Escolhas escrita por naathy


Capítulo 14
13. Liberdade.


Notas iniciais do capítulo

Nem demorou muito dessa vez! ;)



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Foi tudo muito rápido. Gabriel quebrou o restante da garrafa na cabeça de Eduardo, e uma confusão se formou ali. Mas, ao que me parecia, todos os presentes naquele salão estavam tão alcoolizados que não perceberam quem havia feito aquilo. Enquanto eu ainda observava e tentava assimilar tudo que estava acontecendo Gabriel me puxou.

                - Vem comigo, rápido!

                Não pensei, apenas o segui. Quando chegamos próximos à porta da casa, ele parou pelo fluxo de pessoas que entrava no local para ver o que havia ocorrido. Alguns perguntavam para ele o que havia ocorrido e ele respondia apenas que alguém havia quebrado uma garrafa na cabeça de um homem e depois dava de ombros. Muitos olhavam para mim e depois para a mão de Gabriel segurando minha mão, estranhando tal ato, eu acredito por me reconhecerem como sendo a intocável mulher do “poderoso traficante”, da qual eu não possuía noção de por qual apelido ele era reconhecido. Mas o que mais me surpreendeu em toda a confusão foi a frieza com que o garoto ao meu lado agia, nunca havia imaginado que ele poderia agir dessa forma.

                - Você vai chamar muita atenção vestida assim. – Disse passando as mãos pelos cabelos e depois pelo rosto. – Alias... Você já está chamando. - Murmurou cansado e voltou a me olhar. – Acredito que todos sabem que você estava com ele, afinal, não tinha como não perceber a sua presença. – fez um carinho em meu rosto. E se virou me puxando pelo pulso indo em direção oposta a que estávamos indo, nos encaminhando aos fundos da casa. Lá havia uma porta e depois um alto muro. Ele olhou ao redor e encostado sobre a casa, havia uma escada de madeira.

                - É muito alto para pularmos. – Eu disse, já prevendo o que ele iria dizer.

                - Esse muro só é alto na parte interior. O muro pro lado da rua tem cerca de dois metros. – sorriu.

                - Hum... Como você sabe disso?

                - Conheço essa casa há muito tempo. – piscou, pegando a escada e colocando-a encostada no muro. – Suba primeiro e me espere sentada lá. – disse apontando para cima do muro. Assenti, tirei minhas sandálias e comecei a subir a escada, olhei para baixo, por um momento, e vi que ele olhava para o lado enquanto segurava firmemente a escada. Sorri com isso. Afinal, estava de vestido e se fosse qualquer outro teria aproveitado para olhar para cima. Quando cheguei ao topo, sentei-me com as pernas viradas pra rua. Não demorou muito e ele subiu também.

                - Eu pulo primeiro e depois você pula. – ele disse, eu assenti e então ele pulou.

                - Você é bom nisso! – brinquei. Ele riu.

                - Eu a vi escalando um portão, ou seja, acho que não sou só eu que sou bom nessas coisas, minha macaquinha. – brincou. E eu sorri, não apenas pela brincadeira, mas sim pela simples colocação do pronome possessivo “minha”. – Vem! Eu te seguro. – sorriu.

                Pulei e ele me segurou pela cintura. Ficamos parados durante um tempo aproveitando a sensação de paz que a proximidade e o perfume inebriante dele me causava. Só quando já estávamos caminhando pela rua deserta é que eu havia me dado conta do que estava fazendo. Eu havia fugido com ele, com o meu anjo.

                - Isso é loucura! – Falei parando e levando as minhas mãos a cabeça, balançando-a negativamente. Ele parou também e me abraçou.

                - Ei, calma! – beijou o topo da minha cabeça.

                - Calma? – perguntei incrédula e ele assentiu. - Não! – Empurrei-o. – Será que você não percebe que isso será pior? – ele ergueu a sobrancelha. – Quanto tempo você acha que ele demorará a vir atrás de mim?

                - Vai dar tudo certo... Eu prometo. – disse voltando a me abraçar. Dei um passo para trás, e ele baixou a cabeça.

                - Você não entende o quanto ele é perigoso... Céus! – passei a mão nervosamente pelo rosto e as primeiras lágrimas começaram a molhá-lo. Ele ergueu sua cabeça e rapidamente pegou minha face entre suas mãos e me olhando no fundo dos meus olhos disse:

                - Nada irá acontecer comigo, ou melhor, com nenhum de nós dois.

                - Como você pode ter tanta certeza disso?

                Por um momento ele desviou o olhar do meu, respirou profundamente e quando seu olhar voltou ao meu, acariciou a minha face.

                - Eu apenas sei...

                - Mas...

                Ele depositou um dedo sob os meus lábios, silenciando-me e por fim encerrou o curto espaço que havia entre nossos rostos encostando sua testa na minha.

- Confie em mim! – sussurrou com seu olhar fixo ao meu.

- Eu confio... – respondi no mesmo tom.

Ele sorriu e foi inevitável não imitá-lo. Aos poucos ele acariciou mais uma vez minha face e por fim seu olhar se desviou para os meus lábios e eu como por instinto umedeci-os. E sem mais espera ele colou seus lábios nos meus em um beijo capaz de demonstrar a intensidade daquilo que estávamos vivendo. Ali naquele momento não havia a preocupação com o que iria ocorrer assim que o Eduardo nos encontrasse. E sim apenas a demonstração de algo que eu já havia admitido para mim mesma, um sentimento puro, simples e maravilhoso. Naquele instante, aquele gesto, tão íntimo e intenso, me fez acreditar que era recíproco. Mas a confirmação disso, proferida por ele, eu não possuía. Ao decorrer do beijo a sua intensidade foi aumentando e quando me dei conta, ele havia me prensado contra uma parede, suas mãos posicionadas estrategicamente, uma em minha cintura e outra em minha nuca, me mantinha extremamente próxima de seu corpo. Permanecemos ali, alheios a tudo ao redor por um tempo o qual não saberia dizer se foram apenas segundos ou minutos, e isso sinceramente não importa.

Um trovão, ao mesmo momento em que o chão deu uma leve estremecida, precedeu as grossas gotas de chuva que não tardaram a cair. Nos dois sem nos separarmos sorrimos quando os primeiros pingos nos atingiram, era como se aquele evento da natureza apenas nos banha-se e viesse para nos livrar de todas as impurezas e de qualquer mal. Eu preferia ver a chuva dessa maneira, sem me importar com a minha roupa estava começando a ficar encharcada, ou com nada. Senti algo vibrando e ele relutantemente separou nossos lábios e colocou a mão no bolso da calça retirando dali o seu celular.

                - Oi, pai! Eu já ia te ligar... – Alguns instantes de silêncio, enquanto ele escutava a resposta. E se afastando de mim, disse: - Sim, preciso de um favor seu...

                Assim que ele afastou-se, senti falta de seu corpo quente junto ao meu. Pois a partir de então comecei a sentir frio pela a chuva gelada que me molhava, fazendo com que eu abraçasse o meu próprio corpo, na falha tentativa de me aquecer. Após algum tempo conversando com o seu pai pelo celular, ele retornou. Estava mais sério.

                - Vamos pegar um táxi, depois encontraremos o meu pai.

                - Para onde vamos?

                - Para longe daqui, onde você ficará longe desse monstro. – disse pegando minha mão, que soltei logo em seguida e ele me olharam confuso.

                - O que foi?

                - Eu não posso...

                - Claro que você pode. – disse se aproximando de mim e eu fiz um gesto impedindo que ele continuasse.

                - Não!

                - Gabriela, é a chance de você se livrar dele e voltar para perto de sua família.

                - E também a chance dele acabar com a sua família.

                - Não, isso não vai acontecer. – disse sério.

                - Como não? Você não pode prever o futuro... – disse nervosa. – Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai...

                - Ei, escuta! – ele disse, respirando fundo, logo em seguida, enquanto segurava meu rosto entre as suas mãos. – Meu pai é policial e não vai deixar nada acontecer, tá bem?

                Balancei minha cabeça em negativa por várias vezes.  Ele bufou.

                - Pare de ser tão teimosa! – quase gritou, fazendo com que eu me encolhesse. Ele percebendo isso fez um carinho em minhas costas e sussurrou: - Vem comigo, amor...

                A última palavra me fez olhá-lo e paralisar diante daqueles olhos. Ele havia me chamado de amor! Sorri timidamente por isso.

                - Gabi, vamos logo, pois se não formos... Daí, sim nós teremos motivos para nos preocupar.

                Acabei cedendo e logo já estávamos dentro de um táxi, indo para um lugar desconhecido. Mas eu não estava com nenhum pouco de medo ou insegurança, talvez a mão dele segurando firmemente a minha, juntamente com seus olhos e com o seu sorriso me dessem toda a segurança e coragem que eu precisava. Eu estava... feliz!

                               


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não? Se surpreenderam?

Bom, flores lindas! Mais uma vez quero agradecer todo o carinho de vocês. Muiiito Obrigada! *_*


Beijo ;*
Naathy



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