Estávamos nos divertindo bastante, até que chegou a hora de voltar para casa. Era triste, admito, mas a tarde havia sido maravilhosa com Travis. Chegamos em casa sorrindo de orelha a orelha, Nikki e Paige estavam tão alegres quantos nós, então decidimos ver um filme. Enquanto os outros riam de Atividade Paranormal, mamãe me puxou até o escritório dela e trancou a porta. Na poltrona em frente da lareira eu via a cabeça de uma pessoa.

–Elle, filha – ela disse enquanto eu sentava ao lado dela no sofá – Preciso te contar uma coisa.

-Contar o que? – perguntei confusa. Realmente não entendia nada. Nem quem era aquela pessoa na poltrona.

-Sabe o seu pai? – ela perguntou e ouvi uma risada vinda da poltrona.

-Claro mãe – revirei os olhos.

-Bem, um pouco antes de você nascer, eu tive outra filha com seu pai.

-Outra o que? – cuspi com minha voz alterada – Por que nunca me contou isso, mãe?

-Eu não podia – ela falou com a voz cautelosa – Seu pai não me deixou, até agora.

-Por quê? – perguntei – Onde ela estava esse tempo todo?

-Reformatório – disse a voz rouca vinda da poltrona e uma garota se levantou.

Ela tinha longos cabelos castanhos escuros, lustrosos e brilhantes que caiam até quase sua cintura. Os olhos cinzentos estavam delineados fortemente com lápis e os cílios estavam longos por causa do rimel. No nariz, usava um piercing na forma de uma pequena argola. A pele era queimada pelo sol e ela tinha uma pequena tatuagem de sol no lado interno do pulso direito dela. Usava uma blusa branca de gola V que ressaltava seu corpo sob uma jaqueta apertada de couro preto. Um jeans preto bem colado e um all-star preto sujo. 

-Você deve ser a Elle – ela disse – Mamãe só mostrou-me algumas de suas fotos. Sou Verônica.

-Bem – falei desconfortável – Oi.

-Olá Elle – ela disse com a voz firme, então veio até mim e me abraçou. Um pouco surpresa, abracei-a também mesmo que automaticamente. Ela exalava um cheiro de calor... Não consigo explicar direito.

-Você vai para o Acampamento? – franzi as sobrancelhas.

-Vou só um pouco, depois vou voltar para cá. Não gosto de lá.

-Bem, não vou ter que ficar sozinha no chalé agora – sorrimos para a outra.

 Mamãe também sorria.

-Vou deixar vocês conversando.

Pela próxima hora, Verônica e eu ficamos conversando sobre tudo. Descobri que ela fugiu quando era muito nova, tinha apenas seis anos e foi pega roubando, por isso foi para o orfanato. Ficou lá até quatorze anos, mas então fugiu e quando foi pega novamente roubando a mandarão para o reformatório. Ela me perguntou sobre os pretendentes e eu corei como um pimentão. Falei de Travis. Contei tudo para ela. Foi extremamente fácil, não conseguiria falar desse jeito com a minha mãe. Quando perguntei a ela, Ronnie corou levemente e mostrou a tatuagem em forma de sol. Fiquei com cara de WTF e ela disse que estava tendo um “rolo” com Apolo. Fala sério. Rimos bastante e quando vimos já era hora de dormir. Ela foi para o quarto dela e eu para o meu. Rindo, entrei no meu quarto e achei Travis sentado na minha cama. Ele pulou para me abraçar e me beijar.

-Ei, você sumiu – falou.

-É – disse desconfortável – Minha mãe me apresentou a uma pessoa.

-É? Quem? – perguntou apenas interessado em beijar meu pescoço.

-Minha irmã.

-Irmã? – perguntou parando de me beijar e me olhou curioso – Uma semideusa?

-Exatamente. Um ano mais velha. Estávamos conversando agora a pouco.

-Entendi – disse voltando a beijar meu pescoço – Vamos Elle, vamos dormir.

Então, deitamos na minha cama e adormecemos.