A Brilhante Forma do Amor escrita por fdar86


Capítulo 23
Cap 23 - Setsuna Capturada


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo contém cenas de violência e tortura.



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–---- 24 horas atrás. ------

3 dias haviam se passado, e apenas no Sábado, Setsuna finalmente percebera um movimento estranho no chalé. De uma posição segura, a espadachim observou a chegada de uma grande quantidade de bruxos e magos da Magia Negra, que ela já conhecia. A maior parte deles, Setsuna já teria enfrentado em batalhas.

Porém, logo avistou alguém que aguçou seu interesse. Um dos senhores que teria acabado de chegar em uma limosine preta blindada, parecia com o Ministro da Magia, Ozamu Tezuka. Ele se aproximava de Yoshiyuki Tomino, um dos braços direitos da Ordem da magia negra, que conversava animadamente com Bersek Kenshin, um Bruxo animago de alta categoria, que podia se transformar em qualquer animal ou objeto do seu interesse.

Setsuna sabia que Kenshin, sem dúvida, era uma das maiores armas da ordem contra eles, já que reconhecer suas transformações e impedir sua chegada, em posições inesperadas, era sempre uma tarefa árdua, e requesitava um Bruxo de grande gabarito, de preferência animago, ou com muito poder e experiência. Normalmente, o próprio Diretor se encarregava dele.

Confusa, Setsuna olhou por um binóculo que teria trazido na bolsa, na tentativa de confirmar suas suspeitas. Era realmente o ministro, que seria amigo de Konoemon Konoe, o diretor da Escola Secundária de Mahora, há anos. Inclusive era participante legítimo, ao lado dele, das Associações Mágicas de Kensei.

Sabia que aquela missão não era de investigação, apenas de reconhecimento, e que deveria informar o Diretor imediatamente quanto às informações frescas e absurdamente importantes que obtivera, mas sentira uma necessidade de se aproximar. Talvez se conseguisse ouvir o que eles discutiriam na reunião, saberia sobre os planos deles, e assim, teriam maior facilidade em destruí-los. Nunca pensara que alguém de tal poder como o Ministro, estaria envolvido nos atentados contra Konoka.

Decidira então, se aproximar. Alguns minutos dos bruxos recém-chegados entrarem no local, Setsuna, desfarçadamente, andara abaixada atrás das moitas, na intenção de se aproximar, sem que os seguranças percebessem, da janela mais próxima ao local da reunião. Os seguranças, que pareciam descontraídos, conversando entre si, não foram impedimento para a espadachim, que chegara até a janela aonde já teria começado a reunião.

– Queridos colegas, a hora da batalha final se aproxima. – Disse o animado Kenshi.

– Finalmente! Nós não podemos permitir que a Magia Branca possua uma arma daquelas contra nós. – Argumentou, Tomino, referindo-se à Konoka, como se fosse alguma "máquina" construída para destruí-los.

Setsuna ouvira, chocada, a entrada do membro honorário do Ministério da Magia à discussão.

– Meus caros colegas, vocês já pararam para pensar no que aconteceria se nós, as mãos certas, obtivéssemos aquela fonte de energia? - ponderou Tezuka, o ministro.

Começou um grande reboliço, todos os bruxos começaram a imaginar, em alto som, o que fariam com tanta fonte de poder - no caso, a Konoka -, e o Ministro fez um pequeno gesto nos braços, que imediatamente fez com que todos se calassem.

– Nós vamos vencer essa batalha, é apenas uma questão de tempo. - continuou. - Como todos vocês sabem, eu conheço Konoemon há muito anos, tendo acesso total às instalações do Colégio. E, portanto, à própria arma.

A multidão ria, divertindo-se com o fato do Diretor ser tão ingênuo. E a discussão continuou, todos ponderando e presumindo vitória, admitindo alguns passos do seu plano de invadir a Escola Secundária de Mahora, e capturar Konoka.


Setsuna fora avermelhando-se, de raiva, pela forma que os bruxos tratavam Konoka, a medida que o tempo fora passando. Precisava fazer alguma coisa, mas o que? E como? Estariam ali, naquela reunião, muitos dos melhores bruxos que o universo já teria visto, contra apenas uma pessoa, que nem mesmo era bruxa. Assim, finalmente decidira, embora a contragosto, avisar de imediato o Diretor sobre sua descoberta - quem estaria por trás dos ataques contra Konoka.

Se afastara do chalé abandonado, novamente escondida por debaixo das moitas, e retornara para o esconderijo que teria inventado há alguns metros do local. Finalmente instalada, Setsuna verificou o chalé, e notou um silêncio avassalador. Não via mais os seguranças, e nem o alto som de conversas e risadas que estavam tendo. Além disso, fazia um frio que invadia cada espinha do corpo de Setsuna.

Ela precisava acabar logo com isso. Adiantou-se, e enfiara a mão no bolso, a procura do megacomunicador de acesso rápido ao gabinete do Diretor. No entanto, quando estava prestes à retirar do bolso o objeto encontrado, sentiram armas apontadas contra sua cabeça, e embora tivesse tentado lutar, 3 soldados a capturaram, dando um golpe em sua cabeça, que a fizera desmaiar.


Alguns minutos depois, bateram na porta, interrompendo a reunião.

– Quem ousa nos incomodar? – perguntou Tezuka, contrariado.

A porta se abriu e um dos seguranças apareceu.

– Nós encontramos um dos protetores da Konoka Konoe, que estava à espreita, ouvindo a reunião. Seguimos até o esconderijo, e o capturamos.

– Qual deles? – perguntou Kenshin, curioso.

– A espadachim. – respondeu o segurança, sendo seguido de diversos aplausos, satisfeitos.

– Ora, ora... - Disse Kenshin, surpreso.

– E onde ela está? – Perguntou o Ministro, sorrindo, sentindo-se vitorioso.

– No calabouço.

Após dar uma gargalhada, o Ministro da Magia, Ozamu Tezuka, continuou.

– Menos um membro do esquadrão de defesa para nos preocuparmos, senhores. Estamos cada vez mais perto da vitória! - gritou, gargalhando novamente.

Vários membros da reunião gargalharam, sentindo-se triunfantes. A grande quantidade de risadas, ao mesmo tempo, espalharam à sala um ar assustador.


–-- No calabouço. ---

O bruxo manda-chuva, de vestes azuis largas, entrou no calabouço, acompanhado pelo braço direito, Yoshiyuki Tomino, e mais dois soldados. Logo avistaram Setsuna, que estava presa à uma cadeira, localizado no centro da escuridão local.

– Hmm... – disse, acariciando a própria barba branca-acinzentada. - A famosa protetora meio-demônio de asas brancas, e última descentente espadachim Shinmeiryuu da família Sakurazaki.

– É um prazer imenso para nós tê-la aqui, finalmente. – Acrescentou, o braço direito, conseguindo um riso abafado do Ministro.

– Eu não posso dizer o mesmo. – disse sarcástica, com descaso.

– Como ousa falar comigo e com o Ministro assim? – retaliou o jovem, irritado.

O Ministro apenas gesticulou para os homens que estavam em suas costas, e isso funcionou como uma ordem. Os soldados foram até Setsuna e apertaram ainda mais os nós das cordas que prendiam suas mãos e pés. Segundos depois, seguraram a espadachim, para que Tomino pudesse dar um murro em Setsuna, que sangrou o nariz com o impacto.

– Espero que isso te ensine a ter boas maneiras. – Disse Tomino, sarcástico.

– Não admito que me respondam, ainda mais de forma tão insolente... - Acrescentou o Ministro da Magia.

– Mas agora, vamos ao que interessa! O que você ouviu?

– Tudo! Seus monstros! – gritou, levando outro soco de Tomino, dessa vez na barriga. Setsuna tossiu, descompassadamente, como se o soco tivesse atingido o pulmão.

– Já disse pra você se limitar a apenas responder as minhas perguntas. Espadachim insolente. – ameaçou Tomino, em resposta.

– Konoemon já sabe que estou por trás disso? – fez silêncio esperando resposta da outra, que permaneceu lhe encarando, numa expressão de puro ódio - RESPONDA!

Novamente, Setsuna continuara calada. O ministro fez outro gesto, e a espadachim foi esmurrada por Tomino, em socos consecutivos, só que dessa vez mais forte. Novamente, ela tossiu, dessa vez acompanhado de sangue. Seus olhos já se mostravam fracos, e ela já demonstrava problemas para respirar. Finalmente, ela respondeu, embora com muita dificuldade.

– Não pense que vocês poderão surpreendê-lo. Ele sabe de todos os seus passos – os ameaçou, tentando não demonstrar a vulnerabilidade em que todos os membros da Ordem da Magia Branca se encontravam.


Embora fosse uma mentira, a ameaça de Setsuna pareceu funcionar, e o ministro se mostrou preocupado. Ele permaneceu sério, refletindo as palavras da jovem. Sempre teve medo de ser descoberto, e perder tudo que teria construído no Ministério da Magia.

Percebendo a reação do chefe, Tomino tomou novamente o controle.

– Nós já sabíamos que não seria tão fácil retirar a menina dos braços do avô.


Funcionou. O chefe reagira, retornando à si.

– Sabe, se Konoemon não fosse tão emocional e sem ambições, eu teria belos planos para ele.

Setsuna cuspiu no ministro que teria se aproximado em suas últimas palavras, e os soldados voltaram a segurá-la, e Tomino voltara a agredí-la, dessa vez com mais ódio.

– Cansei de perder tempo. Eu exijo que você diga, agora, como podemos entrar no colégio sem sermos vistos.

– NUNCA!

– Pense bem – tentou fazer a outra considerar, pegando uma faca, e se aproximando da mão de Setsuna que estava presa - Como você poderia pegar numa espada novamente, sem os dedos?? – ameaçou, sorrindo, lhe encarando com um olhar psicopata, de quem não via a hora de uma grande "ação".

– Você pode me tirar os dedos, os pés, até a minha vida, mas NUNCA irei trair Konoka! NUNCA!

Tomino deu outro soco na barriga de Setsuna, que gemeu de dor. Ela se sentiu ainda mais fraca, e quase desmaiara de tanta dor.

– Eu exijo que você me responda! – Gritou novamente, inutilmente.

– NUNCA!

Diante da segurança da jovem, e do olhar de dúvida de Tomino, que precisava de uma nova ordem, o ministro fez outro sinal, dessa vez diferente, levando o braço direito a se afastar, junto com os dois soldados. Os três foram até a frente da porta, dando o mínimo de privacidade ao Ministro, que continuou em voz baixa.

– Então é verdade o rumor...

O ministro fez silêncio por alguns instantes, como se esperasse uma grande reação de Setsuna, que preferiu guardar o resto de forças para tentar fugir. Percebendo o silêncio continuado, ele explicou :

– Uma vez eu ouvi alguém dizer que um dos protetores era apaixonado por Konoka. Só não passou pela minha cabeça que pudesse ser você. - admitiu, com um sorriso torto nos lábios.

Setsuna ficou corada, mas manteve-se firme em sua expressão de ódio, encarando Tezuka, e nada disse.

– Você pode nos ser uma arma muito mais poderosa viva – Declarou, em voz alta, deixando que os outros presentes no recinto ouvissem - Se eu não me engano, Konoka possui um carinho especial por você, portanto, Konoemon não deixará você apodrecer aqui. Tentará resgatá-la, e nós estaremos esperando por isso.

Tezuka foi se aproximando da porta, e Tomino tentou fazer o outro reconsiderar.

– Tem certeza? É muito perigoso deixarmos ela viva.

– Ela está presa e machucada, é inofensiva.

– Mas ela é poderosa. Pode conseguir fugir.

O ministro ponderou as palavras do jovem. De fato, ele tinha razão, mas de qualquer modo, um tempo presa poderia fazê-la trair Konoka. Não custava tentar. Para ele, [provavelmente por não conhecer Setsuna bem], não havia paixão que superasse o desespero pela sobrevivência.

– Está bem. Ela ficará o resto do dia de hoje sem comida e bebida, e amanhã pela manhã voltaremos aqui para interrogá-la. Se ela ainda não responder, a mataremos.

Embora ainda apreensivo, Tomino sorrira, orgulhoso, por ter tido a opinião respeitada.

Eles saíram do local, enquanto ouviam Setsuna gritar, e sua voz sendo abafada pela porta de aço se fechando:


– Me matem logo! Não vou dizer nada, nem agora, nem depois! Eu NUNCA ......


O silêncio se aliou à escuridão do recinto. Setsuna sentiu que aquela seria sua única saída. Ninguém viria ajudá-la, não tinha chegado nem mesmo a avisar o Konoemon pelo comunicador, e não havia meio de pedir ajuda. E mesmo que houvesse, ela pensou, não poderia arriscar deixar Konoka vulnerável no colégio, nessas circunstâncias. Além disso, o mal estaria esperando por eles, seria uma armadilha traçoeira. Preferia não ser resgatada. Preferia morrer.

Passara a noite toda acordada, tentando desatar os nós, por sorte Setsuna era uma jovem de muitas habilidades, e essa era uma delas. Depois de insistentes tentativas, ela finalmente conseguiu desatar a mão direita. Assim, facilmente soltara o outro também, e logo já estava de pé, refletindo no que fazer. Ela estava fraca, e muito machucada, mas com as mãos finalmente livres, recorrera a sua força de meio-demônio e as suas asas para conseguir reagir à fraqueza. Conseguira trazer de volta à suas mãos, a espada que haveria sido confiscada. Depois quebrou a porta que a prendia, derrubando sem saber um soldado que teria permanecido em frente à porta, vigiando a saída.

– Isso que chamo de trabalho bem feito. - disse, sarcástica, ao ver o soldado desmaiado no chão, com a porta de aço por cima.

E Setsuna partiu, silenciosamente. O chalé estava vazio, não parecia ter mais ninguém lá, somente alguns soldados e seguranças pingados que encontrara pelos corredores vazios, e atacara sem piedade alguma, desarmando e deixando-os desacordado. Um dos soldados caídos tinha um telefone, e ela obviamente o confiscou, precisava alertar o Diretor, imediatamente. Mas não correria o mesmo risco novamente, só ligaria para ele de um lugar seguro.


Setsuna corria pela floresta. Não parava de sangrar. Isso facilitaria os inimigos de encontrá-la. Precisava utilizar suas asas brancas para voar, mas sabia que não aguentaria muito. O resto da força que conseguira resgatar, já tinha sido praticamente toda utilizada contra as lutas que teria iniciado pelo caminho. Arriscou, sabendo dos riscos.

Tentou ir até o Colégio, mas tivera que adiantar a descida, obrigada, porque as asas começaram a parar de bater. Não tinha mais forças. Mas Setsuna conseguiu, ao menos, voar até outro povoado, bem distante do Chalé, e muito mais próximo de Mahora.

Agora fora de perigo, ela ligou para Konoemon, com o telefone mágico que tinha confiscado. (Era só dizer o nome e sobrenome, e o local em que a pessoa se encontrava, que o telefone ligava sozinho para o número, e a outra pessoa, do outro lado, recebia a chamada normalmente, em forma de um SLIDESHOW - sem precisar ter telefone). Nunca havia utilizado um telefone mágico. Achou muito interessante, mas naquele momento tinha muitas coisas mais importantes para pensar.

– Alô? - disse a voz conhecida, do outro lado da linha.

– O Ministro da Magia está por trás de tudo. Ele é o líder da Ordem, e eles tem um exército se preparando para invadir o Colégio. Embora eu acredite que depois de minha fuga, eles decidam adiar a missão, por questão de segurança.

– Ozamu está por trás de tudo? Ozamu...? – disse, chocado, na tentativa de confirmar as palavras que ouvira. Uma terrível onda de decepção invadiu sua alma, cortando sua voz, repentinamente. Ozamu Tezuka era seu amigo...

– Sim! Proteja Konoka.

De repente, tomara consciência de tudo que tinha ouvido, e se preocupara.

– Você disse "Fuga"? O que aconteceu? Setsuna, você está bem?

– Fui capturada, mas consegui fugir. Só que estou muito machucada e isso me impede de utilizar meu poder de meio-demônio. Por isso, demorarei um pouco mais pra chegar.

O diretor emudeceu. Setsuna sangrando? Uma voz séria e preocupada, continuou.

– Volte imediatamente. E a missão foi abortada, nem pense em retornar. Preciso de você com Konoka aqui, sã e salva. - fez silêncio, e depois perguntou - Você acha que consegue voltar, sem as asas?

– A minha necessidade de rever Konoka me fará chegar em casa, o mais rápido possível. Não se preocupe.

Setsuna desligou o telefone.


Estava em um lugar seguro. Por isso, se deixou vencer pelo cansaço. Precisava repor um pouco as energias, ou não conseguiria retornar para casa. No entanto, sabia que seria quase impossível retorná-las o suficiente, perdendo tanto sangue. Mas decidira dormir, por pelo menos algumas horas, para depois continuar viagem.


Sentia necessidade de rever Konoka. E Setsuna sabia que as lembranças de sua amada a guiaria, de uma forma ou de outra, de volta para casa. Por um momento presa, Setsuna havia pensado que nunca mais veria Konoka, e agora ela se sentia profundamente agradecida pela segunda chance que teve.


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