O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96711/chapter/8

P.O.V – Alec Volturi

Eu devia ter dado meia volta e ido para casa, caçar ou fazer qualquer outra coisa, mas uma vontade gigantesca estava crescendo em meu interior, e conte-la for bem difícil. Tanto, que me decidi por não fazer-lo.

Fiquei parado na frente da casa dela, ouvindo as conversas que tinham entre si, haviam brigado com uma das moradoras, que estava sendo expulsa.

Por um minuto, vi uma delas chamar-la de cisne, mas qual a razão?

Subi em uma arvore e fiquei empoleirado pensando sobre isso, uma besteira estúpida, mas que me divertia muito no momento.

Analisei a estrutura da casa, tentando achar o lugar onde Hellena dormia, era no segundo andar, e reconheci como uma janela do meu lado esquerdo, com uma grande arvore ao lado.

O tempo foi passando, e a madrugada chegava, quando eu não ouvia mais a voz de Hellena, senti sua presença em seu quarto, e outra vontade impossível de conter tomou conta de mim. O que estava acontecendo?

Aquela menina era um mistério completo, tanto quanto meu novo desejo de saber mais sobre ela. Desci da arvore flutuando ate o chão, e subi na outra que ficava em sua janela.

Ela é uma criança comparada a mim, mas diferente das outras humanas enfadonhas, sua companhia não é de todo mau. Ok, algumas vezes ela é teimosa e cabeça dura, principalmente na hora de acreditar em mim, mas as coisas que eu havia dito foram bem absurdas.

Até eu me olhava no espelho e me indagava se tudo não passava de um sonho. Apesar de eu ser criado dês de criança com essas crenças do mundo das trevas.

Apoiei as mãos na batente da janela, e me icei para cima. Ela estava trancada por dentro, mas com um empurrão para a direita, e outro para a esquerda, a tranca quebrou silenciosamente.

Entrei em seu quarto, reconhecendo seu vulto esparramado na cama, os cabelos em contraste com os lençóis claros, e o rosto coberto por eles.

Aproveitando da minha condição vampira, visualizei todo o quarto imerso na escuridão com um rápido olhar. O cheiro dela estava em todo canto, assim como o de sua ex-colega, os dois perfumes eram humanos, mas havia algo de diferente no de Hellena.

Não havia outros odores ali, achei bem estranho, ou as outras colegas nunca haviam entrado aqui, ou elas não tinham odor. Ignorei o fato, me atendo em outras coisas.

Havia quadros espalhados pelo chão, agachei-me analisando as pinturas, tinham um estilo único, e que eu reconheceria facilmente como sendo dela, impetuosa, impulsiva, teimosa. Tudo dela estava refletido nas tintas.

Partituras se espalhavam em uma escrivaninha, e pareciam há muito tempo intocadas, como que deixadas ali apenas para servirem de enfeite. E outras coisas espalhadas por todo canto. Algumas eu reconheci os compositores, mas outras pareciam ser de sua própria autoria.

Reparei de relance pilhas de livros bem arrumados no espaço do guarda-roupa e da parede. Peguei o primeiro analisando a capa e o conteúdo, era sobre mitologia grega. Franzi o cenho.

A maioria dos livros era sobre assuntos fantasiosos e foi bem difícil encontrar algum que não fosse sobre coisas fora do comum, talvez por isso ela aceitasse os vampiros sem sair correndo e gritando.

Anotei mentalmente para falar sobre suas preferências de leitura mais tarde.

Ela se mexeu na cama, os cabelos caindo de seu rosto, deixando-o bem visível e limpo, os olhos prensados e os lábios franzidos com o sonho que estava tendo.

Ri em silencio com o pensamento de ela estar sonhando com os demônios que parecia tanto detestar, certa estava ela.

Aproximei-me, e sentei na beirada da cama, analisando sua expressão cômica e seriamente irritada, como que brigando com alguém em seu paraíso particular e noturno.

Respirava pesadamente, lançando o ar quente de seu pulmão em meu rosto, e me deixando com uma vontade imensa de me inclinar e levar minha boca até a concavidade de sua clavícula e seu pescoço.

Imaginei-me tirando as mechas de seu cabelo de sua pele macia, deixando-a bem a vista, minha boca contra sua arteira, meus dentes cortando sua carne, e penetrando, sugando seu doce sangue.

Balancei a cabeça com esses pensamentos, era normal, sentia essas coisas por qualquer ser vivo que tinha um sangue bebível, ela não era a primeira a despertar minha sede, e não seria a ultima.

Levantei da cama, com a visível intenção de ir embora, mas antes de me decidir, dei uma ultima olhada em sua face. Parecia tão distante e imaculada de onde eu a analisava, parecia um sonho longínquo e impossível.

Impossível? O que é impossível para mim? Nada. Nunca houve algo que eu quis e não tive, mas eu queria ela? O que eu queria?

Minha mente estava confusa e pensamentos dançavam por minha cabeça, me deixando indeciso sobre o que fazer. Vá logo embora, ordenei a mim mesmo, mas algo me prendia ali, me prendia a ela.

Estiquei minha mão o suficiente para poder roçar de leve sua boca, mas pareceu que o roçar não foi tão de leve, ela abriu os olhos. Com eles, moveu os lábios com a intenção de gritar.

-Shh... Sou eu, não precisa gritar... – murmurei sorrindo e tentando esconder minha aversão ao ocorrido, alem de meu nervosismo recém descoberto.

-Alec... – ela disse com a voz abafada pela minha mão.

–Shh... Não vamos querer que alguém venha bater aqui uma hora dessas. – tentei disfarçar rindo novamente, ela pareceu cair.

Ela começou a se debater, e logo percebi que esta por cima dela. Depois de me retirar dali, ela se cobriu com o lençol e chiou em voz relativamente alta, mas mesmo assim contida. – O que esta fazendo aqui?

-Achei sua casa bonita, e quis vir conhecer por dentro. – comecei a andar pelo cômodo, analisando cada objeto de novo. Parei em frente a suas partituras entrando no jogo. – Você compõe?

-Meu pai era um poeta musicista. Ele compunha musicas... Me ensinou a tocar piano dês de pequena. Ele desejava que eu fosse pianista. – sua voz estava cansada, também, eram três da manha, quem mandou-a acordar? Humana inconveniente.

-E pinta também? – passei meus dedos por um de seus quadros.

-Minha mãe era formada em belas artes... – falou em um longo e pesado suspiro, como que achasse isso a pior coisa que existe. Uma bailarina filha de um poeta musicista e uma pintora? Não me admira que ela seja anormal. Viver com tanta arte deve ter afetada a percepção dela.

-Um pai poeta musicista e uma mãe pintora, tendo uma filha dançarina? É uma família artística. – expus parte de meus pensamentos, ela não gostaria de saber que eu acho ela anormal e com problemas cognitivos. – Você pinta muito bem Hellena. O que houve com eles?

-Meu pai virou um alcoólatra, e eles brigavam muito... Eu fiquei na casa da minha avó, e eles saíram de carro... Brigaram, acabaram capotando o carro... E morrendo. – seu tom de voz era seco.

-Sinto muito... – eu não sabia bem o que dizer.

-Não precisa... – se sentou na cama com olhos cansados.

-Desculpe entrar em seu quarto as... – olhei o relógio de pulso. – Três da manha, e acordar-te. – fingi falsa culpa.

Resmungou qualquer coisa.

-Acho, que precisamos nos conhecer melhor. – não sei bem porque falei aquilo, mas um sorriso se formou por instinto em meus lábios, deixando minha face dolorida.

Ela perecia descrente e levantou uma sobrancelha surpresa.

-Me conhecer melhor?

-Sim... – desviei os olhos com medo de ela descobrir o que eu sentia, eu não era o melhor mentiroso que existe, desviar o olhar é a maior pista de uma mentira, mas eu não consegui continuar a fitar aqueles olhos.

-Podemos pensar sobre isso amanha? – choramingou. – Tenho aula daqui a duas horas, e estou exausta.

-Claro – sorri gentil.

-Veio aqui só para dizer isso?

-Pare de reclamar Hellena. Sei que gostou da minha visita. – saltei pela janela. Esperei ate ouvir o som da janela sendo trancada e ela puxar as cortinas com irritação.

Não entendi muito bem o que aconteceu, mas eu estava sentindo algo por aquele bebe frágil, e isso não era bom. Ela era uma humana, um ser inferior a mim, minha comida.

Se apaixonar pela comida... Que clichê, eu via isso todos os dias em series de teve e novos livros que tentavam pegar a sobra do sucesso daquela escritora.

Mas talvez ela não fosse à comida, ela parecia ter algo de especial, talvez fosse uma hibrida, isso facilitava as coisas em alguns aspectos, e dificultava extremamente em outros.

Mergulhei na escuridão, eu precisava caçar, e logo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Cisne Branco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.