E lá estava ela, mais uma vez me encarando. Odeio quando ela faz isso. Esse rosto inocente, essa voz suave...

-- O que foi? Por que me olha tão pensativo?

-- Estou tentando imaginar o que se passa na sua mente para mudar de atitude tão rápido.

-- Oras, você já sabe! A boa e velha conveniência. E pode ficar tranquilo. Aproveitei e providenciei para que também dormíssemos em quartos separados. Assim, cada um terá mais privacidade, não acha?

(Ela sorriu da forma mais natural possível)

Naquele momento me surpreendi. Nunca iria imaginar que ela tivesse atitudes como essa tão rápido. Céus, dormir em quartos separados! Isto é o fim da linha!

-- Mas... O que nossos conhecidos irão dizer? Não que eu esteja preocupado em dormir com você, mas eles podem pensar que estamos em crise.

-- Não se preocupe. Já providenciei todos os passos que daremos daqui pra frente.

Confesso que naquele momento senti certo receio. Caramba! Toda a mudança de comportamento e as atitudes da minha jovem esposa estão me deixando inquieto. O que ela trama com esses joguetes?

Bom, não vou me preocupar. Vou esperar e ver até onde Eugenee pode chegar.

-- Está certo. Seja como você quiser. Só espero que suas atitudes sejam no mínimo por uma causa justa, e não mais um de seus caprichos ou sentimentalismos. Não quero uma sombra de pensamento de que minha ''amada'' esposa esteja controlando a situação. Esse é o meu papel.

Vi que não vai ser tão fácil concluir o plano.

Em outro canto daquela cidadezinha, alguns poucos homens pareciam tratar de negócios. George era um deles.

-- Meu caro George! Para que boa parte, ou toda a herança de Eugenee seja sua, você precisa manter o casamento por três meses. Eu, portanto, sugiro que o mantenha pelo dobro do tempo, pois logo ela atingirá a maioridade.

-- E para que isso não acabe atrapalhando nossos planos, você precisa ter o controle de toda a situação financeira. Afinal, ela só tem você de parente, e receio que seja necessário derramar sangue.

-- Calma lá, meu caro! Isso significa... literalmente?

-- Sim, pois a jovem, ao completar a maioridade, será responsável por toda sua herança. E, pelo que sei, o único documento que você possui é uma certidão de casamento. Apenas isso.

-- Mas, com alguns ajustes e alguns contatos mais, você pode se tornar além de marido, o tutor.

-- E em quem você está pensando pra fazer esse trabalho sujo?

-- A que se refere? Morte? Ou documentos frios?

-- Aos dois.

-- Bom, teria de ser alguém de minha total confiança, e nem tão conhecido por essas bandas.

-- Bom, digo isso, pois não estou numa situação muito ''amigável'' com Eugenee. Discutimos e ela está agindo de maneira cínica demais pro meu gosto. E temo que qualquer ação estranha possa levantar suspeitas.

-- Seu imbecil! Não sabe que, desagradando a jovem, você deixa tudo a perder?! Ela pode ser jovem, mas não é tola. Isso se nota de longe, apenas olhando pra ela!

-- Bom, que seja! Então terei primeiro de me fingir de bom marido, recuperar a confiança... Isso vai ser fácil.

-- Trate de fazer isso o quanto antes, seu imbecil. Não fosse um dos melhores, eu mesmo trataria de te punir.

-- Não se preocupe, Nicolai! Tudo vai correr conforme o planejado.

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-- Senhor Nicolai, devemos realmente confiar nesse George? Ele parece não ter o mínimo de atenção para com os negócios, muito menos interesse.

-- Philip, isso é o que ele aparenta. Porém, não encontrei ninguém melhor do que ele para executar o nosso plano. Nem mesmo eu.