Edward p.d.v

“ Enquanto guardava meus livros no armário, parei para refletir as mudanças que tinham ocorrido naquela semana. Eu tinha finalmente começado a namorar Tanya, o amor da minha vida, Bella tinha arranjado novas amigas que, por coincidência do destino, eram amigas da minha deusa; o baile estava se aproximando e eu precisava criar coragem para convidar Tanya pra ser meu par. Ri sozinho e me convenci de que como estávamos namorando, não corria o risco dela ir com outro garoto qualquer. Assim que fechei a porta do armário encontrei uma Bella diferente... tinha um sorriso enorme no rosto, o cabelo estava arrumado com leves cachos na ponta, os olhos destacados pela maquiagem leve e. mesmo com suas roupas usuais, não estava tão desleixada como sempre.

  - Oi Ed! – disse sorrindo.

  - Oi Bells. – devolvi o sorriso e engoli em seco – Uau você está diferente!

  - Diferente... pra melhor? – seus olhos brilharam e por um momento fiquei perdido neles.

  - Com certeza Bells, está mais linda.

  - Ah jura? Bom a Sophie e a Jennifer me arrumaram, o que achou?

Sorri e respirei aliviado por tudo ter se acertado. Tudo que eu mais queria era que as amigas da minha namorada também fossem amigas da minha melhor amiga, e agora Bells agia como se aquilo fosse normal. Eu gostei de vê-la assim, feliz, radiante.

  - Eu achei ótimo. Você ficou linda, e não foi só eu que achei. – apontei com os olhos para o corredor.

Ela virou devagar e corou quando viu que alguns garotos comentavam e sorriam para ela, alguns mais atrevidos piscavam, como o Newton. Pigarreei tentando fazer com que ela voltasse a olhar para mim porque um sentimento bobo me fazia ficar com raiva daqueles moleques.

  - E então, você vai com quem no baile?

Estava com um sorriso enorme no rosto como se a resposta fosse uma surpresa pra ela. Então sua expressão se tornou levemente maliciosa, e talvez até sedutora.

  - Com a Tanya Bells, minha namorada. – falei baixinho, sem saber por quê.

  - Ah claro, que pergunta idiota a minha. – a sua expressão murchou e meu coração apertou.

  - Bells mas...

  - Ta tudo bem, eu tenho que ir, tenho aula agora.

  - Adivinha quem é? – a sua voz doce soou em meu ouvido.

  - Tanya? – falei sorrindo.

  - Eu precisava vir aqui, eu quero saber sobre o baile e... – ela disse sentando do meu lado.

  - Eu ia te perguntar isso agora! E então, quer ir ao baile comigo? – perguntei animado.

  - Mas é claro meu amor! – ela me abraçou forte – Mas... eu queria fazer uma surpresa pra você antes do baile.

  - Uma surpresa? – não pude deixar de sorrir quando vi um sorriso malicioso surgir em sua face perfeita.

  - Isso, uma surpresa. Bom, me encontre as sete na casa da Bella, pode ser?

  - Ta bom.

Ela me deu um selinho rápido e correu para a mesa dela junto com as outras lideres de torcida. Mesmo confuso, acabei esquecendo e me adaptando com a idéia de encontrá-la justamente na casa da Bella. Afinal elas tinham amigas em comum, talvez tivessem combinado algo.”

  - Sr. Cullen? Sr. Cullen?

Perdido em lembranças, não percebi que a enfermeira me chamava impacientemente, como se já estivesse ali ha muito tempo. Virei para ela e sorri sem graça, tentando me desculpar.

  - Sim?

  - Sua esposa, Tanya Cullen, está bem. O médico já fez todos os cuidados necessários.

  - Ah, que bom!

  - Ela ingeriu uma quantidade grande de remédios, é um milagre que ela ainda esteja viva. – ela falou parecendo nervosa – Ela quer vê-lo, venha comigo, vou levá-lo até lá.

Segui a enfermeira e não pude deixar de reparar que ela se manteve tensa e nervosa durante todo o trajeto e, quando me deixou no quarto, respirou aliviada, saindo apressada para algum lado do hospital. Tanya estava deitada nas típicas camas de hospitais com lençóis brancos, com as mãos repousadas na barriga e abriu um enorme sorriso falso quando me viu.

  - Meu amor! Que bom que está aqui.

Cheguei mais perto da cama e ela segurou forte minha mão.

  - Tanya, porque tentou se matar? – falei ríspido.

  - Eu disse a você Edward, disse que não podia me deixar, disse que eu não viveria sem você. Eu te amo demais, não posso te perder, minha vida não tem nenhum sentido sem você.

Cada palavra que saía de sua boca doía como um tapa na minha cara. Não por me fazer arrepender-se da separação, mas da minha falta de inteligência quando sempre aceitei essas desculpas esfarrapadas, porque agora eu via, a falsidade que aquelas pequenas letras carregavam, e ali, naquele recinto, com a declaração mentirosa, eu senti que não sentia mais nada.

  - Não acredito que fez isso.

  - Ed acredite em mim, eu sou um nada sem você. Eu falei tudo aquilo da boca pra fora, eu me arrependi, eu preciso de você, do seu amor.

Nisso o celular de Tanya tocou na mesinha ao lado de sua cama. Por causa dos fios que estavam presos em seu braço, ela não conseguiu se aproximar e, ao pegar para ela, observei na tela o nome de um homem e deduzi o óbvio, um amante dela.

  - Isso é tão ridículo. Chega Tanya, pra mim não importa se você quer se matar, ou se eu vou ter que contar aos seus pais o que houve para você começar a fazer terapia. Mas acabou, e é melhor você aceitar isso.

  - Como é? Não pode me deixar Edward, você é apaixonado por mim, sempre foi! Desde adolescente, seu sonho era ser meu namorado, era ter o meu amor, e você teve isso e está jogando fora?

  - Eu nunca tive seu amor Tanya, essa é a verdade! Eu tenho tanta raiva de você, porque perdi momentos tão importantes na minha vida me dedicando a alguém que não sentia absolutamente nada por mim. Meus melhores amigos pararam de falar comigo por sua causa Tanya.

  - Por minha causa? Deixa de ser ridículo Edward! Aquela Bella idiota parou de falar com você porque ela decidiu ir pra Forks esqueceu? Ela te deixou, ela quis deixar você. E quem ficou ao seu lado? Não foi o Emmet e nem ela.

  - Claro que não foram eles, porque eu fiquei preso num amor idiota e eles se cansaram de mim. Eles me avisaram e eu fui cego.

  - Porque cego? Para e olha aqui para mim. – ela disse segurando meu rosto com as duas mãos. – Você me ama e eu amo você, isso não é ser cego.

  - Cala a boca Tanya, cansei de ouvir suas mentiras, deu pra mim. Vou embora, espero que você fique bem.

  - Edward não vai embora, eu posso fazer uma loucura.

  - É mesmo? Eu sinto muito, mas acho que por agora não. A Kate ta vindo ai.

  - Você contou aos meus pais?

  - Claro, porque eu não faria isso? Sou um ex-marido preocupado. – eu ri sem humor.

Saí a passos largos para fora daquele lugar sem olhar para trás. Assim que entrei no carro dei a partida e fui o mais rápido que pude para a casa do Emmet.

***

  - Cara eu não acredito, que finalmente você largou aquela vaca... quer dizer a Tanya! – Emmet gritou da cozinha.

Ri e olhei para o corredor mais uma vez, procurando por Bella. Tentei me distrair observando a decoração, tinha ficado maravilhosa, Emmet realmente faz um bom trabalho. O apartamento não era muito grande, mas o modo como foi organizado fez o espaço se estender, ficar arejado e simples, assim como os dois irmãos. Estranho que eu me sinta assim, nervoso... minhas mãos estão suando e eu não paro de olhar para o corredor esperando que Bella saia logo do banheiro e venha conversar comigo. Ao mesmo tempo eu desejo entrar lá e tirá-la dali, embalá-la em meus braços e dizer que preciso dela, assim como naquele dia, do nosso momento na cama, eu precisava do seu cheiro, do seu corpo colado com o meu, dos seus lábios, porém eu estraguei tudo...

- Eu não entendo porque me beijou naquela festa da empresa, porque se fingiu de go go boy hoje e porque fizemos isso hoje, se na verdade você ama sua mulher?

  - Foi um erro, eu sinto muito.

  - NÃO VOCÊ NÃO SENTE! E SABE PORQUE NÃO? PORQUE VOCÊ DEVE SENTIR PRAZER EM FAZER ISSO QUE VOCÊ FAZ. E você acha que eu fico onde com toda essa sua brincadeirinha? Você me beijou Edward e eu não entendo porque, foi com tanta intensidade, havia vontade, havia desejo, como se houvesse algum tipo de sentimento...

  - Eu não sei o que me deu Bella, foi uma tentação, só isso.

  - Como eu pude pensar que em algum momento você quisesse algo mais do que se aproveitar de mim, no fim, você só brincou comigo. Você é preso nesse seu amor idiota pela sua esposa e não consegue ver o que faz com as outras pessoas.

Agora tudo fazia sentido. Ela se importava não com o fato da traição em si, mas com o fato de que eu a beijava e dizia que amava a Tanya... Ela queria que eu dissesse que a beijava porque eu a amava. POR QUÊ? Tantas pistas, tantos sinais, porque eu nunca percebi? Estava ali, na minha cara, estampado, era só eu perceber. Ela me ajudava, sentia mal quando eu sentia, se mostrou estranhamente mais carinhosa quando nós nos beijamos, e eu a iludia, dizia que terminaria com a Tanya porque sentia algo diferente por outra garota. De algum modo, eu sentia. Eu a amava, sempre amei, eu sou completamente apaixonado por Bella Swan, mas como eu nunca percebi? Tanya, é claro. Tão preso naquele amor idiota, não consegui enxergar quem eu realmente amava, quem merecia meu amor, aquela, a única que eu sempre amei, a mulher da minha vida, está explicado... eu sentia a sua falta, eu me sentia estranho quando estava perto dela, eu a queria pra mim, sentia ciúmes dos seus encontros, queria protegê-la, beijá-la, abraçar, sentir seu perfume, eu a queria, sempre quis, como eu anseio agora. Anseio que ela saia desse corredor escuro, sente ao meu lado e diga que me ama, e eu vou poder beijá-la e dizer o que sempre quis dizer...

  - EDWARD! – Emmet gritou e senti meu rosto virar com a bofetada que levei.

  - Que bosta é essa?

  - Foi mal cara, é que eu to aqui te chamando a séculos e você simplesmente se desligou! O que aconteceu?

  - Estava pensando, em algumas coisas, desculpa. O que você perguntou?

  - Como foi com a Tanya cara?

  - Ah é, então, ela tentou se matar, eu acho, disse que foi por minha causa e tal... mas sabe, quando eu a vi ali naquela cama, e ouvi as palavras falsas que saíam da boca dela eu percebi que não a amava mais.

  - Então quer dizer que você simplesmente deixou de gostar dela?

  - Não foi bem assim, na verdade sempre foi um amor platônico, um negócio estranho. Mas eu não senti mais aquele calor, aquela felicidade que sentia perto dela, não senti nada cara.

  - Mas porque isso hein?

  - Sei lá... é que eu acho que gosto de outra garota.

  - Ah não creio cara, você acabou de ficar solteiro e já acha que está gostando de outra mulher?

  - É, acho que é isso. – eu disse rindo.

  - Poxa, pensei que você ia me fazer companhia nas festas – ele fez um bico – mas fala ai, quem é a sortuda?

  - Ah deixa pra lá Emmet, não é ninguém.

  - Claro que é Ed, você acabou de dizer! Conta ai cara, não vai esconder isso de mim né?

  - É estranho, não sei se é algo que eu deveria te contar.

  - Como assim? Você sabe que pode me contar tudo, somos parceiros, irmãos, conta logo cara!

  - Promete que não vai me bater?

  - Edward porque eu iria te bater? Você virou gay cara?

  - Não, claro que não! Só promete.

  - Ta, que bobeira, prometo, vai fala logo.

  - Sou apaixonado pela Bella.

Afastei alguns centímetros de Emmet, o bastante para que se acaso ele resolvesse me dar um soco de surpresa, eu conseguiria evitar. Ele permaneceu boquiaberto e em silêncio e aquilo começou a me incomodar, ele engoliu em seco e disse:

  - Bella? Minha irmã? Isabella Swan?

  - Sim, é a única Bella que conheço e que amo desde dos meus 17 anos.

  - Como cara? Como assim? Porque do nada você descobriu que sempre foi apaixonado na minha irmã? – Emmet disse levantando-se do sofá.

  - Não foi do nada, é porque agora tudo fez sentido, eu percebi que nunca amei a Tanya, não como amava a Bella. Sabe, aquele dia, que você disse que eu e ela estávamos estranhos? Eu a beijei naquele dia e sabe o que eu senti? Confusão, meu coração batia tão acelerado que eu não conseguia entender, mas eu gostei, na verdade, eu senti tantas sensações ao mesmo tempo que eu não senti quando beijei a Tanya, mas eu não percebi, porque tinha na minha mente que eu era apaixonado por ela.

  - Não, isso não pode ta acontecendo! Você não pode se apaixonar pela Bella, você não pode gostar dela!

  - Porque não? É porque ela está namorando o Jacob? Eu sei, mas talvez quando eu disser a ela, que sinto o mesmo e...

  - Não Edward, não é isso! É que você simplesmente não pode amá-la, de modo algum!

  - Porque Emmet? – levantei e me posicionei na frente dele.

  - Porque... não posso te dizer, você simplesmente não pode.

  - Porque não pode me dizer? Se isso tem a ver comigo você tem que me dizer Emmet.

  - Não posso cara, porque isso não é meu, não é algo que eu possa te contar, não sei se posso. – sentou no sofá rendido.

  - Tem a ver com vocês terem ido pra Forks?

Emmet apenas assentiu com a cabeça.

  - Isso tem tudo a ver comigo, com você, tem a ver com todos nós.

  - Não posso contar, simples assim.

  - Ok Em, pode deixar.

Olhamos para o corredor e vimos Bella sair de lá, lentamente, mantendo o olhar em Emmet. Ele levantou e foi até ela, segurando em seus braços, acariciando-o devagar.

  - Tem certeza?

  - Tenho, está na hora dele saber, alguma hora eu ia ter que fazer isso mesmo.

  - Confio em você ta? Qualquer coisa...

  - Eu grito você, pode deixar. – ela riu devagar e fechou os olhos quando Emmet beijou sua cabeça.

  - O que aconteceu Bella? O que há que eu não sei?

  - Senta ai Edward, vou te contar o que aconteceu no passado e que você parece não saber.