O Metamorfo escrita por Lara Campos


Capítulo 6
Capítulo 6 - O Amor e a Vida


Notas iniciais do capítulo

Oi gente *--*
Esse cap esclarece muita coisa e filosofa bastante também ;D

Espero que gostem e que entendam a mensagem que escrevi no fim do capítulo
Beeijos ;*



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Brad se assustou com as últimas palavras de Melanie, mas mesmo assim se manteve firme em sua posição, sem se mexer e sem proferir uma palavra que fosse.

Ele não conseguia respirar de verdade daquela vez, talvez pelo susto que tomara, mas após algum tempo extasiado conseguiu dormir e teve um estranho sonho que mais lhe parecia a realidade pura e viva.”

            Rodeado por várias mulheres vestidas por panos brancos drapeados dos ombros até a altura da cintura, Brad manteve seu corpo inerte. Sem saber o que fazer ou se iria de algum modo sair daquele local, ele se abaixou e evitou olhar diretamente para a luz que o ambiente trazia: ela era forte demais para os olhos do metamorfo.

            Algo leve, um aspecto angelical e delicado rodeava o bosque onde Brad estava. As mulheres andavam e sorriam entre si e alguns, porém poucos, homens também passeavam pelo local. Brad colocou as mãos sobre os olhos e por um pequeno filete de visão começou a observar por onde andava. Ele adentrava uma floresta densa e bastante florida abrindo passagem para um grande lago de água cristalina.

            Foi se aproximando lentamente daquele lago e a cada passo parecia que uma força de atração o puxava, chamando-o para ser banhado ali. A poucos centímetros de encostar seus pés na água, Brad foi puxado para trás por duas mãos fortes, porém suaves.

            _Melanie? Acho que é a primeira vez que sonho com você – ele sorriu e abraçou a menina cujos olhos brilhavam ainda mais diante da iluminação exagerada -.

            _Sonho... – Melanie usou um tom bastante sacástico e também sorriu – Isso não é um sonho.

            _É o que todos dizem quando estão...sonhando? – o metamorfo ironizou a situação e voltou a se dirigir ao lago -.

            Foi puxado pelas mesmas mãos mais uma vez e caiu sentado no chão.

            _O que foi? Acho que se isso é a vida real eu posso fazer o que quiser, não? – Brad observou Melanie aproximar seu rosto do dele tocando seu queixo com a ponta dos dedos -.

            _É, você pode fazer o que quiser Brad. Só tente ouvir o que tenho a te dizer antes, depois decida se quer mesmo entrar naquele lago.

            A expressão de Brad ficou carrancuda e preocupada de repente e ele fixou sua atenção ao que Melanie dizia.

            _Tem muita coisa que você não sabe.

            _Conta a novidade agora – disse ele e recebeu um olhar de reprovação -.

            _Sem sarcasmo, por favor. Você já deve saber que tenho condições de levar você ao chão antes mesmo que pisque.

            Ele assentiu com a cabeça positivamente.

            _Mas eu não faria isso, é claro – esclareceu a garota -.

            Poucas palavras foram proferidas por Brad a partir daquele momento. Atentando-se a cada detalhe da história de Melanie ele começou, enfim, a entender o que acontecia e o porque de tanto mistério e reações malucas dela ao longo dos dias que passaram juntos. Apesar de entender ele se negava a acreditar no que acontecia.

            _Você tem que acreditar em mim, Brad. Eu venho tentando lhe contar o que sempre acontece conosco desde a primeira vida que passamos juntos, mas você nunca ouve o que eu tenho a dizer e é por isso que essa oportunidade é tão única.

            _Engraçado você querer que eu acredite que você é um anjo que mata as pessoas e que vem me protegendo desde o século XV. Muito engraçado mesmo – disse Brad ainda sem crer muito naquela história – Ainda acho que estou sonhando.

            Ele se levantou e começou a andar em direção ao lago, quando foi ser seguro pelas mãos de Melanie mais uma vez ele a empurrou fazendo com que ela desse dois passos bambos para trás.

            _Brad, você não pode entrar aí, você... – já era tarde demais para que ela lhe explicasse o que o lago lhe causaria -.

            Brad adentrou as águas geladas e límpidas se deliciando com o frescor que sentia. Esticou os braços e deu três braçadas largas. Ele estava bastante longe da margem e quando se deu conta não conseguia enxergar mais nada. Sua cabeça começou a latejar e flashes de situações diversas, com pessoas desconhecidas começaram a aparecer na mente de Brad. Curiosamente Melanie estava em todas as cenas e em cada uma em particular ela se vestia de um modo diferente, como se épocas estivessem se passando ou talvez a moda estivese sofrendo um declínio e ascendência contantes.

            Ele começou a perder a força, atordoado pela intensidade estranha com que aquelas imagens chegavam à sua cabeça, e começou a afundar perdendo assim também o fôlego. Melanie gritava à beira do lago se desesperando ao ver o que acontecia com Brad. Ela já estava prestes a fazer a última coisa que podia ousar em fazer: se molhar nas águas daquele lago do qual tanto se afastou por tanto tempo.

            Sentindo-se na obrigação de fazer algo, já que fracassara na tarefa de manter Brad longe do lago, Melanie foi se aproximando rapidamente da margem, porém, ela ainda estava hesitante.

            Melanie falara a verdade para Brad, anteriormente. Ela era um anjo que perdeu sua estadia na dimensão onde estes viviam, pois fora julgada culpada por ter se envolvido com um humano durante uma de suas idas a Terra. Este humano era Brad, e desde então Melanie vivia na Terra a procurar por ele em todas as suas encarnações. Como anjo protetor de Brad, Melanie sempre sabia onde ele estava, independente das suas feições ou sexo. Quando ele vinha a Terra como mulher, Melanie procurava protegê-lo de tudo e de todos, mas não se mostrava.

            Para conseguir voltar para casa ou até mesmo ir para outra dimensão qualquer, Melanie se entregou às trevas quando decidiu viver do sacrifício de seres humanos. Esta prática lhe proporcionava a força e controle da mente necessários para que ela pudesse ir para qualquer lugar e levar quem quisesse consigo.

            Melanie havia esperado mais de 500 anos para que Brad voltasse a nascer como homem, como aquele que a faria feliz e que se juntaria a ela na vida ou na morte. Mesmo sendo imortal ela poderia fazer a escolha de viver ou não, mas desde que fora punida havia sido presa à vida, sem ter opções para se livrar da dor que sentia a cada vez que o metamorfo não voltava.

            Particularmente, naquela vida, Brad – que quando se apaixonara pela primeira vez por Melanie se chamava Antonie – era um ser sobrenatural, assim como Melanie, e por isso ela acreditava fielmente que as coisas seriam diferentes e que os dois conseguiriam suportar tudo que viesse a lhes causar danos e separação, diferentemente dos amores que cultivavam nas outras vidas, amores frágeis e não correspondidos inteiramente por Brad.

            Melanie havia voltado à sua dimensão, onde estava com Brad naquele momento, para poder tê-lo ali e conseguir convencê-lo – já que ele não tinha para onde ir – de que ele a amava desde sua primeira vida e que os dois tinham de recuperar aquele sentimento construído a tanto tempo, ornamentado com tanto esforço, mas destruído pela morte do corpo humano que Brad possuía. Mas como ela não tinha a devida permissão para estar ali e só havia conseguido voltar para casa pois havia se entregado às trevas, o lago sagrado, onde os anjos purificavam seus corpos, havia se tornado uma armadilha cuja finalidade era identificar quem não era morador daquela dimensão.

            Quando adentrado por anjos decaídos, o lago fazia com que estes perdessem toda sua memória acumulada durante os séculos de vida que possuíam. Mas no caso de Brad, o contrário acontecia. As imagens que atordoavam sua mente eram as lembranças de todas as suas vidas acumuladas e Melanie sabia que isso aconteceria se Brad se molhasse, por isso o afastou.

           

            Ainda hesitando em se molhar, sabendo o que aconteceria com ela se o fizesse, Melanie ouviu a respiração de Brad diminuir lentamente e cada vez mais. Ela não sabia se suportaria passar pelo lago antes da falta de memória e de força. Não sabia se conseguiria salvar Brad, mas uma coisa era certa, ela estava disposta a fazer algo por ele. Algo que com certeza prejudicaria seus planos para com Brad e impossibilitaria o resgate do amor entre eles.

“Perder-se na dúvida entre o amor e a vida é natural. O entrelace destes é imprecindível, fazendo com que a definição de cada um não seja mais do que meras anedotas contadas por filósofos do tempo – filósofos que não consideram o abranger de todas as dimensões -. O tempo é só mais uma das nove dimensões que o mundo possui, uma fração insignificante e inexistente comparado ao amor, e consequentemte à vida. Se a vida fosse mesmo tão curta e vasta, preenchida por objetivos que se reduzem ao satisfazer da carne, o amor seria como o tempo, reduzido a uma fração do que o universo abrange, e não o motivo pelo qual muitos de nós vivemos e adotamos por característica de sublimação do ser. Acreditar que a vida possa ultrapassar os limites da carne e que ela possa ser vivida mais uma vez, é acreditar que o amor pode ser maior do que o que o tempo julga possível. É acreditar que uma segunda chance nunca é muito para aqueles seres que ainda vão passear por oito dimensões diferentes e vão amar mil vezes até encontrar o sublime, seja preciso quantas vidas forem.”

           


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Notas finais do capítulo

eai oq achaaram? Beeijos ;*



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