Be My Friend escrita por milena_knop


Capítulo 23
Perdão


Notas iniciais do capítulo

QUE SE VAAAMO, HEEIN!
Gente, o que foi o bafão do capítulo anterior, né?
Digo e repito: águas paradas são profundas.
Pra quem achava que a relação entre Tom e Rachel era só amizade, está ai o passado retornando e mostrando o contrário (66'
Esse capítulo tem as perspectivas da Anne em toda essa história!
portanto a narração é dela.
E Yohaana linda muiito obrigada pela indicação, fiquei muito feliz mesmo, adorei
boa leitura minhas florzinhas ;**



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Anne.

- E você, já sabe que hora ela retorna, Kath? - mordi o lábio. Rachel sempre sumia quando mais se precisava dela, já havia virado costume.
- Ela saiu daqui com uma cara preocupada, só falou que estaria no segundo andar resolvendo alguns assuntos - Katherine explicou calmamente e me encarou. 
- Ok, vou atrás dela. Obrigada - sorri gentilmente e dei as costas à secretária estranha de Rachel. 
Entrei no elevador e apertei o botão do mesmo, baixei os olhos para analisar mais uma vez a letra do jingle que entregaria para Rachel gravar e vi um braço longo e magro impedir a porta de se fechar. Bill adentrou o elevador e sorriu largamente.
- E ai Annezitcha, tudo bem com você? - tive vontade de rir pela intimidade que Bill havia desenvolvido comigo e mais algumas poucas pessoas ali na gravadora.
- Tudo... - respondi sorrindo. - E com você?
- Também... Estaria melhor se a Rachel tivesse um lugar fixo nessa gravadora, nós cansamos de correr atrás dela nesses prédios! - baixou os olhos e suspirou divertidamente.
- Que é isso, menino? É tão bom praticar exercícios enquanto se procura a chefe! - olhei-o, esperando sua reação, já que Bill tinha horror declarado à atividades físicas.
- Eu sabia que a causa desse seu corpo em forma era academia, não trabalho do seu pai! - sorriu maroto.
- Insinua que eu pareço ser uma ex-caída mais uma vez e quem vai precisar dos trabalhos do meu pai vai ser você! - cerrei os olhos, vendo Bill gargalhar alto por alguns segundos. 
Segundo andar.
A voz feminina anunciou e a porta se abriu, salvando a pele do magricelo à minha frente. Saí do elevador sendo seguida por Bill, que parou ao meu lado em frente à mesa de madeira escura, onde uma das várias secretárias que trabalhavam por ali, se situava.
- Oi, hm... - procurei pelo crachá da moça loira de olhos verdes à minha frente. - Janett, a Srta. Rachel está por aqui?
- Sim, na sala 3, mas ela pediu para...
- Obrigada! - interrompi a moça e sai caminhando até a porta com o número ímpar, grande, metálico e visível, onde eu encontraria a pessoa que salvaria meu dia de trabalho. Mal educada? Não sou não, essas secretárias da Universal são muito competentes. Se eu contrariasse a moça ela chamaria os seguranças, e eu não queria mostrar meus golpes de karatê para todos ali. 
Abri a porta e entrei numa pequena área onde havia um sofá grande e claro, assim como uma mesa com algumas revistas em um canto. 
- Anne, você deixou a moça falando sozi... - Bill me seguia, gesticulando, meio perplexo com meu ato.
- Espere! - ergui a mão aberta, e ele se calou. Gritos altos eram audíveis para nós, e vinham da sala de reuniões à nossa frente. - É a voz do Tom... - semicerrei os olhos. - E da Levý! Vou entrar lá! - Larguei as pastas e papeis em cima do sofá e caminhei até a porta escura à nossa frente.
- Não! - meu braço foi agarrado por dedos longos e finos. - Endoidou de vez, Anne?! Isso é assunto deles, vamos sair daqui!
- Quem tá doido é você Bill, pra achar que eu vou deixar minha amiga na mesma sala que o teu irmão maluco, e pior, transtornado... - teimei com ele, que revirou os olhos e suspirou. - Ok, então vamos ficar aqui, mas se as coisas piorarem por lá, eu entro! - propus um acordo.
- Está bem, Anne... - concordou derrotado. - Você é impossível! - sorriu de canto e me acompanhou, me imitando e encostando o ouvido na porta.
Você é a culpada pela morte do nosso filho!
Foi o que Tom gritou em alto e bom tom, pra quem quisesse ouvir. Bill me fitou com olhos assustados, esperando minha reação. Em alguns segundos eu senti meu coração acelerar, e me arrependi amargamente por não ter obedecido Bill e saído daquela sala. Eu não podia acreditar no que havia escutado. Tom e Rachel tiveram um filho? E a Rachel abortou? 
Lentamente, minha mente juntava pedaço por pedaço de tudo aquilo. Os dois tinham um caso antigo, mas isso não fez o menor sentido para mim, ao lembrar de Kristen. A teoria era, então, que Rachel ainda não havia esquecido Tom. E eu... Bem, eu era uma trouxa que estava sendo “traída” pela minha melhor amiga diante dos meus olhos, e ainda não havia enxergado isso. Todas as mentiras, as farsas, as máscaras e as personalidades assumidas por ambos eram o incentivo que faltava para que eu jogasse tudo para o alto e fosse embora sem olhar pra trás. Magoada, ferida, mutilada por dentro. 
A porta abriu-se e um Tom furioso, com lágrimas escorrendo pela face, saiu da sala, em passos largos, e logo não pudemos mais avistá-lo. Me pus na frente de Bill, com metade do corpo para dentro da sala, procurei Rachel com os olhos e a vi no chão, aos prantos. Ergueu os olhos até mim e eu não pude evitar o choro naquele momento também.
- Mas... Mas... Eu... Que merda! - ouvi Bill exclamar atrás de mim e sair rapidamente atrás do irmão. Eu ainda estava ali, estática, sem entender – ou tentando não entender – nada. Meu corpo tremia por inteiro, e meus olhos não fizeram o menor esforço para segurar as lágrimas que se formavam neles.
- Anne... Eu... - Rachel murmurou em meio ao choro, e eu dei as costas à ela. 
Eu estava fugindo. Não era a decisão mais inteligente, Rachel precisava de mim, e eu, como amiga, devia estar lá, consolando-a, como ela sempre fazia quando eu estava passando por maus momentos, mas eu simplesmente não podia, não conseguia. Aquilo doía demais em mim, era difícil acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. No fundo, eu tive uma enorme vontade de voltar lá e abraçá-la, dizer que estava tudo bem. Mas dessa vez, ela era quem deveria fazer isso. Minha cabeça pedia respostas e apenas Rachel as possuía.

Sentada no sofá de casa, passando os canais tediosamente, minha mente insistia em lembrar das histórias que Rachel costumava contar sobre Tom. Sobre a “amizade” dos dois. 

- O que vão dizer de mim? Ah, anda com aquela gostosa e nem pega ela? É um viado! 
- Tom, que bobagem, é só você que pensa assim. Tá legal então, vem cá, me beija.
- Não dá, não consigo.
- Viu, não tem nada demais nisso.
- Sinto como se estivesse beijando o Bill, eca!


Eu me sentia enganada, traída por todo esse tempo. Eles disfarçavam tão bem... De repente, os pedidos de Rachel para que eu esquecesse Tom fizeram completo sentido. 

- Não Anne... Não, por favor, o Tom não! – gritou e freou o carro de uma maneira brusca. Fitei-a assustada.
- Rachel eu... Eu... - tentei explicar.
- Ok, sem maiores explicações, já saquei tudo, eu te conheço – falou, esperando uma resposta.
- Eu não pude evitar, você sabe como isso acontece - justifiquei.
- Você poderia ter escolhido qualquer um, menos ele Anne, o Tom não!
- O que tem? Fora o fato de ele estar me odiando, isso não é nenhum crime! - argumentei. 
- Anne, olha só – me olhou -, você não pode sentir nada por ele, naaaaada.
- Mas por quê?- questionei, curiosa em saber o por quê de toda aquela relutância.
- Como eu posso explicar... Bem, o Tom é uma das melhores pessoas que eu já conheci, é um ótimo amigo e eu o amo muito, mas eu nunca apresentei uma amiga minha que fosse pra ele. O Tom é um canalha se tratando de mulheres. Eu já conheci muitas meninas que sofreram e sofrem até hoje por ele, ele nunca gostou de alguém de verdade. Ele tentou, mas toda vez eram elas que saíam prejudicadas. Ele as fez sofrer e foi sem que ele notasse. Ele não tem culpa, ele só não consegue... Ele não presta Anne, o Tom não presta!


Claro que o Tom não presta! Mas que raios havia comigo?!
Toda essa história e toda a reação que eu havia expressado só serviram para me mostrar uma coisa: eu estava tão enlouquecida e apaixonada por Tom que deixei isso passar por cima de uma amizade que foi verdadeira desde o início, mas que por deslizes, estava se transformando em um pesadelo, ao menos para mim. 
Minha atenção voltou-se para a luz do iPhone, que acendeu em cima da mesa de centro.

I don't speak German, but I can if you...

- Oi Bill... - minha voz saiu fraca, e eu me perguntei se ele podia me ouvir no outro lado da linha. 
- Oi, como estão as coisas? - questionou, e eu baixei o volume da televisão, onde um jornal qualquer era apresentado. Pensei em uma resposta boa, mas nada veio à mente.
- Tudo normal... - menti, suspirando em seguida. Gaga subiu no sofá e sentou-se de frente para mim. Como se sentisse que eu estava mal, passou a me encarar até que eu acariciasse seu pescoço. 
- Você mente tão mal... - comentou. E eu apenas soltei um risinho nasalado, sem muita vontade. 
- Como está Tom? - perguntei em um impulso. Sim, eu tive vontade de bater a cabeça na parede inúmeras vezes, simplesmente não podia ter perguntado isso. Mas que se dane, eu estava abandonando alguns padrões de comportamento há algum tempo.
- Está inconsolável, deitado na cama desde que chegamos em casa. Preciso bolar um plano para fazê-lo levantar de lá e tomar um banho, comer algo... Tom e Rachel precisam conversar melhor, de cabeça fria!
- Realmente... - concordei. - Diga à ele que eu sinto muito... - calei-me, querendo dizer mais coisas, mas não era conveniente... Era impossível.
- Direi sim... Bom, não vou tomar muito do teu tempo... Tom me contou tudo... Ele precisa de apoio e eu estou aqui com ele, e apoiar Rachel é trabalho para você, Anne! - falou calmamente, e eu me limitei a soltar um longo suspiro. - Você é a melhor amiga da Rach... Eu sei que é difícil ficar sabendo de tudo dessa maneira, mas Anne, você precisa ser adulta e procurar a Rachel, ela vai te explicar tudo e você vai ver como as coisas não são o que aparentam ser. Por favor, faz o que eu estou pedindo, vai lá conversar com ela, vai ser melhor pra todos. Faça isso - respirou fundo quando terminou a extensa frase.
- Ok Bill, eu vou... Vou me arrumar e irei pra lá agora mesmo - concordei com ele. Bill estava certo. Rachel precisava de apoio, e era meu dever estar com ela nesse momento. 
- Beijo... E obrigada!
- Não precisa agradecer. Obrigado por me ouvir, a gente se fala na gravadora. Até mais - despediu-se.
Verifiquei a hora: 19:20. Levantei-me num pulo e corri para o quarto. Troquei de roupa na velocidade da luz, peguei o iPhone e a chave do carro e saí porta afora, com pressa.

- Você quer um café ou um chá? - Jen me ofereceu.
- Obrigada Jen, por enquanto não - agradeci, com um meio sorriso.
- Tudo bem, Rachel está no quarto - advertiu e deu as costas, rumo à cozinha. Continuei andando pelo apartamento grande, mas conhecido. Prendi os cabelos num coque frouxo antes de respirar fundo e adentrar o quarto escuro. Sonne veio ao meu encontro, quieta, balançando o rabo freneticamente, cheirou meus pés, reconhecendo o cheiro de Gaga, e logo deixou o quarto. 
- Rachel? - chamei, acendendo a luz clara do quarto. E quando me virei para a cama, um corpo se jogou em cima de mim, abraçando-me pelo pescoço, o que me fez cambalear para trás. Abracei-a também, sentindo suas lágrimas molharem a camisa fina que eu usava.
- Eu... Eu sabia que você viria - disse alto, aos prantos. - Eu sinto muito Anne, por tudo!
Um nó se formou em minha garganta, mas eu engoli-o rapidamente. Rachel tinha de ser consolada, não eu.
- Está tudo bem, você precisa se acalmar... - disse baixinho, enquanto ela desmanchava o abraço e me olhava. Eu nunca havia visto Rachel daquela maneira. - Vá lavar o rosto... Precisamos conversar - sorri, e Rachel obedeceu, voltando rapidamente para o quarto. Fomos para a sala, onde sentamos uma em cada lado do sofá. Rachel baixou os olhos e fitou as mãos, que brincavam com o cordão do pijama que vestia. Olhei-a curiosa, esperando que começasse logo.
- Vamos Rachel, me ajude a entender tudo isso! - exclamei maternalmente. Rachel ergueu os olhos e me encarou, deu um pesado e longo suspiro, e iniciou a narração dos fatos pela parte que eu já conhecia, e não tinha nenhuma dúvida de sua veracidade.
- É uma longa história!


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo deveria esclarecer algumas coisas, mas gente, prometoo que no próximo vocês vão saber de tudo, tuudo. juro :D
Beiijos amores
Eu volto logo tá?



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