Be My Friend escrita por milena_knop


Capítulo 26
Sentimentos - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

OIIII gente linda! Desculpa a demora, não vou ficar pedindo perdão sempre né, mas é que tava sem tempo mesmo, e não gosto de fazer as coisas muito rápido que sai mal feito. :p Bom, aqui vem um capitulo bem interessante, eu até gostei dele sabe, nem sei porque UAHAHSUAS'
Eu tava falando sério quando disse que essa enrolação toda ia começar a tomar sentido.
Boa leitura gatas ;D



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- O que eu falei? – Perguntei a Bill, levemente irritada.
- Se você ouvisse o que eu ouvi, estaria bebendo chopp em metro agora! - Bill deu um gole na bebida e começou a dançar despreocupadamente. 
Toda essa tensão era única e exclusivamente culpa daquele ser afeminado chamado Adam. Ele era realmente insistente e não deixou Bill em paz durante toda noite, sempre cheio de indiretas e diretas muito bem explícitas. No fundo, chegava a ser engraçado ver Bill chegar ao seu extremo da paciência, e eu estava louca pra ver até onde isso iria. 
Bill se escorou na grande de proteção do camarote a fim de se esquivar novamente dele, mas Adam o seguiu e o provocou. Pela milésima vez naquela noite, parou ao lado de Bill e colocou a mão direita sobre seu ombro, se aproximando um pouco mais. Bill engoliu a saliva e a frase ‘Eu tenho namorada‘ saiu calmamente de sua boca. 
Anne e Will me olharam curiosos e eu imitei suas expressões, mesmo sabendo o que Bill pretendia com a sua mentira. Qual é? Não era tão difícil assim entender a necessidade dele de afastar Adam do seu pé. 
Ele não parecia ter tido muito sucesso, pois Adam acabara de soltar uma gargalhada escandalosa muito próximo a Bill, deixando-o ainda mais irritado. Este tirou o braço do moreno bruscamente do seu e veio em minha direção. Ao chegar perto, olhou-me revirando seus olhos e bufando frustrado. Sorri fraco para não aumentar mais sua falta de paciência e correr o risco de Bill acabar dando um show de porradas, e bom... Seria uma situação engraçada de se ver. Por algum motivo, naquela noite eu estava querendo ver o circo pegar fogo. O poder etílico da bebida que eu havia ingerido me fez remeter ao passado, quando os escândalos eram motivos de animação e excitação, e isso não era nada bom. 
Adam se aproximou novamente após uma breve conversa com Anne e, sorrindo maliciosamente, cochichou algo no ouvido de Bill, que empurrou o mesmo nervosamente, deixando Adam pela primeira vez na noite assustado com alguma atitude de rejeição do Kaulitz. Bill ingeriu em um gole só a grande quantidade de Whisky e energético que havia em seu copo, puxou-me pelo braço em um movimento um tanto brusco e, meio tonta, consegui ler seus lábios que gritavam ‘vem’. Sem reação aparente, o segui para certos centímetros de distância do resto do pessoal - inclusive de Adam -, que cuidava de cada movimento nosso. Bill começou a se movimentar em minha frente e, imediatamente, deixei a “tonguisse” momentânea de lado e entendi qual era seu interesse.
Captei o ritmo da música em questão de segundos e, com o corpo próximo ao dele, segui seus movimentos em uma dança um tanto sensual. Bill fazia questão de manter contato visual; suas íris naquele momento não lembravam nada do Bill extremamente nervoso de segundos atrás, me deixando atordoada com o moreno de calças claras com listras verticais finas irritantemente apertada, com sua jaqueta de couro aberta deixando a mostra parte do peitoral, os cabelos levemente bagunçados e os olhos completamente negros. Um homem muito sedutor e sexy bem à minha frente. Deixei um sorriso pervertido escapar dos lábios e, como resposta, senti o corpo dele se aproximar mais e se chocar contra o meu. Foi a vez de Bill sorrir de maneira nada inocente, olhando diretamente pra mim. Aquilo era pra ser somente uma provocação e uma maneira de afastar Adam dali, mas parece que para ambas as partes isso já não era mais o real motivo de dançarmos tão próximos naquele momento. 
Bill aumentou o ritmo com que nossos corpos se moviam de acordo com a melodia dançante da música e, simultaneamente, aumentou a intensidade do seu olhar sobre mim, que agora demonstrava interesse, desejo, vontade... Ao tentar retribuí-lo, senti meu corpo fraquejar: minhas pernas amolecerem e um frio forte atingiu meu baixo ventre. 
Excitada. Eu estava ficando excitada somente com a sua aproximação. Deus, o que estava acontecendo comigo? 
Bill acabou definitivamente com a nossa distância e, calmamente, contornou minha cintura com seu braço direito. Soltei um leve suspiro e fechei os olhos quando o senti depositar um beijo calmo na curva do meu pescoço, sumindo definitivamente com qualquer dúvida minha sobre quais eram suas intenções. Apoiei minha cabeça sobre seu ombro e, com certa dificuldade, voltei a olhá-lo. Agora nossos narizes estavam encostados e sua respiração batia calma em meu rosto. Sua boca tão perto da minha, como em um pedido mudo para que eu a provasse, suas mãos em minha cintura me pressionando contra seu corpo, minha perna esquerda colocada propositalmente no meio das suas, deixando Bill pressioná-la e roçá-las conforme sua vontade. 
Num ato estúpido de racionalidade, coloquei minha mão sobre seu peito na tentativa falha de afastá-lo, mas por que eu estava fazendo isso? Não tinha a menor idéia, minha consciência sempre aparecendo nas horas mais erradas...
Bill sorriu malicioso e entrelaçou seus dedos nos meus, retirando minha mão dali e procurando a outra para repetir o ato. Nossas duas mãos atadas. 
Ele colocou-as para trás de minhas costas, abraçando meu corpo e impedindo qualquer nova tentativa minha de afastá-lo. Tudo girava, a música me hipnotizava, minha boca salivava mais do que o normal, meu corpo queimava. Nunca havia sentido tanto desejo por alguém, e pelos olhares nada decentes de Bill, ele sentia-se exatamente igual. 
- Sorry baby... Estou fazendo isso por dois motivos - Bill começou uma explicação? Isso era hora pra isso? Sua intenção com aquilo não era outra senão me provocar, e nesses momentos, eu me perguntava onde havia ficado aquele Bill afeminado e romântico que ele insistia em demonstrar para metade do mundo. Se bem que esse Bill “homem” que se mostrava nesse momento em minha frente me tirando todos os sentidos era muito mais interessante e sexy... - O primeiro você sabe – olhou discretamente para Adam logo atrás de nós que não conseguiu conter sua perplexidade e decepção. Senti uma pontada de desprezo por mim mesma nesse momento, me sentindo usada. – E segundo... I can not resist you - sussurrou de olhos fechados, apertando mais meu corpo contra o seu. 
Se ainda não haviam inventado algum tipo de fusão entre corpos até gora, nós estávamos testando uma teoria. Uma excitante teoria. 
Sorri, passando a língua demoradamente sobre meus lábios sob o olhar atento de Bill, que sorrira antes de finalmente grudar sua boca na minha num selinho demorado, encaixando seus lábios sobre os meus, movimentando-os com lerdeza somente para provocar. Separou-se de mim e sorriu feito uma criança que acabara de aprontar. O acompanhei, e o som da nossa risada somente cessou quando chocamos boca contra boca. Estremeci e senti meu interior aquecer quando sua língua gelada e macia entrou em contado com a minha quente, me fazendo arrepiar mais ainda ao sentir o objeto gelado que ele carregava na língua aumentar mais nossa vontade. Nossas mãos se soltaram para que pudéssemos nos tocar, e logo, as minhas percorreram seus braços com certa força e pousaram em seu pescoço, tomando a iniciativa de aprofundar mais o beijo, mordendo levemente seu lábio inferior, sentindo seu arfar por entre meus lábios, apertando minha cintura e quadril com força. Sorrimos maliciosamente quando puxei com força os cabelos dele, fazendo nossas bocas se afastarem e Bill soltar um leve gemido com o ato. Bill repetiu minha façanha de segundos atrás, mordendo meu lábio e reatando o beijo urgente e descontrolado de antes. 
Eu já não tinha mais controle nenhum sobre minhas ações e ainda mais sobre a minha libido quando senti os movimentos de sua pélvis contra minha serem mais rápidos e ritmados, mas ainda de acordo com a música. Minhas pernas amoleceram, deixando claro que já estava se tornando impossível me manter de pé sozinha. Senti Bill me segurar com mais precisão e sorrir convencido com o seu desempenho em me deixar sem chão, literalmente. Percebendo a situação em que estávamos, ele diminuiu o ritmo do beijo e dos nossos movimentos. Não estávamos em um lugar muito apropriado para finalizar o ato, embora vontade não faltasse para ambos. Comecei a recobrar os sentidos lentamente e Bill afastou os lábios dos meus, depositando um selinho carinhoso sobre eles. Sorrindo sem jeito, colou sua testa na minha enquanto eu tentava abrir os olhos. 
- Acho bom pararmos – suspirou, como se estivesse fazendo um grande sacrifício. Concordei tímida com a cabeça. Só agora minha timidez havia resolvido dar as caras. 
Bill permaneceu com nossas testas coladas e carinhosamente acariciou meus cabelos. Fechei os olhos e, delicadamente, recostei minha cabeça em seu ombro, recebendo um abraço carinhoso dele, e assim ficamos dançando a melodia mais lenta que tocava no momento. 
Após darmos uma volta completa, pude ver as caras perplexas de Anne e Will e mais algumas pessoas conhecidas dali. Mas aquele momento não era para arrependimentos. Deixaria eles para amanhã e faria o que havia feito durante grande parte da noite: aproveitaria o momento, de qualquer que fosse a maneira. 
Graças aos céus (ou ao nosso agarramento), Adam nos deixou - segundo Anne, decepcionado. Mas se ele tinha problemas com rejeições, não era nosso dever se preocupar. Ele já havia tomado grande parte da nossa noite. 
Algumas músicas depois, Bill e eu havíamos voltado ao resto do grupo, sem dar qualquer explicação que fosse, embora Anne emitisse uma súplica muda com o olhar para saber do acorrido. Decidi ignorar, até porque as explicações nem eu mesma tinha. Não parecíamos constrangidos, pelo contrário: os olhares cúmplices entre Bill e eu seguiram durante toda a noite. 
Algumas bebidas a mais e estávamos dançando sem freio e pudor nenhum. Will, Anne, Bill e eu ocupamos grande parte da pista de dança daquele camarote, pulando e dançando, tudo sempre regado a drinks e misturas estranhas. Parecíamos realmente quatro adolescentes curtindo a vida adoidado, mas devo confessar que aquilo era muito bom. Esquecer nem que fosse por algumas horas que haviam os problemas e a vida adulta lá fora. 
Sem conseguirmos mais ir contra nosso próprio corpo, paramos. Joguei-me no grande sofá de couro dourado sentindo o chão sobre meus pés se mover ligeiramente. Eu estava muito bêbada, e pelo menos disso ainda tinha consciência. Joguei a cabeça pra trás e senti os olhos pesarem feito tijolo. Movi-me quando senti a superfície ao me lado se movimentar e, lentamente, encarei a pessoa ao meu lado que chupava de um canudinho uma quantidade média de água mineral. Ele estava tão lindo daquele jeito... Por algum motivo, eu o estava olhando com outros olhos agora, mesmo no fundo torcendo pra que fosse efeito da bebida. Umedeci intuitivamente os lábios e Bill me olhou: um olhar profundo e carinhoso, embora ele ainda carregasse na face os trejeitos do Bill sensual de horas atrás. Sorri fraco e voltei a fechar os olhos.
- Vai se entregar já? – senti sua mão acariciar de leve meus cabelos e voltei a sorrir, abrindo os olhos calmamente e aproximando meu rosto do seu. 
- Alguma sugestão? – perguntei, e Bill deixou um riso baixo escapar, olhando agora a sua frente.
- Vou te levar pra casa, e pretendida ganhar, sabe... Algum pouso por lá. Se eu chegar desse jeito em casa, Tom me estraçalha - respondeu malicioso, simplesmente dando de ombros.
- Não sei se devo confiar em você. Não nesse Bill que se transforma durante as noites – Bill sorriu. – Eu tento prezar pela minha pureza – respirei fundo e fechei os olhos. Bill riu, agora um pouco mais alto. Um riso muito debochado, que no fundo tinha justificativa.
- Sabe... - colocou a mão sobre meu queixo me fazendo olhá-lo, enquanto aproximava sua boca do meu pescoço – Eu tenho um plano maligno – sussurrou em meu ouvido, deixando-me mais tonta e entorpecida do que anteriormente. 
- Qual é o plano? 
- Se eu te contar não será mais maligno – sorriu, depositando um beijo gelado em minha bochecha. Já completamente sem controle e sem forças, encostei minha cabeça sobre seu ombro e o senti puxar minhas pernas sobre seu colo e cobrí-las com o casaco de Will que estava jogado por ali. Respirei fundo, sentindo o cheiro adocicado da sua fragrância masculina, e me entreguei ao breu.


Parecia que meus olhos haviam sido grudados por alguma fita super colante. 
Era uma tarefa verdadeiramente dificultosa abrí-los, e quando o fiz, senti como se duas agulhas grandes perfurassem minhas íris. Maldita claridade. 
Após alguns segundos, acostumei-me com a luz solar e movi-me na cama. Minha cabeça era algo extremamente inconveniente no momento. Se eu pudesse chutá-la longe, agradeceria eternamente. Pareciam que milhares de injeções e agulhas finas cutucavam-na e me feriam se piedade alguma. Era por esses e outros motivos que eu havia maneirado com a bebida durante tempos, mas ontem, essas - entre outras coisas - haviam saído do controle. 
O que eu tinha feito? O que eu e Bill fizemos? 
Lembrava-me dessa parte com todos os detalhes e arrepios. Eu tinha plena consciência de que o arrependimento viria agora. Como fui deixar o desejo e a carência falar mais alto outra vez? Eu não havia construído todo esse autocontrole para deixá-lo ir com um beijo. Minha racionalidade sabia que se envolver com outro Kaulitz era furada, ainda mais depois de Bill ter se mostrado igual ao irmão em vários aspectos. Foi só um beijo e parará por aqui. O desejo e a luxúria são sensações controláveis. 
Era melhor pensar assim; caso contrário, mais machucados seriam feitos durante essa história. 
Ouvi o tremor do celular sobre o criado mudo e me puni mentalmente por estar desejando que fosse um telefonema seu. Para minha decepção e alívio, era Anne.
- BOOOOM DIIA BELA ADORMECIDA – gritou freneticamente do outro lado e eu só conseguia pensar em somar palavrões e xingá-la a seguir.
- ANNE, não grita pelo amor de Deus! - cerrei os dentes e fechei os olhos com força, tentando suportar a dor.
- Ai, desculpa, você deve estar acompanhada - soltou uma risada marota e começou a cochichar. 
- Por falar nisso Anne, quem me trouxe pra casa? – soltei a pergunta que me incomodava desde a hora que recobrei os sentidos. 
- Você não se lembra de nada? – perguntou num tom mais calmo.
- Se lembrasse não estaria perguntando – soltei, fazendo-a rir.
- Bill te carregou carro adentro todo fofo depois de você ter apagado feito uma pedra nos braços dele – contou, com certo encantamento na voz. Sem meu consentimento, um pequeno sorriso brotou em meus lábios. –Ele tá aí? – perguntou, por pura provocação. Bufei com falsa irritação e ela se manteve calada.
- Só me lembro de ter dormido, mas como cheguei aqui não – suspirei, cansada. 
- Fico feliz em saber que você está inteira, porque né? Se aquilo lá foi só um beijo, fiquei preocupada de vocês terem colocado o apartamento abaixo. Sério, não te convenci ainda de me por como beneficiária no seu seguro de vida, então eu me preocupo... – relatou calmamente.
- Simpson! – exclamei alguns decibéis mais altos e ouvi sua risada debochada.
- Credo, que mau humor - reclamou. – E então, você não quer me contar o que foi aquilo? – suspirei alto e ponderei as palavras.
- Eu... Não sei. No momento era só pra tirar o Adam dali, só que foi indo e acontecendo e ficou incontrolável! Sério Anne, estou preocupada. Aquilo não deveria ter acontecido. Foi algo errado.
- Você gostou? – perguntou diretamente.
- O que? Eu tô aqui arrependida, tentando achar alguma solução para amenizar isso, e você me pergunta como... - falei nervosamente. 
- Você gostou? – insistiu. Suspirei derrotada e sorri.
- Foi a coisa errada mais gostosa e certa que eu já fiz na minha vida. 
- Então pronto, Rach. Chega de fazer as coisas da maneira mais correta do mundo. De qualquer modo, elas não estavam saindo do jeito que você queria. Esqueça os possíveis fracassos, as possíveis decepções. Viva agora. Você não vai passar por essa fase novamente. Viva o momento, amiga. Carpe Diem - disse. 
Deixei pela primeira vez naquele dia um sorriso realmente sincero aparecer. Anne tinha razão, mais uma vez. 
- É isso, eu acho... Viver o agora... – refleti, e Anne concordou com um murmúrio de lábios. Ficamos algum tempo em silêncio. 
- Quer sair hoje? Ou vai hibernar em casa? 
- Acho que a minha cama é o lugar mais atraente do planeta nesse domingo. A segunda feira vai ser conturbada. Preciso repor energias.
- Você vai à reunião? – Anne perguntou com certo medo da resposta negativa. Aquela batalha não estava sendo fácil pra ela. 
- Estarei lá sim, pode ficar tranquila – deitei novamente a cabeça sobre o travesseiro e fechei os olhos. 
- Vai conversar com ele? – continuou a sessão de questionamentos.
- Qual deles? – perguntei, e ri logo em seguida. Era uma pergunta ambígua.
- Tom - foi direta. Puxei o ar com força e pensei por segundos.
- Não sei, mas não pretendo. Já disse que precisamos desse tempo, nossa discussão ainda está fresca na minha memória e no meu coração, Anne.
- Entendo... 
- Anne, eu vou desligar. Não tô mais raciocinando direito, me deixa dormir, vai – pedi manhosamente e Anne riu.
- Ok, bom domingo Rach, até mais - despediu-se, e recebeu somente como resposta um fraco ‘uhum’ da minha parte. 
Aquela conversa serviu pra me convencer de que eu não deveria me culpar tanto por todas as coisas - boas ou ruins - que me aconteciam. Aproveitar o bom delas é o que era o certo. 
Passei o resto do dia revezando entre dormir, comer e passar os canais da TV a cabo nervosamente em busca de algo interessante, além de compor. Ao anoitecer, tive uma longa conversa com papai via Skype. Era uma forma estranha de matar as saudades, mas no momento, era a única acessível. 
Jen havia saído e a casa era completamente minha e de Sonne, e acredite, nós aproveitamos muito bem, obrigada. 


Acordei mais cedo que o normal e encarei um banho quente, aproveitando o tímido calor que estava fazendo naquela segunda feira de inverno europeu. Tomei um belo café da manhã e coloquei o assunto em dia com Jen. Contei-lhe minhas proezas de sábado e ela me disse a mesma coisa que Anne. E no fundo, sabendo que era certo, eu ainda tinha muitos medos que se sobrepunham ao instinto “foda-se” de viver a vida. 
Coloquei uma roupa quente e sai com meus equipamentos e minha falsa coragem porta afora. Eu não estava preparada para ver Tom ainda, nem fazia a mínima idéia da reação de ambos. E no momento, preferia não pensar muito. 
No estúdio havia poucas pessoas. Peguei um café com Khaterine e preparei minhas coisas para a reunião. Em um momento de distração, escorei-me na mesa de vidro e espiei pelas grandes janelas da sala um vão entre os prédios, que dava vista para o estacionamento. Tom parecia tão tranquilo e tão bem... Caminhava de cabeça baixa e de mãos dadas com a loira Miss, sempre muito bem vestida. Senti uma leve pontada no peito, e como diria Jen nesse exato momento, aquilo era saudade. Meu irmão, meu companheiro, meu alicerce... 
As lágrimas já se aglomeravam em meus olhos teimosamente, mas ao ver e relembrar a escolha que ele havia feito, expulsei qualquer sentimento de arrependimento de mim e voltei a acreditar na minha vida sem ele por um tempo. Meu corpo todo foi tomado por um arrepio gostoso e o perfume adocicado conhecido preencheu o ambiente. Minha bochecha se encheu de um leve ardor ao receber um beijo delicado ali. 
- Bom dia, linda – Bill falou em um tom de voz calmo e, lentamente, virei meu corpo em sua direção. Ele se sentou na ponta da mesa, apoiando uma perna no chão e tomou mais um gole de seu café, olhando na mesma direção que eu, sereno e calmo, como sempre, embora estivesse de óculos escuros, tentando também esconder parte da ressaca. Eu jurava conseguir ver o que aqueles olhos cor de mel transmitiam. Ele balançou a cabeça em reprovação e suspirou após Tom desaparecer de nossa visão. 
Bill tocou seu lado com as mãos e eu o fiz companhia na mesa, olhando seu rosto calmo e seu cabelo escondido por uma touca bege. Tomou outro grande gole de café e seus olhos pousaram nos meus, e como se fosse algo elétrico, senti meu corpo aquecer e uma enorme sensação de proteção tomou conta mim. 
- Precisamos conversar - suspirou calmo e brincou com o copo a sua frente. Confirmei com a cabeça levemente e Bill se aproximou. Tentei ao máximo manter o contato visual e era cada vez mais nítido o desconforto de Bill em tocar naquele assunto. – Sobre ontem... Eu... – gaguejou. 
- Você... - completei a frase vaga que ele havia deixado.
- Olha Rachel, eu quero que você entenda que o que aconteceu ontem... Eu fiz porque queria mesmo. Não foi a bebida, nem outra coisa. Eu não usei você. Só que... – Bill parecia ter dificuldades em completar uma mísera frase que fosse sobre o ocorrido. 
- Tudo bem... Não precisa explicar. Somos adultos, não mais aquelas crianças inconsequentes. Eu entendo que seja normal nos desejarmos. Sei lá, poderia acontecer com qualquer um... – expliquei, desconhecendo a origem das minhas próprias palavras. Quem eu estava enganando mesmo? 
Bill sorriu fracamente e pegou em minha mão.
- Que ótimo... Passei horas pensando em como falar nisso, talvez você entendesse minhas atitudes de forma errada... Eu juro que não quero te magoar de maneira nenhuma. Você é especial, sabe disso... Eu só não estou pronto pra nada e... - Bill falava um tanto nervoso e atropelava metade de suas palavras. Depositei meu polegar em seus lábios e ele rapidamente calou-se.
- Tá tudo bem... Eu já disse – sorri sincera e Biil soltou um longo suspiro aliviado. - Seu coração deve estar aberto para recebê-la, não vamos mudar isso, né? Não vamos mexer no meu e no seu destino...
- Receber minha alma gêmea... - vagou com o olhar por segundos sobre as nuvens claras do céu e sorriu. Eu estava empurrando metade das verdades que ouvia e as que dizia barriga abaixo. Acreditar nelas parecia cada vez mais distante por algum motivo estúpido, mas que existia e estaria sempre ali, me dizendo que nesse momento eu poderia estar tomando a decisão errada. 
– Obrigada Rachel, mesmo. Você é incrível – a voz de Bill me tirou dos meus devaneios e, carinhosamente, ele beijou as costas da minha mão que o mesmo segurava. 
- Você que tem tornado tudo mais fácil, Bill. Eu que deveria agradecer – apertei sua mão sobre a minha e recebi um abraço de lado extremamente carinhoso e reconfortante. 
Se as coisas haviam se resolvido por ali, se tudo havia terminado assim, eu não fazia a mínima idéia. A única coisa que eu temia era a de que talvez as coisas não fossem como se quer, e o controle sobre nossas ações e sentimentos não seja nosso, e a que nosso coração se entrega sem saber do risco de sair machucado com isso. 
- Então... – Bill levantou num pulo e esticou seu braço direito em minha direção – Pronta pra mais uma batalha... Ops, reunião? - sorriu sapeca e saímos de braços enlaçados gravadora afora, para o local da próxima batalha/reunião. 
Era onde quase tudo estaria resolvido. Quase.


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Notas finais do capítulo

Então? comentários sinceros né?
O que tá acontecendo com a Rachel? ela fez certo será? Eu não sei
e esse Bill hein?
Até a segunda parte.
Beiijos lindas