This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 188
Capítulo 188




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Capítulo 188 - Relação de Irmãos

Eu disse dor e sofrimento? Sim, disse e repito. Mas além de mim, Jorjão foi a outra pessoa que mais pressentiu o que seria a próxima semana.

– Você não conseguiu convencer sua irmã a pegar mais leve com a gente?! - exclamou Jorjão, já começando a tremer de desespero no intervalo do dia seguinte.

– Oh, relaxe! - disse Wilson, dando tapinhas nas costas de Jorjão - Estamos tendo aulas com a Marcelinha. Isso já é mais do que suficiente para compensar toda a dor!

Já falei que Wilson se comportava muito estranhamente quando falávamos da minha irmã.

– Não exagere, Jorjão - falou Demi - A Marcela só vai ficar mais essa semana. Daí ela termina o estágio e vai embora. É isso, não é, Daniel?

– Pelo menos foi o que ela me disse - respondi - Mas ela garantiu que não vai pegar leve.

– Mesmo assim, é só por uma semana - Demi insistia.

– E além disso... - Karina entrou na conversa, interrompendo momentaneamente sua leitura - ..nenhum de nós terá aula de Educação Física hoje. Não precisa se estressar.

– Mesmo assim...o simples de fato de saber sobre o que me aguarda na próxima aula...já me deixa tremendo. Preciso comer alguma coisa para aliviar a dor!

Para Jorjão a comida sempre é uma válvula de escape. Para mim costumam ser os videogames. São uma ótima forma de esquecer seus problemas por alguns instantes. E meus problemas estavam bem próximos naqueles últimos dias.

– Ei, Daniel! - uma voz conhecida gritava em pleno pátio. Não podia acreditar. Era a dita-cuja: minha irmã, escandalosamente me trazendo alguma coisa - Ufa! Que bom que te achei!

– Ah, Marcela. Bem-vinda ao nosso humilde ponto de encontro! - disse Wilson, se referindo ao canto dos nerds, o lugar mais desconfortável de todo o pátio - Gostaria de alguma coisa? Jorjão, ofereça um pedaço do seu croissant para ela!

– Mas é tão pouquinho - respondeu Jorjão, cujo croissant já havia sido devorado em poucas mordidas.

– Ah, não, não, não quero nada que tenha gordura. Aliás, o senhor devia evitar esses alimentos, sabia? - disse Marcela.

– Não tire meu único prazer - reclamou Jorjão - Já não basta o quanto você nos tortura nas aulas?

– Garanto que é uma tortura saudável - respondeu Marcela - Bem, Daniel...só queria te entregar isso

– O que é isso? - perguntei.

– O cachecol que a vovó fez, oras! A mamãe viu na previsão do tempo que iria esfriar e me mandou te trazer alguma coisa..porque, para variar, você esqueceu seu casaco de novo! - disse ela.

– E não podia me trazer meu casaco?! - reclamei - Tinha que trazer um cachecol com os escritos "Netinho da Vovó"?

– E eu consigo achar alguma coisa na bagunça do seu quarto? Isso foi o máximo que consegui achar e eu já tava atrasado. Devia me agradecer - falou ela.

– Tsc...tá bom. Vou guardar - falei, mas o troço não cabia no meu bolso.

– Segure e ponha na mochila depois - falou ela - Se você sujar isso, a vovó vai ficar muito chateada. Pense em todas aquelas horas que ela ficou tricotando esse mimo para o netinho querido dela?

– Em consideração a sua avó, acho que vale a pena, Daniel - disse Wilson.

– Mas nem tá tão frio! - reclamei.

– Na verdade...a tendência climática é esfriar mesmo - disse Karina, sem tirar os olhos de sua leitura do intervalo. Mesmo séria o tempo todo, ainda acho que essa menina é a que mais ri de mim por dentro.

– Tá bom, tá bom. Eu seguro e guardo depois.

– É bom mesmo. Nos vemos na sua próxima aula. Até - disse ela.

– Não teremos aula de Educação Física hoje! - falei.

– Ah, não te disseram? Seu professor de informática faltou. Substituirei a aula dele com Educação Física. Legal, né?

Nisso, Jorjão até deixou seu lanche cair.

– Que bom! Verei a Marcela de novo hoje! - disse Wilson, com os olhos brilhando.

Mas Jorjão via a situação por um outro ângulo.

– Agora é oficial! Vamos morrer de tanto fazer exercícios hoje! - reclamou Jorjão.

– Eu sei, eu sei! - reclamei - Não aguento tanta pressão! Vou ao banheiro e já volto!

Eu precisava respirar um pouco. É uma pena que, como vocês bem lembram, o pátio é um lugar perigoso para pessoas do meu tipo. Não demorou para me ver cercado por dois grandalhões do nono ano que perceberam o cachecol que carregava.

– Olha só, que bonitinho - falou um deles - O netinho preferido da vovó!

– E-Eu só quero ir ao banheiro - falei.

– É? Por que não aguenta um pouco? Ou a vovó não quer que você faça xixi nas calças!

– Ah, qual é? - reclamei.

– Vamos dar uma olhada no cachecolzinho dele - disse um dos bullies, arrancando o cachecol das minhas mãos e iniciando a velha brincadeira de sempre.

– Vai, devolve - falei, em tom entediado, já que a imaturidade de pessoas mais velhas do que eu só me cansavam.

– Vem pegar, vem. Queridinho da vovó.

– Isso é sério mesmo? - falei, praticamente coçando a cabeça.

– Ei, garoto. A gente pega o que é seu e você tenta pegar. É assim que as regras do bully funcionam. Trate de colocar mais emoção nisso!

– Tá bom...vai, devolve - dessa vez tentei dar saltos e agir mais desesperadamente. Mas eles apenas jogavam o cachecol um para os outros até que uma terceira pessoa entra em cena.

– Algum problema? - disse Marcela que, por acaso, passava pelo local.

– Hã? Ah! É a professora de Educação Física! - gritou um dos babacas.

– Mais precisamente, irmã desse garoto com cara de tonto - falou ela. Se bem que o "cara de tonto" não era muito necessário, era?

– S-Seu irmão?! - eles exclamaram em união.

– Sim. E sabem, eu sou boa fisionomista, vou me lembrar muito bem de vocês na próxima aula - disse Marcela, sem desviar o olhar dos dois valentões.

– A..a gente só tava brincando. Adoramos seu irmão. Somos bons amigos, não é?

– Eu não sei nem quem vocês são - respondi (e mesmo que soubesse, eles são tão sem importância que nem valeria a pena citar seus nomes aqui). Claro que eles não gostaram muito do que acabei de dizer.

– Vazem daqui. Agora - disse Marcela. Os moleques saíram de cena no mesmo instante. Eu peguei meu cachecol de volta (não que eu gostasse muito dele, mas...).

– O-obrigado - falei.

– De nada. Você é meu irmãozinho. Tenho que proteger um fracote como você.

– Eu sei que sou fracote - falei, desviando o olhar, meio contrariado.

– Daniel, somos irmãos. Eu te amo - ela disse, bagunçando o meu cabelo.

– Mesmo? Então vai pegar mais leve nas aulas? - perguntei.

– Nem um pouco - ela respondeu - Mas logo você verá que faço tudo isso pelo seu bem.

– Sei...

– É sério. Um dia você vai me agradecer por tudo isso.

– Está dizendo que se eu treinar duro, poderei ser um cara musculoso e encarar todos os valentões?

– Você?

– Sim.

– Nunca - ela respondeu com toda a sinceridade - Mas os exercícios vão te deixar saudável.

Mas não me senti nada saudável depois daquela aula de Educação Física no final do dia.

– Arf...arf - Jorjão nem conseguia falar (estávamos praticamente escalando as escadas de tão cansados).

– Foi duro... - disse Wilson, tão cansado quanto nós - ...mas valeu a pena ter aula com a Marcelinha.

– Cale-se! - retruquei - Meu consolo é que semana que vem ela já cairá fora daqui! Ai, como dói...até meu cabelo tá doendo.

– Saiam do meio da escada seus panacas! - reclamou Dimas, logo atrás da gente e não muito cansado (já falei que odeio esportistas) - Só uns molengas como vocês mesmo pra fazerem corpo mole nessa aula!

Apesar de tudo, era a minha irmã. Mas, é como eu disse, foram duas semanas bem puxadas. Passado esse tempo, Marcela terminou seu estágio e logo nossas vidas voltaram ao normal.

– Saudades das minhas aulas, maninho? - disse ela, em um dia que cheguei em casa com um pouco de ânimo.

– Nem um pouco - respondi sinceramente.

– Até que estava legal - disse ela - Talvez eu passe por lá para fazer umas visitinhas. Quem sabe o professor Jubal não me deixe dar umas aulas para lembrar os velhos tempos?

Espero mesmo que ela tenha dito isso só para me irritar. Não, por favor...eu só quero ter paaaaz!


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Notas finais do capítulo

Novo arco no próximo capítulo. Até!



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