Nico Di ângelo e a Primeira Profecia escrita por marinadomar


Capítulo 4
Descubro que meu pai é um mané


Notas iniciais do capítulo

obrigada pelas reviews



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Não foi como eu previa. Hades estalou um dos dedos e viramos uma fumaça negra como carvão. De repente estávamos no castelo. Tudo era escuro e, no trono de caveiras, cinco degraus acima de mim, estava Hades com uma folha que se desenrolava até o chão. Ao seu lado, Perséfone em seu trono, com a cabeça deitada sobre o ombro do Deus do Submundo. Ela ainda parecia estar bem triste.

— Bom, — Começou Hades pondo seus pequenos óculos meia-lua, para leitura. Ele os arrumou na face e começou a ler — Nico Di Ângelo, filho de Maria Di Ângelo. Está sendo acusado de: Atentado à rainha do Submundo, destruição de patrimônio público (esses garotos de hoje, todos vândalos), mergulho no Flegetonte sem permissão, posse de armas, vôo em uma Fúria sem permissão do Rei, invocação de mais esqueletos do que o permitido, usar o nome de Hades em vão, e blá blá blá. — Ele se virou para mim, me olhando por cima dos óculos. — Di Ângelo, você está ciente dessas acusações?

Hã? Sério? Sério mesmo? Eu estava sendo julgado? “Mergulho no Flegetonte sem permissão”? Perséfone me jogou! Aquelas acusações eram absurdas. Eu sabia que meu pai iria ficar zangado, mas me julgar como uma alma qualquer? Acho que já tive experiências de morte demais por hoje. 

— Hades, você é o meu pai! — Foi a única coisa que consegui dizer, estava indignado. Meu pai suspirou e voltou à folha.

— Bom, vou te dar uma folga. Eu aconselharia sentença de morte se fosse qualquer um, mas já que você é meu filho, só vou... — Nessa hora o Deus foi interrompido pelo grito angustiado de sua mulher.

Perséfone chorou mais ainda e debruçou-se sobre as pernas de Hades. Ah, duvido que ele negue algo para ela enquanto estivesse naquela posição. Lá se vai minha punição fácil. Ela começou a falar algo sobre como estar sofrendo, o cabelo, e tudo que eu a causei, com uma voz de choro quase indecifrável. Hades passou a mão no cabelo estragado dela com pena.

Aquilo estava me dando nos nervos, era ela quem devia estar aqui, sendo julgada. Porra! Atentado contra o filho de Hades, isso era muita coisa. Outra coisa aconteceu. Uma fumaça preta se formou ao lado da rainha chorona gritando “Ah, minha filha, minha filhinha!” E Deméter estava lá para infernizar a minha vida. Elas choraram juntas e fizeram todo aquele drama.

Perséfone explicou o que tinha acontecido, mudando a história para ela se parecer uma pobre coitada, e ainda disse que eu ateei fogo no Jardim dela. E sabe o que eu fiz quando eu ouvi isso? Deixei Hades se distrair com minha lista de acusações. Subi os degraus e peguei uma bomba pequena de fogo grego que o chalé de Hefesto tinha dado para mim de aniversário, e atirei bem na cabeça de minha madrasta.

— Agora sim você pode dizer que eu ateei fogo em alguma coisa, vadia. — Disse eu observando ela gritar e tentar apagar o fogo verde da cabeça junto a mãe.

Hades me olhou com a pior cara possível. Eu ia morrer, ia mesmo. Ele me pegou pelo braço e o levantou — vai por mim, esse foi o momento mais pai e filho que já tivemos no ano —, e me jogou escada a baixo.

— Eu só não te mato, moleque, porque senão você teria que viver no Submundo pelo resto da eternidade. Você está expulso do Mundo Inferior pelo resto da vida. — Disse ele furioso, como nunca vi antes, tive medo dele tomar a sua forma original. — Agora devolva minha espada.

Eu ainda estava no chão, com horror do que estava ocorrendo. Isso era muito pior que morrer, trilhões de vezes pior que morrer. Mas de uma coisa eu sabia: eu não ia devolver a espada. Segurei a Espada de Hades e a brandi contra meu pai.

— Não! — Gritei me levantando do chão.

— Pegue dele! — Gritou Perséfone, em meio às lagrimas mal feitas. Ela parecia estar bem feliz com meu julgamento.

— Você sabe que eu não posso! Ele tem que me dar, senão eu enlouqueço. Você mandou forjá-la assim depois que aquele semideus o roubou. Esqueceu? — Proferiu Hades furioso, ele me encarou andando na minha direção. Pelo menos eu sabia que não ia morrer, mas a tortura seria bem horrível se eu continuasse ali.

— Bianca, Bianca! Me leve pra um lugar bom. RÁPIDO! — Rezei de olhos fechados.

— Sua irmã não vai te ajudar agora, Nico. — Ouvi a voz de Hades dizer bem perto de mim, não ousei abrir os olhos para ver o quão perto ele estava. Me senti mais leve de repente, e o ar não tinha mais o mesmo cheiro.

— Foi por pouco. — Ouvi Bianca dizer perto de mim.

Tive coragem de abrir os olhos, a primeira coisa que vi foi Bianca e, através de seu corpo transparente, dava para ver o acampamento Meio-Sangue, logo abaixo da colina.

 


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