Ad Iludere escrita por Diego Seta
Um golpe aparado pela mais enganosa Zanpakutou logo em seguida, prostou diretamente os olhos de duas figuras tão opostas em ideologia e físico, que aos leigos à pintura subjetivamente existencial aparentaria ser um chiste cósmico.
“Você enaltece seu status e idade, brandindo-os como se por tais, suas palavras carregassem mais “verdades” e mais direitos. O que não enxerga, tolo velho é que teu tempo já se esvaiu e suas falhas idéias e conceitos cairão por terra esta noite, bem como tua incólume existência.” – sorriso sarcástico, olhar calmo, postura confiante. Eis Aizen Sousuke.
Um golpe sorrateiro pelas costas, e o antagonista viu como necessária a utilização da subterfugiosa habilidade de sua arma. Três combatentes acertam impiedosamente a ilusória figura.
“Kyoraku, Ukitake, o primeiro duo formado à base das falácias. É apenas previsível e mortalmente humano que venham ao resgate da fonte do que os tornou o que são. Este apego e confiança podem ser justificados afinal.” – à alguns metros de distância, surpreende a verdadeira figura de Aizen.
“Sua traição não conhece froteiras Aizen!” – Exclamou o fisicamente exótico Komamura.
“Suas palavras não têm valor algum” – Falou calmamente a já exausta Sui Feng.
“Vim aqui para esmagar você, Aizen!” – Impetuosamente, vem à tona Hitsugaya Toushirou.
“Tudo é finito. O que não é, farei com que torne-se.” – declamou egocentricamente Aizen, ao perfurar o crânio do último combatente.
A resistência última ergue-se das sombras. A figura jovem de cabelos laranja, a altiva figura paternal, a ameaça do passado em verde, e uma nostálgica figura felina.
“Cai a Instituição, entram os indivíduos. O que difere tal força resistente da primeira ou da ignorável segunda? Verdadeiros motivos? Realizações? Desejos? Vaidade? A verdade é que a não existe real motivo para nenhum de vocês erguerem-se contra mim. Uma massa segue uma seta que aponta. A indagação primordial, lógica, racional, é questionar a origem da ordem, do apontamento. O que sobrepujou o Gotei, não foi minha perícia, meu poder. E sim a incompetência de meus adversários no sentido mais cru e abrangente do termo.”
“Não é tão incompreensível. Há mais de duas décadas aquela fatídica batalha foi vencida. E ainda sim Aizen-sama, um de seus trunfos, a onipotente Kyouka Suigetsu mostra-se impiedosa até com seu senhor. Até mesmo o mestre desta tão admirável força viu-se engalanado pelo torpor ilusório imposto pela mesma” - seu prateado cabelo estava à altura dos ombros, todavia o semblante de Ichimaru Gin permanecia único.
Lá permanecia Sousuke. De pé, declamando muito de seu vasto repertório argumentativo retórico, brandindo sua poderosa arma. Nenhum adversário estava lá, nem jamais estaria. O autor dos mais malévolos planos de mais de um século, perecia agora vitimado pela ilusão de sua própria fonte de força.
“Parece que o rei do palácio mais impositor e ostensivo, não apresenta sequer a sanidade do mais limitado súdito, não é mesmo Shinsou?” – finalizou Ichimaru, com um triste sorriso, fechando a porta do solitário confinamento. Confinamento para o corpo e para a mente do mais astuto inimigo de todos.
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Apêndice:
Esse conto seguiu um rumo ligeiramente diferente do que esperei a princípio. É o tipo de história na qual os personagens acabam conduzindo, ao invés do autor. Eu acharia um fim como este muito interessante para a trama, mas que ao mesmo tempo bastante troll.
Alguns detalhes denunciam a ilusão logo no princípio do texto, como o subjetivismo citado. Por ser uma situação mais psicológica, é quase óbvio que Aizen se vê como muito mais foco, logo tamanha facilidade nos combates e predomínio de seus argumentos.
Acho que deu para manter a ambigüidade característica do Gin nessa brincadeira. O detalhe que achei legal colocar, foi ele conversando com a Shinsou. Isso remete à uma pseudo-brincadeira daquele monólogo na Fake Karakura, bem como demonstrar mais respeito à uma Zanpakutou. Especialmente após o fim de Aizen nesta One-Shot.