Enquanto eu comia a pizza fria que já havia chegado há uma meia hora, me lembrava da sensação de adrenalina que eu havia sentido, é claro que havia sido por causa da corrida rápida, mas meu coração palpitava fortemente e fielmente ainda.

O telefone tocou, e dessa vez não era James.

- Sim Charlie... – era meu pai.

- Estou precisando de algum dinheiro, pode me ajudar? – ele sussurrava.

- Mais dinheiro? No que se meteu desta vez pai? – perguntei.

- Algumas apostas, você vai me emprestar? – ele falava rapidamente.

- Você pode pegar com Tanya, minha secretária amanhã?

- Certo. Obrigado Bells – ele desligou.

Agora havia um nó em minha garganta, Charlie viciou em apostas desde a morte de minha mãe, Renée. Ele se tornara um viciado compulsivo e eu me perguntava se ele poderia estar viciado em outras porcarias por aí... Não, eu não poderia pensar nisso, afinal ele era meu pai, de qualquer maneira. Mas eu não me sentia assim, ele não me dava carinho algum, não perguntava sobre meu dia, aquele já não era meu pai.

Joguei o prato na pia, que não se quebrou por sorte.

A noite estava sendo longa e, dessa vez eu havia decidido não chamar James pra satisfazer meus desejos provenientes da depressão. Liguei o abajur sem me mover na cama apenas estendendo a mão até o criado mudo, abri os olhos lentamente, tentando acostumá-los com a luz e então... Eu o vi.

Edward estava encostado na parede ao lado da porta. Seus olhos me fitavam como se eu fosse sua presa, ele sorriu de um jeito torto e veio em minha direção. Eu pisquei os olhos e ao abri-los ele já não estava mais lá. Frustrante.

Como eu poderia ter ilusões com um mero motorista? Já não bastava às sensações estranhas que se apoderavam de mim quando sentia seu perfume ou admirava suas habilidosas mãos no volante? Eu precisava me tratar, ou algo assim. Virei-me na cama algumas vezes, estava impossível adormecer.

Peguei o telefone, eu estava prestes a ligar pra James, procurei na agenda, mas o nome que veio antes me chamou mais atenção.

POV. Edward

O toque estridente do celular me assustou, atendi automaticamente sem ao menos olhar no identificador.

- Sim... – nada. A pessoa do outro lado não me respondera. – Quem está ai? – perguntei irônico.

Agora eu ouvia a respiração abafada, talvez pela mão da pessoa.

- Eu vou desligar... – esperei mais um minuto e desliguei.

Procurei no registro de chamadas, Senhorita Swan. O que aquela mulher queria a essa hora da madrugada? Depois dessa tarde eu não me surpreenderia com ela afinal, aceitou que um louco por velocidade como eu dirigisse seu caro volvo. Ela com certeza não tinha a mínima idéia das variadas funções que ele possuía. Desperdício, ele não era um SSC Ultimate Aero3, mas era realmente veloz. 

Este era meu novo desafio e eu tinha que enfrentá-lo esse seria o último e então eu estaria livre pra ir embora desse lugar. Depois de tantos golpes, eu pensava que não me surpreenderia mais, mas desta vez foi diferente.

A linda executiva andando em minha direção era algo raro, uma pedra preciosa nos dois sentidos da palavra. Mesmo pensando que seria mais fácil corromper uma mulher, porque homens são realmente mais inteligentes, aquela era uma exceção.

Não que ela conseguiria me convencer com suas curvas e seu sorriso exótico, mesmo sendo altamente provocativos para um homem como eu, mas havia algo naquela mulher que me fazia aceitar aquela missão como um desafio alucinante.

Carlisle me informara sobre ela, Isabella Marie Swan, editora chefe da FashioFlash magazine, ela não era realizada no trabalho, muito menos na vida. O pai, Charlie Swan um apostador que não passava de um alcólatra iludido e a mãe falecida em um acidente. Ela saia com James, um idiota vagabundo que apenas satisfazia seus desejos quando ela tinha vontade, por seu perfil, não parecia realmente satisfazer nada.

Talvez eu pudesse começar por este ponto. É claro, ela era uma mulher carente, e se embaraçou ao me ver, como todas as outras. Sim, este seria o primeiro pino a ser derrubado. Não seria difícil, seria apenas mais uma, eu precisava me concentrar e começar a agir, quanto mais rápido acabasse, mais rápido teria minha tão sonhada liberdade.

“Não vamos acabar com o Carma

Não vamos começar uma briga

Não vale a pena um drama

Para um lindo mentiroso”

 (Beautiful Liar)