Speechless escrita por Vick_Vampire, Jubs Novaes


Capítulo 23
22. As coisas como elas realmente são


Notas iniciais do capítulo

Não tenho palavras nem cara-de-pau suficiente para me desculpar com vocês...
Apenas leiam o capítulo e sejam felizes.
;D



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 Jasper

Prendi a respiração durante todo o percurso de saída de Alice. No segundo em que ela fechou a porta, soltei o ar.

- Jazz... Que diabos foi isso? – Mike perguntou debochado, olhando para mim como se eu fosse um alien.

- Cale a boca – cortei-o.

- Estou falando sério... Eu não sabia que você gostava dela pra valer.

- Eu não gosto dela pra valer. – contrariei rapidamente.

- Não foi o que pareceu... – comentou.

- Chega! Vamos estudar Shakespeare – declarei antes de me sentar na cadeira.

- Ainda vou arrancar de você todas as respostas que eu quero... – ameaçou.

- Você parece uma mulher fofoqueira... – comentei – começo a duvidar da sua sexualidade.

- Cale a boca – mandou.

Eu ri debochado.

- Toquei em um ponto sensível? – provoquei.

- Cale a boca, eu já disse – continuou.

- Certo, desculpe senhorita. – me rendi – Vamos estudar.

Mike fingiu que não ouviu o “senhorita” e pegou o exemplar de “Romeu e Julieta” da mochila. Depois, sentou-se à mesa em frente a mim.

- Me faça mais perguntas – pediu – sobre o infeliz do Shakespeare.

- Onde se passa “Romeu e Julieta”?

- Hm... Aquela cidade francesa... Veneza, eu acho.

- Na verdade, Veneza fica na Itália, mas “Romeu e Julieta” se passa em Verona, outra cidade italiana. – corrigi, um pouco maldoso.

- Como você consegue decorar tudo isso?

- Não precisa ter um QI muito alto, basta ler o livro... – respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Certo, me desculpe, gênio... – foi igualmente grosseiro – continue com as malditas perguntas.

- Qual é a frase épica de Hamlet?

Mike pensou por alguns segundos e balançou a cabeça num sinal de desistência.

- “Ser ou não ser, eis a questão” – respondi por ele – é claro que você conhece esta frase.

- É claro que sim, mas eu não sabia que tinha alguma coisa a ver com Hamlet – se justificou.

- Mike... Eu realmente odeio ter de te dizer isso, mas você vai se dar muito mal no teste amanhã.

- Muito obrigado pelo apoio – disse isso e se levantou da cadeira, atravessando a sala e indo embora. Fechei os olhos depois da batida da porta e fiquei encarando o nada.

Sentei-me no sofá, apoiando a cabeça na mão. Ouvi um barulho de chave virando na porta. Agora era a hora de lidar com a minha mãe.

A porta se abriu e com ela, veio aquela figura feminina alta, magra e loira familiar que eu já havia me acostumado, porém, seu rosto estava vermelho como e havia lágrimas e mais lágrimas escorrendo por suas bochechas, tornando impossível que alguém visse seus olhos cor de âmbar.

- Mãe?

Minha mãe mal olhou para mim, apenas soluçava compulsivamente. Andou a passos largos até o sofá e se sentou ao meu lado, chorando como eu nunca a havia visto chorar.

Eu sabia que não haveria palavras que fizessem com que ela se sentisse melhor. Eu sabia que não importava o que eu fizesse, nada mudaria a realidade.

A única coisa que eu poderia fazer naquele momento era abraçá-la com toda a pouca força de vontade que eu conseguia encontrar em mim e foi isso que eu fiz, mesmo sabendo que nunca seria suficiente.

Rodeei seus ombros com meus braços e encostei sua cabeça em meu corpo. Aos poucos, minha camisa branca foi ficando molhada pelas suas lágrimas, mas não me importei.

Tudo o que eu mais queria dizer a ela era que ia ficar tudo bem, mas eu não poderia, pois não estava tudo bem. Rosalie tinha ido embora sozinha e talvez para nunca mais voltar.

- S-seu pai m-me ligou hoje d-de m-manhã – começou, entre soluços – M-me contou t-tudo. Sua irmã f-foi embora, Jasper!

- Eu sei, mãe – admiti fracamente.

- Você sabia? Você sabia este tempo inteiro e nunca me contou?

 - Rose pediu para eu não contar – expliquei.

- M-minha f-filha é u-uma foragida da p-polícia, J-jazz! – chorou.

- Mãe, Alice não deu queixa... Rosalie não é foragida da polícia.

- M-minha Rosie f-foi embora!

O que eu diria a ela agora? Eu não poderia dizer que Rosalie iria voltar porque eu não tinha a menor ideia se isso iria mesmo acontecer.

Diante daquele momento, cheguei à conclusão de que não havia nada mais doloroso do que ver uma pessoa chorar com tanta veracidade e não poder fazer absolutamente nada a respeito.

- Não fique assim, mãe... Rose sabia muito bem o que estava fazendo – tentei apaziguá-la.

- Não, Jazz... Ela tem d-dezoito anos, n-não sabe nada da v-vida.

- Fique calma, mãe... Rosalie não é burra, vai conseguir se virar – tentei novamente.

- Diga isso para si mesmo até se convencer.– me dê licença, Jazz... V-vou tomar banho.

Dizendo isso, soltou-se de mim e subiu as escadas. Mesmo tentando esconder as lágrimas, eu podia perceber claramente que ela estava chorando.

Não era justo o que a vida estava fazendo com minha mãe.

Depois que ouvi o barulho da porta do quarto dela sendo fechada, subi as escadas em direção a meu quarto, dando uma olhada pelo canto dos olhos na porta do quarto vazio de minha irmã.

Meu quarto estava exatamente da maneira em que eu o havia deixado antes de sair. A cama desarrumada e alguma papelada da escola sob os lençóis embaralhados.

Deitei-me nela e olhei o relógio de cabeceira ao meu lado. Marcava seis horas da tarde.

A noite ainda nem havia chegado, mas eu me sentia impossivelmente exausto.

Fechei meus olhos e deixei que o sono e a exaustão fizessem o resto.

                                  

            ***

Acordei com o a musiquinha familiar que invadia o ambiente todas as vezes que meu celular tocava.

Levantei-me ainda um pouco confuso e procurei o aparelho nas gavetas da cômoda.  Achei-o enterrado entre papeis que eu nem sabia mais que existiam.

- Alô? – falei.

- Jasper? – reconheci a voz de imediato. Era Tanya.

- Oi Tan.

- Você não achou que deveria contar para sua melhor amiga que beijou Alice Brandon? – perguntou desafiadoramente.

- Virou manchete de jornal por acaso? Quem contou para você?

- Mike Newton – respondeu.

- Eu acabo com a raça dele qualquer dia desses... – ameacei brincando – Onde você o encontrou?

- No supermercado... Ele comprou caixas e mais caixas de absorventes. – comentou.

- Isso comprova minha teoria de que ele é gay... - brinquei.

- Meu deus... Você está feliz hoje... Alice tem todo esse efeito? – caçoou.

- Cale a boca você também... – avisei.

- Ah... Que lindo que você fica quando está bravinho... – ela usou o mesmo tom que usaria se estivesse falando com um bebê.

- Muito engraçado... – ironizei.

- Também achei. – disse entrando na onda. – E aí? Você vai ou não me contar como foi que você beijou Alice Brandon?

- Da maneira mais óbvia... Seus lábios contra os meus. – respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Não seja tolo, Jasper... Você sabe muito bem que não é isso que eu quero saber – comentou.

- Pelo amor de deus, Tanya! Não vou discutir detalhes sórdidos com você!

- Você é meu melhor amigo! Tenho o direito de saber! – manifestou-se.

- Exatamente... Sou seu amigo, não sua amiga. Homens não contam detalhes sórdidos sobre nada... Só as mulheres.

- Você diz isso como se fosse muito mais experiente que eu... Tenho vinte e um anos, Jazz! E você só tem dezoito – lembrou-me.

- Mesmo assim, segundo o estado de Washington, eu sou tão maior de idade quanto você é – lembrei-a.

Não falamos nada por uns cinco segundos. Ouvi um barulho de fundo... Algumas vozes e alguns bipes. Reconheci de imediato aqueles sons.

- Você está no hospital? – questionei.

- O quê? Eu? Hãn... Tenho que desligar, Jazz... – gaguejou – Meus créditos estão acabando.

Ignorei seu comentário final:

- O que você está fazendo no hospital?

- Tchau, Jazz – e desligou.

Ok, aquilo era estranho. A vida inteira, Tanya sempre me dissera que odiava hospitais. Na verdade, eu nunca soubera exatamente o porquê e nunca perguntei. Mas era extremamente esquisito ela ficar metida em hospitais sendo que os odeia.

Olhei novamente no meu relógio de cabeceira, que agora marcava dez horas.

Eu tinha dormido tanto assim?

Saí do meu quarto, descendo as escadas rapidamente até chegar à cozinha. Um silêncio impossivelmente irritante tomava conta da casa. Minha mãe deveria estar em seu quarto dormindo.

Lembrei-me de algumas horas antes, quando ela desabara em lágrimas. Rosalie não tinha a menor ideia do horror que estava causando à família dela.

A imagem de meu pai me ocorreu à cabeça. Será que ele se sentia tão mal quanto minha mãe?

Como estaria a vida dele em Seattle? Teria se casado com Jéssica? Ainda estaria trabalhando como médico?

Balancei a cabeça, interrompendo os pensamentos que possuíam alguma ligação com meu pai.

Voltei direto à realidade e me lembrei que estava com fome. Peguei no armário embaixo da pia da cozinha uma frigideira e coloquei-a sob o fogão.

Quebrei dois ovos e esperei que eles fritassem.

Cheguei mais uma vez à conclusão de que não sei cozinhar direito no momento em que aquele gosto nojento de queimado se apoderou da minha boca.

Queimei o meu jantar improvisado.

Joguei fora os ovos queimados e procurei nos armários por alguma coisa comestível.

Nem preciso dizer que falhei miseravelmente na minha tentativa de encontrar algo. Viver numa casa com duas mulheres constantemente de dieta não é tão fácil quanto se imagina.

A única opção restante era ir até o único bar/lanchonete da cidade. Coloquei uma nota de vinte dólares e meu celular no bolso e saí na rua, andando duas quadras até chegar ao bar/lanchonete.

Levando em consideração que estávamos em uma quinta-feira à noite, o bar estava razoavelmente cheio.

Aproximei-me do balcão.

- O que deseja senhor? – a garota atendente perguntou.

Reparei em seus olhos. Os mais verdes que eu já havia visto. Faziam um contraste com seu cabelo tingido de vermelho sangue.

- Um sanduíche de presunto, por favor – pedi.

A garota assentiu e entrou por uma porta que imaginei ser a cozinha.

Sentei-me em um dos bancos e fiquei esperando-a voltar com meu sanduíche.

Dei uma olhada ao redor do lugar e me deparei com uma figura familiar.

- McCarty? O que diabos está fazendo aqui? – perguntei.

- Repito a pergunta.

- Eu perguntei primeiro – me garanti.

- Bem... Eu venho aqui todo o dia. – começou – Você também viria se vivesse onde eu vivo. Minha mãe está histérica porque acha que meu pai está traindo ela com uma garota mais nova.

- Sinto muito – disse.

- Tudo bem... Já estou acostumado com esse tipo de drama familiar. – arqueou os ombros – Era bem pior quando minha mãe acusava meu pai de dar em cima da empregada, pelo menos dessa vez nós não conhecemos a mulher.

- Sei como é isso, meu pai fugiu com uma das enfermeiras que trabalhavam para ele. – mostrei um pouco de compreensão – foi uma guerra quando minha mãe descobriu.

- É, meu caro... Dinheiro não compra paz, mas paga o meu almoço e a minha janta aqui, o que me mantém longe da zona de conflito – riu.

- Você soube que Alice saiu do hospital? – perguntei.

- Claro... Eu fui vê-la na casa dos tios dela hoje mesmo. – Emmett respondeu.

- Ah... É mesmo? – indaguei. – Alice não me disse nada sobre isso.

- É claro que ela não disse... Digo, ela não pode dizer se não tiver voz – tentou fazer uma piada, mas eu não ri.

Emmett reparou no clima constrangedor que ele mesmo havia criado e mudou de assunto.

- Então... Você não respondeu a minha pergunta: O que está fazendo aqui?

- Queimei o meu jantar – expliquei.

Ele riu.

- Que ótimo... – ironizou.

Ficamos sem assunto por alguns minutos. Distraí-me picotando o guardanapo em mil pedacinhos.

- Você tem alguma ideia de onde Rose possa ter ido? – questionou, tentando quebrar o silêncio constrangedor.

- Nenhuma – me adiantei em responder – mas ela queria que fosse assim, Rose é uma criatura solitária.

- A cada dia que eu passo longe dela, descubro o quanto eu não sei sobre a sua irmã. – comentou.

- Rose não é fácil de conviver... Ela é independente demais para o seu próprio bem.

- Sinto falta dela... – comentou – e de Alice também... Antes de tudo isso, digo, do acidente acontecer era muito mais fácil.

Naquele instante, senti a vibração vinda do celular em meu bolso.

“Alice”, dizia o identificador.

- Alô? – atendi.

Ninguém respondeu.

- Alice?

Nada.

Desliguei o telefone e olhei o relógio.

 Alice não me ligaria no meio da noite sem nenhuma razão. Por precaução, resolvi ir até a casa dos tios dela.

- Vou até a casa dos tios de Alice - falei para Emmett - te vejo amanhã.

Levantei do banco e saí quase que correndo do bar/lanchonete.

- Ei, Hale! Qual é o problema? – ele gritou, mas não respondi.

- Ei, moço! Você esqueceu seu sanduíche de presunto! – ouvi a garota do balcão gritar para mim.

Saí correndo desembestado pela rua à caminho da casa dos tios de Alice.

Talvez nada tivesse acontecido e ela tivesse me ligado por engano, mas eu não podia ter certeza sobre nada.

Dobrei a esquina chegando até a rua em que os tios de Alice viviam.

Havia uma estranha fumaça escura se apoderando do espaço e logo constatei que a fumaça vinha diretamente da casa deles.

- Droga!
Aproximei-me da casa torcendo para que aquilo não fosse nada grave.

Abri a porta quase que completamente tomada pela fumaça e pelo calor que vinham de dentro e entrei.

Na verdade, o incêndio nem era de proporção tão grande assim, mas produzia fumaça o suficiente para encher grande parte da rua.

Foi então que me deparei com uma das cenas que eu pagaria quantos milhões de dólares fossem precisos para esquecer totalmente.

O corpo de Alice Brandon jazia no chão, sem nenhum sinal que indicasse que ela estivesse viva.

Aproximei-me, rezando para que me olhos estivessem enganados.

                                  

Rosalie

Fitei novamente o painel que continha as informações sobre os vôos. Aquele, com embarque previsto para as sete da manhã me parecia realmente atraente agora.

Eu estava no aeroporto há mais de trinta horas. Sem dormir ou sentir nada. Há trinta horas eu tentava escolher o lugar perfeito para começar uma vida novamente.

Eu não sabia exatamente a razão, mas a movimentação e a pressa do aeroporto me era confortadora e eu mal sentia o peso das trinta horas de sono.

Olhei mais uma vez para o painel, refletindo se pegaria ou não o tal vôo que sairia às sete da manhã.

Era uma sensação engraçada a de ter toda a liberdade para escolher meu destino, ou melhor, jogá-lo na sorte. Totalmente diferente daquela sensação de amparo e dependência que eu sentia em casa.

Eu estava totalmente sozinha agora. Cabia a mim decidir meu próprio rumo e cabia a sorte decidir meu destino.

Quando se está em casa, sempre existe a possibilidade de voltar, desistir de tudo e ser confortado pelo abraço de sua mãe ou pelos lençóis de sua cama. Eu definitivamente não tinha esta opção agora.

Apertei mais minha pequena mala de mão entre os dedos, tentando tomar sozinha uma decisão, talvez a mais importante de todas.

Aonde eu iria? Quando eu iria?

Se eu não pegasse o vôo das sete horas da manhã, qual seria o que eu iria pegar? Quantas horas mais eu ficaria no aeroporto?

Senti meu bolso vibrar e a música familiar do toque do meu celular invadiu o ambiente. Olhei no identificador de chamadas: “Emmett”.

Apertei o botão de ignorar e guardei novamente o celular no bolso.

Puxei meu passaporte do bolso e virei as pequenas páginas. Não havia nenhum carimbo.

E naquele momento, eu queria desesperadamente um.

Tomei finalmente uma decisão.

Eu pegaria o vôo das sete horas.

Respirei fundo e andei até o balcão da companhia aérea.

Uma mulherzinha, de aparência arrogante virou-se para mim e perguntou:

- O que deseja, senhora?

Reconheci imediatamente o cheiro enjoativo do seu perfume. Era Chanel, da coleção do ano passado.

- É senhorita – respondi rudemente – Quero uma passagem para o vôo 4973 com destino ao Rio de Janeiro, no Brasil.

A mulher olhou para mim com desconfiança.

- Posso ver seus documentos, senhorita?

Revirei os olhos e entreguei meu passaporte a ela. A mulher demorou um longo tempo na parte de data de nascimento, mas pareceu se convencer.

- São setecentos dólares, senhorita.

Apanhei o talão de cheques de meu pai e preenchi com setecentos dólares, fazendo uma cópia exatamente igual da assinatura dele.

Entreguei o cheque para a mulherzinha e ela me olhou com inveja no olhar. Duvido muito que o papai dela dê talões de cheque a ela para preencher com a quantia que quiser.

Ela imprimiu a passagem e entregou-a a mim.

- Embarque a partir das três da manhã no portão número três.

Nem me dei com o trabalho de assentir.

Andei pelo saguão do aeroporto até parar em frente a uma lanchonete vazia.

- Quero um suco de limão gelado – anunciei ao vendedor.

Ele assentiu e em menos de trinta segundos voltou com o meu suco.

- Três dólares e trinta centavos, senhorita.

Peguei uma nota de cinco dólares e entreguei ao rapaz.

- Pode ficar com o troco – saí.

Sentei-me em uma das mesas perto das janelas que davam para a pista de pouso e olhei para o céu cinzento de Seattle, muito semelhante ao de Forks, que estava sempre coberto de neblina.

Tomei meu suco de limão em silêncio, observando as pessoas ao meu redor e imaginando o que elas faziam no aeroporto numa hora daquelas.

Ouvi o toque familiar do meu celular novamente. Peguei-o rapidamente e olhei o identificador de chamada: “Papai”

- Alô? – atendi.

- Rosalie – me cumprimentou.

- Sim, sou eu.

- Você pegou meu talão de cheques, não pegou? – acusou-me.

- Não peguei nada que é seu – menti, mas ele acreditou.

- Então deve ter sido Jéssica... Ela vive mexendo nas minhas coisas – reclamou. – Você já está no aeroporto?

- Sim.

- Liguei para sua mãe hoje de manhã – comentou. – ela ficou totalmente desesperada. Você tem certeza do que está fazendo?
- Vou descobrir quando chegar lá. – falei com um ar descontraído.

- Não faça isso com a sua vida.  – pediu, quase que como uma súplica.

- Eu já fiz. Minha passagem está comprada – garanti. – Vou deixar os dados rolarem agora.

- Posso saber pelo menos onde minha filha está indo?

- Brasil, papai – respondi. – E mal posso esperar para chegar lá.

                                               Jasper

Invadi a porta do hospital com Alice inconsciente nos braços e Tanya atrás de mim.

Eu mal podia olhar o corpo imóvel mutilado dependente do meu.

- Precisamos ver o doutor James imediatamente! – anunciei para a mulher na recepção.

A princípio a mulher me olhou com indiferença, mas depois viu o corpo de Alice em meus braços e assentiu dizendo:

- Só um segundo – e se foi, andando pelos corredores.

Trinta segundos contados em minha mente se passaram até que James aparecesse.

- O que aconteceu? – perguntou, tirando Alice de meus braços e pegando-a ele mesmo.

- Houve um incêndio na casa dos tios dela, mas consegui chegar a tempo de tira-la de lá.

James começou a andar rapidamente pelos corredores com Alice nos braços, dando ordens aos enfermeiros que passavam em seu caminho.

Entrou em um quarto e deixou Alice em uma cama de lençóis brancos, que imediatamente se sujaram ao entrar em contato com os ferimentos dela.

- Me dê alguns minutos – pediu, se dirigindo a mim e Tanya. – Vou colocar curativos nos ferimentos dela. Vocês podem esperar lá fora.

Eu e Tanya obedecemos ao que ele disse e saímos da sala, nos sentando em um bando coletivo no corredor.

- Você acha que ela vai ficar bem? – perguntei para Tanya.

- Ela sempre fica. – respondeu. – e para ser sincera, eu já a vi em condições piores do que esta.

- Obrigado por ter me ajudado a trazê-la.

- Eu não fiz nada... Foi você que deu uma de herói trágico salvando-a do incêndio.

- Não estava tão intenso quando eu cheguei – me justifiquei.

- Não importa.

- Bem, obrigado de qualquer maneira por ter vindo quando eu te liguei.

- Amigos são para isso, não?

- Acredito que sim. – respondi.

- Só acho que Alice está muito mal acostumada com você salvando-a toda a hora. Está mimando a garota. – brincou – daqui a pouco ela vai começar a te ligar por qualquer motivo.

- Que ligue. Eu não me importo.

- Meu deus! Você está totalmente louco por essa garota, não está? – questionou, me provocando.

- Não se iluda... – cortei o barato dela.

- Eu sei exatamente o que está acontecendo... – insinuou.

- Ela é apenas minha amiga, Tanya... Eu faria o mesmo por você. – argumentei.

- Sei disso. – respondeu rapidamente – mas sei também que você não me beijaria nem se eu te pedisse. No entanto, você não se importou em beijá-la.

 - Eu não vou dignar essa pergunta com uma resposta, Alice é apenas minha amiga. – esclareci. – E se você me pedisse, eu beijaria você.

- Você está fugindo da pergunta, Jazz...

- Tudo bem, então me diz o que você estava fazendo no hospital ontem a noite quando me ligou.

- Isso não vem ao caso agora – me interrompeu.

- Você está fugindo da pergunta, Tan... – repeti suas palavras.

Tanya revirou os olhos e virou a cara, emburrada. Naquele momento, James abriu a porta:

- Ela vai acordar dentro de dois minutos. – avisou.

- Ótimo, já vamos entrar. – respondi.

James assentiu e voltou para dentro do quarto de Alice.

- Como será que ele sabe o tempo exato que vai demorar para ela acordar? – Tanya questionou.

- Não tenho a menor ideia. – arqueei os ombros – talvez ele não saiba exatamente o tempo, apenas dá uma medida aproximada para parecer mais certo do que diz.

- James não inventaria uma medida só para parecer mais inteligente – retrucou. – ele é um ótimo médico.

Resolvi não discutir.

Puxei-a pela mão e entramos no quarto de Alice.

Havia mais de cinco enfermeiros em volta de sua cama e um policial de bigode sentado com cara de tédio em uma das cadeiras. O quarto, mesmo desinfetado tinha um cheiro horrível de sangue e queimado misturados com álcool e mais produtos de limpeza.

Alice jazia deitada na cama branca do hospital. Seus braços possuíam curativos e pude notar uma cicatriz recente na clavícula.

- Não possui nenhum ferimento muito grave. Apenas pequenas queimaduras superficiais, o maior problema foi conseguir manter sua respiração normal depois de aspirar toda aquela fumaça, vai acordar em alguns segundos.

Durante estes poucos segundos, todos os presentes naquela sala, incluindo o policial, não tiraram os olhos do corpo estirado de Alice e então seus olhos se abriram.

Aqueles mesmos olhos que eu já vira tristes, alegres e maldosos agora pareciam ter acordado de um longo sonho em que tinha estado durante muito tempo.

- Olá. – James disse.

Alice tirou os olhos de mim e focou-os no médico.

- Está se sentindo bem? – James voltou a perguntar.

Alice assentiu, ainda um pouco confusa.

- Houve um incêndio na casa de seus tios. – começou. – se lembra de alguma coisa?

Alice fez que sim com a cabeça.

- Jasper conseguiu tirar você de lá antes que o fogo se espalhasse mais. – explicou. – se lembra disso também?

Dessa vez, olhei fundo em seus olhos, tão ansioso pela resposta quanto James.

Alice retribuiu meu olhar e balançou positivamente a cabeça.

- Sem sinais de amnésia. Anote isso, Lauren. – James se virou para a enfermeira. – Charlie, pode começar com seu interrogatório.

O policial imediatamente se levantou da cadeira em que se encontrava, segurou firmemente a prancheta em seus dedos e se aproximou de Alice.

- Se lembra do que estava fazendo antes do incêndio?

Depois da pergunta, Charlie estendeu a prancheta e um lápis para Alice ela escreveu:

“Eu tinha acabado de acordar”

- Certo – concluiu. – Tinha estado em algum outro lugar naquela tarde?

Ela assentiu e escreveu:

“Na casa de Jasper”

No momento em que o policial leu, olhou para mim, me avaliando.

- São amigos há muito tempo? – perguntou a ela.

- Estudamos juntos. – respondi em seu lugar.

O policial olhou para ela, como se pedindo uma confirmação, que logo foi recebido com a concordância dela.

- Você deixou alguma vela ou coisa do gênero acesa antes de ir dormir?

Alice negou.

- Havia alguém em casa quando aconteceu?

Alice pegou a prancheta e escreveu:

“Não sei, eu estava dormindo”

- Tem alguma ideia do que pode ter causado o incêndio? – voltou a perguntar.

“Vi alguma coisa sendo jogada na cortina”

- Você tem alguma ideia do que pode ter sido?

Negou novamente.

- Sem mais perguntas – anunciou, se afastando de Alice e sentando-se na cadeira.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. James cochichava instruções no ouvido de uma enfermeira e Tanya lançava um olhar assassino aos dois.

Me sentei na cadeira que estava sobrando e fiquei esperando por algum indício de que alguém fosse sair dali para eu poder conversar com Alice sozinho.

- É isso! – o policial chamado Charlie de repente gritou.

- Isso o quê, Charlie? – James olhou curioso para ele.

- Juntem as peças comigo. Alice estava sozinha e ouviu alguém jogar algo na cortina da cozinha, que provocou o incêndio. Não vêem? – disse, um pouco empolgado demais.

- Isso quer dizer que... – James começou, quase que pedindo para Charlie continuar.

- Quer dizer que alguém está tentando te matar, Alice.

- Certo. Isso tudo é muito brilhante, mas será que eu posso falar com Alice em particular? – perguntei, me dirigindo a todos de um modo geral, mas com o olhar focado em James.

James assentiu desconfiado e lançou um olhar autoritário para as outras pessoas na sala, que entenderam o recado.

Todos saíram da sala, nos encarando com desconfiança no olhar. Tanya, que foi a última a sair, arqueando a sobrancelha para mim. Quando a porta bateu,encarei Alice, que olhava para mim um tanto constrangida.

- Posso pedir um favor para você? – perguntei.

Ela assentiu, ainda um pouco constrangida.

- Você pode por favor parar de se meter em problemas? Está me deixando louco.

Alice sorriu fracamente e fez que sim com a cabeça. Em seguida, observei seus olhos se fecharem vagarosamente. E ela dormiu.


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Notas finais do capítulo

Oie...*Pessoa desaparecida se apresentando*;D

Olha... Acho que dessa vez vocês merecem desculpas pelo atraso... Demorei para postar este capítulo por uma série de razões (nenhuma convincente o suficiente)

Começando pelo fato de eu não ter a menor ideia do que escrever no capítulo, eu não sabia se continuava a história partindo do hospital ou se mostrava o ponto de vista do Jasper antes do incêndio... Então há umas semanas atrás eu me decidi pela segunda opção, mas isso foi alguns dias antes do OSCAR 2011 (que por sinal, foi perfeito) e eu entrei num estado de adrenalina total porque ainda faltavam 6 filmes para eu ter visto todos os que estavam concorrendo e eu precisei vê-los, então não deu tempo de escrever . Aí, há uns 8 dias atrás, eu resolvi escrever e escolhi fazer a primeira opção, só que eu não tinha reparado no seguinte trecho:

“outra pessoa que parecia soluçar perto do meu ouvido, de modo que eu acreditava que só eu podia ouvir.

Jasper.”

Então, Victoria Lopes Shiratsu... Eu te mato agora ou espero para contratar um assassino de aluguel? Nunca vou te perdoar por ter feito o meu Jazz perfeito soluçar sem a minha autorização...Então, quando eu vi esse trecho, eu não sabia se eu ria ou se eu chorava...

Achei melhor rir... e me desculpem, mas foi tudo o que eu consegui fazer...Agora vamos ao capítulo... Então... Vocês já perceberam, eu não tive coragem de continuar a história partindo do hospital, porque o incêndio foi a Vick que criou então ela vai resolver ele sozinha... (vingança! MUAHAHHAHAHA)

Continuando: Já que eu não tive criatividade nenhuma pra criar esse capítulo, tentei explorar um lado mais social da vida do Jasper, focando nos pais e nos amigos... ;D, porque apesar da história ser sobre Alice e Jasper, existem outras pessoas nesse contextos que eu não pretendo deixar de fora.

Vocês devem ter reparado também que tem um ponto de vista da Rose nesse cap... Eu criei ele porque não estava com vontade de escrever o "momento heróico do Jasper" salvando a Alice, até porque eu não sou boa em descrições a acredito que vocês não iriam querer ler uma descrição bem amadora de um salvamento clichê... E eu também estava com vontade de escrever alguma coisa sobre a Rosie... Então a cena que ela narra ficou tipo um "Enquanto isso no aeroporto de Seattle".Mas enfim...

Fique à vontade para odiar o capítulo e mais à vontade ainda para escrever tudo o que você pensa nessa barrinha aí embaixo... Prometo que não levarei para o lado pessoal...

***

Bem... Mais duas lindas pessoas recomendaram a nossa fic e eu escrevi uma respostinha para elas. ;D

Isa_Vampire: Oieeeeeee.... ;D... hahaha... Por que todo mundo tem vontade de matar a coitada da Rosalie? (ok, foi brincadeirinha).... Eu sei que já disse isso um milhão de vezes, mas eu também acho o Jazz muito perfeito (exceto quando a Vickie escreveu o momento gay dele no capítulo passado), mas acho que por eu ter sido a criadora dele, sou suspeita para falar... ;D Quanto à Bella-emo... Eu sinceramente não gosto muito de escrever sobre ela, acho que é porque ela está passando por um turbilhão emocional tão grande e profundo que eu acho que não conseguiria descrever isso de um modo convincente sem parecer que ela é totalmente fútil... Não gosto de escrever sobre ela porque ela representa problema para mim como “escritora”. Enfim... Obrigada pela recomendação... PS.: eu ri alto com o “Dumbo”.


YezaDutra: Ois... ;D... Nossaa!! Melhor fic Alisper que você já leu??? Olha só a moral que você tá dando para nós... Depois a gente fica se achando... Fiquei feliz que você falou do drama que faz com que você dê valor as coisas... O objetivo da fic era justamente esse... Fazer com que os leitores reflitam sobre a vida e os valores dela... Eu, como autora tento ao máximo passar essas mensagens através de detalhes pequenos. ;D... Muito obrigada de novo pelos elogios... Você não tem noção do quanto é importante para nós. Obrigada pela contribuição!

***

HM... Agora é a minha hora preferida do dia. ;D

HORA DE ENCHER O SACO DOS LEITORES!


Você que é uma pessoa feia, chatonilda, verruguenta, xexelenta, piolhenta e gorda já pode subir a página, porque eu já sei que você não vai mandar reviews... Então nem perca seu tempo... Vá lá no seu chuveiro tentar tirar a caspa desse seu cabelo ensebado.


Se você não for essa pessoa que eu acabei de descrever, eu te dou autorização para continuar lendo (kkk)

Eu sei que é uma cara-de-pau extrema vir aqui pedir reviews depois de ter ficado quase dois meses sem escrever nada nessa fic, mas eu já cheguei à conclusão de que eu sou cara-de-pau o suficiente para fazer isso...

Então vamos lá...


MANUAL DE INSTRUÇÕES DO LEITOR FELIZ:

1) Vá até a página da fic.

2) Grite "ALELUIA" quando você ver que tem um capítulo novo.

3)Leia o capítulo

4) Xingue MUITO a autora por ter demorado tanto para escrever míseras 10 páginas no word.

5) Leia as notas finais imbecis que a autora escreve unicamente para VOCÊ ler.

6) Xingue mais ainda quando você ver as desculpas esfarrapadas que ela deu por ter demorado tanto.

7)Faça uma cara de "até parece que eu vou mandar review" quando você ler esse pedido suplicante da autora.

8) Pense no quanto a infeliz da autora já escreveu nessa fic só para você ler e no quanto ela ficaria feliz ao ler o seu review, não importa o que você escreva.

9) Pense na sua felicidade, como autor recebendo um review feliz depois de ter ficado tanto tempo sem postar e descobrindo que alguém ainda lê as tralhas que você escreve.

10) Olhe atentamente para aquela barrinha branca lá embaixo... SIM! ELA ESTÁ TE CHAMANDO!

11) Obedeça ao chamado dela e escreva um review para a autora xingando ela por ter demorado tanto ou dizendo tudo o que você pensa da fic dela...

12) Dê um sorriso feliz, ajeite seu cabelo (não ensebado) e já pode sair dessa página. FIM! ;D