Amigos e Amantes escrita por Najayra


Capítulo 21
Segunda Temporada - Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Narrador por Vittany



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Já faz três meses e meio. Olhei meu corpo refletido no espelho e vi apenas uma pequena deformidade em minha barriga. Se fosse antigamente, com apenas um mês de academia eu daria um jeito nisso, mas agora... Eu precisarei de nove meses. Troquei de roupa e fiz a maquiagem de sempre, olhos carregados de lápis preto e um gloss transparente na boca. Peguei minha mochila e fui até a sala. Meu pai estava lá, lendo seu jornal e tomando seu café.

- Bom dia, minha filha.
- Bom dia, pai. – sentei-me à mesa – Onde está mamãe?
- Ela aparecerá logo.
- Ahn...

Depois que a minha gravidez foi divulgada para a família, meu pai está mais distante de mim, apesar de que ele me apóia sempre. Minha mãe, bom... Se você olhar atentamente para ela por apenas três minutos, perceberá o efeito que esta noticia teve sobre ela. Ela tem trabalhado no automático direto. Acorda, lava, cozinha, ou trabalha, volta, deita e dorme. Ela parece um zumbi.

Ela apareceu. Vestia uma blusa social branca, com um corpete que ela havia comprado. O corpete, digamos, era costurado junto a uma saia de mesma cor e tecido preto, ficava parecendo um vestido. Só que ele pegava abaixo dos seios, somente cintura e quadril, então a blusa branca cobria somente os braços, o colo e seus seios absurdamente grandes. Que inveja dela... Nunca havia percebido o quão elegante minha mãe era, admito que o que sinto agora é um tipo de... Orgulho. Se bem que não adiantaria muito. Ela se sentou à mesa com a gente e falou “bom dia”, dando um beijo em meu pai. Novamente fui ignorada. Ah... Acho que mereço.

- Vocês vão ao médico hoje, não é? – perguntou meu pai.
- Sim. Talvez a gente fique sabendo o sexo do bebê. – eu respondi com um sorriso ao imaginar se era menino ou menina. Meu pai retribuiu o mesmo sorriso e minha mãe... Nada disse. Fazia um tempo que ela não sorria também.
- Meu amor, você está maravilhosa. – meu pai dizia acariciando a perna dela. Ela finalmente sorriu, mesmo que de canto – Por acaso, há algum evento, ou algo do tipo?
- Está querendo dizer que só fico “maravilhosa” quando há algum evento especial? – ela tentava complicá-lo.
- Não foi isso o que eu falei... – ela conseguiu fazer meu pai ficar constrangido. Ela deu um risinho baixo e um beijo, de forma mais demorada dessa vez – Odeio amar você, Desirée.
- E eu adoro saber que você me ama. – ela deu um beijo em seu rosto e voltou para o café – Na verdade, depois do médico haverá um pequeno congresso, só para apresentar novos métodos... Coisa bem rápida.

Engraçado... Depois de 16 anos de casados, 20 anos de namoro, eles ainda se dão tão bem. Parecem dois adolescentes com um romance light de escola. O companheirismo deles é algo fora do normal. Será que é isso o que chamam de alma gêmea, destinados a ficarem juntos até a morte os separe? Eu quero isso pra mim. Eu quero um “amor da minha vida”. Mas...

- Você só tem 16 anos. – minha mãe falou para mim. Era como se estivesse lendo a minha mente ou, no mínimo, tivesse lido minha expressão melancólica e desejosa.

Papai se despediu, e eu e minha mãe seguimos em direção ao médico. Era na quadra ao lado, por isso iríamos a pé. Silêncio total. Ela seguia na frente e eu logo atrás, cabisbaixa. Quando vi sua sandália, tentei puxar assunto.

- Nossa! Que lindo seu sapato, mãe! – ela respondeu com um seco e gélido “obrigada”. Fechei a boca novamente e continuei a caminhar. Paramos na faixa de pedestres. Quem diria que aquele momento seria o mais decisivo da vida dessa família...

O sinal abriu para nós e começamos a atravessar. No meio do trajeto, um carro prateado vinha em nossa direção, a toda velocidade. Minha mãe virou o rosto para o motorista e se assustou com o que viu. Não deu tempo nem de piscar direito, muito menos deu tempo para pensar no que fazer. Minha mãe gritou meu nome e se jogou na minha frente, abraçando-me. Senti o impacto indiretamente. O carro bateu contra o corpo dela e, como estava abraça a mim, eu segui o mesmo curso. Nós duas fomos lançadas a uns quatro metros de distância, rolamos no chão. Graças a minha mãe, apenas ralei as costas no asfalto. Virei a cabeça um pouco para ver o carro, olhei a placa e a reconheci. Era o carro de Pedro, o pai do meu filho. Voltei o olhar aflito para minha mãe. Pela forma retorcida de seu corpo, ela deve ter quebrado várias coisas. O que me preocupava não era isso. Era o olhar cadavérico que ela me lançava e o mar de sangue que se esparramava pelo chão.

- Mãe!! Mãe!! Aguenta aí, por favor! Alguém me ajude! Chame uma ambulância! – um senhor já estava com o celular na mão discando para a emergência.

Eu chorava, muito mesmo. Não era possível que tudo aquilo estivesse acontecendo. De repente, senti uma dor aguda na barriga. A dor, que de início era uma simples pontada, parecia se alastrar por meu corpo. Eu me contorcia, pessoas tentaram me ajudar, mas não adiantou. Minha visão escureceu e levei comigo a imagem desesperadora de minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Agora, começa a complicar de fato...
Será que alguém vai morrer? Ou a autora dará um jeito de obter o final feliz ^^? Hehe

Não percam! Cenas do próximo capítulo ;)



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