Capitulo: 10 De volta a Forks.

Pov Edward.

Eu não estava precisamente certo de onde eu estava. Algum sótão onde eu só podia me arrastar, cheio de ratos e baratas.

As aranhas me ignoraram, e os ratos me deram bastante espaço.

Em algum lugar não muito longe de mim havia varias vozes e pensamentos em espanhol que eu não me dei o trabalho de separá-los.

Tudo para mim era inexpressivo.

A minha existência era inexpressiva. O mundo era inexpressivo.

A não ser por uma pessoa. Bella.

Eu estava sentado no chão com a cabeça nos meus joelhos vendo o seu rosto sorrindo para mim. Era um convite para eu voltar, era um sorriso de perdão.

Mas eu não podia voltar.

Eu não tinha o direito de acabar com a vida dela dessa forma.

Ela não merecia isso. Não merecia ser eternamente amaldiçoada.

Quem era eu para tirar dela uma vida feliz e normal?

Quem era eu para tirar a sua segurança?

O que era a minha dor comparada a sua felicidade?

A dor continuava a me esmagar. E eu não podia fazer simplesmente nada, pois o meu único analgésico estava proibido para mim.

Eu sabia que Bella, não iria viver para sempre. Mas quando chegasse a hora de ela partir, com certeza ela iria para um lugar muito melhor.

Mas eu não ficaria para trás. Deveria haver o alivio, o esquecimento. Deveria haver a inconsciência eterna.

Às vezes eu me perguntava se isso tudo não estava fadado ao desastre.

Eu sabia que não conseguiria ficar longe por tanto tempo.

Se for assim eu podia muito bem, parar de me torturar e simplesmente voltar ao meu paraíso; a janela escura de seu quarto era tão atrativa quanto o sangue humano, na verdade muito, muito mais atrativa.

Eu podia voltar a velar o seu sono.

E assim que ela acordasse, eu poderia ficar de joelhos e implorar o seu perdão. Eu poderia fazer isso durante anos, feliz por simplesmente estar perto dela.

- Não, droga! Não!

Eu havia prometido.

Eu havia prometido a ela que nunca mais assombraria a sua vida, trazendo os meus demônios negros pra dentro dela. E eu não ia dar pra trás com a minha palavra. Será que eu não podia fazer nada de correto por ela? Absolutamente nada?

A idéia de voltar para a cidadezinha nublada que sempre foi o meu verdadeiro lar nesse planeta serpenteou os meus pensamentos de novo.

Só pra checar. Só pra ver se ela está bem, a salvo e feliz. Não pra interferir.

Ela nunca saberia que eu estava lá...

Sim. Eu poderia!

Eu iria fazer isso em algum momento. Por que não agora mesmo?

Meu coração se encheu de alivio em simplesmente pensar em vê-la novamente. Mesmo que seja de longe...

Eu sabia que estava sendo um fraco. Sabia que não era só por isso que eu estava indo, mas eu não estava mais agüentando ficar nem mais um segundo sem ver seu rosto.

Levantei-me daquele lugar.

Eu iria pegar o primeiro vôo para Seattle. E depois ia correr até Forks.

Pov Bella.

Eu já estava me preparando para ir dormir depois desse dia de treinamento.

As maluquices de Alec haviam feito eu me sentir melhor... um pouco mais viva.

Eu já o considerava um grande amigo, assim como Jane.

Eu estava feliz por ter conseguido controlar a água também.

Era uma sensação indescritível. Extraordinariamente boa!

Me deitei na cama me lembrando do que Aro havia dito alguns minutos atrás, quando eu o perguntei quando Jane voltaria.

“Ela volta amanhã, para que vocês possam caçar juntas”

“Mas, eu não teria que caçar só uma vez por semana, assim como minha mãe?”.  Eu havia perguntado a ele.

“Sim. Mas como eu disse você começa a ficar fraca quando usa os dons. Por isso é importante que você vá de novo caçar.”

“Jane voltara amanhã cedo?”

“Sim” ele havia dito.

Amanhã, assim que eu acordasse Jane estaria de volta.

Eu acabei dormindo, pensando em que recado tão importante Jane estava entregando na França...

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Pov Edward.

Eu havia ficado ansioso por todo o caminho.

Como ela estaria?

Será que ela estaria feliz?

Será que ela estava com outra pessoa?

O meu coração morto se encheu de uma mistura de magoa e ódio.

Mas eu tentei me libertar desses pensamentos.

Era para isso que eu havia partido. Para ela ter uma vida normal e feliz. É claro que isso envolvia conhecer alguém, casar-se ter filhos....

O buraco que havia no meu peito voltou a se rasgar com esse pensamento. A dor ia muito além do que eu podia suportar, mas eu não tinha escolha.

Eu estava chegando perto de sua casa.

Estava escuro. Não havia uma estrela no céu de Forks.

Ninguém iria me notar.

Em meio segundo pulei em rumo a sua janela que estava aberta.

Se o meu coração batesse estaria acelerado pela expectativa de vê-la depois de tanto tempo.

Mas quando entrei em seu quarto estranhei estar tudo coberto por lençóis brancos.

Ela havia se mudado?

Fiquei ali por um momento tentando pensar nas possibilidades do que poderia ter acontecido.

Mas a única possibilidade que eu via era ela ter voltado a mora com a sua mãe.

Com a intenção de descobrir se realmente ela havia se mudado abri o seu guarda-roupa.

Estava tudo como sempre foi. Todas as suas roupas estavam em seus devidos lugares.

Mas se ela não tinha se mudado... Por que havia lençóis cobrindo todos os seus moveis?

O que estava acontecendo?

Será que Charlie havia se mudado?

Não havia nenhum pensamento na casa então resolvi checar-la. Desci as escadas lentamente. Mas quando eu estava nos últimos degraus vejo algo que fez o meu corpo se petrificar.

Havia a forma de um corpo contornado de uma tinta branca.

Como os policiais fazem quando alguém morre.

Eles contornam o corpo da pessoa marcando onde ela havia morrido.

Tentei sentir o cheiro da pessoa que havia morrido e de seu assassino. Mas não era possível. Varias pessoas já haviam passado por aqui e seja lá o que tinha acontecido aqui já fazia muito tempo.

O que havia acontecido?

Não. Eu não queria pensar na pior das hipóteses.

Não. Aquele nunca poderia ser o contorno do corpo de Bella. Nunca.

Mas o que poderia ser?

Forks não era nem um pouco perigosa, não havia o risco de ter acontecido algum tipo de crime por aqui.

Eu queria procurar por Bella. Ver se ela estava bem. Era só ela que realmente importava para mim, mas seja lá o que for que tinha acontecido aqui ela deveria estar de certa forma envolvida. E se eu quisesse achá-la eu teria que descobrir o que havia acontecido aqui.

Fiquei preocupado com Bella. Como ela deveria estar agora?

Resolvi ir até o cemitério de Forks para ver quem havia morrido recentemente.

Eu não queria acreditar que havia sido Charlie. Não. Não podia ser ele. Tinha que ter outra explicação.

Sai da casa e corri até o cemitério.

Chegando lá, caminhei devagar entre as lapides procurando algum tumulo novo. Ou algum nome conhecido.

Engoli em seco. Eu esperava não encontrar nenhum nome conhecido. Mas não foi isso que aconteceu.

Eu ainda estava caminhado entre as lapides olhando de um lado para o outro, procurando....

Mas quando eu olho para frente....

Minha boca se abriu em um ofego. Era a lapide de Charlie...

Bella deveria estar arrasada....

Virei o meu rosto não querendo acreditar naquilo.

E foi nesse momento que eu fiquei de frente para o que eu mais temia em todo o mundo.

A lapide de Bella.

Minha respiração saia em ofegos acelerados, os meus olhos arregalados não conseguiam parar de olhar para aquela lapide, como se não acreditassem no que viam, as minhas pernas fraquejaram e eu cai de joelhos perante a sua lapide.

E logo em seguida eu comecei soluçar violentamente em um choro sem lagrimas.

Eu nunca havia sentido tamanha dor em toda a minha existência

Não havia mais um buraco no meu coração morto e gelado.

Eu não tinha mais um coração. Parecia que ele havia sido arrancado do meu peito. E em seu lugar haviam colocado um acido extremamente forte. Que me corroia por dentro. Mas com toda a certeza essas palavras não eram fortes o suficiente para descrever toda a dor que eu estava sentindo.

Eu sabia que um dia Bella teria que partir, mas eu não esperava que seria tão cedo. Eu não estava pronto, para sua perda. Eu não estava pronto para nunca mais ver o seu rosto, o seu sorriso, poder tocar uma ultima vez a pele corada de suas bochechas.

Eu não estava pronto para ficar sem ela, e nunca estaria.

E junto com toda aquela dor vinha a culpa. Eu não sabia o que havia causado a sua morte. Mas se eu estivesse ao seu lado eu poderia tentar evitar.

Como eu pude ser tão imbecil?

Meu corpo tremia como se eu estivesse tendo uma convulsão por causa de meus violentos soluços.

Não! Eu não queria acreditar naquilo! Não podia ser verdade!

Mas aos poucos eu ia vendo o que eu tinha feito.... e que isso era real.

Em meio aos meus soluços saiam palavras entre cortadas.

- Não!... Não, por favor! Por favor... Me desculpe... Não. Não.  – eu sussurrava desesperadamente para o seu tumulo.

Passei alguns minutos ali deixando aquela dor me esmagar. Tomar conta de todo o meu ser. Se eu fosse um humano já estaria morto, de tamanha que era a minha dor. Era impossível colocá-las em palavras.

Como eu pude deixá-la?

Eu não estava a protegendo. Eu a estava deixando exposta, para qualquer coisa que pudesse acontecer, assassinatos, acidentes...

Eu não agüentava mais toda essa tortura...

Eu não iria viver em um mundo onde ela não existia mais...

Eu não iria viver sem a única luz ao meio de toda a escuridão que era a minha existência.

E para eu dar um fim a toda essa dor, só havia um jeito... só havia mais um caminho para mim...

Eu iria pegar o próximo vôo para Volterra.

Eu olhei uma ultima vez para o seu tumulo, me levantei e fui a caminho do aeroporto.