Waves escrita por Yokichan


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Repare nas entrelinhas. É, você vai entender. ♥

Leiam escutando essa música: http://www.youtube.com/watch?v=PaG4k13R3uc&feature=related



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“Waves, and then goodbay.”

 

 

 

         Sussurros. Oh, aqueles sussurros doces e arrastados.

 

         Sussurros que vinham de longe e acariciavam-lhe os ouvidos, sussurros de amor, de saudade e de solidão. Ele a estava chamando. No fundo branco de seus sonhos, ela podia escutá-lo. “Eu estou bem aqui”, ele sussurrava com aquela voz quase apagada, quase esquecida. Ela então despertava, abria os olhos para encontrá-lo, seu lento amor triste, e percebia que estava sozinha – dolorosamente sozinha. Oh, não. Agora ela podia senti-lo bem perto.

 

         Sussurros arrepiando cada parte de seu corpo.

 

         Sentou-se na cama iluminada pelo luar, pediu ao coração que não enlouquecesse, e girou lentamente o rosto pálido. O coração, teimoso, entregou-se a convulsões violentas dentro daquele peito maltratado. Ele estava ali, plácido e intocável como se nunca houvesse partido. Um Sasuke de muito tempo atrás, aquele que ela havia conhecido e se apaixonado. Parcialmente coberto pela penumbra do quarto, ele a observava. Seus olhos negros brilhando à claridade que penetrava pela janela e caía sobre os lençóis, seus lábios cerrados para um sorriso que nunca seria dado, sua palidez ternamente fantasmagórica. Ele, simplesmente ele.

         As cortinas brancas dançaram ao toque da brisa noturna, e, petrificada pelo covarde encanto daqueles olhos de escuridão, ela deixou que ele se aproximasse. Oh, como era triste aquele amor, transbordando ilusões irresistíveis. Ilusões, ela tinha muitas. Sakura e seu baú de esperanças tolas.

 

         Sussurros. Novamente sussurros.

 

         Ele apoiou as mãos no travesseiro cheio de lágrimas perdidas, prendendo-a entre seus braços intransponíveis. Sua presa preferida. Então, subiu um dos joelhos para cima da cama, entre os dela – tão trêmulos – e mergulhou naqueles orbes verdes docemente aterrorizados. Sakura podia sentir o hálito quente de seu visitante noturno caindo sobre seus lábios, gentilmente. Ela estremeceu quando ele sussurrou outra vez, agora tão perto.

 

- Não desmorone.

 

         Antes que pudesse perceber, seus olhos haviam se fechado e de seus lábios entreabertos, sedentos por um toque, escapava um suspiro. Aquela era a dor de não tê-lo, de não conseguir alcançá-lo.

 

- Por quê? – ela murmurou, abrindo os olhos para os dele.

 

- Porque eu a quero inteira. – e ali estava a imponência suntuosa em sua voz.

 

- Você nunca está aqui. – ela reclamou, controlando-se ao impulso de beijá-lo.

 

- E ainda assim, você pensa em mim. – ele levou os lábios ao pescoço dela e suspirou sobre a pele fina e perfumada, fazendo menção de tocá-la.

 

- Irracionalmente. – completou, inclinando a cabeça para trás e expondo totalmente o pescoço pálido.

 

         Porém, ele não a tocou, não a beijou, não a mordeu – como ela esperava que Sasuke fizesse. Ele apenas percorreu seu pequeno pescoço de cima à baixo à centímetros de distância, soprando sutilmente seu hálito sobre ela.

 

- Você me ama? – perguntou antes de fraquejar sobre os cotovelos e deixar-se cair deitada debaixo do peito dele.

 

- Não. – ele mentiu, convincentemente.

 

- Por quê? – insistiu, tola e inocente. As lágrimas distorciam-lhe a visão.

 

- Eu não quero deixá-la no escuro. – ele sussurrou maciamente, aproximando seu rosto do dela. – Então não me deixe nele também.

 

         Agora as lágrimas rolavam pelas laterais de seu rosto quente. Ela ergueu a mão na esperança de tocá-lo antes que não mais fosse capaz de vê-lo através das camadas de água doce acumuladas em seus olhos, mas assim que seus dedos tocaram a face inalterável de seu fugitivo, ele apagou-se lentamente.

 

         Sussurros. Oh, não vão embora!

 

         Ofegante, Sakura abriu os olhos demasiadamente desesperados e sentou-se na cama com um chacoalho do corpo. O suor descia frio por seu pescoço, debaixo da roupa. A luz opalescente da madrugada ainda entrava pela janela ao lado da cama e o restante do quarto adormecia nas sombras. Então, estivera sonhando? Ele não estava mais ali, nunca esteve.

         No entanto, os sussurros continuavam. Pesarosa, ela ajoelhou-se na cama e debruçou-se na janela, encontrando o mar logo abaixo, na praia. As ondas beijavam a areia escura e retornavam para a noite, sussurrando melancolicamente. As ondas, lentas e tristes.

 

 

“It’s just a wave passing ove me.”


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