O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 17
Capítulo 17




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P.O.V – Hellena di Fontana.

-Você... Você é uma súcubo! – apontei para ela assustada.

-Graças à criadora você descobriu isso. Não agüentava mais ter de falar tudo em enigmas. – passou a mão pelo cabelo, perdendo o ar ameaçador.

-Qual o seu nome? Diga!

-Dacra. E venho do mundo oculto.

-Por quê?

-Algo indica que você é muito importante para minha senhora.

-Quer dizer a rainha?

-Sim.

-Por quê?

-Não sei. Alguns humanos nascem com dons especiais, talvez você seja um desses humanos. – ela me analisou.

-E porque não posso ficar com Alec?

-Porque se você ficar com ele, você vira vampira.

-E daí?

-Se você se transformar, virara uma imortal. Perdera o dom da humanidade, e o que minha rainha deseja. – piscou os olhos longamente.

-Não pode me usar para seus fins mesquinhos! E ainda mais uma coisa inútil! Que tipo de dom é esse? – falei cética. – O dom da humanidade. – repeti sua frase.

-Não eu não posso, ate porque não posso hipnotizá-la, mas não estou obrigando-a a nada, estou apenas pedindo um favor. – disse com ar que não parecia de “por favor” mas sim de “obedeça ou eu frito você”.

-O que você quer? – suspirei me dando por vencida.

-Agüente mais um tempo como humana, pelo menos ate sua apresentação no inicio do ano que vem.

-Isso já aconteceria mesmo eu estando com Alec.

-Então pode ficar com ele. – disse com ar lacônico.

Cocei minha cabeça, analisando os olhos dela.

-Como me reconheceu? – perguntou por fim.

-Alem de você não parar de soltar fogo, repetir a palavra sucumbir, e ter mostrado seus dentes pontudos, a uma áurea diferente a sua volta. – falei em tom confuso.

-Apenas as súcubo tem áurea.

-Como assim?

-Das criaturas das trevas, apenas as súcubo tem. Você as vê em humanos e em qualquer outro ser vivo, mas demônios e vampiros não são seres vivos.

-Lobisomens e bruxas?

-Bruxas sim, mas apenas por causa da magia.

-Então posso reconhecer um vampiro ou um demônio? Só isso?

-Não. Você pode reconhecer qualquer criatura que não seja humana, basta olhar para o “brilho” em volta deles, ou o não “brilho”. – deu de ombros. – Talvez esse seja um de seus dons.

-Ver luz em volta das pessoas? Que chato. – bufei. – Pra que sua rainha ia quere isso?

-Deve ter outros dons por trás disso. – falou rápido demais. Ela estava escondendo algo. – É melhor voltar para sua casa, esta ficando tarde.

-É esta... – falei vagamente, tomando o caminho de volta.

-E tome cuidado Hellena de Tróia. – gritou as minhas costas.

-Eu não... – me virei, procurando por ela, mas Dacra já havia sumido.

Hellena de Tróia... Cada dia que passa os apelidos vão piorando.

Quando cheguei em casa, as quatro estavam reunidas na cozinha comendo massa. Puxei uma cadeira, me espremendo entre Hoppe e Georgina. Peguei um prato, e coloquei uma boa colherada.

-Como foi o dia? – Georgina me perguntou.

Eu ainda estava meio confusa, e vaga quando me liguei na conversa.

-A visita foi ótima. – não havia começado a mentir, ainda.

-Ahaam. – Blake ronronou. – Eu quero saber detalhes dessa visita.

Prendi meus cachos no alto da cabeça, com um coque com os próprios cabelos. Suspirei cravando o garfo em uma bolinha de nhoque.

-Estava cheio de gente na casa Blake. Eu não ia simplesmente chamar ele para a cozinha, deitar na mesa e abrir as pernas. – revirei os olhos, as mentiras se formando em meus lábios.

-Não é uma má idéia. – Georgina balançou as sobrancelhas.

-Concordo com Georgie. – Quenn estalou os lábios.

-Quenn puritana se revelando. – Hoppe levantou uma sobrancelha e abaixou outra, fazendo uma careta cômica.

-Ha ha ha... – Quenn forjou uma risada sem humor.

-Hellena, você é virgem? – Georgina perguntou.

-Eu tenho dezesseis anos. – respondi com um olhar cético.

-Eu tenho dezessete. – disse como se respondesse tudo.

-Você não é?

-Não. – deu de ombros.

-Ela não é virgem dês de que inventaram a escrita hieroglífica.

-Essa sou eu. – ela riu passando a língua pelos lábios.

-Quando isso aconteceu? – elas começaram a se entreter com a conversa de perder a virgindade.

Desviei minha atenção da conversa para a minha feita uns minutos mais cedo. A “protetora” era uma súcubo, chamada Dacra - que nome estranho – e ela disse que eu serviria para ajudar a rainha delas.

Como se já não bastasse eu ter me reconciliado com um vampiro.

Mas algo estava errado, algo estava terrivelmente errado. Dacra estava escondendo algo de mim. Algo muito grande.

-Vai fazer o que no natal? Hellena? – Blake gritou meu nome, atraindo minha atenção de volta a mesa.

-Hum? – pisquei abrindo os olhos fortemente em sua direção.

-Vai fazer o que no natal?

-Esse ano eu não vou para o Brasil, vou ficar aqui mesmo. – dei de ombros levando meu prato para a cozinha. Larguei-o na pia, e liguei a torneira.

-Também vou. – Quenn e Blake disseram juntas.

-Nos não. – Hoppe disse por si e por Georgina. – Nossa dança e só em janeiro, então vamos viajar para USA e voltamos em fevereiro. – deram de ombros.

-Temos ate que arrumar nossas coisas. – subiram unânimes.

Suspirei terminando de lavar meu prato.

-Algum problema? – Quenn parou ao meu lado. Trouxe mais uma pilha de pratos sujos. Peguei um deles no topo, e mergulhei na água ensaboada. – Deixa isso comigo. – ela tomou a porcelana da minha mão.

-É minha vez de lavar a louça.

-Relaxa.

-To de olho hein... – Blake olhou para a louça ensaboada. Saiu da cozinha, e foi com seu passo rebolado para a sala. Estiquei o pescoço, e vendo que ela se entretia com um programa de moda me voltei para Quenn.

-Estou meio mal... – eu sabia que depois de ouvir meu desabafo, Quenn correria para contar para Blake, nada a se esperar de duas gêmeas siamesas. – Sabe, eu conheci uma menina muito estranha.

-Sério? – ela nem moveu o rosto.

-É. Ela é uma pessoa totalmente diferente do que eu imaginava... Ok. Não tão diferente, mas me surpreendi com ela.

-Hum...

-Ela disse que eu poderia ajudar muito a personagem principal, mas eu não poderia me deixar envolver por completo com... Jesse. Se eu fizesse isso, eu perderia o meu... “talento” para ajudar a dança. Mas eu gosto muito de Jesse... O que devo fazer?

-Acho que se você gosta tanto assim de Jesse, não deveria acabar com ele apenas para os interesses de outras pessoas. Afinal, você não deve a ninguém, apenas a si mesma. – ela deu de ombros com as mãos submersas no sabão.

Ta. A conversa não me levou a nada, apenas a estaca zero, que era onde eu estava há algum tempo. Mas foi bom ouvir a opinião de alguém a meu favor, mesmo por estar sendo feita com pseudônimos.

Suspirei me debruçando na mesa.

Tirei um caderno da minha mochila. Comecei a rabiscar qualquer coisa, tracei linhas, contornei círculos, o lápis dançava sobre o papel. E durante algum tempo na cozinha, a única coisa que se escutava era o som de meu lápis riscando-o.

Quenn começou a secar os pratos, e cantarolar uma musica.

Fechei os olhos, com o lápis ainda pousado sobre a superfície branca e coberta de linhas. Me distrai por um segundo, quando, como se alguém apertasse um botão de liga/desliga, minha mão parou em um solavanco.

Como se eu tomasse um choque, o lápis voou de meus dedos, indo parar alguns centímetros mais para frente, a ponta quebrada.

Meu corpo sofreu um espasmo estranho quando vi o desenho. A mesma mulher que habitava meus sonhos estava estampada ali naquela folha. Um desenho macabro transcorria pelo papel.

Alec estava ali, e mais pessoas também.

A mulher estava com um vestido longo e negro, que voava com o vento. Seu rosto estava na minha direção, mas os olhos estavam virados para o chão. Não era bem um chão, era um penhasco, mas invés de água, o mar do penhasco era composto por rostos.

Cabelos esvoaçavam por sua face.

Alec estava parado um pouco mais abaixo, com os joelhos mergulhados entre os rostos, e seu olhar era suplicante em direção da jovem que eu acabara de reconhecer como eu.

Senti meus olhos arderem, e minha garganta apertar, a tão familiar sensação de choro me subindo a cabeça, que já começava a latejar. Corri da cozinha e subi as escadas me trancando no quarto.

Arranquei a folha de meu caderno e joguei ela contra a parede na forma de uma bola.

Puxei meus cabelos pela raiz, as lagrimas escorrendo livremente por meu rosto. As unhas escorregando por meus braços, deixando vergões vermelhos por onde passavam.

-Não... Não... Não... – eu murmurava loucamente.

O vento uivava lá fora, e era como uma pessoa assoviando em minha direção.

-Quando o vento assovia, são os mortos tentando falar com os vivos. – as palavras saiam de meus lábios como víboras venenosas. Viam a minha mente, como se alguém usasse um alto falante dentro de mim.

O que esta acontecendo? O que esta acontecendo comigo?


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