Towards The End escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Como eu havia dito, cá estou eu com o nono capítulo... Nesse capítulo haverá um esclarecimento sobre o Aaron e o levantamento de mais alguma questão. Espero que gostem n__n



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  Assim que o corpo do Leucrota começou a se desfazer, Pollux e Samantha relaxaram e se encostaram na parede do corredor. Ao meu lado, Percy guardava Contracorrente no bolso, e Damon e Aaron assistiam à cena de longe com olhares assustados. Durante alguns segundos, todos ficaram parados nessas posições, e os únicos sons eram os barulhos que vinham de dentro dos apartamentos.

  — É quase uma e meia. — Eu disse, quebrando o silêncio. — Temos que voltar pra casa.

  — Não podemos descansar um pouco? — Pediu Pollux.

  — Vocês podem dormir no meu apartamento se quiserem — disse Aaron timidamente. — Eu posso dormir no quarto da minha mãe, as meninas podem ficar no meu quarto e os meninos na sala... Não tem muito espaço, mas...

  — Não. — Percy disse. — Se minha experiência com missões conta, nós não podemos perder tempo. Somos seis meio-sangues, é como se nós tivéssemos uma placa de neon na nossa cabeça chamando os monstros, ainda mais considerando que temos filhos de deuses muito poderosos aqui.

  — Percy está certo. — Disse Samantha com um suspiro. — Por mais cansada que eu esteja, sei que não podemos ficar muito tempo no mesmo lugar, ou mais monstros virão. E acho que você não quer colocar sua mãe e sua avó em risco, certo, Aaron?

  Aaron engoliu em seco e seus olhos ficaram assustados.

  — Ce-certo. — Concordou ele, ainda com os olhos dourados assustados. — Então... Que horas é o nosso vôo? Vocês têm passagem pra mim?

  — Não vamos de avião, Aaron. — Eu disse em um tom paciente. — Temos um carro mágico que Hefesto nos deu. Com ele, nós podemos chegar ao Acampamento em poucas horas. Agora vamos, não temos tempo a perder.

  Aaron pareceu confuso por alguns instantes, mas assentiu. Usamos a escada de incêndio para sair do edifício, para evitar o porteiro e vários cidadãos curiosos. Descobri que Samantha havia avisado os garotos através de uma mensagem de Íris que ela havia enviado do apartamento de Aaron, e assim que eles receberam, Percy dirigiu até o prédio e deixou o carro em uma vaga vazia do estacionamento coberto do edifício. Sim, ele havia arrombado o portão do estacionamento. Usando o próprio carro, no qual Hefesto havia feito algumas modificações que deixaram o carro praticamente indestrutível por fora.

  O estacionamento estava deserto, a não ser por alguns poucos carros. Nas ruas, as lojas já haviam fechado, mas as pessoas continuavam a mil com suas festas e comemorações. Segundo Aaron, aquilo sempre acontecia nos primeiros quinze dias do verão, para celebrar o início da estação e, para algumas pessoas, o início das férias também.

  Foi difícil acomodar a nós seis no carro. Percy sugeriu que colocássemos Samantha no porta-malas porque ela era a menor, mas o olhar que ela lançou a ele quando ele deu a sugestão era muito mais típico de Hades do que de Gaia. No final, Samantha acabou se espremendo com os outros três garotos no banco de trás, mas não pareceu nem um pouco incomodada com isso, se for considerar a conversa que ela teve com Pollux e Aaron o caminho inteiro em direção à saída da cidade. Acho que Ida e Adrasteia estavam um pouco enganadas sobre a “filha” delas quanto ao aspecto de não saber lidar com pessoas.

  Eu fiquei quieta, olhando pela janela sem prestar atenção, apenas pensando. Havia algumas coisas sobre Aaron que me deixavam intrigada... Sobre Damon também, na verdade, mas havia mais sobre Aaron. Quando ele nos viu na sala, comentou algo sobre May e Sue nunca mais olharem na cara dele depois de ele ter deixado uma garota cega... Como assim? E o que havia acontecido com a mãe dele? A avó dele havia falado algo sobre um acidente... Falando em mãe, quem seria o progenitor divino de Aaron? Apolo? Acho que não. Pensei em Hemera e até Atena, e não descartei essas possibilidades pelo fato de ele ter mãe humana, e não pai — adoções existem, afinal, e ele era meio parecido com Summer e Annabeth, tirando a cor dos olhos e o fato de ele ser albino. Tentei pensar em mais algum deus ou deusa, mas minha mente estava cansada, e peguei no sono antes mesmo de o carro acelerar. Quando dormi, tive um sonho que esclareceu ao menos uma das minhas dúvidas.

  Eu via um pátio de uma escola de ensino fundamental. Havia várias crianças pequenas e algumas um pouco maiores correndo por todo lado, gritando e atirando seus lanches umas nas outras. No meio de todas essas crianças, um grupo se destacava.

  Eram duas meninas e um menino. O menino, um baixinho albino com olhos que pareciam dourados, era claramente Aaron. Ao lado dele havia uma menina comum, de cabelos castanhos e olhos castanhos claros. Do outro lado dessa menina havia uma garota mais alta, com cabelos compridos e pretos, e olhos castanhos tão escuros que pareciam pretos como seu cabelo. Percebi um contorno vermelho em suas íris quase pretas. A presença daquela garota era maligna, e nem precisava ser um meio-sangue com sexto sentido pra saber disso.

  O trio andou até uma longa fila de crianças que compravam lanches na cantina da escola.

  — Acho que vou ligar pra Sue e perguntar por que ela não veio na aula. — Comentou a garota maligna enquanto a normal entrava na fila. — Você me acompanha, Aaron?

  — O-ok. — Respondeu Aaron, baixinho.

  — A gente se encontra no lugar de sempre, tá, May? — Disse a garota, pegando o braço de Aaron e arrastando-o para longe. May simplesmente assentiu e acenou para eles.

  A garota arrastou Aaron na direção de um ginásio. Ao lado do ginásio havia um portão fechado que levava para algum corredor aberto, que provavelmente dava acesso a portões laterais do ginásio. O portão era mantido fechado por um cadeado que, além de tudo, era alto demais para as crianças alcançarem.

  — Claudia... — Murmurou o pequeno Aaron, assustado. — Por que está me trazendo pra cá? Não íamos ligar para Sue?

  Claudia lançou um olhar mortífero para o garotinho.

  — Cala a boca. — Disse ela com uma voz um pouco mais diferente, parecendo mais adulta e mais má.

  O rosto de Aaron se encheu de medo. Claudia lançou um olhar para o portão. O cadeado destrancou e o portão se abriu espontaneamente. A garota arrastou Aaron para lá, e o portão se fechou com força atrás deles.

  O lugar era um corredor a céu aberto que parecia servir como depósito, devido à quantidade de tralha ali. Havia cadeiras quebradas, pedaços de madeira e metal, arames, muitas caixas, alguns bebedores, sacos de lixo cheios, entre outras coisas. A parede direita do corredor era a parede do ginásio, com alguns portões laterais fechados, e a parede esquerda era um muro não muito alto que dava para a casa vizinha à escola.

  — O que tá acontecendo, Claudia? — Perguntou Aaron, olhando em volta freneticamente. Seus olhinhos dourados estavam agonizados.

  Claudia ignorou o garoto. Ela começou a fuçar algumas pilhas de lixo murmurando coisas como “Onde foi que eu deixei?”. Quando ela finalmente pareceu encontrar o que procurava, um sorriso maléfico se abriu em seu rosto e seus olhos, antes com apenas um contorno vermelho, agora estavam com as íris totalmente vermelhas, loucas, raivosas. Ela levantou o tal objeto que procurava no meio do lixo. Uma espada.

  — Ah, finalmente. — Ela falou calma, com uma voz bem diferente da voz fina e infantil que usava antes. — Garoto, você não sabe o quanto tem sorte. Você faz ideia de quanto tempo eu tive que esperar para isso? Quanto tempo eu tive que ficar meio escondida no corpo desta maldita criança, mal podendo me manifestar? Ah, mas tudo bem. O que importa é que consegui isolar você, e depois de terminar o serviço, vou poder jogar fora este corpo inútil e limitado. Agora vamos ao que interessa.

  Os braços de Claudia ergueram a espada para atacar. Aaron saiu correndo e gritando pelo corredor, a menina possuída em seu encalço.

  Aaron dobrou o corredor, entrando em outro que terminava poucos metros à frente com um muro. O garotinho, desesperado, começou a empilhar coisas — QUALQUER coisa que ele visse pela frente — para tentar pular o muro de cimento impossível de escalar. Confesso que senti pena dele naquele momento, e isso não é algo fácil de acontecer.

  Ele conseguiu pular o muro, que dava para uma pracinha da escola onde várias crianças menores, que deviam ter no máximo seis anos, brincavam. Aaron, que devia ter uns nove, saiu correndo. Pouco depois, Claudia apareceu pelo mesmo muro com uma espada na mão e o olhar vermelho completamente ensandecido. Lembrava muito Annabeth, um ano atrás, quando estávamos no deserto.

  Aaron correu por todo o pátio da escola com Claudia atrás dele, até voltar ao ginásio, por acaso bem na hora em que May mexia na fechadura da porta do ginásio com alguma coisa.

  — MAY! MAY! SOCORRO! — Gritou Aaron.

  A garotinha levantou os olhos castanhos para ele e pôs o indicador sobre os lábios em sinal de silêncio. Ela abriu a porta e entrou no ginásio, fazendo um sinal para Aaron e, em seguida, Claudia.

  — Não deixa ela entrar, May! Não deixa ela entrar! — Gritou Aaron, forçando a menina a fechar a porta, porém Claudia foi mais rápida e conseguiu entrar antes que May fechasse a porta.

  Aaron e Claudia começaram uma corrida pela quadra e pelas arquibancadas do pequeno ginásio. May assistia aos dois com os olhos encantados.

  — Estão brincando de pega-pega? Posso brincar também? Tá comigo!

  May largou o sanduíche e o suco que havia comprado e saiu correndo atrás de Aaron, que ainda fugia de Claudia.

  — Você não entende, May! — Gritou Aaron quase chorando. — A gente não tá brincando! Ela quer me matar!

  May ignorou Aaron e continuou correndo atrás dele e rindo. Em certo momento, Aaron acelerou e May se colocou entre ele e Claudia.

  Aconteceu tudo muito rápido... Mas sabe aquelas coisas que acontecem rápido, mas você consegue discernir e descrever todos os mínimos detalhes? Pois é, aquele momento foi assim. Em poucos segundos, Aaron freou e se virou para May e, mais atrás dela, Claudia. No mesmo momento, May tocou o ombro de Aaron gritando alegremente “Te peguei, agora tá com você!”. Claudia, longe demais de Aaron, pegou a espada horizontalmente e mirou na cabeça do garoto, atirando-a como se pesasse o mesmo que uma folha de papel. A mira da garota era certeira.

  Aaron gritou para May se abaixar, mas a menina o ignorou pela milésima vez. O impacto da freada de Aaron com o toque de May fez o garoto cair de costas no chão. A espada passou por May como se ela fosse um fantasma, e passou direto pelo lugar onde antes estava a cabeça de Aaron, indo parar exatamente dentro do gol.

  — Te peguei, Aaron! — Repetiu May, correndo para longe de Aaron. — Agora tenta pegar a gente!

  Aaron ficou deitado no chão enquanto Claudia dava passos decididos em sua direção. O estado da garota realmente me lembrava o de Annabeth: os cabelos emaranhados e grudados no rosto devido ao suor, os olhos vermelhos enfurecidos e loucos, a respiração ofegante, as mãos trêmulas.

  Ela se abaixou e levantou Aaron pelo pescoço.

  — Você ainda tem uma escolha... Você pode... — Ela tentava falar, mas sua voz parecia sufocada de tanta fúria. — Escolher nos servir... Ou morrer... Escolha!

  De repente, a pele de Aaron começou a brilhar. O garoto estava chorando, seu rosto infantil cheio de medo e desespero. A expressão de Claudia ficou confusa. Então, um clarão surgiu, direcionado apenas à garota. Ela soltou um grito, e pude ver uma fumacinha saindo de sua boca. Um daemon.

  Claudia caiu flácida no chão, e Aaron caiu de joelhos, chorando compulsivamente. De longe, May assistia a cena, e seja lá o que seus olhos mortais haviam visto através da Névoa, não era nada bom.

  — CLAUDIA! — Gritou ela, com os olhos cheios de lágrimas. Seu rosto furioso se virou para Aaron. — VOCÊ MATOU MINHA AMIGA! EU ODEIO VOCÊ!

  A voz de May foi sumindo e a imagem se dissipando, até que a cena mudou. Aaron ainda tinha seus nove anos, mas desta vez ele estava em um hospital, junto de várias outras pessoas. Entre elas estavam May com um adulto que devia ser seu pai, uma garota de cabelos loiros e olhos castanhos que devia ser Sue, e uma mulher junto de Aaron que mal reconheci como sua mãe. Ela estava completamente diferente. Sim, ela ainda tinha os cabelos pretos e a pele morena, mas ela parecia saudável. Não tinha olheiras e seu cabelo era bonito e sedoso, não estava magra demais, não estava vegetando em uma cadeira com o olhar perdido no nada. Seu olhar era vivo, mais vivo que o de muita gente que conheço, e naquele momento estava também preocupado por causa do filho.

  O rosto de Aaron transparecia muitas emoções. Tristeza, culpa, confusão, mágoa, preocupação. Se houvesse um jeito de sua pele ficar ainda mais pálida, teria ficado.

  — Meninas. — Disse ele baixinho, andando até as garotas.

  — Não queremos falar com você. — Disse a loirinha em um tom de repulsa. Sua voz entregava as lágrimas que ela tentava conter.

  — Mas eu...

  — Não interessa! — Replicou a loira.

  — Você não matou ela — disse May —, mas ela ficou cega. Cega, Aaron! E a culpa é sua!

  — Não é! — Exclamou ele. Algumas enfermeiras passaram e fizeram sinal de silêncio. Os três estavam quase gritando e chorando. — Não é culpa minha! Eu não fiz nada! Ela que estava tentando me matar! Vocês são cegas!

  — Cala a boca! — Gritou May.

  — Não quero mais ser sua amiga. — Resmungou a loira.

  — Mas Sue... — Suplicou Aaron.

  — Não. Quero. Mais. — Repetiu Sue. — Não vou mais falar com você na escola. Não vou mais te ajudar no tema. Não vou mais te convidar de lanche no recreio. Não quero mais falar com você, seu... Seu cegador!

  Ah, crianças e seus “insultos”.

  — O diretor chamou mamãe pra ir à escola amanhã. — Disse Aaron, as lágrimas escorrendo por seu rosto albino. — Acho que vão me expulsar.

  — Que bom. — Disse Sue.

  — Tomara que expulsem, mesmo. — Concordou May.

  Aaron começou a chorar ainda mais e correu para os braços da mãe. A imagem começou a escurecer, até que segui meu sono sem sonhos.


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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam do sonho? A descrição da escola pode ter ficado meio confusa.. x.x isso foi porque eu descrevi essa escola pensando na minha, e esse capítulo foi escrito em um momento de extremo bloqueio de criatividade, o que atrapalha quando vamos descrever algo porque parece que não conseguimos encontrar as palavras. Ao menos comigo, é assim.

Mas enfim, o que acham do sonho? O que acham do negócio que o daemon falou, sobre 'se unir a eles'? Adoro saber suas opiniões, hoho. n_n