PDV Edward

   Era a criatura mais bela que eu já havia visto.

   Eu estava dentro de um pequeno bosque. Originalmente, era uma viagem de caça – legalizada, claro -, que eu estava fazendo junto a meu pai Carlisle e meu irmão, Jasper. Porém, eu havia me separado deles, e me deparei com o mais belo cisne que eu jamais havia visto. Percebi que eu não era o único que o estava admirando. Havia perto do lago, alguns animais do campo, que revezavam a atenção entre o cisne e eu – mais precisamente, revezavam a atenção entre o cisne e a flecha que eu apontava para ele.

   Flechas eram meio – bastante- antigas, mas eu estava testando o arco que ganhara de aniversario. Eu estava tentando decidir entre atirar no belo cisne azulado que via ou deixá-lo viver.

   Antes que eu tivesse chance de decidir, o cisne pousou na minha frente e em meio a um espetáculo de luzes azuis, ele se transformou na mais linda mulher que eu já havia visto.

   Mulher era muito para ela, pois era apenas uma jovem, diria que tinha a minha idade ou menos. Quase tudo nela era pura luz, uma luz azulada, da cor do céu de primavera, e apesar dela ser somente luz, ela tinha a forma da mais linda moça que eu jamais havia visto.

   Nem havia parado para percebe, mas os animais que estavam antes à beira do lado haviam sumido, e em seu lugar apareceram vários jovens, de mais ou menos quinze anos a maioria, que também era pura luz, mas tinha a forma também de humanos, mas eu só tinha olhos para a moça a minha frente.

   -Me Ajuda! – ela quase havia gritado. Sua voz era melodiosa, doce e... Agoniada? – Por favor, me ajuda! – lagrimas rolaram seu rosto

   -Edward acorde! – duas batidas na porta do meu quarto junto a voz de uma das minhas empregadas me acordaram. Então havia sido apenas um sonho? – Não é só porque está de férias que vai ficar na cama até tarde!

   -Já estou acordado! – minha voz saiu muito rouca, não diria que eu estava desperto. Ter tido um sonho tão real e profundo com aquele deveria estar afetando minha voz.

   Levantei rapidamente da minha enorme cama, vesti meu roupão e me encaminhei para o meu banheiro, muito exagerado em tamanho. Toda manhã era a mesma coisa, mas eu costumava acordar mais cedo. Depois de quinze minutos debaixo do chuveiro sai, vesti uma roupa qualquer e saí do quarto para tomar café.Tinha alguns dias em que descer cinco andares de escada só para poder comer me dava a  maior dor de cabeça. Hoje era um destes dias.

   Quando entrei na sala do café da manhã – sim, nós tínhamos uma sala para cada refeição -, dei uma olhada rápida para o relógio da parede. Quase oito da manhã. É, eu estava acordando tarde...

   -Até que enfim, dorminhoco! – disse Rosálie

   -Me deixa em paz vai, Rose...

   -Aconteceu algo? – se você soubesse o que acontece, Esme...

   -Não, mãe. Não aconteceu nada.

   -Você ta com uma cara de cachorro sem dono... – comentou Rose e Jasper concordou.

   -Posso dizer uma coisa? – eles assentiram, todos na expectativa – Eu to mesmo emburrado... Com vocês que não me deixam em paz! – quase gritei

   Resumindo, depois dessa, Carlisle me deu um sermão sobre se comportar, principalmente à mesa. O resto do café seguiu tranquilo, mas o fato daquela linda moça ser apenas um sonho me incomodava... E muito! Mas o que mais me intrigava era que ela pedia por ajuda e parecia machucada, mas eu não podia nem imaginar alguém a machucando, alguém cruel o suficiente...

   Depois do café, segui para o meu quarto. A empregada que me acordara já havia arrumado a cama, então peguei meu Mp7 e fiquei ouvindo umas músicas qualquer. Depois de três músicas, todas – incrivelmente - com o tema deixar para trás, voltei minha atenção para o arco e a aljava cheia de flechas da família, ambos pendurados na parede oposta à cama do quarto, que eu havia ganhando de aniversário a mais ou menos três meses atrás. Desliguei o Mp7 e me levantei da cama, indo na direção do arco. Levei alguns segundos para me tocar que eram as mesmas flechas, arco e aljava do meu sonho e mais alguns minutos para lembrar que dentro de cinco ou seis dias eu iria para uma viagem de caça com meu irmão e meu pai.

   -Edward, posso entrar? – Jasper bateu na minha porta, que tinha apenas uma fresta aberta, tirando-me de meus pensamentos

   -Melhor não incomodar ele – disse Rose, mas obviamente ela estava curiosa, assim como Jasper

   -Podem entrar – disse

   Os dois entraram no quarto com certo receio nos olhos, temerosos... Eles se sentaram na cama sem o menor barulho e Jasper resolveu quebrar o silêncio.

   -Queira negar ou não, nós vimos a cara que você estava fazendo mais cedo.

   -E não minta – disse Rose – porque eu percebi pela sua cara – obvia – que você está bolado por causa de uma garota!

   Encarei os dois. Não fazia idéia de como estava minha cara, mas pela reação de ambos, devia transparecer que eles estavam certos.

   -Se quiserem – disse -, podem dizer que eu estou louco, mas acho que me apaixonei por uma coisa que não existe.

   O rosto dos dois era um misto de medo, incredulidade, surpresa e... Pena?

   -Nessa ultima noite – continuei – eu sonhei com... Uma garota. A mais linda que eu já vi. Ela parecia fadigada, mas o que mais me incomodou foi que ela gritou por... Por ajuda! – olhei para eles. Ambos estavam em choque

   -Eu... – disse Jasper – Eu tive um sonho parecido – Rose e eu o encaramos – Uma garota, uma menina que parecia ter quinze anos... O meu sonho foi como o seu!

   -Eu também tive um sonho assim! – disse Rose, que assim com nós, parecia não querer acreditar – Foi um homem quem apareceu no meu... Parecia que ele era muito maltratado, e também pedia por ajuda!

   Com um enorme esforço, me levantei e tranquei a porta do quarto. Voltei a me sentar e disse

   -Vamos comparar os três sonhos.

   Nós três começamos a conversar. Contei a eles tudo o que aconteceu naquele meu sonho, inclusive que a garota havia se transformado de cisne em humana. Rose contou que no seu, foi um urso quem apareceu e se transformou em um homem assim que o sol se pôs. Jasper contou que no dele, foi uma garota que aparentava quinze anos, que estava perto do mesmo lago com o qual eu e Rose sonhamos. A garota também parecia maltratada, mas quando o sol nasceu ela se transformou em uma raposa e fugiu.

   -Bom – eu disse -, não pode ser coincidência nós termos tido sonhos iguais.

   -Então vamos fazer o que? – perguntou Rosálie

   -Vamos entrar na floresta -disse Jasper – com a qual sonhamos. É a mesma que Carlisle, Edward e eu vamos caçar na sexta.

   -Mas – disse Rose – mesmo estando no século XXI, mamãe e papai não me deixariam ir caçar com vocês!

   -O seu sonho também foi na floresta, não é? – perguntei e ela assentiu – Então eu vou entrar na floresta mais cedo e se encontrar alguma coisa, nós daremos um jeito de convencer Carlisle e Esme a deixarem você ir, está bem?

   -Tudo bem – ela disse com um suspiro, meio desapontada

   Ficamos até a hora do almoço no meu quarto discutindo o que faríamos. Ficou combinado que eu entraria na floresta um dia antes do dia de caça. Não caçaríamos apenas por diversão. A floresta ficava no encosto de um sítio nosso, que alugaríamos no sábado para uma festa, gente mais pobre, mas como eles pagariam pela festa, meus pais resolveram ceder, então, teríamos que afastar os animais.

   Mas não me importava mais àqueles animais. Não me importava a tal da festa. Não importava que eu correria perigo entrando sozinho na floreta. Só me importava achar a garota do meu sonho. A garota com o qual uma noite eu sonhei, e nunca mais esqueceria.