me deu um abraço apertado.

– Não quero que isso aconteça. – ela sussurrou.

– Não irá acontecer. – prometi. – Temos uns aos outros. Não iremos nos separar... Eu e seu pai protegeremos você...

– Não! – ela se sobressaltou. – Não! Eu não. Vocês tem que se proteger mamãe! Eu não! São vocês que estão em perigo mãe!

Eu não podia mesmo acreditar no que estava ouvindo. Nessie quase acabou de destruir nossa casa que acabamos de mudar, para protegê-la! E diz que não é ela, e sim eu e Edward que estamos em perigo? Amo muito Nessie... Mas não posso concordar com tudo que ela diz. Principalmente isso! É a ela que temos de proteger! E comigo? Não me importo com minha segurança! Desde que Renesmee fique salva e viva, pouco me importa o que irá acontecer comigo!

Eu nunca deixaria que nada acontecesse e daria a minha vida, se necessário.

- Não irá acontecer nada comigo, Nessie. Nem com a sua mãe. Nunca! Mas você é mais importante do que tudo, e a única coisa que importa é a sua segurança. – Edward falou, passando seus braços em volta de nós duas, como um gesto de proteção.

- Eu não quero que nada aconteça a vocês... – Ela sussurrou.

- Não vai acontecer – Disse tentando acalmá-la, vendo que já amanhecia – Agora você tem que dormir mais um pouco... – Ela olhou para Edward e ele assentiu.

Nessie foi para os braços de Edward. Ela sempre dormia mais rápido com ele, por algum motivo que eu desconhecia.

Resolvi trancar a casa enquanto ele a ninava. A casa não era muito grande, por isso consegui fechar tudo em pouco tempo. Por todos os lugares onde passei haviam rastros de destruição.

Eu teria que fazer algo para tentar ensiná-la a controlar os seus poderes, ou eles poderiam prejudicá-la de alguma forma.

Quando voltei para a sala, encontrei Nessie nos braços de Edward já dormindo.

- Onde fica o quarto dela? – Perguntei a Edward, já que ele já havia checado a casa toda.

- Venha – Ele disse me indicando o caminho. O segui até um quarto típico de crianças. Bonito, decorado com desenhos infantis e com um... Berço.

- Ela não vai gostar disso... – Disse rindo enquanto Edward a depositava no berço.

- Não vai mesmo. E é melhor a deixarmosela dormir bastante ou amanhã teremos novamente um episódio como esse... – Ele disse, falando do surto que ela havia tido.

- Isso foi muito estranho... – Disse, me referindo ao sonho.

- Sim, esse sonho realmente a deixou com medo... 

- O que ela deve ter sonhado? Nós dois morrendo ou... Seus pais verdadeiros?

- Eu não sei – Ele disse – Eu me odeio por não conseguir ler seus pensamentos e ficar sem fazer nada – Continuou frustrado.

- Isso também é muito estranho. Você pode ler os pensamentos de todos, menos os dela. Isso não tem sentido. Como podemos protegê-la, se nem ao menos sabemos como acalmá-la depois de um sonho ruim?

- Bella, eu vou protegê-las. De tudo. – Edward disse sério. Seus olhos passavam sinceridade e havia algo diferente neles.

- Você... Fala como... Se gostasse de mim... – Eu disse olhando em seus olhos, sem desviar o meu olhar.

- Eu gosto de você – Ele disse, também sem desgrudar os olhos de mim – Você só não é a minha pessoa preferida no mundo.

- Não sou a sua pessoa preferida no mundo? – Eu ri – Então como você deve tratar o seu pior inimigo?

- Você não gostaria de saber... – Ele disse também rindo - Eu até trato você muito bem... É como se você fosse minha irmãzinha vampira mais nova e irritante que brinca de ser mãe da minha filha... – Ele continuou, e eu não gostei de saber como ele me imaginava por algum motivo.

Vieram em minha cabeça no mesmo instante, milhares de palavrões existentes para responder a sua insinuação por mim, mas contei até dez para me acalmar. Nessie está dormindo. Onde já se viu? Edward me ver como... Sua irmã mais nova?! E brincando de ser mamãe? Ah! Faça-me o favor! Ele me acha tão criança assim mesmo?

Droga! Meus pensamentos.

Coloquei uma das minhas mãos na minha cabeça involuntariamente, como se fosse possível esconder meus pensamentos de Edward e sai do quarto de Renesmee com minha fúria. Desci as escadas rapidamente pisando firme, eu queria bater em algo... Para descontar minha raiva. Droga!

Edward com certeza sabia me tirar com sério.

Sabia como ninguém ferir meu ego com poucas palavras. Eu o odeio com toda minha força!

Andei até a alta janela que tinha na sala recém destruída e observei a paisagem. O tempo voltara ao normal. Estava frio, tipicamente de Forks. Mas sem a chuva com os trovoes e os granizos. Não sei de onde veio essa estúpida crise emocional de ego ferido. Mas neste momento eu me sentia só... Dava-me vontade de chorar. Queria poder estar em Volterra... Onde Jane poderia me fazer companhia... Onde meu tio estaria... Se eu não amasse tanto Renesmee, sinceramente não sei se conseguiria completar minha missão de protegê-la.

Posso não ter uma alma. Mas tenho sentimentos.

Quase pulei 30 centímetros, do chão quando senti alguém pousando sua mão em meu ombro.

– Você ficou brava pelo que eu disse. – Edward falou. Não foi uma pergunta, mas sim uma afirmação dele.

Aquela repulsa... Que pensei que iria sentir... Sumiu com seu toque. Droga, droga! Tenho que aprender a controlar meus pensamentos!

– Desculpe por ter-lhe magoado. Não foi minha intenção. Não lhe acho criança... Sério.  E caramba! Você cuida muito bem de Renesmee... Esqueça...

– Edward! – eu o interrompi. – Chega! Para! Sai da minha cabeça! Não me ouça mais! – gritei. – Não quero saber de suas desculpas! Vá se ferrar!

O que deu em mim? Nunca agi assim antes! Nunca disse nada assim antes. Quer saber? *&%#@¨$#@*%$#&(*&%$#*#@$%#@*&%#%@*$£¢ [b] (as autoras não colocam as palavras ali ditas por serem de extrema putaria, obrigada) [/b]. Voltei para o andar superior, não me incomodando com grunhidos de Edward. Havia uma porta de frente para o quarto de Renesmee que entrei. Era outro quarto. Não muito grande... Mas era arejado. As paredes eram brancas, uma cama de casal encontrava-se no meio e cortinas azuis prendiam em volta. Um lugar perfeito para mim. Tranquei a porta quando entrei e me joguei na cama. Era até melhor... Se acontecesse algo de novo com Nessie – que espero que não aconteça – eu poderia muito bem ouvir o barulho e sair do meu quarto para acalmá-la.

Caramba, eu to fome! Preciso sair – ou Edward me trazer algo, o que acho pouco provável – para caçar!

Calma ai...

O que era aquele pontinho pequenino e preto no teto, bem em cima da cama?

Saltei de onde estava deitada, e olhei melhor... Parecia uma mosca de tão pequeno e preto que era aquilo. Mas... não podia ser, estava muito parado.

Sem esperar mais comecei a arrastar o guarda-roupa de madeira que tinha ali para o meio do quarto, rezando silenciosamente para que Nessie não acordasse com o barulho. Apoiando-me na grade da cama de casal subi em cima do guarda-roupa.

– Bella? – era a voz de Edward batendo na porta.

– Espera! – falei.

Agora eu podia ver aquilo melhor... Parecia... Um pequeno microfone. Erguendo meu pé e segurando um lustre que tinha consegui pegar aquilo. Saltei graciosamente ao chão e observei o objeto...

– Edward! – gritei percebendo o que aquilo era.

Edward esmurrou com tanta força a porta trancada que suas dobradiças se soltaram. Aparecendo ele com a face marcada de preocupação. Seus olhos caíram para minhas mãos onde eu segurava o objeto.

  – Uma câmera. –falei.

– O quê isso faz aqui? – Ele perguntou e em menos de um segundo, ele já estava ao meu lado.

– Eu não sei. Por que essa casa precisaria de câmeras? – Perguntei. Segurança? Não vejo alguma possibilidade de alguma câmera ser útil em uma casa com DOIS vampiros.

– Acho que Aro deve ter colocado para saber o que está acontecendo aqui... – Ele murmurou.

– Não acho que meu tio precisaria ficar nos vigiando... Se acontecesse algo, ele já saberia antes mesmo de pensarmos em contar a ele. – Eu disse. Aro sabia que eu gostava bastante da minha privacidade - apesar de viver quase 24 horas por dia com um vampiro que lê mentes -, e ele não seria louco de colocar câmeras para me vigiar.

- Hm... É. Você tem razão... – Ele disse concentrado. Não me importei com o fato de ele ter lido o meu pensamento.

- Você acha que... Outra pessoa... Pode estar-nos... Vigiando? – Perguntei.

- Talvez. Mas nós acabamos de chegar. Como alguém já poderia saber que estamos aqui?

- Eu não sei. Mas algo me diz que isso não tem nada haver com Aro ou com os Volturi... – Murmurei. Aquilo estava realmente muito estranho.

Edward saiu do quarto e eu o segui. Ele procurava por mais câmeras. O primeiro lugar onde ele se dirigiu fora o quarto de Renesmee. É claro. Lá havia uma câmera igual a que eu havia encontrado em meu quarto, assim como em vários outros cômodos da casa. Ele destruiu a todas em um simples movimento.

- Acha que devemos contar a Aro? – Perguntei.

- Sim. Mas não agora. Precisamos descansar um pouco... – Ele disse. Realmente estávamos cansados, ainda mais depois de tudo o que acontecera. Afinal, éramos vampiros, não máquinas.

Oh, meu quarto tão perfeito... Edward havia esmurrado a porta com tanta brutalidade que ele havia levado parte da parede com ele. O quarto estava parcialmente destruído.

- Edward! – Gritei (?) e em segundos ele estava ao meu lado.

- O que houve agora?

- Você acabou com o meu quarto! – Murmurei.

- E daí?

- Enquanto o meu quarto não estiver em perfeitas condições, eu irei ficar no seu – Declarei saído do quarto e procurando pelo seu.

- O que? – Ele perguntou sem entender.

- Vou ficar no seu quarto. E você... Pode ficar em qualquer canto por aí... – Murmurei sorrindo após achar seu quarto.

- Mas, Bella! Eu preciso dormir... – Ele murmurou fingindo um bocejo.

- Dormir?  Bom isso não é problema meu... – Disse entrando no quarto. Ele não era tão perfeito quanto o que eu havia denominado de ‘meu’, mas... Dava para o gasto. – Bons sonhos, Edward... E não ouse arrombar a porta, você não quer que Nessie acorde com o barulho...