Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 17
De uma maneira foda, Thalia salva minha vida.


Notas iniciais do capítulo

enfim, desculpem a demora. As coisas estão meio ao contrarias ultimamente. Mas tá ai
Espero que gostem. E eu queria agradecer a Loolis pela a recomendação.



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CAPÍTULO QUINZE

De uma maneira foda, Thalia salva minha vida.

Estava escuro. Os únicos sinais de luz que imitia eram das tochas do vilarejo dos anões não tão anões, a mais ou menos 200 metros da arvore em que eu me encontrava.

Uma cantoria um tanto quanto festiva eu conseguia escutar vindo do vilarejo. Apesar de estar longe para conseguir distinguir perfeitamente os instrumentos, reconheci algo parecido como um coro de flautas e banjos. Eles pareciam estar dando algum tipo de festa do tempo medieval.

Além das musicas festivas, não conseguia escutar mais nada a não ser o barulho que meu coturno altamente pesado fazia ao chocar-se com os galhos quebrados e pedras soltas no chão.

Thalia e Annabeth já haviam parado de me seguir para cada uma fazer sua parte na hora do resgate. O plano de Annabeth era algo perigoso e até de certo modo improvável, mas caso funcionasse, evitaria que lutássemos desnecessariamente. Por que vamos lá, íamos ser massacrados por esses gigantes.

Sem o seu boné da invisibilidade que ela havia perdido enquanto era perseguia por um exame de aranhas famintas e ferozes, limitaram-se bastante as possibilidades desse plano funcionar completamente. Apesar disso, eu rezava para que pelo menos uma ideia nossa desse certo.

Parei em um arbusto próximo a uma simplória casinha tamanho GG. A musica dançavam em volta de todo o vilarejo, me fazendo dar conta de quão altamente irritante toda essa felicidade doentia era.

Ao longe, se esgueirando entre as arvores perto da praça a onde a festa acontecia, Thalia serpenteava tão naturalmente se escondendo pelas sombras, que me fez duvidar se ela já havia feito algo semelhante. Então eu me lembrei que falávamos da Thalia, obviamente ela já fez algo assim.

Ela estava apenas a alguns metros de distancia do local principal a onde a festa parecia estar mais agitada: Ao redor da cela.

A cela ficava exatamente no meio da praça a onde o festival acontecia. E por causa disso, a dificuldade do nosso resgate passou de Hard para Insane. Os anões dançavam, cantavam e tocavam em volta dela, comemorado os novos sacrifícios que haviam conseguido.

Apesar de parecer bem inocente, se você for analisar de uma perspectiva diferente, isso era um tanto quanto doentio.

Os anões não tão anões pareciam não ter percebidos as súbitas movimentações no matagal ao redor da vila, o que me fez ter certeza absoluta que já estavam bêbados o suficiente para ver outra coisa a não ser flashs. Isso era bom e ao mesmo tempo ruim.

Bom porque podíamos nos mover mais relaxado. Ruim porque eles vão se tornar extremamente violentos nas próximas horas, de acordo com Annabeth. Então rezemos para eles não nos perceberem.

Bem ao extremo da onde eu estava, escondida pelas sombras que as cabanas causavam, Annabeth sinalizava freneticamente para mim do jeito mais discreto que conseguia. Parecia estar fazendo isso há algum tempo, pois seus lábios estavam prensados. Ela sempre faz isso quando estava nervosa.

Inclinou o seu corpo para frente o máximo que conseguia para não ser detectada por nenhum anão não tão anão bêbado e perdido.

A penumbra que uma tocha solitária estacada bem ao meio de duas cabanas tornava seus cachos loiros uma tonalidade meio avermelhada e seus olhos cinzentos quase como vinhos.

Assim que conseguiu minha atenção, começou a apontar para o teto da cabana e depois fez uma mímica estranha com as mãos. Sinceramente? Eu não estava entendendo bosta nenhuma.

O que? – sibilei silencioso.

Seus lábios contornaram algumas palavras que eu não pude distinguir, até finalmente de tanto me concentrar e depois dela fazer slow motion labial, consegui identificar a palavra “Suba”.

Definitivamente isso não estava nos planos.

Olhei para o casebre tamanho GG. Ele era enorme. Ridiculamente enorme. Deveria ter pelo menos o tamanho de um prédio de três andares. Não havia como eu subir sem ter absoluta certeza de que não me esborracharia completamente bonito no chão.

Quer dizer, havia, mas eu não estava meio disposto a correr esse risco.

Olhei novamente para a Annabeth e seu olhar continuava firme, mostrando que era isso ou nada de plano funcionar. Não havia escolha para mim. Sentia-me um simplório peão em uma peça de xadrez. Não, o peão não. Talvez a torre. Ela é mais útil. E parecia que Annabeth estava colocando sua torre em risco.

Típico.

Suspirei pesadamente e dei os ombros - impotente. O máximo que podia acontecer era de eu cair, revelando para os anões não tão anões que estávamos aqui. E quando eles estiverem bravos o suficiente para querer matar todos, provavelmente já estarei estilado no chão sem vida, parecendo um bolo de carne moída.

Escondi minha mochila em um dos arbustos que enfeitava a casa como se fosse um jardim, e peguei somente alguns materiais que eu chutei serem necessários: Uma corda de 11 mm com fibras de náilon e um capacete (Dane-se se parece ridículo).

  Enrolei a corda em espiral no meu braço, até ela chegar ao meu ombro. Enfiei aquele capacete ridículo na cabeça e me senti um palhaço na hora.

  Enfim, eu estava pronto.

Aproximei-me das enormes janelas feita de uma madeira bem opaca. Estavam escancaradas, provando que os anões são seguros de si o suficiente que nenhum malandrinho vai roubar suas coisas.

Imaginei como eu faria para conseguir subir lá. Provavelmente se eu tomasse distancia, corresse como um louco e assim que já estivesse perto o suficiente, usasse a parede como impulso para tentar segurar a borda, poderia até dar certo. É um bom plano, apesar de improvável.

Enfim, eu tentei. O resultado foi como o esperado: Meu traseiro não ficou nada contente.

Mas eu não desistiria. Tentei uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. E na sétima vez, também não consegui. Só quando eu tava preste a desistir, dizendo que essa seria minha ultima vez, eu consegui pegar o suficiente de impulso na parede e agarrar firme a borda de madeira.

Vitória. Sete a um para os anões não tão anões. Mas isso é só o começo.

Com um esforço completamente compreensivo de tão dolorido que eu estava, me ergui para cima, conseguindo finalmente ficar de pé sobre a borda da janela. É claro que tive que ficar meio encurvado, porque afinal, essa pode ser casa de anões não tão anões, mas eu também tenho lá um bom tamanho para não poder me manter ereto em cima da janela deles.

Dei uma espiada na casa. Era enorme e bem, era uma casa de dois andares. Por isso o tamanho absurdo.

  Os moveis eram o dobro de tamanho dos moveis normais.

  Uma escada mal feita, quase caindo aos pedaços estava isolada na parede, bem ao lado da janela pela qual eu me pendurava. Um banco de duas pessoas, encostado na parede ao lado da porta em minha digonal,  estava de frente a um sofá avermelhado já desbotado. Uma enorme mesa de madeira escura, que deveria caber mais ou menos umas 20 pessoas normais, cruzava todo o piso inferior de lateral, e ao lado dele, dez cadeiras o rodeava. Um fogão a lenha descansava sozinho bem a minha extremidade.

Olhei para cima da janela. A parede era lisa e não havia a menor possibilidade de eu conseguir subir no telhado escalando. Então eu olhei para a escada.

Ta legal, ela estava quase caindo aos pedaços, e parecia não ser muito confiável. E também tinha o fato de eu não saber o que havia no piso superior. Mas ela, sem duvidas, era a minha melhor opção no momento.

Saltei em direção ao chão, e com um baque surdo, consegui pousar em pé perfeitamente. Olhei em volta, esperando algum sinal de que estivesse algum anão não tão anão em casa e suspirei aliviado em não achar nada.

Sem tempo para pensar ou ficar observando a vista, tratei logo de subir as escadas. Ela bamboleava, tremia, rangia, dava todos os sinais de que iria desabar, mas no fim, consegui chegar ao ultimo degrau ainda inteiro.

E cara, foi difícil subir essa escada. De um degrau para o outro eu tive que esticar horrores minhas pernas. Parecia que eu estava em uma arquibancada e as escadas não estavam disponíveis no momento, me fazendo ter que pular de banco em banco.

  No final da escadaria havia uma porta de madeira escura. Uma rachadura a decorava ao meio e um cadeado gigantesco pendia sobre a maçaneta de cobre.

Ótimo, estava trancando. Tudo para melhorar meu dia.

Desci as escadas novamente e vasculhei a casa o mais rápido que podia atrás de um molho de chaves. Após procurar em todos os lugares possíveis pelo homem, comecei a procurar em todos os lugares possíveis para anões não tão anões. Fui a lugares improváveis, e até teve alguns considerados politicamente incorretos, até finalmente encontrar finalmente aquelas pecinhas brilhantes dentro de uma panela escondida atrás do sofá.

Certamente alguém não queria que fosse encontrado, o que fez minha curiosidade e um pouco de medo – admito - crescer dentro de mim.

Subi novamente as escadas. Entre as cinco chaves presas no chaveiro, eu tentei duas até finalmente ouviu aquele magnífico click que significou que finalmente eu tinha conseguido um avanço nisso tudo.

Quando eu abri a porta (que rangia mais que um búfalo, por sinal), realmente esperava um monstro. Ou até mesmo uma sala transbordada de segredos místicos e perigosos. Mas cara, eu realmente não estava preparado isso.

Um berço, do tamanho de uma cama de casal decorava como unico movel no centro do quarto. Algumas latinhas e galhos em formas de bichinhos pendiam sobre o teto em uma corda estranha que eu identifiquei como sendo cipó, bem a cima do berço. Uma respiração calma e dócil dançava ao redor do quarto, vindo diretamente do enorme móvel de madeira.  

Um bebê cara. Dava para ficar mais estranho?

Enfim, eu não possuía o tempo para ficar todo emocionado com a cria de anões não tão anões aqui. Andei pelo aposento nas pontas dos pés, o mais silencioso possível, em direção a janela que ficava bem no fundo do quarto. Na hora que eu cruzei o berço, controlei o impulso de dar uma espiada no bebê.

Assim que cheguei há janela, com todo o cuidado possível, subi sobre a borda. Até agora estava tudo bem. Sem barulho, sem interrupções. Mas cara, você sabe que a minha sorte dura pouco.

No momento que eu estava pronto para pular em uma das portinhas da janela, e me pendurar lá até conseguir me aproximar o suficiente para pular em um galho de uma árvore que felizmente estava apenas a alguns metros a minha esquerda, passos ribombaram no piso inferior.

Vozes grossas e embriagadas inundaram o ambiente de madeira escandalosa. Os pais do bebê não pareciam importarem muito se iria acordá-lo ou não. Ou talvez, ele tivesse em sono pesado.

Ouvi o rangido da escada acompanhado por passos.  

Artop an odaedac o odassap ahnit oãn êcov odireuq? – uma voz feminina disse em uma língua estranha próxima demais do quarto.

Eu não tinha muito tempo. Eles logo estariam aqui e veria um garotinho (eu, no caso) pendurado na janela como se fosse um macaco. Então, em um ato totalmente transbordado de desespero e insanidade, pulei da janela novamente em direção ao quarto e fiz algo que provavelmente Annabeth sentiria vergonha se soubesse: Mergulhei em um molho de roupas jogado bem próximo a porta.

Meb otium odrocer em oãn – uma voz masculina respondeu vindo lá de baixo.

Com um rangido, a porta se abriu, e eu pude ver entre as frestas das roupas, uma mulher alta, mais ou menos com uns 2,30 de altura, vestida com uma roupa estranha. Um tipo de roupão de banho colorido. De um lado havia várias gravuras bonitinhas dos anões não tão anões, do outro, uma silhueta escura acompanhado de várias silhuetinhas bem semelhantes a ela. Seus cabelos eram castanhos e caiam lisos até metade das costas. Não consegui ver muito bem seu rosto.

A mulher caminhou calmamente em direção ao berço, e debruçou-se sobre ele.

Eãmam ad atlaf uitnes? – ela sussurava para o bebe de um jeito doce, enquanto parecia fazer carinho nele – Atlaf aus uitnes eãmam a.

xaelF oa sapuor sa ravel somasicerP. ogol somav, enatA! – bradou o homem lá em baixo.

Euv áj! – ela pareceu responder para ele. Olhou novamente para o bebê e depositou um beijo em sua testa – Etemorp eãmam a. Opmet um siam rop soruges someratse áj áj. Odireuq uem, sotnorp esuac oãste anrevac ad ortsnom odavlam o arap osicífircas so. Iav áj eãmam – e com isso, ela se afastou do berço e começou a se dirigir a porta.

Quando eu estava achando que estava tudo bem, que pelo menos dessa vez eu tinha dado sorte, a vida me deu um soco na cara novamente com gosto. A mulher não estava indo em direção a porta, ela estava vindo em MINHA direção.

Entrei em pânico. Ela havia me descoberto e agora vinha com seus enormes pés em direção ao molho de roupas, para me pisotear como se eu fosse uma barata intrometida e imunda.

Mesmo assim, eu não deixaria ser levado sem lutar. Estava preparado para destampar a contracorrente e enfiar no pé dela como uma agulha assim que ela o mergulhasse com força e com vontade. Só que ela fez algo que eu não esperava: Se abaixou e embrulhou o molho nos braços.

Senti-me um idiota. Ela não havia me descoberto. Somente estava levando a roupa para outro lugar. Mesmo assim, eu não conseguia ficar mais relaxado. Estávamos próximos demais e com um movimento brusco meu, ela notaria que eu estava escondido aqui entre as roupas.

Odasep átse iuqa ossi – a anã não tão anã resmungou em quando ajeitava mais o molho nos braços.

Pelas frestas das roupas, me movendo o mais delicado que podia, consegui ver ela fechado a porta do quarto atrás de si e colocando com o cadeado. Descemos as escadas enquanto um anão não tão anão a esperava sentando a mesa, tamborilando os enormes dedos na madeira escura. Parecia estar impaciente.

Uma enorme caneca pousava em sua mão, e às vezes ele dava uns pequenos goles. Algo dentro de mim dizia que aquilo não era água.

Assim que ele ouviu os passos na escada, virou a cabeça e sorriu para a mulher. Pelos seus olhos avermelhados, eu tinha certeza absoluta que o cara estava totalmente chapado.

Otnorp odut átse?

Mis.

Somav oãtne.

E com isso, ele se levantou e ambos se dirigiram em direção a porta. Eu imaginava que ela me depositaria em cima da mesa, ou talvez me jogasse em algum balde d’água aleatório. Mas não cara, você sabe que essas coisas não acontecem comigo.

Sem largar a muda de roupas, ambos caminharam rumo em direção à festa.

Eu estava em pânico. Precisava e urgente encontrar algum jeito de escapar daqui sem ser percebido, porque se não assim, eu seria exposto na frente de todos os anões bêbados e tremendamente violentos. E isso cara, não seria nada legal.

A mulher parou de andar e tentou ajeitar novamente a muda de roupa nos braços. Ela frequentemente estava fazendo isso e eu imaginei que estava muito pesado para ela. Porque afinal, havia um cara escondido ali dentro, não é?

Odasep otium áste ?Mim arap ragerrac edop êcov, xaJ - a mulher pareceu perguntar ao homem.

Oralc

A mulher estendeu as roupas e o homem as pegou com facilidade, fazendo parecer que eu pesava menos que uma pena. Com esses súbitos movimentos, foi à deixa para eu tentar avisar alguém ou a escapar.

  Consegui ficar a um ângulo do qual possibilitava eu ver os caminho de costas para eles. Procurei Annabeth com os olhos e a achei exatamente no mesmo lugar de antes, olhando impaciente para o telhado da casa pela qual eu havia entrado. Coitada, ela estava esperando eu aparecer.

Tentei chamar a sua atenção, porém nada pareceu funcionar. Suspirei cansado. A musica já estava terrivelmente mais alta e eu podia perceber a melhoria na iluminação a cada passo que os anões não tão anões davam em direção a festa.

Meu coração bombardeava ridiculamente acelerado dentro do meu peito que chegava até a doer. Eu iria morrer.

Às vezes eu me pegava pensando como eu morreria. Seria de uma forma heróica? Seria uma morte digna? Atiraria-me em frente de alguém para levar uma flechada? Mas cara, morrer desse jeito era ridículo até para mim, e olha que eu era o meio sangue que todos do Olímpio ao Tártaro tiveram o grande azar de conhecer.

Seria muito justo uma morte digna, já que eu arrisquei meu traseiro varias vezes para salvar aqueles hipócritas e metidos que não dão a mínima para seus filhos.

Mas agora lá estava eu, o grande salvador do Olímpio morrendo pisoteado, esmagado, ou até mesmo sendo sacrifício para um guardião de merda. Às vezes, quando você é um meio sangue, a vida pode ser um pouco injusta com você.

Depois de uma curta caminhada, o casal de anões não tão anões finalmente chegou ao local a onde a festa acontecia. Os outros já estavam mais para lá do que para cá. Bebiam, dançava, gritavam, brigavam, se pegavam, faziam tudo o que uma festa decente tinha que acontecer.

Os músicos pareciam ser os únicos sãs dali. Tocavam alegremente suas flautas, banjos, alaúdes, tambores e vários outros instrumentos que eu não reconhecera. Mas não foi isso que me chamou a atenção. No centro de todos, meio isolados e esquecidos, estavam meus amigos presos na cela.

Todos estavam completamente diferentes. Clarisse estava tremendamente irritada, tanto que tampava os ouvidos com as mãos. Nico estava encostado em uma grade, estranhamente calmo. Theodore estava sentando no chão, e seus pés juntamente com a sua cabeça balançavam ritmados com a musica. Estava feliz, até. Parecia estar aproveitando a festa momentânea.

O casal de anões não tão anões se aproximou de um anão que estava estilado no chão, completamente bêbado. Suas vestes estavam quase rasgadas e só um pedaço de pano cobria sua cintura.

Assim que ele percebeu a aproximação do casal, abriu os olhos e inclinou a cabeça em direção a eles.

Odirrom manhit euq iecha !Entemlanif – ele disse sorrindo para o casal.

O homem que me segurava, simplesmente murmurou algo que eu não consegui escutar e então, como uma facilidade impressionante, me jogou com tudo em cima do cara. Sei que ele não teve a intenção de machucar o amigo, porque afinal, não sabia que eu estava nos meio da roupa. Mas cara, na hora que eu me choquei com a barriga do anão no chão, minha cabeça bateu com tudo sobre a sua boca do estomago. E pense, eu estava de capacete.

Ele rugiu, gemeu, grunhiu, fez tudo que um bêbado extremamente dramático faria. Aproveitei a confusão de todos e pus a tirar o roupão de cima de mim, me revelando. Sabia que assim que eles assimilassem o que havia acontecido, iriam prontamente a começarem a me perseguir para me matar ou me aprisionar.

Com um salto, me levantei e corri em direção ao matagal, serpenteando os anões que dançavam e bebiam despreocupados, sem fazer ideia do que ocorria no momento.

Atrás de mim, os anões já pareciam ter assimilado tudo, e então gritaram chamando a atenção dos outros. Porém era tarde demais. Eu já estava afastado o suficiente para conseguir me esconder na floresta em volta da vila.

Só que cara, tinha um problema que eu não estava contando: Dez passos meus eram equivalentes a somente um passo deles.

Assim que eu já podia sentir o cheiro da floresta me animando, dizendo que eu tinha conseguido escapar dessa horda de anões não tão anões, uma sombra passou pela minha cabeça. Antes que eu desse por mim, um gigante pousou bem a minha frente de maneira violenta. Reconheci como o bêbado caído.

Parei tão abruptamente que cai de bunda no chão.

Os olhos azuis do anão não tão anão brilhavam de fúria. Veias salpicaram em sua testa e eu se ele fosse um cartoon, provavelmente estaria saindo fumaçinhas das suas orelhas e narinas.

Ele gritou. Mas foi tão violento e escroto que não passou de barulhos estupidamente altos e incompreensíveis até para os seus amiguinhos anões. Atrás de mim, eu podia sentir os olhares raivosos e até curiosos, se meu instinto está correto. Eu havia me tornado a atração da festa.

Graças aos meus fodasticos reflexos de semideus, consegui a tempo perceber o enorme punho que vinha em alta velocidade em minha direção, pronto para me socar e me nocautear como se eu fosse uma criancinha. Rodei para o lado, desviando por pouco. O cara tinha aplicado tanto força nesse soco, que no momento que seu punho se encontrou o chão, uma cratera enorme, to tamanho de uma bola de basquete formou-se no lugar,

  Terra voou para todo o lado e uma poeira marrou se levantou, tampando nossas visões por alguns segundos. Esse foi o sinal que a sorte me mandou para sair correndo imediatamente dali.

Assim que entrei na floresta e mergulhei com tudo atrás de um tronco caído, eu já conseguia ouvir os passos alvoroçados deles bem próximos de onde eu estava.

A musica festiva e animada havia parado, o que me fez ter certeza que eu tinha acabado completamente com a comemoração deles. Um lado bom nessa confusão toda.

Rastejando-me como uma cobra torta, consegui me afastar mais alguns metros, o suficiente para eles perderem o meu rastro por um tempo. Bati as mãos sobre a minha roupa, tirando o excesso de folhas e terra que eu havia pegado no processo de imitar uma cobra.

Otrep átse ele – uma voz grossa falou a apenas alguns metros de onde eu me encontrava. Provavelmente no tronco qual eu havia me escondido de primeira.

Eles se aproximavam. Eu podia sentir. Logo seria descoberto e tudo que eu havia feito até a agora não teria valido nada. Decidi correr. Pelo menos, com isso, eu poderia ter uma pequena chance.

Ele átse al! – alguém gritou.

Pulando galhos, arbustos, troncos e sem olhar uma vez para trás, eu corria como louco. Desviava de arvores e possíveis caminhos que eu desconfiava serem ciladas. Apesar disso, eles se aproximavam de mim mais rápido que eu imaginava. Logo, estariam em minha cola e com uma esticada de braço me alcançariam facilmente.

Então, um barulho inundou meus ouvidos de maneira heróica. A alguns metros de onde eu estava, um córrego gritava para mim o máximo que podia, avisando sua localização. Não estava muito longe e se a sorte estivesse do meu lado só por alguns minutos a mais, eu conseguiria chegar lá.

Apertei meus passos e corri como nunca corri antes. O máximo que minhas pernas podiam agüentar antes de terem certeza de que não tropeçaria feio. E vamos lá, eu não posso me dar ao luxo de tropeçar logo agora. Minha vida está meio que em jogo.

Após passar por uma clareira recheada de troncos e pedras, eu corri mais um pouco e consegui ver entre as árvores, aquela água cristalina brilhar como sol para mim. Como se pressentisse o meu perigo, o córrego não estava calmo e nem raso. Eu sentia uma correnteza forte exalando dele e se enchera o máximo que conseguia para me ajudar.

Os anões não tão anões já estavam praticamente colados atrás de mim. Permiti a dar uma olhada pelos ombros e por sorte, nesse exato momento a mão do bêbado se esticou para me agarrar. Saltei para frente, dando uma cambalhota sobre a grama úmida, conseguindo desviar facilmente da sua mão.

Oh anões! – eu gritei me levantando, ficando de costas para o córrego. Eles pararam de correr e me olharam confuso. Deveria ter mais ou menos metade de toda a vila ali atrás de mim. Levantei meu dedo para o bêbado que havia me perseguido – Minha vez.

E com isso, uma tsuname raivosa explodiu atrás de mim, engolindo tudo o que tinha pela frente. Você pode ser grande. Você pode ser forte. Mas você nunca vai superar a força da água.

Observei a enorme onda que tinha feito arrastar todos os anões e árvores para longe de mim. Logicamente a mandei me poupar de todo esse massacre e logo era só eu, sozinho ao lado de um córrego calmo, olhando para o enorme rastro de destruição que minha onda tinha feito.

Às vezes, eu não fazia ideia do tamanho do meu próprio poder.

***

Por onde eu passava havia sinais da minha tsuname e isso me fez perguntar o quão longe ela foi.

Arvores estavam caídas. Pedras foram jogadas contra árvores. Terra foi empurrava até formarem enormes crateras. Enfim, foi algo totalmente demais e ao mesmo tempo meio assustador.

Não havia sinais dos anões e isso de certo modo me preocupou. Por que afinal, eles já podiam estar de pé, escondidos, só esperando eu me distrair por um segundo. Sem contar Annabeth e Thalia, que eu não fazia ideia se haviam sido atingidas ou não pela minha super onda. Por precaução, destampei a contracorrente, pronto para qualquer coisa.

Após andar um pouco, consegui de longe avistar novamente o vilarejo. Ele estava completamente deserto. Não havia sinal de nenhum anão não tão anão ou de qualquer outra criatura – quando eu digo criatura, falo de Annabeth, Thalia e os outros.

Ei, tem alguém ai? – gritava enquanto caminhava pelo local a onde a festa havia acontecido.

Não havia nenhum sinal da cela e isso me fez ficar preocupado. A onde raios eles haviam levados Theodore e os outros?

Então algo me atingiu em cheio: E se nesse meio tempo que metade da vila me perseguia, a outra metade os levava em direção ao guardião?

Comecei a entrar em pânico com esse pensamento. Não podia estar acontecendo. Quer dizer, Annabeth e Thalia estavam aqui, elas não deixariam isso acontecerem, nem que significasse que teria que lutar contra eles. E com isso, comecei a ficar mais em pânico ainda. E se elas tivessem lutado com eles? E se estiverem feridas? Incapacidades de lutarem contra o guardião?

Essas perguntas bombardeavam minha mente de tal maneira, que eu não havia percebido uma figura se esgueirar silenciosamente entre as sombras, com um objetivo totalmente nada legal para mim. Antes que eu conseguisse despertar dos meus devaneios, um pássaro zuniu sobre minha cabeça e com um grito, atingiu em um baque surdo, alguma coisa atrás de mim.

Me virei imediatamente. Um anão não tão anão olhava abobado para o céu, antes de cambalear e desmaiar completamente.

Que poha aconteceu? – perguntei procurando quem me salvará.

Hei, aqui em cima, Cabeça de Alga – uma voz terrivelmente conhecida me chamou, vindo exatamente de cima da minha cabeça.

Assim que eu movi meu pescoço para cima, meu queixo só não foi ao chão porque eu estava meio que acostumado com surpresas.

Bem em cima de mim, de braços cruzados, com uma cara convencida pairando no rosto e totalmente ereta como se estivesse de pé no ar, havia uma Thalia.

Bem, pelo menos isso explica o porquê do grito.


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Notas finais do capítulo

Ultimamente tenho feito capítulos grandes, mas enfim, ta ae.
Ta facil entenderem o que eles falaram. Dei dicas qq
Enfim, espero que tenham gostado.
bgsbgs:*



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