The Chosen One escrita por Ducta


Capítulo 13
Ideias




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POV Justin

 

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Leon me levara para arena que era minha primeira atividade do dia e me disse para dar um tempo a Alethia. E eu tentei me concentrar em coisas mais banais como o jeito em que a espada que ele me dera não se encaixava de jeito nenhum na minha mão. E Jean era a professora.

Eu tentei evitar demonstrar o que eu senti quando Jean entrou na arena com um shorts jeans muito curto, a blusa do acampamento torcida na frente mostrando a barriga dela, os cabelos presos em um rabo de cavalo balançavam pra lá em pra cá junto com os quadris dela, mas eu acho que tive pouco sucesso por que Leon riu.

— Já está todo mundo aqui? – Jean perguntou passando o olho por toda a arena.

— Falta a filha de Poseidon. – Leon disse.

— Eu vou chamá-la. – Um garoto que Leon me disse ser filho de Hefesto se ofereceu. Eu não lembro o nome dele.

Mas ele sequer chegou a dar um passo por que Alethia entrou na arena.

E pareceu entrar em câmera lenta.

Ela estava com a mesma roupa do café-da-manhã, mas agora usava um de seus óculos escuros favoritos: um Ray-Ban aviador prata. Ela mastigava um chiclete e uma espada metade de bronze metade de ouro arrastava no chão marcando um rasto na terra vermelha. Seus cabelos caiam no rosto, mas ela não parecia se importar.

Antes de parar a 3 metros de Jean ela fez uma bola com o chiclete e estourou logo em seguida.

Quando eu finalmente consegui sair de meu transe, eu vi que não era o único garoto que tinha a boca escancarada. E não sei se senti mais ciúmes ou mais orgulho.

Mas agora Alethia não era a atenção principal. E sim ela e Jean.

Jean encarava Alethia. Uma das sobrancelhas de Alethia apareceu por cima da lente dos óculos.

— Oh-oh. – Leon fez.

— Que foi? – Perguntei.

— Sua namorada é competitiva?

— Bastante.

— Oh-oh.

— Que foi homem?

— Escolha um bom lugar e solte o Leão.

— Hã? – Eu fiz. Realmente não tinha idéia do que ele quis dizer.

Leon revirou os olhos.

— As Gladiadoras já estão em campo.

Eu umedeci meus lábios.

— Hoje eu vou ensinar a derrubar o oponente. – Jean anunciou sem tirar os olhos de Alethia. – Claro que só funciona com outro humano.

Os outros campistas haviam se dissipado para os cantos da arena e observavam Jean e Alethia.

Alethia tirou os óculos e os jogou pra mim com uma piscadela. Por um triz e eu não pegava o óculos.

— Quer ser minha “ajudante” filha de Poseidon? – Jean perguntou quase sarcástica.

— Tanto faz. – Alethia respondeu no mesmo tom.

Jean deu uma rápida explicação de como usar sua espada para fazer o oponente perder o equilíbrio e logo começou um duelo com Alethia.

Mas Alethia tinha vários anos de esgrima nas costas.

Ela bloqueou, desviou e cortou Jean. Mas Jean mostrou todos os seus oito verões no Acampamento e fez Alethia cair de joelhos a sua frente.

Várias pessoas da “platéia” sugaram o ar quando Alethia levantou o rosto, longe de vencida.

— Não tente se exibir pra mim. – Jean disse. Ela arfava e sorria. – Eu sempre ganho.

— Tem certeza? – Alethia sussurrou.

Antes que Jean respondesse, Alethia se levantou e recuperou sua espada das mãos de Jean e a golpeou nos joelhos, fazendo Jean cair no chão.

— Não se gabe antes do final da luta. – Alethia disse. – E eu ganhei.

— Quem foi que disse? – Jean rebateu.

E de repente Jean, ainda do chão, puxou a espada de Alethia e com a mão livre puxou a perna de Alethia a fazendo cair de joelhos outra vez enquanto ela ficava de pé com a espada pressionando a base do pescoço da Alethia.

— Novatas. – Jean disse com desprezo e levantou a espada.

Leon contraiu os músculos e eu me vi pronto para gritar “não!” quando Jean desceu a espada que passou por cima do ombro esquerdo de Alethia e a cravou na terra. Jean chutou o ombro de Alethia a fazendo cair de costas no chão e apoiou o pé na barriga dela. Alethia tinha um olhar de puro ódio. Jean curvou o corpo pra frente e disse:

— Você só pode afirmar que me venceu se conseguir me colocar debaixo dos seus pés.

— Oh-oh. – Eu fiz.

— Jean comprou briga? – Leon perguntou.

— E das grandes.

Jean deu as costas a Alethia e eu corri para ajudá-la a levantar, mas ela não quis minha mão. Ela encarava Jean, seu rosto não expressava absolutamente nada. Eu me senti apreensivo pelo o que se passava na cabeça de Alethia, mas não disse nada porque ela não parecia que ia contar de qualquer jeito.

— Todos em dupla e praticando! – Jean mandou.

Alethia fez par com uma filha de Ares que começou a provocá-la o que só aumentou a fúria de Alethia que acabou golpeando a menina no nariz com o punhal da espada.

Eu fiz par com Leon e ele era bom, me desarmou umas oito vezes seguidas, mas eu consegui pegar o que Jean ensinou quase no final da “aula”.

Quando saímos da arena, Alethia não me esperou e foi direto para a aula de Grego Antigo.

— Ela está a ponto de matar um. – Eu disse a Leon enquanto ele me arrastava para o Riacho.

— A Jean não gosta que a enfrentem.

— A Alethia não gosta de segundo lugar.

— Elas vão se matar. – Leon concluiu.

 

A aula de canoagem não me interessou nem um pouco. Jogamos vôlei e depois fomos almoçar.

Alethia estava na entrada do pavilhão, encostada na parede. Não parecia mais brava. Ao contrário. Estava alegrinha demais conversando com aquele garoto que se oferecera para chamá-la na arena.

—... Mas é sério, não se preocupe com isso. Você foi excelente! Ninguém aqui nunca teve coragem pra enfrentar a Jean desse jeito. Estou orgulhoso! – Ele ia dizendo.

Alethia sorriu e suas bochechas coraram levemente.

Eu ergui uma sobrancelha. Sei que ela estava só conversando, mas naquele momento ele apoiou a mão na parede, na altura da cabeça de Alethia, se curvou e sussurrou alguma coisa no ouvido dela.

— Mais que diabos... – Eu comecei, mas Leon passou a minha frente.

— Lucas já pra sua mesa. – Leon disse puxando Lucas pelo pulso e entrando com ele no refeitório.

Alethia finalmente me viu e sorriu pra mim.

— Que ele sussurrou pra você?

— Não precisa ficar desse jeito, não foi nada demais.

— Então me fala o que foi se não foi nada demais.

— Ele disse que me queria no time dele de Caça a Bandeira amanhã.

— Precisava sussurrar isso pra você?

— Ele disse que faz tempo que ele está esperando alguém que possa ajudar ele a derrotar a Jean.

— Ainda não entendo porque ele teve que sussurrar isso.

— Ai Justin, por favor, sem ceninha.

— Ceninha? Você saiu da arena sem sequer olhar pra mim, mas aí aquele lá consegue te animar assim tão fácil apenas de convidando pra um jogo?

— Justin ele foi legal comigo ok?

— E eu não?

— É diferente.

— Carne nova.

— Não é assim.

— Então me explica a diferença.

— Justin você ta querendo fazer escândalo por nada.

— Não é por nada. E na verdade não é nem escândalo!

— Não sei por que você está com esse ciúme todo. Eu nunca te dei motivo pra ficar assim, dei?

— Não é você. É ele!

— Então tire satisfações com ele, não comigo!

— A minha namorada é você, não ele!

— Chega Justin! – Ela disse e me deu as costas.

— Alethia eu to falando com você!

— Mas eu não! – Ela disse sem me olhar.

 

Alethia passou o resto do dia sem dirigir um olhar pra mim. Não que eu tenha tentado chegar perto ou falar com ela.

Foi um dia estranho, nós nunca tínhamos ficado sem se falar por tantas horas.

Alguns dias se passaram e Alethia ainda não tinha falado comigo. Eu já havia pedido desculpas diversas vezes, mas ela preferia passar o tempo dela com Lucas.

Ela não apareceu na arena pelo resto da semana, mas já tinha feito muitos amigos. Maioria filhos de Hefesto, talvez por causa de Lucas.

Nesse meio tempo, Dalila se apresentou formalmente e pediu desculpas “pelo ocorrido”. Ela até que seria legal se não ficasse jogando indiretas pra mim toda vez que me visse.

Fazia duas semanas que nós tínhamos chegado ao Acampamento.

Por conta da Alethia, meu rendimento em várias atividades havia caído pra quase nulo. Na arena qualquer um podia me derrotar facilmente. Nas aulas de grego eu não havia aprendido quase nada, assim como em todas as outras atividades, exceto a parede de escalada. Eu cheguei ao nível máximo mais rápido do que esperava porque pelo menos lá eu conseguia descontar minhas emoções. E meu time havia perdido duas vezes na Caça a Bandeira.

Naquela manhã eu não estava de bom humor. Já não me sentia mais tão triste. Só bravo. Muito bravo e irritadiço.

Eu fiz par com uma garota na arena. Ela me derrotou quatro vezes.

— Você está bem? – Ela perguntou.

— Vou ficar.

Ela me ofereceu a mão e me ajudou a levantar. Ela tinha grandes olhos castanhos, mas eram escuros e sem brilho, pele alva, alta e magra.

— Você ainda está assim por causa da Barbie?

— Barbie?

— A filha de Poseidon.

— Alethia.

— Hm.

— Não sei.

— É por isso que eu não gosto do Amor.

— Não é tão ruim quanto parece.

— Até ela conhecer outro cara.

— É. – Resmunguei.

— Viu porque eu tenho motivos?

— Talvez.

— Você vai realmente ficar bem?

— Porque você se importa?

— Porque ninguém merece sofrer por amor.

— Às vezes é necessário.

— Será? – Ela perguntou, deu meio sorriso e devolveu minha espada.

— Eu não sei seu nome.

— Danielle Levisk, filha de Ares.

— Está explicado porque você não gosta do Amor.

— Meu pai é o amante de Afrodite. Eu tenho mais do que simples motivos.

— Isso não é um bom argumento sabia?

— Você vai me contar as vantagens de se apaixonar?

— A lista é muito grande.

— Mas não vale a dor que causa depois.

E dizendo isso ela se foi sacudindo os cachos negros.

Aquela tarde eu fugi de todo mundo, até de Leon.

Não me lembro bem como cheguei até a praia, mas lá estava eu no canto mais afastado, deitado na areia quente pensando no que eu iria fazer.

— Ficar amuado não resolve nada. – Disse alguém acima de mim, me sobressaltando.

Era uma garota ruiva de olhos verdes, pele alva. Bonita, mas tristonha.

— Oi Rachel. – Eu disse.

— Você está bem?

— Vou ficar

— Mesmo?

— Mesmo.

— Tem dias que você está assim, amuadinho.

— Você reparou?

— Eu reparo em todo mundo.

— Por quê?

— Porque eu quase não tenho vida própria.

— O Oráculo?

— Talvez.

Ela se sentou ao meu lado na areia sem se importar com o vestido florido.

— Ela gosta de você.

— Eu acho que sei disso.

— Ela é egocêntrica, ela precisa se sentir no topo de alguma coisa. Ainda mais depois do que a Jean fez com ela.

— E eu preciso ser excluído da vida dela desse jeito?

— Mostre isso a ela.

— Como?

— Achei que você fosse mais esperto.

 

Aquela conversa com Rachel me foi muito esclarecedora. Talvez eu soubesse o que fazer agora. Mas antes de fazer alguma coisa eu tentei falar com Alethia outra vez.

— A gente pode conversar depois Justin? Estão me esperando na quadra de vôlei pra eu mostrar uma das coreografias das Cheerleaders.

E foi aí que eu me irritei com ela outra vez.

Quando eu finalmente deitei estava exausto e irritado, mas meu problema com a Alethia foi a menor coisa com o que eu tive que me preocupar aquela noite.

 


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