Fomos às compras em Seattle e depois caçamos no caminho de volta, enquanto tia Rose trouxe nossas coisas para casa. Minha mãe me deixou pegar o maior leão da montanha afinal, meu pai não estava lá mesmo.

Quando chegamos em casa minha mãe se juntou ao meu pai para uma viajem de caça particular, eles adoravam caçar juntos e sem mim. Acho que porque sou muito lerda. Mais algo estava faltando...

O problema era Jacob, ou a sua ausência.

- Onde está o Jacob? - Perguntei antes mesmo de entrar em casa.

- Ele acabou de sair, não deve estar muito longe. – Esme disse, sua voz vinha da cozinha.

- Diga aos meus pais que eu volto o mais rápido possível, só tenho que falar com ele um segundo. - Sai correndo antes mesmo de terminar a frase, quando vi já estava no meio da floresta, que para minha sorte ainda estava clara.

- Jacob?

- Jacob? Olhei ao redor mais não encontrei nada, será que ele já havia ido embora?

Um longo segundo se passou.

- Ness? - Ouvi ao fundo, pude sentir seu cheiro amadeirado e quente vindo em minha direção e segui.

- Você está bem? O que está fazendo no meio da floresta sozinha? Aconteceu alguma coisa?

- Estou bem, eu queria te ver - disse assim que consegui ver sua sombra ao longe.

- Me ver, o que foi?

Bom agora eu não sabia o que dizer. O que eu estava fazendo lá? Porque eu fui atrás do Jake? Bom, ele esperava uma resposta, e eu teria que dizer algo.

- Você não me deu parabéns. - eu disse, fingindo estar triste.

- Como isso aconteceu! Eu fui ao seu quarto de manhã exatamente para fazer isso, como eu esqueci? – ele começou a andar de um lado para o outro. Quando eu o vi já estava na minha frente, com uma mão em cada lado do meu rosto. Suas mãos estavam quentes, se eu não o conhecesse ficaria com medo disso.

- Eu queria te dar um presente - disse, tirando um pequeno e brilhante objeto do bolso - eu fiz pra você, é uma representação minha - e entregou em na palma da minha mão. Era um pequeno lobo, talhando em um tom perfeito avermelhado de madeira.

- Você ... fez? É ... lindo, nossa, é ... perfeito. - Como era possível uma coisa tão pequena e frágil, ser feita por mãos tão grandes? Na hora não consegui encontrar palavras boas o suficiente para demonstrar o que eu sentia.

Eu cheguei mais perto dele, me senti nervosa como nunca antes, ele colocou o pequeno lobo junto ao colar que meus pais me deram alguns anos atrás, antes da luta. – estremeci, mais ele não percebeu imerso em seus pensamentos.

- Eu gostaria de uma representação também - E me deu um grande abraço de urso, em dois segundos eu já estava sem ar.

- Jake, eu, não...

- O que, não consegue respirar? - Disse ele me soltando rapidamente, e dando risada. - Igualzinha a sua mãe não é mesmo?

- Jake, - Eu disse chegando mais perto dele, podia sentir o calor emanando dele, era como uma onda que te arrasta pra junto dela.

- Eu, queria te falar uma coisa - Chegando mais perto, coloquei as mãos em seu cabelo.

- Mais eu não sei como, na verdade eu não sei o que dizer. - desenhei a linha do maxilar, e depois as parei em seu rosto quente, ele olhava fixamente dentro dos meus olhos.

Senti cada um de meus ossos se desfazendo, aquele olhar penetrante...

Me senti como aquelas pessoas prestes a tomar uma decisão onde aparece um anjo em seu ombro. O meu disse:

“Ele é seu melhor amigo, nada mais. Você ama ele como amaria um irmão.”

Enquanto outra voz, que no caso poderia ser o Diabinho dizia:

“Vá em frente Ness, pare de ser covarde, você sabe o que você sente por ele, beije ele logo!”

Pesei cada uma das minhas escolhas, por um lado eu poderia beijá-lo, mais e se ele não gostasse de mim mesmo? O que iria acontecer depois, nunca mais nos falaríamos? Ele nunca mais iria olhar para mim novamente, ou então ele poderia retribuir meu beijo, ele poderia gostar do meu beijo. Poderíamos namorar, e seríamos felizes.

Mais o que ia acontecer, o segundo que se passou pareceu longo demais. Eu escolhi.

“ Arrisque!” – o diabinho gritou em minha orelha. “Arrisque!!”

Esperando alguma reação dele eu cheguei ainda mais perto, olhei diretamente dentro de seus olhos, eu queria fazer aquilo, eu tinha que fazer aquilo.

“Não posso ser mais covarde, ele tem que saber o que eu sinto.”

Me aproximei, segurei seu rosto firmemente, cheguei mais perto, conseguia sentir seu cheiro amadeirado, maravilhoso. Pelo que me pareceu, ele também queria aquilo, tanto quanto eu, eu podia sentir isso, ele parecia nem sentir a força que eu fazia para segura-lo junto a mim, e eu não o soltaria por nada.

A não ser por isso...