Capitulo 13

A semana que seguiu passou de forma indistinta pra mim. Eu era como um robô passando pelos dias. Fazia minhas rondas, mas não estava realmente prestando atenção. Era como se eu estivesse passando por uma nevoa densa onde eu não era capaz de ver ou ouvir o que fosse. Lissa fez inúmeros esforços para que eu melhorasse, mas nada fez com que meu humor melhorasse. Mal vi Dimitri aquela semana, mas nas poucas vezes que eu o vi ele parecia frio e distante. Também não vi Adrian. Tinha a impressão que ele estava me evitando depois de tudo o que tinha acontecido, com medo do que eu iria falar a ele.

E então o final de semana chegou. Logo já era sexta, meu dia de folga. Eu apenas fiquei no meu quarto. Passei parte do dia apenas olhando para o teto sem pensar em nada. Até que por fim eu me cansei de ficar olhando pro nada. Me levantei e fiz um dia de SPA. Hidratei o cabelo e a pele, arrumei as unhas e fiz escova no cabelo. Depois escolhi uma calça jeans preta bem justa, uma blusa vermelha com um decote não muito profundo, mas ainda sedutor, fiz uma maquiagem preta e fui até o dormitório de Lissa.

-Rose! – ela exclamou visivelmente assustada com minha mudança de atitude.

-Vou ao shopping fazer umas compras. Você vem?

-Claro! To mesmo precisando comprar umas coisas... – ela tentou não pensar, mas eu pude perceber que na verdade ela estava indo apenas por mim. Eu não falei nada, só agradeci a mim mesma por ter Liss por amiga. – Espere eu apenas trocar de roupa.

Em meia hora estávamos no carro, com Klaus dirigindo. Hoje era meu dia de folga, portanto ele estava trabalhando, o que não queria dizer que eu não estava armada. Nós guardiões, sempre temos que estar preparados.

 Por sorte o dia estava nublado, assim não poderia afetar Liss. Chegamos cedo no shopping, assim não demoraríamos muito e teríamos um bom tempo para descansar. Fomos a muitas lojas, experimentamos muitas roupas. Acabou sendo divertido. Era como se fossemos apenas eu e Lissa novamente e eu me esqueci de todos os problemas que me atormentavam. Compramos muitas roupas. Viva o consumismo exagerado! Ei, sou eu que pago pelas minhas compras! Todas as minhas roupas tinham o claro intuito de provocar. Não eram exatamente curtas ou decotas – ao menos não muito – mas eram justas e provocantes. Agora Dimitri ia ver o que perdeu! Estava mais do que na hora de eu voltar a ser aquela velha Rose que ficou perdida em algum lugar do passado.

-Rose, eu não queria tocar nesse assunto, mas...

-Eu já sei, Liss.

-Eu não sou muito boa em esconder meus pensamentos de você, né?

-Na verdade não. – eu disse caindo na gargalhada junto com ela.

-É muito bom ter a velha Rose de volta!

-Fico feliz em ajudar.

-Mas, eu ainda acho que você devia ouvir a versão do Dim...

-Nunca mais pronuncie esse nome! – eu a cortei

-Sério que você vai fazer isso? Você ta parecendo uma garotinha mimada.

-Vasylissa Dragomir. Esse nome está proibido de ser pronunciado. Estou falando super sério. – eu a adverti com um olhar sério

-Tudo bem, mamãe! – ela disse rindo. – Se você acha que é melhor assim...

-É melhor pra mim. Vou fingir que ele nunca aconteceu na minha vida.

-Essa não é a melhor forma de esquecer alguém.

-E qual seria então? – perguntei desafiadoramente

-Apenas admitir que foi bom enquanto durou mas acabou e agora é hora de seguir em frente. Tem um monte de caras por ai que daria tudo pra sair com você.

-Levando em consideração que eu sou uma pessoa anti-social e só me comprazo na vossa companhia e vossa senhoria não está permitida a esse tipo de exageros, acho que “sair” não é mais possível pra mim.

-Eu to falando serio Rose.

-Eu também. Eu não vou sair sozinha e não tem mais ninguém pra ir comigo.

-Tem o Adrian... – ela disse inocentemente

-Eu não quero dar ele mais falsas esperanças.

-Você sabe que ele ficaria feliz apenas por estar na sua companhia. O Adrian gosta de você.

-Eu sei! E é esse o problema. Eu não posso retribuir seus sentimentos e não quero enganá-lo.

-Bem, então é melhor você ir falar com ele. Depois do ultimo final de semana, ele pode estar cheio de esperanças. – ela disse ironicamente.

-Acho melhor mudarmos de assunto. – respondi-lhe friamente.

-Encare as coisas. Pare de fugir da realidade!

-Liss. – eu disse por entre os dentes. – Eu não quero brigar com você. Por favor, pare.

-Tudo bem. – ela disse com um suspiro. – A vida é sua afinal. Eu só não quero que você vire uma viciada em trabalho e ignore sua vida pessoal. Como sua mãe fez por tantos anos.

-Eu não vou. E por mais que tenha demorado, ela agora caiu em si. – Poucos meses depois que Dimitri tinha voltado ao “normal”, minha mãe me procurou pra me dizer que ela tinha pedido dispensa ao Lord que ela cuidava e que ela e meu pai iriam se casar. Eu fiquei chocada e sem fala quando ela me contou.

Eu ainda estava meio mal por Dimitri ter me deixado e tinha ganhado umas férias do trabalho. Naquele dia eu cheguei tarde em casa e minha mãe estava lá, esperando por mim.

-Mãe? – perguntei assustada

-Oi Rose.

-O que você ta fazendo aqui? – sutileza nunca foi meu forte

-Eu queria conversar com você. Não posso?

-Pode, mas... E o seu protegido?

-Esse é um dos assuntos. Mas primeiro quero que você me diga como esta.

-Eu... Eu vou superar. – falar naquele assunto não me era confortável, ainda mais com minha mãe.

-Eu sei bem o que você ta sentindo.

-Sabe?! – perguntei surpresa

-Claro filha. – essa era a primeira vez que ela me chamara de filha. Teria ela percebido? – Todos já passamos por situações assim. Eu sei como dói perder um amor. – seu rosto estava tomado por compaixão quando ela disse isso. Eu não gostava que as pessoas sentissem compaixão por mim.

-Mãe, se não se importa eu não quero falar sobre isso. Me conte suas novidades que devem ser bem mais interessantes do que minha vida monótona.

-Rose... – pela primeira vez eu a senti vacilar antes de me falar algo. – Você sabe que eu amei muito seu pai, não sabe?

-Sei. Apesar de você nunca falar dele, as poucas vezes que faz você parece com qualquer um menos a Janine Hathaway que eu conheço.

-Bem... Ibrahim me procurou há um mês e... Me fez uma proposta. – eu esperei, mas ela não continuou

-E?

-Rose, ele me pediu em casamento.

-Ele o que?! – eu estava em estado de choque. – Não, você... Você disse... Casamento?

-Eu... Eu achei que você ficaria feliz.

-No momento eu estou num estado muito profundo de choque pra ficar ou não feliz. Deixa eu me recuperar do susto primeiro.

- Por que você estaria em choque? Ele, você sabe... É seu pai...

-É que eu não consigo imaginar Janine Hathaway abandonando o dever pra se casar e ainda mais com alguém como Abe.

-Em primeiro lugar, somos seus pais e pra você é mamãe e papai. Segundo, eu já estou quase na idade pra me aposentar, eu já tenho quarenta anos. E terceiro, ele é uma ótima pessoa.

-Você está... Feliz? – eu nunca imaginei que fosse ver um sorriso tão grande no rosto da minha mãe

-Sim. Estou.

-Bem, o que eu posso dizer? Meus parabéns?

-Você não vai ficar brava nem nada? Não é contra, é?

-Mãe! Você ta parecendo uma adolescente apaixonada. Se ta tudo bem pra vocês por mim... Quem sou eu pra atrapalhar a felicidade dos outros...

-Eu achei que você fosse gostar de ter uma família.

-É só estranho mãe. Só isso...

Depois que ela foi embora eu fiquei horas tentando imaginar minha mãe vestida de noiva. É claro que ela não usou vestido branco nem nada. Na verdade foi uma cerimônia muito simples, mas eu demorei pra me acostumar com a realidade de “uma família feliz”.

De volta ao presente eu me lembrei do ultimo natal onde estávamos eu, Lissa e meus pais. Às vezes ainda me parecia estranho ter uma família, uma casa pra ir passar o natal... Mas aos poucos eu estava me acostumando.

-Vamos? – perguntei a Liss

-Vamos. – Chegamos à Velatri no meio da noite pros vampiros. A manhã seria um longo dia. Sorri ao imaginar a cara de Dimitri no dia seguinte e logo em seguida dormi.

Quando acordei na manhã seguinte minha cabeça doía. Aliás, todo o meu corpo doía. Olhei no relógio e vi que eu tinha perdido - e muito! - a hora. Estava super atrasada. O que aconteceu comigo pra dormir tanto assim? Eu não era de perder a hora. Não quando se tratava de acordar três horas depois do horário programado. Era no máximo uma hora que eu costumava me atrasar... Bem, a repaginada no visual teria que ficar pra outra hora. Eu não podia negligenciar minhas obrigações e dar motivo pra Dimitri implicar comigo.