Things Of Fate escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Após mais um dia de trabalho, Alice estava sentada no sofá de sua casa, com a filha Ana Lua, que estava deitada com a cabeça em seu colo. Alice acariciava os lindos cabelos negros da pequena garotinha, de apenas cinco anos de idade, enquanto assistiam desenho animado na TV.

– Mamãe, o papai está demorando, que horas ele vai chegar?

– Não se preocupe meu amor, daqui a pouco ele chega. Agora vamos subir para vestir seu pijama. Já está na hora de você dormir, mocinha.

– Ah, não mamãe! Não quero dormir agora, quero esperar o papai, por favor – Ana Lua falou juntando as mãozinhas e fazendo beicinho. Ela aprendeu usar esses métodos com a própria Alice.

Alice fez cara de pensativa se esforçando para não rir, encostou seu dedo indicador no nariz da pequena e falou.

– Tá bom! Só mais um pouquinho. Mas vai vestir o pijama sim. Vem!

– Não mamãe – Ana Lua choramingou. Alice a pegou no colo para levá-la ao quarto. Enquanto subiam as escadas a garotinha pousou suas mãozinhas no rosto de Alice e falou.

– Mamãe, eu te amo, sabia?

– Sei, sim. Mas quanto você me ama? – Alice perguntou interessada na resposta que a filha lhe daria.

– Do tamanho do universo – Ana Lua respondeu.

– E eu te amo do tamanho do universo elevado ao quadrado.

– Mas também amamos a papai da mesma maneira, não é?

– Claro que sim! O que seria da gente sem aquele loirinho lindo – Ana Lua gargalhou nos braços de sua mãe. Alice a beijou na bochecha, um beijo estalado.

Entraram no quarto da garotinha...

Alice a colocou na sentada na cama. Em seguida, dirigiu-se ao closet para pegar o pijama. Cinco minutos depois, Alice voltou com dois pijamas nas mãos, um vermelho e branco da Hello Kitty e um cor de rosa da Barbie.

– Qual dos dois vai querer meu amor?

– Vou querer o da Barbie – Ana Lua ficou de pé na cama para Alice tirar sua roupa.

– Mamãe?

– Sim.

– Por que você tem olhos azuis o papai tem olhos verdes e eu castanhos?

– Meu bem, você já me fez essa pergunta inúmeras vezes. Já esqueceu que minha mãe, ou seja, sua avó tem olhos castanhos? Você puxou a ela.

– Mas eu não queria puxar a ela, queria puxar a você.

– Filha, seus olhos são lindos.

– Mas os seus são mais. Mamãe, quando eu crescer posso usar lentes azuis? – Alice não pode deixar de rir com essa.

– Filha, você sai com cada uma.

A garotinha riu enquanto Alice lhe tirava o vestido para pôr o pijama. Quando Ana Lua ficou só de calcinha, Alice percebeu que tinha três manchas rochas por seu corpo: uma no ombro esquerdo e duas no abdômen. Percebeu também que as manchas não estavam ali horas mais cedo quando deu banho na menina, o que a deixou preocupada.

– Filha, você esbarrou em algo ou caiu e não falou pra mamãe?

– Eu não lembro.

Alice apertou em uma das manchas com o dedo, mas não com muita força.

– Isso dói meu bem?

Ana Lua balançou a cabeça negativamente.

– Não dói mamãe, mas eu já estou ficando com frio.

– Ah meu amor, desculpe – Alice colocou o pijama na garotinha, penteou-lhe os cabelos negros compridos até o meio das costas, beijou-lhe a testa por sobre a franja, a pegou no colo e voltaram para a sala.

Alice deitou-se no sofá e Ana Lua sentou no tapete com duas bonecas.

Alguns minutos depois, Alice cochilou e Ana Lua continuava a brincar com as bonecas, até que ouviu o carro do pai estacionar na garagem, largou as bonecas no tapete e correu para ficar atrás da porta quando Jasper a abrisse.

Ela ouviu o barulho das chaves abrindo a porta e segurou o riso. Quando o pai entrou, pulou em sua frente.

– Buuuh! – Ana Lua gritou.

Jasper fingiu se assustar.

– Te peguei hein, papai?! – falou sorrindo.

Jasper colocou sua pasta em cima de uma cadeira, em seguida pegou Ana Lua no colo enchendo-a de beijos.

– Cadê a mamãe? – Jasper perguntou entre os beijos.

– Tá dormindo no sofá, ela é dorminhoca.

Jasper riu, dirigiu-se até o sofá com Ana Lua ainda em seu colo, abaixou-se e deu um beijo terno nos lábios de sua amada.

– Acorda bela adormecida.

Alice abriu os olhos lentamente, esfregou os olhos com o dorso das mãos.

– Oi amor, que bom que chegou – ela sentou-se no sofá e Jasper sentou ao seu lado.

– O que essa garotinha sapeca faz acordada há essa hora?!

– Ela não queria dormir enquanto você não chegasse.

– Já imagino a cara que ela fez quando lhe pediu isso – os três riram.

– Papai, sabia que quando eu crescer, eu vou usar lentes azuis? A mamãe deixou.

Jasper olhou para Alice, que olhou para ele sorrindo.

– Eu não falei nada, ela que deduziu isso – Alice falou passando os dedos nos cabelos de Jasper, ele fechou os olhos ao seu toque.

– Tudo bem “senhorita lentes azuis”, está na hora de ir para a cama – Jasper falou enquanto fazia cócegas em sua garotinha.

– Para papai – Lua pediu em meio a gargalhadas.

– Dê boa noite para a mamãe, que vou te levar pro seu quarto.

– Vai contar uma história para mim?

– Vou! Mas só uma hein, e não adianta fazer beicinho.

– Eu não estou fazendo.

– Mas vai fazer que eu sei – falou pegando no nariz da filha.

– Boa noite, mamãe – se despediu, beijando o rosto da mãe.

Jasper a pegou no colo e levou para o quarto. Aconchegou a pequena na cama com o cobertor, pegou um livro de contos infantis e pediu que Ana Lua escolhe-se uma história.

– Eu quero essa e essa – falou virando as páginas do livro.

– O que eu falei?

– Que eram duas? – Ana Lua perguntou se fazendo de desentendida.

– Não meu bem, só uma, o papai está cansado. Amanhã eu leio duas, ok?

– Tá bom! Então eu quero que leia essa.

Jasper sentou-se na cama ao lado da filha, então, leu até que ela dormiu.

Depois, foi para seu quarto tomar um banho. Entrou no banheiro, ligou o chuveiro. Após alguns minutos, que não foram poucos, saiu do banheiro com os cabelos molhados e uma toalha em volta da cintura. Encontrou Alice deitada na cama olhando para o teto, perdida em pensamentos.

– Tudo bem, Alice? – perguntou enquanto se aproximava da cama. Alice não respondeu. Então ele sentou na cama afagando os cabelos dela.

– Que houve amor? Em que está pensando que nem me ouve falar?

– Desculpe Jazz. É que estava pensando em uns hematomas que vi na Ana Lua agora a pouco.

– Tudo bem Alice, ela deve ter apenas esbarrado em algo, ou caiu.

– Não, Jazz. É estranho porque quando dei banho nela, horas antes, não havia nem um hematoma. E, desde então, ela esteve comigo, eu teria visto se tivesse se machucado.

– Tudo bem, ficaremos atentos. Se aparecer outro, a levámos ao pediatra – Alice assentiu.

Jasper a beijou com desejo, acariciou todo o corpo de sua amada, com mãos firmes e ao mesmo tempo gentis, fazendo com que Alice relaxasse e se rendesse ao prazer.

Nessa noite, como em tantas outras, eles se amaram. Em seguida, adormeceram um nos braços do outro.

Alice o amava demais, e cada vez que faziam amor, era como se fosse à primeira vez. Mesmo estando casados há seis anos, eram como se ainda fossem namorados.

Na manhã seguinte, Alice levantou primeiro e foi ver sua garotinha. Ana Lua não estava mais em sua cama. Alice a procurou no quarto, depois no banheiro e não a encontrou, desceu as escadas chamando pela filha:

– Aninha! Onde você está filha?

Ana Lua estava deitada no sofá da sala vendo TV, ainda usando seu pijama.

– Aqui, mamãe! – respondeu, ficando de pé no sofá para ver a mãe.

– Tudo bem, filha? Por que levantou tão cedo?

– Não levantei tão cedo mamãe, você que levantou tão tarde.

– Eu acordei tarde – Alice olhou no relógio que havia ao lado da TV. Marcava meio dia e quinze. Por sorte, era sábado. Não ia trabalhar nem levar Ana Lua ao colégio. – Desculpe filha! Você deve estar morrendo de fome.

Ana Lua fez cara de sapeca e empurrou com o pé cinco potes de danoninho para debaixo do sofá. O mesmo estava cheio de migalhas de biscoito.

– O que você está escondendo? – Alice perguntou se esforçando para não rir.

– Nada! Eu já comi.

– Comeu o quê?

– Comi biscoito, danoninho e cereal – falou, pensando e contando nos dedos.

– Não quer comer mais nada?

– Não, mamãe.

– Então tá! Eu vou preparar o café para o seu pai. Tem certeza de que não quer um pãozinho com geleia, uma vitamina de banana com aveia ou uma bananinha amassada com farinha láctea?

– Tenho, sim.

– Come um pouquinho filha.

– Eu não quero.

– Tudo bem, então.

Alice foi preparar o café, já que a empregada não vem nos fins de semana. Quando ela entrou na cozinha, não acreditou no que viu, tinha leite com cereal espalhado por todo o piso. As coisas que ficam na parte de baixo do armário estavam todas pela bancada e pelo chão.

– O que houve aqui? Foi um terremoto que afetou só a cozinha?

– Desculpe mamãe. A tigela caiu de minhas mãos e sujou tudo – falou aparecendo na porta da cozinha.

– Tá filha, mais e essa bagunça? – Alice questionou enquanto andava pela cozinha com cuidado para não escorregar no leite.

– Eu estava procurando a tigela – falou parecendo óbvio.

Jasper apareceu só de shorts dando bom dia, e já de olho na bagunça.

– O que aconteceu aqui? Foi você, Alice, que fez isso? – perguntou ao mesmo tempo em que beijava a filha na bochecha.

– Claro que, não. Foi a pentelha de nossa filha.

Jasper olhou para Ana Lua.

– Foi sem querer querendo, papai.

Os três ficaram rindo dentro da zona que estava à cozinha.

[...]

Uma semana depois...

Durante a semana que se passou Alice sempre se certificava de olhar se não havia surgido nem um outro hematoma em Ana Lua.

Não apareceu hematomas, mas uma vez reclamou de dores nas pernas. Alice achou que ela estava com dores por correr tanto na escola com as outras crianças.

Mas hoje, quando foi acordá-la, Ana Lua não quis levantar. Disse que estava cansada.

Alice examinou o corpo da filha e, dessa vez, viu que Ana Lua tinha vários hematomas espalhados por seu corpo.

Ela não gostou nada do que viu, pousou sua mão na testa da filha e notou que estava queimando em febre.

– Jazz! – Alice gritou, o que fez com que Ana Lua se assustasse.

Jasper apareceu na porta do quarto ofegando, pois havia subido as escadas correndo.

– Jazz, ela está com febre e vários hematomas pelo corpo – os dois se olharam em choque.

– Alice, veste ela. Vamos levá-la a clínica. Enquanto isso, eu vou ligar para Bella e avisar que estamos indo.

Jasper voltou para a sala para ligar para Bella, que é amiga da Alice e pediatra da Ana Lua.

A campainha tocou, ele foi atender segurando o telefone. Era a Rosalie.

Rosalie é irmã de Jasper. Ela veio encontrar Alice para irem juntas para o trabalho. As duas são sócias em uma agência de eventos. Rose é casada com Emmett e tem um filho de sete anos, Ryan.

– Oi Jazz. Cadê a Alice?

– Está lá em cima, no quarto da Ana Lua. Hoje ela não vai trabalhar.

– Por quê? O que aconteceu?

– Vamos levar Ana Lua na clínica.

– Ela está doente, tio? – Ryan perguntou.

– Ela está com febre e está indisposta, precisamos saber se é grave... – ele preferiu não mencionar os hematomas.

– Jazz, não se preocupe, vai ver que não é nada – Rosalie tentou tranquilizá-lo. Ela subiu as escadas com Ryan ao seu lado. Ele é a cara de Emmett, só que é loiro como ela.

– Alice?! – Rose a chamou da porta do quarto. – Oi Aninha! Como está se sentindo, anjinho?

Ela deu um beijo na testa da sobrinha e notou que realmente ela estava muito quente.

– Cansada – a garotinha respondeu. Ryan deu um beijo na bochecha da prima, depois sentou-se na poltrona cor de rosa próxima a cama.

– Cadê sua mãe? Seu pai disse que ela estava aqui – Rose perguntou.

– Foi no quarto dela se vestir.

– Eu vou lá falar com ela. Ryan você fica aqui, mas comporte-se.

– Sim, senhora – Ryan respondeu, batendo continência. Ele e Ana Lua riram enquanto Rosalie saia do quarto.

– Alice! Onde está você mulher? Está brincando de esconde-esconde? – falou entrando no quarto, já que a porta estava aberta. Alice estava terminando de pentear os cabelos.

– Oi Rose. Desculpa, mas hoje não vou trabalhar, vou levar minha filha ao médico.

– Tudo bem Alice, eu seguro as pontas. Se precisar de mim, é só ligar. Mas qualquer coi... – Rose não terminou a frase, porque Ana Lua entrou no quarto correndo e com o nariz sangrando. As mãozinhas e a roupa com gotas de sangue.

– Mamãe. Mamãe... – choramingou a garotinha. Alice ficou “verde” quando a viu daquele jeito. De imediato, pegou a filha no colo e levou para o banheiro.

– Ryan, você bateu nela? – Rosalie perguntou, com o tom de voz alterado.

– Claro que não, mamãe. Foi de repente – respondeu com cara de quem não tá entendendo nada. Rosalie assentiu. Em seguida foi até o banheiro ver se Alice precisava de ajuda.

– Alice, calma você está tremendo e está assustando a menina – falou pousando a mão direita no ombro de Alice, numa tentativa vã de acalmá-la.

Ana Lua estava sentada no balcão da pia, Alice estava de pé de frente para a filha limpando o sangue do nariz da menina com uma toalha umedecida.

– Filha, fala para a mamãe o que houve.

Alice estava ficando com medo, pois tinha uma leve ideia do que esses sintomas poderiam significar.

– Não sei, meu nariz escorreu e quando eu vi, era sangue – falou toda dengosa.

Jasper entrou no banheiro, dirigiu-se até a filha e a pegou no colo.

– Ryan já me contou o que aconteceu. Vamos levá-la. Bella já está esperando com tudo pronto para fazer os exames.

Rosalie foi para o trabalho, Ryan para o colégio, Alice e Jasper foram para a clínica. Bella já os esperava na recepção para levá-los a sala de exames.

– Bella! Estou apavorada – Alice sussurrou para Isabella. Jasper estava com a filha cochilando em seu colo.

– Não se preocupe, vai ficar tudo bem – Bella tentou tranquilizá-los, no entanto, também estava preocupada, mas tentava disfarçar.

Após os exames estarem feitos, Ana Lua foi medicada e permaneceria em observação até os resultados saírem.

– Bella, quando sai os resultados? – Alice perguntou andando de um lado para o outro, no quarto onde a filha estava hospitalizada.

– Estarão prontos amanhã.

– Então, é mesmo grave? – Jasper quis saber.

– Ai meu Deus, que não seja o que estou pensando. Deus não pode me castigar dessa maneira... – Alice falou afagando os cabelos de Ana Lua, enquanto ela dormia.

– Alice, não sofra por antecipação – isso só vai piorar as coisas.

– Bella tem razão, amor – Jasper falou puxando-a para um abraço reconfortante.

Horas mais tarde, Jasper foi para casa pegar as coisas que precisariam para passar a noite na clínica.

No dia seguinte, às três da tarde, Bella já estava com os resultados em suas mãos. Primeiro, ela falou em particular com Jasper, depois eles foram falar com Alice.

Alice estava no quarto com Ana Lua, Edward também estava lá. Ele é irmão de Alice e noivo de Bella.

Isabella abriu a porta do quarto e pediu que Alice a acompanha-se. Assim, Alice o fez. Ana Lua ficou com Edward, ela estava sentada na cama desenhando para ele.

Na sala da Bella, ela pediu para que Alice sentasse. Alice fez o que ela pediu. Jasper sentou-se ao seu lado.

Ela olhou para o marido e notou que ele havia chorado, pois os olhos dele estavam um pouco vermelhos.

– É o que estou pensando, não é? Meu bebê, meu anjinho a razão da minha vida tem leu... Leucemia – falou em meio ás lágrimas de desespero, pois suas suspeitas haviam se confirmado.

Sua amada garotinha enfrentaria uma batalha da qual não teria certeza se venceria.

Jasper também estava sem chão, sentia-se impotente, pois sabia que o tratamento de quimioterapia a maltrataria muito. No entanto, sabia que teria que ser forte para apoiar Alice na batalha pela vida do seu pequeno anjo.

– Me desculpe por dar essa notícia a vocês, eu juro que queria que fosse diferente! Mas, sim, Ana Lua tem leucemia do tipo linfóide aguda – A Leucemia é classificada em quatro grupos. A Leucemia do tipo linfóide aguda (LLA) é o que mais afeta crianças de 1 a 6 anos de idade. Alguns dos sintomas são: hematomas não relacionados a trauma, dor nas pernas, cansaço, febre, sangramento e em alguns casos vômito de dores de cabeça.

Alice chorava como nunca havia chorado antes em sua vida. Jasper a puxou para um abraço na tentativa de reconfortá-la.

– Alice, Jasper, sinto muito, mas não posso mais cuidar do caso. Tenho que encaminhá-la a um especialista.

Os dois assentiram.

– Bella, quais as chances da minha filha se curar? – Alice perguntou saindo do abraço do marido.

– Um de vocês pode ser compatível, assim as sessões de quimioterapia seriam reduzidas. Amanhã mesmo vocês podem fazer os exames para saber se um dos dois é compatível e Ana Lua receberia o transplante, tendo assim, grandes chances de cura.

– Por que não podemos fazer os exames hoje? – Alice queria resolver logo essa parte e saber se um deles seria o doador.

– Calma, amor, vai dar tudo certo – Jasper também tinha seu temores, mas tinha de se manter firme, pois sabia que tudo isso estava sendo para Alice como uma bomba atômica destruindo toda sua felicidade.

– O mais rápido que posso conseguir é para amanhã.

– E os resultados quando ficam prontos? – mais uma vez ela questionou ansiosa.

– Em dois dias. Amanhã vocês vão conhecer o médico que vai acompanhar o caso.

Após essa “reunião”, Alice voltou para o quarto onde estava sua filha, e Jasper foi tomar um café na cantina da clínica.

Quando Alice entrou no quarto, Edward ainda estava lá, agora ele contava uma história para a sobrinha, que ouvia atentamente. Havia também uma enfermeira no quarto, estava repondo soro.

– Voltei. Está tudo bem? – Alice perguntou a enfermeira.

– Sim! A febre cedeu, mas ela tá estava reclamando que está cansada. É só mais um sintoma – a enfermeira falou apenas de forma profissional, sem nem um tipo de sentimentalismo. Em seguida, retirou-se.

– Obrigada Edward por ter ficado com ela até que eu voltasse – agradeceu enquanto sentava na cama em seguida beijando a testa da filha.

– Sem problemas – falou afagando o ombro direito de Alice. – Agora eu vou indo, acho que o horário de visitas já acabou. Qualquer coisa, não hesite em me ligar – Levantou-se da cadeira que estava ao lado da cama, deu um beijo na bochecha da Alice. Depois dirigiu-se a garotinha. – E o abraço do tio? Vai me deixar ir sem um abraço da minha sobrinha favorita – falou fingindo cara de decepção. A garotinha sorriu para o tio e sentou-se na cama lentamente com a ajuda da mãe, abriu os bracinhos esperando pelo abraço. Edward a abraçou com carinho e cuidado.

– Mas tio, eu sou sua única sobrinha – falou voltando a deitar novamente. O que fez com que Edward e Alice sorrissem.

– Tchau! Fica de olho em sua mãe para ela não brigar com a enfermeira. Ela fica muito brava quando se trata de você – falou indo em direção à porta.

– Tá! Titio, quando você vir outra vez, conta outra história?

– Conto sim. Tchau garotas.

– Tchau – as duas responderam em uníssono. Edward saiu, ficando apenas mãe e filha.

– Mamãe, eu estou com sede.

Alice levantou-se pegou uma garrafinha de água mineral com um canudinho e segurou para que ela tomasse.

– Mamãe, cadê o papai? – perguntou parando de tomar a água.

– Ele foi tomar um café, daqui a pouco ele vem. Agora descansa um pouquinho meu bem. – Ana Lua percebeu que os olhos de Alice estavam um pouco vermelhos e inchados, ela levou as mãozinhas ao rosto da mãe de forma delicada.

– Por que estava chorando, mamãe? É por que eu estou doente? – questionou com carinha triste. Alice pegou suas mãozinhas e as beijou.

– A mamãe não estava chorando – Alice tentou disfarçar.

– Estava sim! Porque seus olhos estão igual quando alguém chora. Desculpe por ficar doente e te fazer chorar. – ela não gostava de ver a mãe triste, já que Alice sempre fora uma pessoa muito feliz.

– Não fala isso filha, você não tem culpa de estar aqui, e a mamãe chora porque é uma boba. E logo você vai ficar bem e nós vamos voltar pra casa.

Alice a aconchegou em seus braços, e com os olhos fechados pensou firmemente. Deus não a tire de mim, por favor. Eu não saberia viver sem ela.

Nesse momento, Jasper entrou no quarto trazendo um copo de café para Alice.

– Oi – falou aproximando-se da cama.

– Papai. Já estava sentindo sua falta – falou sorrindo para Jasper. Ele a beijou na bochecha, e em seguida deu um selinho em Alice. Ana Lua deitou-se novamente e Alice a cobriu com o cobertor.

– Alice, você não quer ir para casa descansar um pouco? Eu fico com ela.

– Não – ela se exaltou. – Eu não vou ficar longe dela. Nem conseguiria ficar em casa sabendo que ela está aqui.

– Mas você precisa descansar um pouco.

– Jazz, por favor, não me obrigue a fazer isso.

– Parem! Não briguem – Ana Lua falou com a voz chorosa.

– Não estamos brigando, meu anjo – Jasper a tranquilizou.

– Alice, se você não quer ir, ao menos deite um pouco naquele sofá – ele apontou para um sofá branco e pequenino que tinha no quarto.

– Está bem! – Alice aceitou a proposta deitando-se no sofá, recostando a cabeça no colo de Jasper. Logo, ele começou a afagar- lhe os cabelos fazendo com que ela relaxasse um pouco. Ana Lua dormiu e Alice e Jasper passaram a noite no sofá.

No dia seguinte, eles fizeram os exames para saber se um entre os dois era compatível. E conheceram o médico que cuidaria do caso.

Alice estava muito ansiosa pelos resultados, já nem conseguia comer nada. Jasper tentava de todas as maneiras fazer com que ela comesse, mas a única coisa que ela ainda aceitava era o café.

Rosalie, Emmett e Ryan visitaram Ana Lua. Depois que eles saíram, veio Bella e o Edward. E assim, mais um dia se passou.

[...]

Dois dias depois...

Hoje eles saberiam os resultados dos exames de compatibilidade.

Alice estava mais nervosa do que nunca, tanto que o médico lhe receitou uns calmantes.

Alice, Jasper e Bella estavam na sala do médico esperando que ele chegasse com os resultados. Uma enfermeira abriu a porta e chamou Bella e Jasper pedindo que Alice os esperasse.

Alice ficou indignada com isso.

Dez minutos depois, os dois voltaram com o médico. Jasper aparentava estar transtornado, Bella com cara de espanto.

– Jazz, o que houve? – Alice perguntou pulando da cadeira. – Por que estão com essas caras? Estão me assustando!

Jasper segurou nas mãos de Alice e pediu que ela sentasse.

– EU NÃO QUERO SENTAR! – Alice já estava ficando alterada. – Fala, doutor – exigiu.

– Alice, a notícia não é a que esperávamos – o médico falou olhando para ela.

– O quê? Nenhum de nós é compatível? – questionou sem desviar os olhos do médico.

– Fomos totalmente surpreendidos com o resultado, por isso te peço que mantenha a calma...

Alice olhou para Jasper com os olhos cheios de lágrimas em busca de amparo, mas a única coisa que viu foi desespero nos olhos dele. Então voltou a olhar para o médico.

– Vocês não são compatíveis. E com o que descobrimos, a chance de serem seria de uma em um milhão.

– O quê? Do que está falando? – ela não estava entendendo nada e isso só estava piorando as coisas.

O médico olhou para Jasper e para Bella, depois para Alice e cuspiu tudo de uma vez.

– Descobrimos que ela não é filha de sangue de vocês. – Alice sentiu suas pernas fraquejarem, e só não caiu porque Jasper a segurou.

– O QUÊ! VOCÊ TA BRINCANDO COMIGO? – falou se afastando de Jasper. – COMO PODE FALAR UM ABSURDO DESSES? É CLARO QUE ELA É MINHA FILHA! – Alice estava totalmente transtornada. Jasper e Bella tentavam acalmá-la sem sucesso. – EU FIQUEI GRÁVIDA, A CARREGUEI POR NOVE MESES EM MEU ÚTERO. SENTI TODA A DOR DO PARTO.

– Alice, a única explicação é que a Ana Lua foi trocada ao nascer... – Bella não pode terminar de falar porque Alice a interrompeu.

– BELLA, PORQUE ESTÃO FAZENDO ISSO COMIGO? PAREM COM ESSA PALHAÇADA.

– Não é palhaçada Alice. Queria muito que não fosse verdade – Bella falou com os olhos marejados de lágrimas.

– JAZZ POR FAVOR, ME TIRA DESSE PESADELO.

– Me perdoa meu amor, mas é verdade – sua voz saiu em um sussurro. Ele também estava sofrendo.

– NÃO, NÃO É VERDADE, ESSES EXAMES DEVEM ESTAR ERRADOS.

– Alice, se acalme! – O médico pediu.

– NÃO ME PEÇA PARA TER CALMA DEPOIS DE ME JOGAR UMA BOMBA DESSAS E AINDA EM UM MOMENTO COMO ESSE – ela respirou fundo. – Meu Deus, não faz isso comigo – Alice falou caindo de joelhos no chão. Jasper foi levantá-la, mas ela não permitiu. – Não posso permitir que meu anjinho m... morra na fila de espera por um doador compatível que eu nem sei quando vai aparecer – Alice ficou de pé e foi em direção a porta, Jasper e Bella a seguraram.

– Alice, aonde você vai? – Bella perguntou ao mesmo tempo em que ajudava Jasper a segurá-la.

Enquanto isso o médico chamou duas enfermeiras, que já estavam a caminho.

– VOU ATÉ O INFERNO SE PRECISO, MAS VOU ENCONTRAR A MULHER QUE TEM O MESMO SANGUE QUE MINHA FILHA – ela não suportou falar que a “mulher é a mãe da menina”.

Duas enfermeiras entraram na sala do médico, uma já estava com uma seringa para aplicar em Alice.

– EU NÃO QUERO CALMANTES. JAZZ ME SOLTA! – gritou se debatendo nos braços do marido.

– Desculpe amor, mas você precisa – uma enfermeira segurou o braço esquerdo de Alice e a outra aplicou a injeção.

Alice começou a ver tudo embaçado e logo perdeu os sentidos. Jasper a pegou no colo.

Bella os guiou até um quarto hospitalar vazio para que ele a acomodasse lá. Já que, provavelmente, ela dormiria por umas vinte e quatro horas.

No dia seguinte, por volta das três da tarde, Alice acordou. Se sentia ainda um pouco zonza devido ao calmante fortíssimo. Abriu os olhos lentamente.

– Jazz – falou olhando de um lado para o outro, apenas mexendo os olhos.

– Oi amor, estou aqui – disse ele, aproximando-se da cama.

– Jazz, eu tive um pesadelo horrível, nele me falaram que Ana Lua não é minha filha. AI MEU DEUS, NÃO FOI UM PESADELO, FOI REAL – lágrimas escorreram por seu rosto. – Jazz, precisamos encontrar os pais biológicos. Um deles pode ser compatível – falou saindo da cama.

– Calma Alice, mantenha a calma, por favor – pediu segurando nos ombros dela fazendo com que ela sentasse na cama. – Já me encarreguei disso. Pedi que Edward contratasse um investigador para descobrir onde eles vivem, mas isso pode demorar.

– Quanto tempo? – questionou ansiosa.

– Não sabemos. De qualquer forma, ela já está cadastrada no banco de espera por um doador.

Jasper estava muito abalado e cansado também, passou a noite correndo de um quarto para o outro com medo de que Alice acordasse e fizesse uma loucura.

Ana Lua já havia começado com as sessões de quimioterapia, e já estava ficando abatida.

– Jazz, eu quero encontrá-los para dar a chance de cura a minha filha, mas estou com tanto medo.

– Não tenha medo, vai dar tudo certo – assegurou, fazendo carinho no rosto de Alice.

– Tenho medo que depois eles queiram tirá-la de nós.

– Nunca permitirei que isso aconteça, ela é nossa e ninguém vai mudar isso.

– Mas... – Alice não pode terminar a frase, pois foi interrompida por Jasper, que encostou seu dedo indicador nos lábios dela fazendo-a calar.

– Shhhh! Não fale mais nada.

– Você confia em mim? – ele perguntou olhando intensamente nos olhos de Alice.

– Sim. Confio até a minha vida em suas mãos.

– Então não pense nisso – falou aproximando-se dos lábios de Alice e os beijando de forma terna. Alice cortou o beijo perguntando pela filha.

– Como ela passou a noite? Eu não poderia ter dormido a noite inteira e o dia, e deixá-la sozinha. Você não deveria ter permitido isso.

– Alice, ela não ficou sozinha, eu estava com ela. E você realmente precisava do calmante.

– É, acho que precisava mesmo, mas agora eu quero vê-la – ela pegou na mão de Jasper e o puxou para fora do quarto.

Ao chegar ao quarto em que a filha estava, Alice praticamente correu até a cama e encheu a garotinha de beijos.

– Mamãe. Senti sua falta, mas papai falou que você tava dormindo – a garotinha falou em um sussurro.

– Meu amor, minha vida, eu prometo que não vou mais dormir desse jeito – garantiu fazendo carinho em seu rostinho pálido. Em seguida, olhou para o marido de canto de olho. Jasper apenas maneou a cabeça.

[...]

Alguns meses depois...

Passaram-se dois messes desde que haviam descoberto que não eram os pais biológicos de Ana Lua, e não tiveram nem uma pista do paradeiro dos possíveis doadores. No entanto, com tudo que estava passando, Alice ainda não tinha parado para pensar que sua filha biológica estava com outra família.

No momento, ela só pensava em salvar a vida de Ana Lua, a filha que amou incondicionalmente desde o momento que a segurou em seus braços pela primeira vez.

Estava sendo muito difícil para ambos vê o sofrimento da filha. Após cada sessão de quimioterapia Ana Lua passava muito mal.

Alice passava a maior parte do tempo sob efeitos de calmantes, não tão forte para fazê-la dormir, mas o suficiente para não fazê-la surtar.

Jasper e Alice já estavam parecendo doentes tamanha as olheiras que ambos tinham. Eles dormiam muito mal e comiam muito pouco.

Jasper só ia a seu escritório de arquitetura apenas para assinar papeis, não tinha cabeça para o trabalho. Alice, desde que a filha ficou doente, não voltou ao trabalho. Rosalie se encarregou de cuidar de tudo pelo tempo que fosse preciso. Bella não era mais a médica de Ana Lua, mas estava sempre a par de tudo.

Um mês depois, enfim, Edward chegou com a notícia que todos esperavam. O investigador havia localizado os pais biológicos de Ana Lua.

Edward entregou o endereço para que Jasper fosse vê-los. Alice quis ir junto, mas ele não permitiu, ela já estava muito abalada. Ele achou melhor que ela não participasse dessa conversa.

Jasper pegou seu carro e dirigiu por horas até chegar ao local que indicava o endereço. A casa era bonita, mas não era grande.

Desceu do carro, andou até a porta, e em seguida tocou a campainha. Uma mulher de cabelos negros e olhos castanhos abriu a porta, e não foi nada educada.

– Quem é você e o que quer? – a mulher questionou ainda segurando a maçaneta da porta.

– Eu sou Jasper, e vim aqui para falar com você e seu marido sobre minha filha. Meu cunhado já deve ter lhes contado o que está acontecendo – ele se explicou enquanto a mulher, cujo nome é Márcia, o olhava dos pés à cabeça com um olhar fulminando de raiva.

– Sim, ele esteve aqui ontem, e já vou logo avisando. Não quero saber desse assunto. Não vou trocar minha filha saudável por uma que está morrendo – falou como se estivesse se referindo a um objeto e não a uma criança.

Jasper sentiu seu corpo tremer de raiva ao ouvir aquelas palavras. Como ela poderia se referir dessa maneira a sua princesinha?! A criança que ama desesperadamente.

– Não vim aqui para isso. O único motivo que me fez vir aqui é que preciso que você e o seu marido vá à clínica, fazer os exames e ser o doador se for compatível.

– Quanto vai nos pagar por isso? – a mulher perguntou com um riso de deboche nos lábios.

– O quê? Acho que não ouvi bem – Jasper estava indignado.

– Ouviu sim – o marido falou surgindo atrás da mulher, entrando na conversa.

– Como pode cobrar para salvar a vida da criança que você gerou? – falou referindo-se a mulher.

– Simples. Eu nunca desejei ser mãe, isso foi apenas um infeliz acidente de percurso. Para mim, tanto faz se ela está viva ou morta. E também já sabíamos que a menina que está com a gente não é nossa filha, descobrimos isso quando ela tinha um ano. Como ela não se parece com ninguém da família, meu marido achou que eu o tinha traído então fizemos o exame de DNA e o resultado você já sabe.

– E nunca pensou em conhecer sua filha biológica?

– Não! E também nem íamos ficar com essa, mas decidimos por ficar. E, então quanto vai nos pagar para que façamos o que você quer?

– Quanto querem? – Jasper foi curto e grosso, já não suportava mais olhar na cara daqueles seres repugnante.

– Cem mil dólares, de preferência adiantado.

– Só entregarei o dinheiro quando fizerem tudo que tem que ser feito. Não darei nem um centavo antes. Não vou correr o risco que peguem o dinheiro e desapareçam sem nem ao menos saber se são compatíveis.

– Gosta mesmo da menina, não é? – o homem perguntou com deboche.

– Mais do que esse seu coração de pedra possa compreender – Jasper respondeu furioso.

– Então negócio fechado – o homem falou ao mesmo tempo em que estendia a mão para Jasper, que simplesmente o ignorou. – Nós iremos semana que vem – avisou.

– Não, vocês vão hoje e agora! Não dá mais para esperar.

– Tudo bem, nós vamos fazer logo esse exame, e fazer o que tiver que ser feito porque, afinal, tem dinheiro em jogo. Vou me trocar e já volto – a mulher falou subindo as escadas. O homem ficou no sofá fingindo que Jasper nem estava presente.

Jasper estava de pé próximo a porta de saída, quando ouviu a voz de uma criança. Ele seguiu o som da voz até o jardim lateral da casa, onde viu uma garotinha.

Seu coração se encheu de alegria quando a viu, ela era uma mistura dele com Alice. Tinha os cabelos loiros no mesmo tom dos seus, compridos até o meio das costas com leves ondulações, os olhos eram azuis iguais aos de Alice. Ela segurava uma boneca, já um tanto velhinha, provavelmente a única que tinha, e estava falando sozinha. Ou melhor, com as “fadas”.

– Fadinhas. Apareçam eu só quero brincar com vocês. Fadinhas, não sejam más, apareçam pra mim.

– Oi – Jasper a cumprimentou, o que fez com que ela soltasse um gritinho de susto.

– Oi – respondeu assustada.

– Não precisa ter medo de mim. Com quem estava falando?

– Com as fadinhas, mas é só de brincadeira, tio – Jasper sorriu quando ela o chamou de tio, e ela retribuiu com o mesmo sorriso de Alice estampado em seus lábios.

– Quem é você e o que faz aqui em minha casa? – pediu olhando para ele.

– Sou Jasper, e vim falar com seus pais. E você como se chama?

– Eu me chamo Sarah, e eles não são meus pais.

– Como sabe disso? – Jasper ficou apreensivo.

– Eles que falaram – respondeu com tom de tristeza na voz.

– Quando te falaram isso? – ele se aproximou dela no momento em que fazia as perguntas.

– Eu não lembro, mas já faz muito tempo. E a Márcia me bate se a chamo de mamãe, ela disse que me achou em uma lata de lixo.

Uma lágrima escorreu por seu rosto delicado, Jasper a secou com o polegar.

– Não deve acreditar em tudo que ela fala.

O homem apareceu no jardim acompanhado pela tal Márcia.

– Vamos logo, não estava com pressa?! – os dois gritaram.

– Tchau, Sarah – Jasper se despediu depositando-lhe um beijo na testa.

– Tchau, tio.

Jasper andou até seu carro. Os outros dois já estavam no carro deles, então ele parou quando percebeu que eles iriam deixar a menina sozinha, sem ao menos falar que estavam saindo.

– Espera aí. Ela não pode ficar aqui sozinha, não tem idade para isso.

– Pode sim, ela sempre fica – a tal Márcia respondeu curta e grossa.

– Sarah, vem cá – Jasper a chamou.

Sarah correu até ele e segurou sua mão.

– Ela não vai! – o homem cujo nome é Paulo, saiu do carro e puxou a garotinha pela mão que estava livre.

– Ela vai sim, ou prefere que eu ligue para o Conselho Tutelar e diga que a deixam sozinha?! – ameaçou.

Paulo apertou a mão da garotinha com força, mas permitiu que ela fosse.

– Ai! – queixou-se sacudindo a mãozinha.

Jasper olhou para o Paulo com os olhos fulminando de raiva. Em seguida, abriu a porta traseira do seu carro e pediu para que a Sarah entrasse. Ela não estava entendendo nada, mas fez o que ele pediu.

Ele colocou o cinto de segurança nela, e depois entrou no carro. Quando estava dando partida no motor, Sarah viu um sapo de pelúcia jogado no piso do carro. Ela tentou pegá-lo, mas o cinto de segurança a impediu.

– O que foi Sarah? – Jasper perguntou, olhando pelo espelho retrovisor.

– Esse sapo de pelúcia é de sua filha? Posso brincar com ele tio?

– É da minha filha sim, mas você pode ficar com ele. Ela tem outros.

– Jura que posso ficar com ele pra mim? Ela não vai chorar?

– Pode sim, ela não vai chorar.

– Tem certeza tio? – Sarah estava com o sorriso de orelha a orelha.

– Tenho – Jasper virou-se para pegar o sapo de pelúcia e entregar ela.

[...]

Horas depois no hospital...

Paulo e Márcia seguiram com o médico para fazer os exames, Jasper deixou Sarah com Bella na sala de pediatria. Lá tinha muitos brinquedos e ela se distrairia.

Sarah ficou de um lado para o outro olhando os brinquedos e os desenhos na parede, e não parava de tagarelar.

Jasper foi ver Alice e Ana Lua. Quando entrou no quarto, Ana Lua estava dormindo e Alice estava sentada no pequeno sofá, chorando baixinho.

– O que houve amor? – pediu pousando sua mão direita no rosto de Alice.

Alice levantou as mãos com um punhado de cabelos de Ana Lua e mostrou para ele. Jasper segurou as duas mãos de Alice e depositou um beijo.

– Amor, tudo vai acabar bem. Eu os trouxe e nesse momento eles estão fazendo os exames. Se tudo der certo, ela será transplantada ainda essa semana.

Os olhos de Alice brilharam de esperança.

– Jazz, eu quero falar com eles.

– Não, Alice é melhor não. Eles não são o tipo de gente que você espera que seja. Deixe que eu cuide dessa parte.

– Jasper, eles vão tirá-la de nós? – Alice realmente estava preocupada com essa hipótese.

– Você sabe que não permitirei que isso aconteça. Farei o impossível para que continuemos com ela.

– Jazz...

– O que amor?

– Eles estão com a nossa outra filha?

– Sim, eles estão com ela.

– Você a viu?

– Vi. Ela se parece com nós dois. Tem os cabelos loiros, os olhos azuis como os seus e o seu sorriso.

– Você acha que ela é feliz?

– Acho que não Alice, mas vai ser, porque vamos tirá-la deles – Alice se levantou do sofá aproximou-se da cama e depositou um beijo na bochecha da filha.

– Ela é minha, Jazz. E nada mudou com relação a meus sentimentos.

– Para mim também nada mudou. A amo como sempre amei, ou talvez mais...

– Com licença – a enfermeira pediu no momento em que entrava no quarto.

– Pode ficar com ela por alguns minutos? – Jasper perguntou a enfermeira.

– Posso, sim.

– Alice venha comigo, quero que conheça alguém – Alice olhou para a filha dormindo. – Meu amor, só por alguns minutos – falou estendendo a mão para ela.

– Ela vai ficar bem – a enfermeira lhe assegurou.

Então Alice pegou na mão de Jasper e foram à sala de Bella.

Quando Jasper estava abrindo a porta, eles ouviram o riso da Sarah. Ela estava conversando com Bella, e depois sorria como se estivesse contando uma piada.

Quando Alice a viu, ficou sem reação. Sarah olhou para Alice e gritou.

– Uma fada! Fadas existem mesmo, tia Bella?

– Digamos que sim, Sarah– Bella lhe respondeu, com um sorriso nos lábios.

Sarah correu para Alice e a abraçou. Alice a apertou contra seu corpo e logo as lágrimas surgiram.

– Uma fada triste – Sarah exclamou olhando nos olhos de Alice, que ainda a segurava em seus braços.

– Ei. Seus olhos são iguais aos meus, só que o seus estão tristes... Não fique triste, fadinha – falou ao mesmo tempo em que tocava no rosto de Alice, como se estivesse verificando que ela era real. Alice deu apenas um sorriso fraco.

Elas ficaram conversando por apenas dez minutos. Logo, Alice e Jasper voltaram para ficar com Ana Lua. Depois, Sarah foi embora com os “pais”.

Dois dias depois, os resultados ficaram prontos e Paulo (pai) seria o doador. Alice não via a hora que chegasse o dia do transplante, pois Ana Lua já estava ficando cada dia mais debilitada, devido as várias sessões de quimioterapia.

Enfim, chegou o dia.

Era hoje, e, nesse momento, Ana Lua estava sendo transplantada.

Alice estava uma pilha de nervos. Jasper tentava acalmá-la, mas não estava adiantando, visto que ele também estava nervoso.

Edward, Bella, Rose e Emmett estavam com eles na sala de espera, para dar apoio.

– Alice você vai ver que logo, logo a pentelhinha vai estar correndo pela casa e você correndo atrás dela para ir tomar banho. Eu até já comprei um presente para dar a ela quando sair desse hospital, para comemorar sabe – Emmett se pronunciou fazendo quebrar o clima tenso.

– Obrigada, Emmett – Alice agradeceu, tocando na mão dele.

Depois de algumas horas, o médico apareceu.

Comunicou que o transplante foi um sucesso, agora era só esperar as primeiras quarenta e oito horas. O procedimento necessário para se ter certeza que não haveria rejeição. Ana Lua ficaria na UTI só por garantia.

Alice e Jasper foram vê-la por trás da janelinha de vidro. Eles ainda não poderiam entrar no quarto.

– Ela vai ficar bem amor, e nós vamos ser felizes novamente.

– Eu sei que vai – Alice respondeu enlaçando seus braços na cintura de Jasper.

[...]

Um ano e meio depois...

Durante um ano após o transplante, Ana Lua fazia exames periódicos para certificar-se de que a doença não havia regressado. No último exame, assim como nos anteriores, não havia nenhuma anomalia.

Ela foi diagnosticada, curada.

Alice e Jasper estavam felizes novamente. As coisas estavam voltando ao normal. Aos poucos Ana Lua voltou a correr pela casa e fazer suas bagunças.

Agora não eram apenas os três, eram quatro. Sim, já que Sarah agora vivia com eles. Alice e Jasper conseguiram a guarda total e definitiva das duas crianças após várias audiências, e ter provado que Sarah sofria maus tratos.

Paulo e Márcia receberam de Jasper o dinheiro prometido e sumiram no mundo, ninguém soube mais deles.

[...]

Hoje, eles foram passear no Central Park.

Sarah e Ana Lua estavam correndo de um lado para o outro brincando de pega-pega. Alice e Jasper vinham logo atrás andando de mãos dadas. Um pouco mais à frente, sentaram-se em um banco e ficaram observando as duas brincar.

Elas se deram bem de imediato. Jamais fizeram cara feira para a outra.

– Jazz, obrigada por tudo. Se não fosse por você, eu não teria suportado.

– Eu que agradeço por você existir e ter me dado duas filhas lindas.

– Eu te amo, Jazz.

– Também te amo, meu amor.

Jasper a beijou nos lábios, um beijo intenso que revelava todo amor que sentiam.

– Mamãe, papai! – as duas garotinhas gritaram em uníssono, correndo para o colo dos pais.

Como o destino pode nos pregar peças, não?! Foi preciso Ana Lua ficar doente para que Alice e Jasper encontrassem Sarah.

Será que é verdade que há males que vêm para o bem? O que você acha?

Fim


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram. Quem gostou comente, por favor.