Ad Iludere escrita por Diego Seta


Capítulo 1
Ad Iludere




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“Não importa o quanto lute, fedelho. Sua força jamais se igualará à do mais poderoso Shinigami.” – Aquela voz idosa e decrepta uma vez mais fazia-se presente.

Um golpe aparado pela mais enganosa Zanpakutou logo em seguida, prostou diretamente os olhos de duas figuras tão opostas em ideologia e físico, que aos leigos à pintura subjetivamente existencial aparentaria ser um chiste cósmico.

“Você enaltece seu status e idade, brandindo-os como se por tais, suas palavras carregassem mais “verdades” e mais direitos. O que não enxerga, tolo velho é que teu tempo já se esvaiu e suas falhas idéias e conceitos cairão por terra esta noite, bem como tua incólume existência.” – sorriso sarcástico, olhar calmo, postura confiante. Eis Aizen Sousuke.

Um golpe sorrateiro pelas costas, e o antagonista viu como necessária a utilização da subterfugiosa habilidade de sua arma. Três combatentes acertam impiedosamente a ilusória figura.

“Kyoraku, Ukitake, o primeiro duo formado à base das falácias. É apenas previsível e mortalmente humano que venham ao resgate da fonte do que os tornou o que são. Este apego e confiança podem ser justificados afinal.” – à alguns metros de distância, surpreende a verdadeira figura de Aizen.

“Sua traição não conhece froteiras Aizen!” – Exclamou o fisicamente exótico Komamura.

“Suas palavras não têm valor algum” – Falou calmamente a já exausta Sui Feng.

“Vim aqui para esmagar você, Aizen!” – Impetuosamente, vem à tona Hitsugaya Toushirou.

 

Nenhum dos combatentes ofereceu um desafio real. A subjetiva imagem daquele campo de batalha serviria divinamente como cemitério para todas aquelas almas. 

“Tudo é finito. O que não é, farei com que torne-se.” – declamou egocentricamente Aizen, ao perfurar o crânio do último combatente.

A resistência última ergue-se das sombras. A figura jovem de cabelos laranja, a altiva figura paternal, a ameaça do passado em verde, e uma nostálgica figura felina. 

“Cai a Instituição, entram os indivíduos. O que difere tal força resistente da primeira ou da ignorável segunda? Verdadeiros motivos? Realizações? Desejos? Vaidade? A verdade é que a não existe real motivo para nenhum de vocês erguerem-se contra mim. Uma massa segue uma seta que aponta. A indagação primordial, lógica, racional, é questionar a origem da ordem, do apontamento. O que sobrepujou o Gotei, não foi minha perícia, meu poder. E sim a incompetência de meus adversários no sentido mais cru e abrangente do termo.”

 

 

Não era a primeira vez, indubitavelmente não seria a última. Ichimaru Gin observava atentamente naquele quarto escuro, plenamente almofadado. O ciclo interpretativo sem fim era regido por uma força inigualável. Apesar de todas as variáveis que eram apresentadas, havia pouca diferenciação na condução do teatro.

“Não é tão incompreensível. Há mais de duas décadas aquela fatídica batalha foi vencida. E ainda sim Aizen-sama, um de seus trunfos, a onipotente Kyouka Suigetsu mostra-se impiedosa até com seu senhor. Até mesmo o mestre desta tão admirável força viu-se engalanado pelo torpor ilusório imposto pela mesma” - seu prateado cabelo estava à altura dos ombros, todavia o semblante de Ichimaru Gin permanecia único.

Lá permanecia Sousuke. De pé, declamando muito de seu vasto repertório argumentativo retórico, brandindo sua poderosa arma. Nenhum adversário estava lá, nem jamais estaria. O autor dos mais malévolos planos de mais de um século, perecia agora vitimado pela ilusão de sua própria fonte de força.

“Parece que o rei do palácio mais impositor e ostensivo, não apresenta sequer a sanidade do mais limitado súdito, não é mesmo Shinsou?” – finalizou Ichimaru, com um triste sorriso, fechando a porta do solitário confinamento. Confinamento para o corpo e para a mente do mais astuto inimigo de todos.

 


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Notas finais do capítulo

Apêndice:

Esse conto seguiu um rumo ligeiramente diferente do que esperei a princípio. É o tipo de história na qual os personagens acabam conduzindo, ao invés do autor. Eu acharia um fim como este muito interessante para a trama, mas que ao mesmo tempo bastante troll.
Alguns detalhes denunciam a ilusão logo no princípio do texto, como o subjetivismo citado. Por ser uma situação mais psicológica, é quase óbvio que Aizen se vê como muito mais foco, logo tamanha facilidade nos combates e predomínio de seus argumentos.

Acho que deu para manter a ambigüidade característica do Gin nessa brincadeira. O detalhe que achei legal colocar, foi ele conversando com a Shinsou. Isso remete à uma pseudo-brincadeira daquele monólogo na Fake Karakura, bem como demonstrar mais respeito à uma Zanpakutou. Especialmente após o fim de Aizen nesta One-Shot.



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