O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 33
Capítulo 33




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96711/chapter/33

P.O.V – Hellena di Fontana

Semanas depois

Andava a esmo pelo campus, tentando fugir de Blake, uma coisa muito difícil, dado que, ela praticamente sentia aonde eu ia pelo chão.

Urgh, bufei irritada.

Será que ela não podia me dar um mínimo espaço, de privacidade ou para eu poder respirar?! Respeitar meu momento? Me deixar com minha depressão em paz?

Que saco. E para completar, Aubrey sumiu. Eponine e Satine estavam feito loucas rodando a casa, ou talvez procurando um meio de fugir como Aubrey fizera, sei lá.

Cortei caminho, saindo do concreto e indo pela grama, ignorando a placa de ‘não pise na grama, gostaria que pisassem em você?’ Ambientalistas e seus slogans ridículos.

Olha ai, eu virei uma velha mal-humorada, e sem amor pela natureza. Cara, há quase duas semanas atrás eu quase beijava as plantas que Blake cultivava lá em casa, e agora eu estou pisando nelas.

Senti como se estivessem me pisando. Urgh, como sou contraditória.

A pior coisa de se sentir é fome, e sono, e a segunda opção era uma bem freqüente no meu novo dia-a-dia. Minhas pálpebras pesavam, e caiam involuntariamente por meus olhos cansados. Ter sonhos habitados por vozes e espíritos pode deixar você exausta, e essas visitas inconscientes ao “submundo” faziam meu peito doer mais ainda.

Era como se a cada voz, desesperadamente lamuriosa, que eu ouvisse, um buraco se abrisse em outra parte de meu coração. E ah meu deus, só sentindo essa dor na própria pele – ou coração – para saber.

Eu encontrara meios alternativos de aliviá-la; ocupar a minha mente, trabalhar em algo produtivo, não ficar parada – hello! Eu sou hiperativa! – e sobretudo, não pensar em como minha vida é uma desgraça, e eu sou uma fracassada de merda. Ah ta!

Mas apenas uma coisa funcionava mais prolongadamente. Algo que ninguém além de mim e aquele, cujo nome eu me recuso a falar, sabe. E algo que eu não quero ficar nem mesmo pensado. Mas pra que pensar, quando o antídoto fica gravado na sua pele durante meses, ate virar uma linha entre tantas outras?

Algo que arde cada vez que se mexe bruscamente, quando o molha, e ate quando você usa blusas sem mangas. As pessoas vêm, mas não entendem: “não, eu caí”, “a faca estava molhada”, “foram as minhas gatas, sabe como gatos são” – que mentira minhas meninas nunca me machucariam.

O inverno cedia aos poucos, e a época de natal passara com a rapidez e a discrição de um pássaro apressado. Georgina e Hoppe estariam de volta em breve, e Blake e Quenn continuavam com o clima pós natal, do tipo: “PRESENTES! Vamos comprar sapatos novos!” nada contra sapatos, nem o novo saldo bancário delas, mas... que saco!

Nossa, se eu nem estou com clima para sapatos novos eu devo estar muito mal.

Um vento mais forte me alertou que ainda estávamos a menos de um mês da minha super apresentação de inicio de ano.

Levei minha mão até meu bolso, e encontrei ali o metal gelado.

Com um nó formado em minha garganta, envolvi o objeto com meus dedos trêmulos, e tirei de meu bolso.

O aro de ouro branco ergueu brilhante a minha frente. Uma opala perfeita refletia todas as cores que eu já havia visto, ou nunca havia visto. A forma oval perfeita, era contornada por pequenos fragmentos de lápis-lazúli em uma forma redonda sincronizada. O contraste do azul aveludado e escuro, com o misto de tons da opala, causou no anel mais lindo que existe.

Meus olhos começaram a arder.

Como esse anel havia voltado para mim? Eu me lembro muito bem te ter jogado esse anel em Alec quando brigamos.

O anel que ele me dera no nosso primeiro natal, não que fosse uma data tão marcante assim. O objeto que foi “testemunha” das promessas de amor que ele me fizera, antes de Jane chegar e estragar tudo. Ok. Não foi bem antes.

Eu sei que ele me amava, sei que ele disse aquilo antes de voltarmos, e que ele só falou aquelas coisas para acalmar Jane, para me “proteger”, mas as palavras me atingiram como facas, e eu sabia que no interior ele pensava aquelas coisas, pelo menos algumas. E se ele não tinha peito o suficiente para suportar as chacotas, e para esperar um pouco mais ate eu ser vampira, não podíamos ficar juntos, nem nessa vida nem na outra.

O sangue me subiu a cabeça, e cheguei a esquecer os momentos lindos juntos, e o anel lindo que ele me dera. Deixei tudo para lá.

Guardei de volta no bolso, e com passos firmes, me aproximei de dois meninos que conversavam em voz baixa.

-Jordan, Joseph. – cumprimentei eles com lábios reprimimos.

-O que foi Hellena? – o mais baixo deles perguntou temeroso, e tentando em vão esconder o cigarro na mão dele.

-Não precisa ficar com medo Jordan, fume seu baseado em paz. – sibilei. Eles eram conhecidos como os irmãos viciados da faculdade. Eram gêmeos, apesar das inúmeras diferenças.

Uma pena garotos tão talentosos se submeterem a isso. Os dois faziam musica, e era um dos melhores no violino. Difícil de imaginar um instrumento tão clássico nas mãos de jovens tão modernos e a margem de si mesmo.

-O que você quer? – Joseph olhou para mim com olhos quase sumindo nas longas e escuras pestanas de drogados.

Fazíamos parte do mesmo ciclo social dos jovens que entraram no inicio do ano. Ta, eu não sou a rainha social, mas eu tinha o meu pequeno ciclo de ‘conhecidos’.

-Tem alguma festa rolando?

-Muitas, mas não para garotas como você. – Jordan tragou.

-Como assim?

-Ora, você é a rainha certinha e das boas regras, e é inocente demais para ir em festa como as que temos aqui. – indicou o bolso cheio de convites, andar com traficantes rendia a eles trabalhos para chamar mais descuidados para o ‘lado negro’.

-Porque acha isso?

-Você é a pureza e a virgindade em si. – Joseph falou com a língua enrolada, sinal que já estava viajando há algum tempo. Ignorei seu estado chapado.

Meu rosto enrubesceu, pelo ponto de eu não ser mais virgem, mas parecer uma paquita na percepção deles.

-Não sou não! – reclamei.

-Ah, então não é mais virgem. – Jordan riu.

-Isso não vem ao caso. Me arranja um convite! Eu tenho dinheiro. – mostrei as notas na minha mão.

Jordan, que parecia mais sóbrio que o irmão, pegou as notas e começou a contá-las. Concordou com a cabeça, e tirou um maço de convites do bolso. Analisou os papeis coloridos, e por fim me entregou.

-Cuida desse porque é filho único. – analisei as palavras inscritas no convite.

-Onde fica?

-Vai ser na casa do Bertoli. – um dos garotos mais ricos de Verona. Eu estudara com ele no colégio, junto com Blake. – Bebida de graça, tudo que imaginar! O ciclo social mais bêbado de toda Verona, se cuida lá viu? Festa clandestina.

-Dês de quando Bertoli paga por isso?

-Dês de que os pais dele viajaram e ele ficou afim de comer alguém. Barman clandestino, bebidas de ótima qualidade. Todo mundo que tem dinheiro suficiente vai.

-Uma aposta da faculdade dele. – Joseph falou.

-Hum... – continuei a olhar as cores bizarras do convite. Minha consciência gritava que não, mas o que uma noite pode fazer de mal?

-Hellena? – Blake me chamou quando cheguei em casa.

-Oi?

-O que estava fazendo hoje com os gêmeos drogados?

-Esta me vigiando? – rosnei.

-Só passei na hora e vi. – ela fez uma expressão inocente.

-Hum... Conversando. – dei de ombros.

-Sei... – ela pareceu não acreditar. – Vem comer uns morangos que eu colhi hoje. – indicou um prato fundo coberto de frutas grandes e vermelhas.

-Nossa. – me sentei na mesa. As frutas estavam doces e no ponto, sem nenhum machucado, nenhum estragado, nada. – Blake, você tem o corpo todo verde! Deveria fazer um curso de jardinagem, ou paisagista. As plantas te louvam!

-Não daria, alem de me louvarem, elas praticamente grudam em mim. – lançou um olhar cúmplice para Quenn que entrava na cozinha agora.

-Valeu por me deixar de fora do papo interno. – reclamei. – Vou tomar um banho. – subi as escadas correndo. Tomei uma ducha rápida e separei minha roupa para a festa.

Desci as escadas de pijama.

-Vou dormir. – comuniquei. Blake e Quenn nem discutiram, eu costumava ir “dormir” cedo. Eu nunca dormia mesmo, ficava zanzando pelo quarto como uma louca, procurando algo que me ocupar.

Voltei para meu quarto e vesti uma calça de couro, tão apertada, que me deixava sem ar. Uma blusa de decote cavado, e saltos.

Me analisei no espelho. Uau, eu estava tão sexy que podia deitar no chão e abrir as pernas. Eu não parecia nem um pouco virgem. Sentia-me uma prostituta, mas me sentia bem.

Com dificuldade pela calça apertada, pulei a janela. Peguei um táxi e indiquei o local da festa.

Não demorou mais que vinte minutos ate eu chegar.

A fachada da casa parecia normal e quieta, mas dava para se ouvir a musica soando distante e bem alta. Sorri. Paguei ao motorista.

Dois seguranças guardavam a entrada.

Tirei meu convite do bolso e mostrei a eles. Me liberaram a passagem e abriram a porta.

Entrei no ambiente esfumaçado e que cheirava a mistura de perfume caro e maconha. Estava sobriamente iluminado por luzes de boate, que deixava tudo com um ar viciado e de falsa animação.

Jovens contorciam o corpo no ritmo da musica, requebrando vulgarmente. O som parecia uma mistura de funk carioca em inglês, com eletrônica italiana e hip hop americano.

Só de estar ali, no meio de fumaça de maconha e cigarros de baseado, já me deixava tonta.

A boate clandestina abrigava adolescentes dos quinze aos vinte e cinco. Bebida rolava solta entre todos, maiores de idade ou não.

Uma garçonete em trajes mínimos passou por mim e me ofereceu uma bebida rosa em um copo de cristal com bordas açucaradas, aceitei de bom grado.

Sentei nos banquinhos do balcão montado especialmente para o barman, e feito tão bem que me lembrava um bar de verdade. Beberiquei o conteúdo do copo, e um sabor delicioso de groselha e álcool encheu minha boca.

-Cosmopolitan. – um homem disse ao meu lado. – Vodca, lima, laranja e groselha. Uma bebida bem sofisticada e famosa. O bom de essas festas dadas por garotos mimados e ricos, é que as bebidas sempre são as melhores.

-Hum... – concordei virando o conteúdo do copo de vez. O álcool se mesclava com o sabor adocicado.

-É amiga de Roman?

-Roman Bertoli? – ele concordou. – Estudamos juntos no colegial.

-Sou colega de faculdade dele. Meu nome é Duke. – estendeu uma mão. Apertei-a, e ele puxou-a para um beijo caloroso. – Qual o seu nome?

-Malva. – menti.

-Como a flor? – ergueu uma sobrancelha, e lançou um sorriso estonteante. Ele devia beirar os vinte e cinco anos. Concordei com a cabeça.

-Que maravilha. Malcon! - ele gritou e o barman se virou. - Traga uma dama branca para nossa mais nova amiga! - ergueu uma taça em minha direção.

Depois disso a minha noite foi preenchida pela quantidade de bebidas que chagavam as minhas mãos, nunca imaginei que pudesse suportar tanto álcool em uma noite só.

E a cada drink afrodisíaco que chegava, Duke citava os componentes da bebida com a perfeição de um próprio coqueteleiro.

-Dama branca. – disse quando o primeiro copo chegou as minhas mãos. - Suco de limão, triple sec curaçao e vodka. – não entendi muito bem a segunda palavra, mas bebi satisfeita.

O conteúdo dava no mínimo para dois goles.

Veio a segunda bebida.

-Acapulco: suco de laranja, suco de abacaxi, rum e groselha. – o liquido passou fervendo por minha garganta, e meus olhos lacrimejaram, devia ser por causa do rum. Bebi mais dois goles, e com uma rapidez inacreditável, o barman serviu outra bebida, virei à taça de um gole só.

Lambi os lábios.

O próximo copo de cristal chegou em minhas mãos.

Alem de descrever os coquetéis com grande conhecimento, ele me envolvia em um conversa voluptuosa, cheia de gracejos e elogios audaciosos.

Suas palavras de homem mais velho, e suas tiradas sensuais e que nenhum garoto da minha idade conseguiria dar, me deixava excitada entre tanto álcool. Cada palavra que trocávamos deixava um calor entre minhas pernas.

Sabe quando dizem que o álcool tem efeitos diferentes nas pessoas? Algumas pessoas quando bebem ficam insuportáveis, agressivas, lamuriosas, faladeiras ou safadas?

Bem, eu ficava safada. Não que já tivesse ficado bêbada antes.

-Mojito. Suco de limão, tequila e cointreau.

-O famoso... – balbuciei. Ele sorriu ao ver meu estado deplorável. Eu sabia muito bem o que ele pretendia me enchendo de bebida, mas não ligava, eu ate mesmo queria isso.

Havia tanto álcool na minha corrente sangüínea, que eu nem conseguia mais diferenciar os sabores do que desciam por minha garganta. Ele me estendeu um copo de água com gás.

-Para limpar o paladar. - dei de ombros e bebi o pouco do liquido gasoso.

Pisquei os olhos tentando desanuviar minha visão, mas tudo estava borrado e desfocado. Estava tonta e com os sentidos entorpecidos. Me sentia um pudim de álcool. A próxima bebida chegou em um lindo copo enfeitado com guarda-chuvinhas e frutas.

-Sex on the Beach. – nessa ele me acompanhou. - Suco de laranja, licor de pêssego, vodka e groselha.

Seus olhos, de orbes verde-azuladas, me hipnotizavam e deixavam meu corpo completamente retesado.

Juro que estava quase a ponto de tirar a roupa e transar com ele em cima do balcão, na frente de todos. Mas contive esse ímpeto chamando ele para a pista de dança.

Ok. Eu critiquei as danças vulgares no inicio, só que agora era eu uma vadia requebrando em calças de couro apertadas.

O... Qual o nome dele mesmo? Ah que seja... Ele se mostrava em ótima forma, e conseguia dançar eximiamente ao meu lado.

Mesmo bêbada e trôpega eu conseguia completar meus passos, era uma coisa que eu fazia ate inconsciente.

Ele segurou minha cintura e colocou meu corpo em seu peito, se mexendo em sincronia comigo, e senti que eu não era a única excitada nessa troca de carinhos quentes.

A destreza das mãos dele por meu corpo me deixava mais tonta que aqueles três litros de álcool ingeridos.

É claro que eu só dera dois goles em cada uma delas, mas haviam afetado minha cabeça totalmente, surtindo o efeito desejado, a dor cessara.

Peguei uma lata de cerveja da bandeja de um garçom, e a abri com um ruído metálico. A bebida desceu espumando por minha garganta, e deixou minha boca com um gosto amargo e acido.

Senti ânsias de vomito subirem de meu estomago, e a bile queimar meu esôfago. O homem beijou meu pescoço.

-Qual o seu nome mesmo? – minha língua enrolava.

-Duke. – murmurou com a boca em meu maxilar.

-Duke... – gemi seu nome assim que alcançou minha boca.

Ele me beijava com agressividade, as mãos explorando meu corpo.

-Vamos sair daqui. – sussurrou junto ao meu ouvido com a voz sensualmente rouca.

Nem lhe respondi quando me puxou para longe da musica ruim, e das pessoas drogadas da festa.

Ele ia tão rápido que eu me perdia só de olhá-lo.

Senti um ar gelado congelar as gotas de suor do meu corpo. E no minuto seguinte, Duke me prensava contra uma parede de um beco.

Não éramos os únicos ali, havia varias pessoas – em estados mais lastimáveis e drogados que o meu, todos rindo, gritando e se dando amassos.

Ele enfiou as mãos dentro da minha blusa, procurando o fecho do sutiã. Sem tirar a boca de meu pescoço.

Eu ofegava enquanto ele percorria meus ombros com a língua.

Senti algo crescer contra a minha barriga. Ai meu deus.

Eu não sou o tipo de garota que transa em becos escuros, mas estava tão bêbada, e tudo parecia tão bom, que nem estava ligando.

Duke abaixou os dedos em direção ao fecho da minha calça, um triz antes de abri-la, e ele foi arremessado contra a parede que escurecia e deixava o local mais reservado.

Dei um berro, tentando fechar meu sutiã, e agradecendo por ainda estar com as calças fechadas.

O vulto, que devia ser alguns poucos centímetros menor que Duke, o que continuava bem mais alto do que eu, ofegava, com os ombros subindo e descendo.

O cara já estava apagado contra as latas de lixo que se amassaram.

Eu sabia que devia ter corrido, mas quando o homem agressor se virou na minha direção, à raiva bêbada cresceu em mim.

-Alec!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!