Just Sleep escrita por Wyvern


Capítulo 1
Only


Notas iniciais do capítulo

Ah, eu não sei bem o que me levou a fazer uma one shot dessas... Acho que só o tédio. >—>



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            A chuva continuava a cair de leve, alguns relâmpagos soando ao longe. Aquela garoa era apenas um prelúdio para uma grande e terrível tempestade que estava por vir. A mãe seguiu pelo corredor, deixando a luz acesa enquanto entrava no quarto. O menino não disse nada enquanto ela sentava-se na cama e colocava a cabeça de seu filho no colo. Seus dedos percorreram seus fios escuros e macios com carinho, tentando levá-lo ao sono. Entretanto, os olhos do menino estavam abertos e assustados. Uma melodia sem letra soou dos lábios da mãe para acalmá-lo, mas um barulho horrível a interrompeu. Batidas fortes contra a porta e vozes abafadas vindo do lado de fora. Ela não se abalou.

 

            - Não se preocupe, meu bem. – sussurrou no ouvido do menino. – Não vou deixar os demônios entrarem.

 

            Ele continuou sem dizer nada. A mãe sacudiu a cabeça, preocupada, e recomeçou a cantar enquanto acariciava seu cabelo. Por que seu filho não conseguia dormir? Ele estava a salvo. Ela o deixara no quarto para que os demônios não o achassem, não o machucassem. Seu filho não merecia sofrer naquele mundo cruel. Não, ela o havia salvado. Ela amava seu filho. Amava-o acima de todas as coisas, e por isso não deixaria a maldade do mundo o corromper. Os sons de punhos contra a madeira continuaram, mas a mãe não abandonou o menino. O corpo dele estava calmo sobre o seu, mas seus olhos ainda estavam abertos.

            Não precisa ter medo, repetiu para o filho ao ouvir o som da porta sendo derrubada, apenas durma. Os passos pesados ficaram cada vez mais perto, calando quase por completo o cantarolar da mãe para o filho. A porta ao fim do corredor foi aberta com força, permitindo que os homens invadissem o quarto, as armas em punho e preparados, como se esperassem encontrar uma pessoa perigosa e violenta os atacando. A mãe apenas ergueu o rosto e colocou o dedo na frente dos lábios antes de se voltar para o menino.

 

            - Não façam barulho. – sussurrou docemente. – Ele está quase dormindo.

 

            Os policiais não sabiam o que fazer diante da cena. O quarto estava arrumado, com as luzes apagadas, deixando a lâmpada do corredor como uma leve iluminação. Era decorado com desenhos de foguetes e estrelas, típica decoração para o quarto de uma criança. Sentada na cama, a mulher acariciava os cabelos do menino que tinha a cabeça pousada em seu colo. Mas o que chamou a atenção foram as manchas vermelhas pelas paredes e pelo chão. Feitas por algo grosso demais para ser apenas tinta. Estavam por toda a parte.

            Deitado sobre a colcha de foguetes, o menino pendia, sem se mover. Seus pulsos e tornozelos estavam amarrados com cordas, deixando marcas na pele. Um pano preto estava amarrado em torno de sua boca, e seus olhos estavam vidrados e aterrorizados. Por entre os cabelos escuros, um imenso corte vertia sangue, manchando a roupa da mulher e os lençóis da cama. Chocado, um dos homens puxou a mulher para longe do menino e prendeu seus braços com algemas. Enquanto a levavam, o líder do grupo se aproximou do filho e fechou seus olhos sem vida. Isso deixou a mãe radiante.

 

            - Durma, meu bem. – disse em tom baixo e terno para o corpo na cama.

            “Durma para sempre longe dos demônios”

 


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