Traker faz uma brusca curva tentando manter ainda o Opalla sobre sua visão, sentia-se feliz que pelo menos Hirako está fora da jogada.

O necessário tinha sido deixado.

Agora é de se esperar que eles tenham pique para agüentar por mais algumas horas, precisamente 28 horas.

Ficara surpreso com a inteligência deles, mas os corpos dos mesmos devem estar pedindo descanso e com urgência.

Diminui a velocidade.

É paciente o suficiente para esperar pelo caída de Kurt.

Além do mais, as bombas não são ainda um problema para si.

Ainda.

 

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Daphe senti seu corpo totalmente elétrico.

Pensava que iria deixar o sono chegar lentamente, mas com os últimos eventos, sentia uma adrenalina que a detinha acordada e com sede de mais.

Nisso vê a tela de seu palmtop reluzir.

Ótimo.

Um novo código.

 

AABC EHMO - PHI        

 

Deixa um sorriso involuntário escapar enquanto entra em um cruzamento.

-Que legal – ironiza Kurt – Do que se trata isso?

-Hmm – murmura Will – Phi?

-Acho deve ser Pi, não? – indaga Kurt – O “H” só está ai para nos confundir.

-Nunca leu Código da Vinci não? – retorqui Daphe enquanto vê a creche a poucos metros de onde está

-Não perco meu precioso tempo lendo – replica ele serio enquanto vê o Audi manter uma razoável distancia

Sabia que não se enganara ao ver aquele rosto.

O do mesmo cara que cruzara semanas atrás.

Disso tinha certeza!

-O numero perfeito? – sibila ele ao ouvir as palavras vindo de Daphe

-Exatamente – confirma ela – Você também pode chamá-lo de razão áurea, proporção áurea, divina proporção.

-Já entendi – diz ele apressadamente – Por que chamar um numero de perfeito?

-Pelo simples fato que é a proporção ideal das coisas. – respondi Will

-Aham – diz Kurt com descrença – Manda um exemplo.

-Meça sua altura e depois divida pela altura do seu umbigo até o chão. – exemplifica ele

-Ou então a proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas machos em uma colméia – diz Daphe enquanto vê um porteiro na frente da creche.

Ela então trinca os dentes e engata a quinta marcha, acelerando em seguida.

Iria entrar com tudo.

-Segurem-se queridos – avisa ela enquanto pisa mais fundo no acelerador

Os dois homens desequilibram-se com a brusca mudança enquanto Daphe simplesmente atravessa o portão da creche, fazendo-o voar por cima do carro.

Ela vê pelo retrovisor seu perseguidor se desviar do portão, trinca os dentes;

-Deixo que cuidem deles, sim? – indaga ela saindo abaixada do carro.

Fizera com que ele lhe desce cobertura, entra na creche com algumas balas ficando cravadas na parede.

Ela respira fundo ao se ver fora da zona de tiro, mas ainda tinha que resolver o problema.

Pega seu palmtop e vê o novo código.

 

AABC EHMO – PHI

 

-Sabemos que Phi trata-se de 1,618 – refleti ela caminhando pelo corredor escuro

-De onde tirou essa idéia? – replica Kurt enquanto saia do túnel vendo o sol começando a aparecer.

-Ai, garoto – queixa-se ela – Fica calado que é melhor.

-Trata-se do numero Phi, Kurt – explica Will sereno enquanto respira fundo fazendo mais uma curva.

Isso nunca acabaria?

-Isso mesmo – confirma Daphe olhando por todo o lugar – Mais precisamos saber o que as letras de antes querem dizer.

-Estamos falamos de números sim? – indaga Kurt bocejando

-Não durma pra inicio de conversa – diz Daphe

-Relaxa, tô mais acordado que vocês dois juntos – ele diz para acalmá-los.

Ouve então os murmúrios de concordância deles.

-Muito bem – continua ele – Acompanhem meu raciocínio, phi é um numero, assim sendo as letras também devem ser.

-Uau – satiriza Daphe – O garoto usou o cérebro, demais.

-Não tem de que, querida – replica ele com escárnio.

-Sendo assim, se sua idéia estiver correta – diz Will entrando em mais uma viela, mas olha ligeiramente para o marcador de combustível, não agüentaria por muito tempo – Substituía as letras por quais números?

Daphe encontra sobre a mesa de diretoria, alguns papeis, pega um e procura por uma caneta.

Nisso resolve substituir as letras, por seus respectivos números.

 

A-A-B-C E-H-M-O

1-1-2-3-5-8-13-21

 

 Sorri rapidamente e logo depois volta-se para fora, não vendo ninguém.

O que poderia estar acontecendo agora?

-Daphe – chama Will – Conseguira alguma coisa?

Ela volta sua atenção para o código.

-Sim – confirma ela balançando a cabeça afirmamente – Se lembra da seqüência de Fibonacci?

-Disso eu sei – intromete-se Kurt entrando em mais uma rua qualquer.

Trata-se de outro que não agüentaria por muito tempo.

-Ah, é mesmo? – indaga Daphe com escárnio – Diz ai como funciona?

-É simples você começa com 1-1, depois vai somando.

-Em que sentindo? – instiga Daphe olhando a sala

-O terceiro numero é a soma dos dois números adjacentes, os que vieram atrás – responde ele confiante – Aprendi isso semana passada.

-Está explicado então – murmura Will se espantando com uma bala acertando o banco do carona

-Muito bonito – ironiza Daphe enquanto começa a mexer nas gavetas. – Poderiam me dizer qual o tamanho da bomba?

-Do tamanho de um caderno grande – respondi Kurt

-Isso ajuda muito – queixa-se ela girando por toda a sala – Senhores, o traço trata-se de soma, acredito então que deve-se somar todos os números.

-Em que sentido? – pergunta Will entrando em uma praça.

-Soma de duas parcelas, depois o mesmo com os demais números.

-Hmm – murmura Kurt procurando algum lugar para se esconder.

-Preciso encontrar primeiro a bomba – diz Daphe franzindo a testa preocupada.

-Deveria resolver a conta – sugeri Will

-Isso é o menor dos problemas – discorda ela – Preciso achar a bomba e sair daqui, não sei por quanto tempo estarei segura. Além do mais, saiam detrás do volante, não agüentarão por muito tempo!

-Sabemos disso – resmunga Kurt entrando em uma espécie de estacionamento.

Ela suspira abrindo duas gavetas e depois revirando os papeis.

-Está complicado – diz ela mais para si mesma do que para os rapazes.

-Essa creche deve ser enorme – diz Kurt acelerando enquanto procura uma vaga, tinha que despistar o quanto antes.

-E isso me deixa em maus-lençois – lamenta-se ela

Daphe preferi então sair da sala e começa a vasculhar por todo o lugar.

Começa a sentir suas pernas fraquejarem enquanto o nervosismo e desespero nublam sua mente.

-Daphe, algum progresso? – indaga Will sereno

Tem como resposta um choro abafado.

-Dada – chama Kurt com carinho

-Pare de me chamar assim, garoto – ela o recrimina enquanto limpa as lagrimas que desceram de seus olhos com as palmas das mãos.

Ele então se cala, enquanto coloca seu Opalla em uma vaga, saindo logo em seguida.

Não tinha qualquer chance de ter sido visto.

Daphe então entra na secretaria onde depara-se com inúmeras caixas, gavetas, armários.

Não agüentando mais, desaba deixando que as lagrimas descessem de seus olhos.

Por que as coisas tinham se tornado tão complicadas?

-Daphe reaja – incentiva Will entrando na avenida mais movimentada que encontrara agora

-Se você visse o que estou vendo agora, não diria isso – replica ela se levantando.

-Que tal você se movimentar? – sussurra Kurt – Eu desarmei uma bomba, quer ficar atrás de mim?

-Não se gabe, piralho – diz ela ríspida – Eu encontro rapidinho essa bomba.

-Tô esperando para ver se isso é verdade – replica Kurt passando por dois Fords e vendo o Audi passando.

-Cala a boca – ordena ela ríspida abrindo a primeira gaveta e espalhando seu conteúdo pela sala

Kurt sorri vitorioso.

Pula para dentro da caçamba de uma picape e encolhe-se todo, sentindo o medo dominar todas as suas células.

Enquanto isso, Will tenta manter o pique enquanto o Sedan ainda mantêm-se em seu encalço.

Daphe revira tudo com rapidez impressionante enquanto sua respiração fica cada vez mais difícil.

“Vamos, apareça!” – pensa ela enquanto vira mais uma caixa.

Nada.

Vai então para os armários, revirando tudo.

Até que sua mão toca em algo um pouco mais sólido.

Ela então tira os inúmeros livros e bibelôs do caminho.

Solta um grito de felicidade, mas logo tapa a boca dando uma olhada por todo o lugar para saber se alguém tinha escutado.

Logo depois, pega a bomba com cuidado, a tratando como se fosse um frágil cristal.

-Muito bem agora só preciso digitar o código – diz ela pegando o papel onde escrevera a seqüência de Fibonacci.

Ouve suspiros de alivio dos dois rapazes, mas logo retorna sua concentração ao problema.

Pega uma caneta e rapidamente desenrola a fazer cálculos apesar da sua mente pedir com mais urgência por um descanso.

Após cinco minutos ela respira aliviada.

Tentara a soma certa por esse tempo.

Se o resultado não fosse o código, não sabe como seria.

Voltasse então para a bomba.

-Muito bem – diz ela suavemente – Vamos ver se consigo desarmá-la.

Digita então.

1...6...2...7.

Daphe engoli em seco apreensiva com a demora da confirmação do código.

O display reluz uma única vez, depois apaga, dando a ela uma sensação de tremendo alivio.

-Falta agora só mais uma – diz ela desabando

Segue-se um silencio aterrador.

Onde Daphe só ouvia barulho de tiros, carros derrapando e um choro abafado.

Senti seu corpo se retesar.

Estaria em perigo também?

Daphe encolhi suas pernas, as abraçando em seguida.

O medo se alastra por todo seu corpo numa velocidade impressionante.

Quem mais morreria?

Por que Traker os metera nessa situação?

-Senhorita Guimarães? – chama um dos morenos entrando na sala

Ela ergue seu olhar assustada.

O homem então aproxima-se dela que tenta afastá-lo de si, mas ele a abraça fortemente.

-Por favor, nos ajude – suplica ela deixando lagrimas molharem a camisa do moreno que ouve em silencio seu pedido.

Will senti seus braços e mente pedirem descanso, mesmo assim apieda-se da suplica de Daphe fazendo com que tenha mais animo para conseguir se manter acordado.

Só que se surpreende ao ver um carro bloqueando sua passagem.

Estaria também perdido?

De dentro sai duas pessoas que usavam roupas pretas e brancas num misto de combinação.

Não sabe se sente-se aliviado ou fica mais preocupado.

Mais logo verifica que a primeira opção é a melhor.

Enquanto á Kurt que ainda está encolhido na picape, fica surpreso ao ver uma mulher entrando também na caçamba da picape.

-Está seguro agora, senhor Silvers – diz ela numa voz de veludo.

Depois de ouvir isso, ele adormece.

A mulher suspira enquanto vê seu rosto.

Tão jovem e já está tão sobrecarregado.

Um homem junta-se á eles.

Logo depois pega Kurt nos braços e sai seguido da mulher.

Por hora a ultima bomba teria que esperar rodando as ultimas 24 horas que faltavam.