Uma aura negra rodeia a presidente do conselho estudantil, Ayuzawa Misaki. Sua expressão feroz indica apenas que algo muito errado estava acontecendo.

 

– Mas isso é inaceitável! – Ela berrava com o coordenador.

 

– Sinto muito, Ayuzawa. Mas estas são as regras.

 

– Mas nenhum desses incompetentes conseguiria ocupar meu cargo!

 

– Eles não irão ocupar seu cargo... Esta é uma forma de um aluno conhecer como é o trabalho de um Kaichou.

 

– Eles já conhecem! Eu demonstro isso de maneira muito clara! – Gritou.

 

– Desculpe, mas esta é minha última palavra.

 

O coordenador acena, despedindo-se. Misaki fica parada com as mãos na cabeça. O que faria agora?

 

– Kaichou! – A voz de Yukimura a chama.

 

– Que houve?

 

– Semana que vem haverá uma gincana. E o seu vencedor irá ganhar um dia como Kaichou. Como podem fazer algo assim?! – Ela lamentou-se.

 

– Do que está falando? Você sempre vence as gincanas! – Yukimura respondeu com um sorriso.

 

A garota levanta o rosto.

 

– Tem razão! Não há motivos para se preocupar. Eu sempre venço tudo mesmo! – Colocou as mãos na cintura, mostrando uma face orgulhosa – Vamos para a sala do Conselho Estudantil. Preciso me inscrever.

 

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– Pronto! – Misaki diz ao preencher todo o formulário de inscrição – Agora só me resta ganhar!

 

– Ah... Kaichou... – Yukimura começou, observando preocupado a lista de alunos inscritos.

 

– Onde eu estava com a cabeça... Ficar preocupada com algo assim...

 

– Kaichou?

 

– O que foi Yukimura?

 

– Sabia que o Usui-san está inscrito nesta competição?

 

– Usui está inscrito... – A ficha caiu – USUI ESTÁ INSCRITO?!

 

– S-Sim.

 

– M-Mas como ele pode fazer algo desse tipo?! Maldito Usui! – Ela esbravejou.

 

– Acho que ouvi a Kaichou chamar por meu nome... – Misaki ouve voz melodiosa e sedutora em seu ouvido.

 

Um arrepio percorre por sua espinha e ela salta da cadeira assustada.

 

– Usui!

 

A figura perfeita de Usui esta parada atrás de sua mesa dando um sorriso irresistível. Com os braços cruzados e com um ar de displicência, o garoto dá um sorriso discreto.

 

– Qualquer um pode se inscrever nesta gincana. Qual é o problema? Está com medo de perder? – Um tom de provocação soava por trás de sua voz controlada.

 

– Como se eu fosse perder para um alien pervertido como você – Rebateu.

 

– Então não há com o que se preocupar – Dando um sorriso misterioso.

 

Ele então lhe deu as costas, indicando que iria sair da sala, mas de maneira inesperada, Misaki o puxa pela manga da camisa. Usui se vira para ela, com uma expressão surpresa.

 

– É uma questão de honra... Não perderei.

 

– É por apenas um dia, não irá fazer mal e... – Yukimura começa.

 

Usui levanta a mão, com um gesto para calar o garoto. Então virou-se novamente para Misaki, com uma expressão divertida.

 

– Aceito seu desafio. Por hora, aproveite seu tempo como Kaichou... Enquanto pode – Ele sorriu novamente, passando a mão pelos cabelos da garota e saindo em seguida.

 

– BAKA USUI! – Ela gritou assim que ouviu o som da porta se fechando.

 

 – Ah... Não está levando isso muito a sério? – Yukimura perguntou, preocupado.

 

– Você quer aquele pervertido como Kaichou? –Elai argumenta, indignada.

 

– Acho que você devia relaxar um pouco... Afinal, não deve ser tão ruim assim...

 

Em condições normais, Misaki não ficaria tão irritada. Mas, acontece que essa não é uma condição normal.

 

– ...

 

– Isso é fumaça saindo pelas suas orelhas, Kaichou?

 

– ...

 

– Hã... – Yukimura começou a ficar nervoso – Acho que voltarei para os meus afazeres.

 

– É bom mesmo – Respondeu secamente.

 

Vendo-se sozinha na sala, Misaki sentou-se em sua mesa e colocou as mãos na cabeça e deu um profundo suspiro. Uma dor de cabeça forte lhe ocorreu naquele momento. Havia se irritado de mais.

 

“Acho que não vou conseguir pensar com essa dor... Vou pedir para ser dispensada” – Pensou, levantando-se.

 

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Muitos ficaram surpresos com sua ação, já que ela não costumava a pedir dispensa das aulas. Misaki está em sua casa, deitada, não dormindo, apenas estava parada por um tempo. Sabia que em breve teria que ir ao Maid Latte. Sentia que não poderia decepcionar a Gerente.

 

“O ambiente aconchegante do Maid Latte fará com o que eu me sinta melhor, afinal, lá posso esquecer uma parte dos meus problemas” – E riu sem humor – “Na verdade meu problema. Acho que o Usui é o único problema com o que tenho que lidar.”

 

Depois sentiu-se constrangida por estar pensando em Usui desta forma. Deixaria para pensar nesse “problema” depois. Era hora de trabalhar.

 

Levantou-se, pegou sua bolsa e saiu de casa, não antes de se despedir de Suzuna. Apesar de ter dito para si mesma para deixar este assunto para depois, não conseguiu deixar de imaginar como seria se Usui ocupasse o posto de Kaichou... Nem que fosse por um dia.

 

Terríveis imagens lhe vinham à mente. Como Yukimura podia dizer que ela estava exagerando? A questão é: Ela deveria ganhar. De um jeito ou de outro.

Assim pensando, abriu a porta do Maid Latte, e caminhou em direção ao seu armário. Trocou-se e pôs a caminhar novamente, sempre pensando no que faria, até que por acidente, acabou esbarrando em alguém.

 

– Olhe por onde anda sua idiota! – Uma voz levemente afeminada a repreendeu.

 

– Aoi-chan? – Ela exclamou surpresa.

 

O garoto estava vestido com o uniforme de Maid. Com certeza, a Gerente ainda não o tinha visto.

 

– O que você tem?! Sua expressão está mais irritante do que nunca – Ele disse.

 

– N-Não é nada. Tire logo esta roupa, antes que a Gerente te veja assim.

 

Aoi a observou com desdém.

 

– Tem algo a ver com aquele Usui, não é?

 

Ela corou.

 

– É evidente assim?

 

– Óbvio que é! Pare logo de enrolar e atraque-se logo com aquele cara!

 

– Concordo com o Aoi.

 

Misaki virou-se para ver quem havia dito a última frase.

 

– O que você está fazendo aqui? Pare de aparecer assim do nada!

 

Usui Takumi estava encostado na porta dos fundos, com uma expressão de tédio.

 

– Sou um cliente assíduo do Maid Latte, caso você não se lembre – Respondeu.

 

– Não quero me lembrar – Ela torceu o nariz – Agora faça-me o favor de ir para uma mesa ou ir embora!

 

– Não esqueça de dizer “Mestre” – Falou com um tom de malicia.

 

– Vá embora, mestre – Ela acrescentou com raiva.

 

Usui riu consigo mesmo dirigindo-se para a parte externa do café, deixando Misaki e Aoi sozinhos.

 

– Acho que ouvi a minha irmã chegando... – Ele disse buscando uma saída.

 

– Aoi-chan, espere um seguindo.

 

– O que foi?

 

– Se alguém fizesse algo que... Ferisse sua honra... O que você faria?

 

Aoi virou-se para encará-la.

 

– Eu lutaria para reavê-la, não é óbvio?

 

E em seguida foi embora, deixando para trás uma Misaki mais do que confusa.

 

A verdade é que estava com medo de perder seu cargo definitivamente. Tinha medo que Usui se saísse melhor que ela. Tinha medo de ele conseguir superá-la em tudo. Tinha medo que todos vissem que ela havia sido uma péssima Kaichou e que na verdade, Usui deveria ficar permanentemente.

 

– No que está pensando? – Uma voz calma e sedutora, já tão conhecida, falou ao seu lado.

 

– Droga, já falei para não aparecer assim do nada!E você não hava saído agorinha?  – Disse, corada.

 

 

– Ainda está pensando na competição? - Perguntou ignorando a pergunta.

 

Ela virou o rosto de lado.

 

– Você se inscreveu apenas para me provocar, não foi? – Falou secamente.

 

– Confesso que em parte, sim.

 

– Seu sádico maldito – Ela xingou – Você sabe como esse posto significa para mim.

 

– Tem medo que os outros me prefiram como Kaichou a você?

 

Ela revirou os olhos, tentando esconder o que realmente achava.

 

– Pare de me provocar, não vou ceder as suas implicâncias.

 

– Provocar? – Ele perguntou baixinho.

 

Seguido disso, ele a empurrou contra a parede, prendendo o corpo da garota com o dele. Aproximou-se mais e passou os lábios pelo pescoço de Misaki, sentindo sua pele arrepiar-se.

 

– Isso é provocar, Ayuzawa – Usui sussurrou no em seu ouvido.

 

Ela estava estática. Sempre ficava assim quando ele se aproximava de mais. Desejava chutá-lo e sair daquele aperto... Mas ao mesmo tempo sentia-se inclinada a puxá-lo cada vez mais para si.

 

“Foco, Misaki!”

 

– Vão se agarrar em outro lugar! – Aoi exclamou, entrando nos aposentos do fundo do café - Minha irmã está precisando de você.

 

Assim que ouviu a voz de Aoi, Misaki logo empurrou Usui para longe de si. Seu rosto estava mais que rubro.

 

– S-Sim, estou indo.

 

Sacudiu a cabeça e desatou a andar para onde a Gerente estava; não sem antes ver a face sorridente e maliciosa de Usui sorrindo para ela.

 

--------------- Continua ------------------