Eu esperei por um momento que me pareceu interminável, uma onde de choque passou por mim, depois seguida por uma onda de tensão, o que eu ia dizer a ele, eu não sabia o que falar, palavras não podiam expressar aquilo, aquele sentimento novo, estranho, que tomava conta de meu corpo cada vez que eu via ele.

Aquele sentimento que nem eu mesma reconhecia, ou conhecia, era um sentimento diferente de tudo aquilo que eu já havia imaginado, tudo aquilo que eu já havia vivido, era algo estranho, desajeitado, que crescia dentro de mim, cada vez mais e mais grande, mais e mais estranho, e mais ainda, era algo que eu tinha receio de expressar, algo que eu jamais saberia o que era a menos que eu soubesse o que ele sentia também.

No momento em que ele passou por aquela porta senti meu coração derreter por completo, eu até podia não saber exatamente o que eu sentia por ele, mais eu sabia com toda certeza, que eu sentia algo por ele, algo grande, e especial, uma coisa única, uma coisa que eu nunca havia sentido por ninguém, era como se cada vez que eu visse ele, eu me sentisse especial. Pois afinal, meus sentimentos eram especiais, de algum jeito.

- Você quer falar comigo? - disse ele num tom indiferente. Ele atravessou a sala, e se sentou na poltrona do outro lado, como se quisesse ficar o mais longe possível de mim.

- Sim, está tudo bem com você? Eu não te vi hoje. – eu disse em uma voz baixa.

- Por favor, você cai da escada, bate a cabeça, tem uma hemorragia em uma casa cheia de vampiros, e vem me perguntar se eu estou bem? Por favor, Nessie.

- Calma, - eu disse em uma voz entrecortada, o que havia acontecido, por que ele estava tão bravo assim comigo? - eu só queria saber sobre... sobre, ontem. Sobre o que vocês conversaram? Minha mãe brigou com você, e o que meu pai queria com você, eles foram muito duros com você? Me diga! – eu parei, de repente sem ar.

- Nada, sua mãe só disse que não era pra eu te deixar ir para a floresta a noite e sozinha nunca mais, e se eu fizesse isso de novo ela iria me matar, só isso. – a voz dele ainda era sem emoção alguma.

- Só isso? - Minha mãe estava brava demais com ele para dizer só isso. Com certeza eles estava omitindo alguma coisa de mim, algo grande.

- Sim. - O que eu tinha feito? Ele estava me tratando como se eu tivesse feito algo.

- Bom tudo bem então. - Ele se afastou e começou a andar em direção a porta.

- Onde você está indo Jake? – ele se virou lentamente para mim, me olhou com sinceridade, mais ainda sem emoção.

- Para a minha casa, por quê? – ele disse e aquilo me machucou profundamente, ele nunca havia me tratado assim tão mau como hoje.

- Eu queria que você ficasse aqui, comigo. – eu disse, os soluços já estavam presentes em minha voz, meus olhos estavam começando a ficar encharcados, eu podia sentir.

- Não posso, eu tenho que ir para casa. Billy está sozinho desde cedo, eu sai para a patrulha e não voltei, ele deve estar preocupado e bravo comigo. – ele disse, eu percebi que ele ainda estava na porta com o corpo levemente voltado para mim.

Essa não era uma atitude comum do Jake, ele sentaria ao meu lado, e conversaríamos por horas a fio, ele estaria preocupado comigo, mais ele parecia não se importar mais comigo, com nossa amizade, parecia que só o que ele queria, o que ele desejava era ir embora o mais rápido possível.

Eu engoli o nó que se formava em minha garganta, desejava também engolir aquele sentimento estranho. Não consegui.

- Quando você voltar podemos ir caçar juntos. O que você acha Jake? – disse a ele tentando parecer animada, e falhei.

- Eu não vou voltar. – ele disse indiferente, ainda sem olhar pare mim, seus olhos eram distantes e tristes, tentavam tomar uma decisão.

- Mais, por quê?  Como assim você vai embora? O que... o que você quer dizer com isso Jake? Como... como assim... você esta indo embora... você está me deixando Jake? É isso?

- Estou indo embora porque eu quero ir embora, esta não é minha casa, eu não tenho nada para fazer aqui.

- Não vá... por mim. Fique, esta é a sua casa também. – eu tentei lutar com a minha voz, ela insistia em denunciar todo o meu desespero.

- Eu estou indo - Ele disse virando-se para a porta novamente.

- Eu, eu... não vá Jake! Eu estou te pedindo. – olhei para ele suplicante, ele estava indeciso, pensando.

- Não venha atrás de mim Renesmee, não me procure, por favor, não torne isso mais difícil do que é.

“Renesmee, eu não quero mais ficar com você, ou perto de você, quero que você entenda isso, nos somos diferentes, e pelo que eu vi ontem você sente algo por mim que eu não sou capaz de corresponder, eu não te amo, e você terá que aceitar e conviver com isso. Isso foi um grande, um enorme erro, eu não devia ter deixado isso se tornar o que se tornou, e agora eu me sinto totalmente culpado por algum dia ter dado a impressão que eu sentia algo por você, pois eu não sinto, afinal você é uma criança, e só isso, nada mais.”

- Mais, Jake.

- Renesmee, adeus. – eu só havia percebido agora, tudo o que eu pensei que ele sentia por mim, tudo aquilo que eu imaginei, era tudo uma mentira, uma grande confusão, eu achei que ele me amasse, mais não.

Eu fiz uma bagunça achando que ele me amava, que ele me queria, mais era tudo uma grande e completa ilusão, uma mentira. Claro, eu era só uma criança mesmo, o que ele iria querer comigo?

Nada!

Sua idiota viu o que você fez? Você estragou tudo, criou uma fantasia idiota, e perdeu ele para todo sempre. Uma voz furiosa gritava em minha cabeça. Ela estava certa eu havia mesmo estragado tudo, como sempre.

O porém era, eu havia perdido ele, o meu Jake, perdido ele para sempre, e nada, nada mesmo mudaria isso, nunca.

Aquele foi o pior e mais longo momento da minha vida, eu fiquei parada, estática, esperando ele voltar, mais por algum motivo eu senti que ele não voltaria. Me senti sem chão, como se visse minha vida se esvaindo de mim, como se minhas pernas já não agüentassem mais todo esse peso, como se meu mundo estivesse em ruínas.

Volte... por favor, Jake volte! Era tudo o que eu conseguia pensar. Volte!

Neste momento eu senti como se o mundo inteiro, tudo, desabasse sobre mim.

Senti como se toda a pressão viesse para cima de mim, e também um sentimento estranho, como se todas minhas forças, ou o que restavam delas, de repente se esvaíssem do meu corpo me deixando a deriva, e depois o topor, foi a pior parte, o sentimento de vazio, depois disso, tudo virou um grande borrão, e logo as luzes se apagaram.