Fique Acordado escrita por Heart


Capítulo 7
Capítulo 5- Possuída


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *-*



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Era só o que faltava! O meu melhor amigo e o único que acreditava em mim era médico, agora ele morreu, e os loucos acreditam em mim. LOUCOS! Acho que de alguma maneira eu estava louca também.

- Como vocês acreditam em mim? Vocês nunca passaram pelo que eu passei! Nós temos uma grande diferença: Vocês são loucos, eu NÃO! – me levantei para sair do quarto, mas alguém na porta me segurou.

- Você não vai a lugar nenhum até explicar o que aconteceu. – o policial falou apertando o meu braço.

- Eu não fiz nada! E por favor, me solta. – olhei para ele e ele me soltou. – Eu não tenho o que explicar, e além do mais, quem vai querer uma explicação de uma louca?

- Não estou dizendo que foi você, mas seja quem for, nós vamos descobrir. – ele finalizou e eu fui para o pátio.

Quando cheguei ao pátio, estava tudo vazio, só se ouvia o assovio do vento e o dançar dos galhos de árvores. Eu estava sentindo muito frio, mas mesmo assim eu precisava por minha cabeça no lugar e eu resolvi dar a volta na floresta que tinha ali perto. Péssima idéia! Depois de alguns minutos caminhando eu vi logo a frente um corpo, parecia o Protetor, mas pude ver que tinha formas femininas, o corpo estava coberto por um lençol preto e logo depois de levantá-lo pude entender o porquê. O corpo fora dividido ao meio e os órgãos foram todos retirados, quem seria capaz de fazer algo assim?

Quando tirei a máscara levei um susto, era uma conhecida minha, era a enfermeira do hospital. Eu não acredito! Eu estava sonhando novamente?

-Alguém está aqui? – gritei olhando para todos os lados e não obtive resposta nenhuma. – Olá! – ouviu-se somente o eco da minha voz.

Fique um tempo parada pensando no que fazer e então ouvi passos atrás de mim, olhei para trás, mas não vi ninguém, me virei para olhar para o corpo novamente e tornei a ouvir passos.

- Ok, não estou gostando da brincadeira. – falei e então ouvi risadas infantis. – São vocês meninas? – e então ouvi risadas novamente e elas apareceram.

- Olá mamãe, você disse que iria voltar... – Carol, a caçula, falou.

- Mas você não voltou, porque não voltou? – Olivia disse.

- Ah, minha hora ainda não chegou, mas uma hora eu volto para ficar com vocês... – falei me afastando delas – Foram vocês que fizeram isso com ela? – perguntei apontando para o corpo estendido no chão.

- Não, mas até que seria legal! – Jully falou e todas riram – Mas nós estamos aqui pois o

Protetor nos autorizou.

- O Protetor?

- É, eles estão vindo te buscar mamãe, agora não tem como fugir. Agora você merece ficar lá!– Carol falou.

- Como assim, eu mereço? – perguntei espantada.

- Você foi malvada, muito malvada! – todas riram e logo depois sumiram.

- Esperem, como assim? Eu não fiz nada! – gritei e não obtive resposta nenhuma.

Achei melhor sair de perto do corpo para não acharem que eu matei aquela mulher também. Mas que matou? Talvez foram ‘eles’ mas como pode ser se eu não dormi? Quando eu estava chegando à porta do hospital, aquele policial me chamou e disse que tinha que me mostrar uma coisa.

- O que você quer me mostrar? – perguntei.

- Veja com os seus próprios olhos e me de uma explicação convincente, senão você estará muito encrencada. – ele falou me levando até o meu quarto.

- Achamos isso em baixo da sua cama – ele pegou um pacote com uma faca de açougueiro toda cheia de sangue – essa faca está muito afiada por sinal, e consegue tranquilamente cortar um humano em partes. – ele falou olhando nos meus olhos – e agora vem a pergunta: Se não foi você, o que a faca estava fazendo no seu quarto?

- Não sei, talvez deixaram lá...

- Aé, esquecido esse assassino não? – ele falou incrédulo.

- Pois é.

- Preciso do seu DNA, abra a boca. – ele falou pegando um cotonete.

- Ok, mas você não vai conseguir nada. – e eu abri a boca.

- É o que veremos. – o policial finalizou.

Eu estava a treze dias sem dormir, eu já andava com facas e bisturis (sempre bisturis) para me defender se algo acontecesse, pois eu via as meninas correndo e cantando na minha frente, eu via eles correndo na minha direção mas quando eu tapava o rosto eles desapareciam, eu via o palhaço nos rostos dos médicos, eu estava ficando louca. Passar frio durante a noite e tomar remédios já não me adiantavam mais, eu tinha que recorrer a alternativas extremas: eu cortava o meu corpo pois a dor não me deixava dormir.

Certo dia, eu acho que enlouqueci de vez e fiz a maior besteira de toda a minha vida.

Eu estava na hora da recreação com o bisturi escondido no bolso da minha calça quando resolvi ir ao banheiro. Quando cheguei lá, estava tudo quebrado e cheio de sangue, então resolvi ir para o centro do banheiro ver se tudo que eu vejo é verdade mesmo, de repente um zumbi entra na porta.

- Oi Sam, porque não está no pátio com a gente? Queremos brincar brincar com você... – e a

criatura se aproxima de mim.

- Sai de perto de mim, SAAAAAI! – e então comecei a gritar loucamente.

- Samantha, calma! Não vou te fazer mal, só quero brincar com você... – e então a criatura chegou perto de mim.

Não pensei duas vezes e peguei o bisturi que estava no meu bolso e cravei na testa do zumbi, fazendo-o cair instantaneamente, ele ainda se mexia então o ‘esfaqueei’ ainda mais e o sangue pintou minhas mãos de vermelho, um vermelho que você não iria querer nas suas próprias mãos.

Saí correndo de dentro do banheiro e dei de cara com outro zumbi que tentou me segurar, mas eu gritei e parece que ele se assustou comigo. Logo na curva do corredor havia um alarme de incêndio e um machado lá no alto, em caso de incêndio e se precisasse quebrar alguma porta. Apertei o botão de alarme e dei um jeito de pegar o machado, quando consegui saí correndo para me esconder, mas quando eu estava chegando ao quarto uma outra criatura estava na porta, ele veio pra cima de mim para tentar me segurar mas eu fui mais rápida e o matei. Ele caiu nos meus pés e então eu larguei o machado no chão e fiquei vendo aquele sangue escorrer e formar uma poça sob meus pés, eu nunca tinha ficado tão chocada como naquele momento, para mim ele era um monstro, eu via um monstro, mas me senti diferente, algo estava errado.

- Me desculpe, eu fiz tudo errado Sam. – quando olhei para trás eu vi o Protetor.

- Protetor, do que você está falando? Eles iam me matar. – eu me virei e fui em direção a ele.

- Não chegue perto, eu sou um perigo para você. Eu sem querer fiz tudo que eles queriam, eu fiz você enlouquecer, eu deveria saber que ficar acordado por muito tempo iria confundir o seu cérebro. Eu fiz você merecer ir para lá. – o Protetor falava em um tom triste.

- Mas, mas eu não fiz nada, ele ia me mat... – quando olhei para o monstro novamente, não era mais um monstro, era um segurança da clínica. – Protetor, me ajuda, o que eu fiz? – falei chorando, mas quando me virei o Protetor tinha desaparecido. – NÃÃÃÃÃO! – comecei a gritar e as meninas apareceram.

- Logo, logo você vai estar conosco mamãe, não chore.

Eu comecei a chorar olhando para as meninas e então me deitei ao lado do corpo, não me pergunte por que fiz isso, pois eu não sei. - Ele voltou a ser zumbi, estava morto, mas voltou a ter as feições de zumbi, me levantei e vi um palhaço, não era o mesmo que me torturou, mas era outro que só ria me olhava de uma distância considerável. Eu saí dali, estava tudo estranhamente calmo, se eu estivesse tendo alucinações novamente haveria várias pessoas perto de mim, mas não tinha, estava tudo em silêncio, só se ouvia a minha respiração e os passos do palhaço me seguindo. Então eu entro no meu quarto, ele está todo bagunçado e com um cheiro horrível, me sento na minha cama para esperar, esperar as alucinações passarem, se é que era isso que estava acontecendo, de repente ouço passos pesados do lado de fora do meu quarto.

- PERIGO, DIVERSÃO! – o palhaço gritou e começou a rir.

A porta se abre e eu começo a gritar, isso com certeza não era uma alucinação, eram eles, e eles chegaram tão rápido, eles foram tão rápido para cima de mim e estavam me machucando, machucando demais.

Eles me cortavam com as enormes unhas que tinham, quebraram-me quatro dedos e eu não tinha força para me mover, eles me seguravam extremamente forte, só o que eu conseguia fazer era gritar, eu chamava por algum maluco que pudesse me acordar, um médico, o Protetor, as meninas... E elas me atenderam.

- Saiam de cima da mamãe! – várias crianças gritaram.

Quando eu olhei para elas, não eram somente as três que tinha conversado comigo, as crianças não paravam de aparecer e pularem em cima deles, eu perdi as contas de quantas apareceram para me ajudar e elas incrivelmente conseguiram tirá-los de cima de mim e os machucá-los, mas machucá-los com vontade.

- Vamos mamãe, nós te ajudamos! - três meninos de aparentemente quinze anos apareceram

armados e um deles estendeu a mão para mim. Não pensei duas vezes e fui com eles.

Saímos correndo do quarto e eles me levaram para uma casa muito antiga no bairro onde ficava o hospital.

- Mamãe, me chamo Erick.

- Eu me chamo Denzel.

- E eu Freddie. – o terceiro menino completou.

- Você está segura por um tempo ficando aqui, mas precisa acordar, AGORA!

- Você precisa cuidar desses machucados o mais rápido possível. E eles vão te encontrar, seu cheiro é muito forte.

- Meu cheiro? – perguntei.

- É, cheiro de gente viva, e convenhamos você é a única viva por aqui. Se você continuar vindo nos visitar tão frequentemente, não terá mais o aroma dos vivos, mas sim dos mortos.

Ficamos um tempo conversando e vendo se alguém me acordaria, mas nada acontecia. De repente ouço passos pesados novamente, eram eles, eles me encontraram.

- Corre mamãe, dê um jeito de acordar! – Denzel gritou – Erick, Freddie, formação! – e então eles formaram um micro muro na frente da porta onde estavam tentando arrombar.

Corri para o banheiro para pensar em alguma coisa para me fazer acordar, gritar eu não podia, pois eles iriam me achar mais facilmente ainda. O que me restava fazer? Então vi uma tesoura no pequeno armário do banheiro. Não acreditei no que estava pensando em fazer.

' Comecei a cortar minhas pernas para ver se a dor me acordava, mas de nada adiantou, ouvi do lado de fora do banheiro ‘eles’ entrando e os meninos atirando e gritando. Eu precisava fazer alguma coisa e rápido.

Tudo ficou em silêncio de uma hora para outra, fiquei uns segundos no banheiro sem emitir som algum para saber se tinha algo do lado de fora, acho que eu tinha acordado, mas porque eu continuava ali?

Vagarosamente destranquei a porta e abri uma fresta para ver se tinha alguém do lado de fora e não vi nada, tudo parecia relativamente tranqüilo, então abri um pouco mais a porta e quando fui colocar o pé para fora do banheiro ‘eles’ apareceram do nada e eu em um reflexo extremamente rápido fechei a porta e fiquei jogando meu próprio peso contra ela para que não conseguissem entrar, mas meu peso não era o suficiente, eu estava pesando apenas 49 kg, sendo que eu tinha 1,80cm de altura. Eu continuava com a tesoura na mão e eu continuava me

cortando e nada acontecia, só perdia cada vez mais sangue, então não pude evitar, corri para o canto do banheiro e comecei a cravar a tesoura afiada no meu próprio estômago e então tudo ficou escuro.

Eu só ouvia o som de uma caixinha de música que eu tinha, meu irmão me deu quando eu tinha cinco anos. É, eu tinha um irmão, o nome dele era David. Eu tinha apenas seis anos quando ele morreu, mamãe tinha me dito que ele morrera pois estava muito doente, mas eu sei que não era isso, ouvi uma conversa entre meu pai e minha mãe uma vez onde eles disseram que meu irmão se matou. Tento entender até hoje porque ele fez isso, ele tinha apenas dezenove anos e cursava a faculdade de medicina. Ele passava o tempo inteiro comigo, cuidava de mim como se eu fosse o tesouro da família, sinto tanto a falta dele, falta da proteção dele. Nunca toquei no nome dele pois tento esquecer, se penso nele o choro é inevitável, dizem que chorar faz bem, mas para mim não fazia. Ele era o único que realmente me tratou bem em toda a minha vida, pensar que eu nunca mais veria ele me fazia querer morrer também.

A música parou.

- Samantha, Samantha, pare com isso! – um médico gritou tirando uma enorme tesoura da minha mão e jogando-a longe.

Olhei para o meu corpo e vi sangue, muito sangue, a dor era insuportável e lembram daqueles loucos que diziam que acreditavam em mim? Eles estavam sentados ao meu lado, com as mãos dadas e lágrimas escorrendo no rosto, olhei para os olhos deles e só senti vontade de chorar e confortá-los de alguma maneira, até hoje me arrependo de ter gritado com eles. Estendi minha mão banhada com o meu sangue até eles e sem hesitar todos a pegaram e disseram:

- Você vai ficar bem Sam, não se entregue agora. – falaram chorando.

Só tive forças para sorrir e logo depois gritar desesperadamente com a dor lancinante que senti quando os médicos começaram a me levantar para me levar para o quarto e cuidar de mim

Eu estava tonta, minha audição parecia alta demais e me deixava com dor de cabeça.

- Uma bolsa de sangue, por favor! – alguém gritou muito, muito alto.

A dor continuava e aumentava cada vez mais, era uma dor que me fazia querer morrer, era uma dor que mesmo sem forças, me fez gritar incrivelmente alto e eu não conseguia respirar direito mas os meus gritos ficavam cada vez mais altos!

- PRECISO DE SEDATIVOS AGORA! – o médico gritou.

Depois de alguns segundos a dor passou e tudo ficou escuro novamente. Eu não acredito!

Eu estava sem nenhum ferimento mas eu continuava com a roupa ensangüentada, olhei para os lados e vi o mesmo lugar em que visito nos meus sonhos e eu entrei em desespero.

- Aqui de novo não! – gritei para quem quisesse ouvir, eu não me importava mais, eu estava cansada de tudo aquilo.

- Sam, não se entregue! – olhei para trás e vi o Protetor – Sei que fiz você merecer estar aqui, mas viva o pouco que te resta no mundo.

- Viver como? Com monstros tentando me matar? Com facas, tesouras e bisturis na minha pele? Não agüento mais. E de qualquer maneira, não, eu não mereço estar aqui, eu quero ficar em paz, eu quero encontrar meu irmão.

- Mas agora você merece estar aqui! Você matou pessoas Samantha, e foi tudo culpa minha.

- Eu matei só o segurança que parecia que ia me atacar e ainda por cima eu estava tendo alucinações!

- Não foi só ele que você matou, você matou o Micah.

- Não, eu... – não consegui terminar a frase.

- Sim, você o matou Sam, VOCÊ! Agora você merece viver aqui pela eternidade

- Mas eu não sabia, como... – lágrimas rolaram pelo meu rosto.

- Você estava tendo alucinações, seu cérebro imaginava uma coisa mas mandava você fazer outras totalmente diferentes, você estava praticamente inconsciente quando fez isso. Mas mesmo assim, foi um assassinato.

Desabei em lágrimas e então o Protetor se aproximou e me abraçou.

- Vai ficar tudo bem, eu vou te proteger, esse é o meu trabalho e meu único objetivo de agora em diante. – ele falou.

- Mas eu queria ver meu irmão, eu quero ver de novo o rosto dele, eu já esqueci suas feições. – falei chorando.

- Mas você já o encontrou. – ele falou olhando para mim.

- Como assim? – perguntei e ele então tirou a máscara. – DAVID! O que você está fazendo aqui? – e o abracei como nunca tinha abraçado alguém antes.

- Eu cometi um erro Sam, eu condenei a nossa família. – ele falou chorando e eu fiquei olhando seus olhos extremamente azuis.

- Como assim? – falei sem soltar suas mãos.

- Você talvez já deve ter ouvido falar que suicidas vão para o inferno não é?

- Sim, continue.

- Pois é, aqui é como se fosse o inferno, mas é um lugar muito mais tenebroso, todas as almas, monstros e etc. andam sozinhos fazendo o que querem quando querem, matam pessoas na primeira oportunidade que aparece. Todos que vem para cá tinham uma grande maldade escondida, mesmo que inconscientemente.

- Mas você não tinha maldade alguma David... – eu disse.

- Tinha, e eu não sabia que ela era tão grande. Papai me batia todos os dias Sam, lembras aqueles roxos e sangramentos no corpo que eu tinha?

- Sim.

- Então, era o papai que fazia, ele descontava toda a raiva em mim e eu criei um ódio muito grande contra ele.

- Mas ele dizia que você era encrenqueiro, ele dizia que seus machucados eram de brigas de rua.

- Sam, eu nunca briguei com ninguém enquanto eu estava vivo.

- Tá, mas mano, isso pode condenar a nossa família por quê?

- Não é isso que vai condenar a nossa família. – ele falou olhando para o chão.

- Quando vim para cá após a minha morte, eu fui o que os donos daqui não queriam, eu fui um ‘libertador’ de todos. Antes de eu chegar aqui, todos eram escravos, todos apanhavam e a última coisa que eu queria era viver assim. Então juntei meia dúzia de criaturas e cada um convidou mais meia dúzia e assim uma multidão se uniu para confrontar ‘eles’. Aliás, o nome real deles é Beherit, todos têm o mesmo nome, pois como eles não existem iguais.

- E porque a nossa família foi condenada e não a deles?

- Pois eu fui responsável pela morte do Beherit chefe.

- Você matou um deles? – falei incrédula.

- Matei. Isso aqui virou uma guerra enorme, e no meio da luta eu subi o castelo deles e o matei com a Lança do Destino.

- Lança do Destino?

- É, é uma lança sagrada, e só essa lança tem o poder de matá-los.

- Mas o que essa lança tem de especial?

- Essa lança simplesmente definiu o destino de toda a humanidade, essa foi a lança que matou Jesus Cristo.

- E como você tem posse dela?

- Reza a lenda que só o escolhido a encontraria, talvez eu fosse o escolhido e minha missão fosse libertá-los. Após eu matar o Beherit, fui preso e torturado vários dias pelos irmãos dele, mas eu consegui fugir. Prometeram-me acabar com toda a minha família, e a partir daí você começou a ter os pesadelos. – ele olhou nos meus olhos – a única coisa que preciso é o seu perdão Sam. Só isso.

- Eu te perdôo, claro que te perdôo meu irmão, você é tudo para mim. – nós dois ficamos abraçados por um tempo então ele se levantou e me estendeu a mão.

- Vamos, vou te tirar daqui! – eu dei a mão para ele e sorri, mas quando levantamos o inesperado aconteceu.

Era um Beherit.

- Corre Samantha, corre! – ele gritou quando foi agarrado pela criatura

- Não, não posso te... – falei chorando.

- VAAAAAAAAI SAMANTHA! – ele gritou e eu sai correndo tropeçando em mim mesma e quando olhei para trás eles já tinham sumido.

Comecei a andar sozinha por uma floresta escura demais e então ouvi passos e risadas atrás de mim.

- Mamãe! – várias crianças gritaram ao mesmo tempo.

- Crianças... – desabei no chão e comecei a chorar.

- O que aconteceu mamãe? – todos vieram a começaram a me abraçar e me fazer carinho.

- Eles levaram meu irmão, eles o levaram... – falei chorando desesperadamente.

- O Protetor é seu irmão mamãe? – um dos meninos perguntou.

- É sim, eu preciso ajudar ele.

- Nós te ajudamos! – todos falaram juntos – ele nos libertou, devemos isso a ele. – a menina

mais velha falou.

- Toma mamãe – a menininha de cinco aninhos me entregou um ursinho de pelúcia todo sujo e rasgado – ele vai te ajudar, ele sempre me deixa mais feliz. Não gosto de te ver chorar. – sorri, peguei o ursinho em uma mão e a mãozinha dela na outra, me levantei e deixei os meninos me guiarem.

Andamos por um tempo e as crianças passaram o tempo todo conversando comigo, tentando me confortar de alguma maneira, mas eu só conseguia pensar no meu irmão com os Beherit, eu precisava salvá-lo.

- Chegamos. – um dos meninos exclamou.

Quando olhei para frente vi uma casa um tanto quanto rústica mas ao mesmo tempo assustadora, eles me convidaram para entrar e tudo que eu vi foram armas e mais armas. Todas as crianças sabiam manuseá-las muito bem, parei em um canto e fiquei vendo todas as crianças se arrumarem, segundo minhas contas, haviam pelo menos 36 crianças e todas estavam praticamente se arrumando para guerra.

- Isto é seu, sabe usar? – a menininha caçula me entregou duas espadas enormes e um

suporte para as mesmas e eu balancei a cabeça negativamente. – Ok, eu ensino. É bem fácil.

- Você ensina, como sabe usar? – perguntei espantada mas ao mesmo tempo encantada.

- Matei meu pai com a espada que ele tinha, minha mãe me levava em aulas. – a menininha falou seriamente.

- Quantos anos você tinha quando fez isso?

- Quatorze, ele me estuprava e eu dei um fim nisso. – ela sorriu – Então, vamos lá.

Ela em cinco minutos me ensinou golpes extremamente fáceis mas ao mesmo tempo fatais.

- E isso também fica com você... – um menino estendeu algo enrolado em um pano aveludado

– será muito útil se algo der errado, mas tenha cuidado com isso, é a Lança do Destino.

- Mas eu não posso ficar com isso, não posso. – me neguei a pegar.

- É o destino da sua família ficar com ela. – ele falou e eu resolvi pegar a lança.

- Mamãe, veja se serve em você! – a menina mais velha, que tinha praticamente minha idade veio correndo e me entregou uma bota – vai ficar linda em você e será melhor do que este chinelo que está usando.

Serviu perfeitamente e então coloquei a lança dentro da bota, peguei as espadas e o suporte e coloquei-as também.

- Estamos prontos mamãe, vamos salvar o nosso tio.

Naquela hora uma coragem enorme tomou conta de mim e todos nós saímos da casa prontos

para a guerra que estava para vir.

David Narrando: Eu acordei meio tonto e com uma mordaça, minhas mãos estavam acorrentadas e eu estava suspenso. Apesar de eu estar morto, aqui nós também sentimos dores, nós sofremos o dobro que vocês, pois aqui quando algo nos machuca, tem que ser alguma coisa realmente dolorosa, poucas coisas nos fazem sofrer.

Os meus pés estavam presos um no outro com arames farpados, a sala era escura, um tom

enferrujado e logo adiante vi um guarda dormindo.

- Acordou, Ó Salvador? – um Beherit falou e tirou minha mordaça, ah sim, eles falam, mas só mortos podem ouvi-lo.

- Não, estou dormindo ainda, não está vendo? E para sua informação, não sou Salvador, mas sim Protetor, eu protejo todos de aberrações como você.

- Hum, então, vamos começar a festa?

Samantha Narrando:

- Vocês sabem onde o David está? – perguntei.

- Quem é David? – uma criança perguntou e todas me olharam com atenção.

- É o Protetor. Vocês não sabiam? – perguntei surpresa.

- Ele nunca mostrou o rosto ou disse seu próprio nome. Não sabemos o porquê. Mas enfim, ele está no castelo dos Beherit, provavelmente.

- Provavelmente? Vocês não tem certeza disso?

- Não, infelizmente, mas vamos onde for preciso para te ajudar mamãe. E vamos primeiro no castelo, onde temos mais chances de encontrá-lo.

Concordei e começamos a andar, andar muito, até que um logo aparece, e o que estava na boca dele me assustou, era um braço humano, logo que esse lobo apareceu outros cinco surgiram.

Os lobos rosnavam muito e avançavam vagarosamente, quase imperceptivelmente.

- Não façam movimentos bruscos, apenas andem vagarosamente para trás. – eu disse indo para frente deles e os ‘protegendo’ com as mãos.

- Mamãe, estou com medo! – a caçula gritou e então todos os lobos correram pra cima dela. Eu não sei o que aconteceu, mas eu fui extremamente rápida e lutei sozinha contra os lobos, eles vinham para cima de mim e eu os matava com tanta facilidade e só o que restou foi sangue, muito sangue deles no chão.

- Você me protegeu mamãe. – a caçula correu na minha direção com os braços levantados e eu a peguei no colo e abracei-a tão forte, logo todas as crianças correram na minha direção.

- Esse é o castelo? – perguntei espantada.

- É sim, costumava ser uma antiga fábrica. – um dos meninos respondeu.

- Continua sendo uma fábrica, mas de horrores. – falei analisando cada canto daquela sala vazia e totalmente destruída.

Depois de a última criança entrar a porta fechou subitamente em um estrondo ensurdecedor, todos se olharam, mas nós continuamos em frente.

- Vocês também ouvem isso?

- Ouvimos o que mamãe? – as crianças perguntaram.

- Os sussurros. Falam coisas que não consigo entender.

- Nós não ouvimos nada.

Continuei andando e as crianças ficaram atrás de mim de repente uma porta se abre nada mais sai de dentro além de sobras e um vento muito forte começou.

Folhas voavam e muitas vozes conversavam, mas as crianças estavam quietas. Então pedras começaram a cair do teto.

- Escondam-se crianças! – gritei e todas foram para uma outra pequena sala e eu entrei na porta que abriu sozinha e o vento cessou. As crianças apareceram novamente mas não conseguiram entrar na sala onde eu estava pois quando elas apareceram na frente da porta, ela se fechou com um estrondo enorme e tudo ficou escuro, minha lanterna não ligava e eu tentei achar a saída.

- Então você é a menina que liga o nosso mundo ao mundo real? – várias vozes falaram ao mesmo tempo e eu não respondi nada, de repente senti uma energia forte e extremamente ruim entrar dentro de mim e eu desmaiei instantâneamente.

David Narrando: Eu estava sendo severamente castigado minha vida corria perigo, mas eu só pensava na Sam, só me importava a saúde dela, a vida dela. Não quero que ela venha para cá tão cedo para sofrer tanto quanto eu, quero que ela aproveite cada segundo da sua vida, pois os Beherit vão aproveitar cada segundo da sua morte.

- E então, quer ser o ‘Protetor’ de todos não? – o Beherit perguntou.

- Não quero, eu JÁ sou.

- Então vamos marcar isso para sempre. – a criatura terminou de falar e logo encostou um ferro quente nas minhas costas e eu gritei de dor por alguns segundos. – Doeu? – o Beherit perguntou sarcasticamente e eu não respondi nada. – Tudo bem, que a diversão continue...

- PARE! – alguém gritou atrás de mim e tiros começaram.

- Vamos, você precisa ajudar a mamãe – alguns garotos vieram e me soltaram – ela está mal, muito mal.

- O que aconteceu? – perguntei extremamente preocupado.

- Demônios. – um menino respondeu seriamente.

Demônios. A pior coisa que pode acontecer, você já deve ter ouvido falar em possessões não é? Pois é, os demônios procuram pessoas que poder ter ligação com este mundo e o mundo real, eles basicamente possuem uma pessoa para promover a violência e o caos e nos mais graves dos casos, a pessoa possuída auto mutila-se. Eu Preciso ajudar a Sam, e rápido antes que o pior aconteça.

Atrás de mim o Beherit estava sendo massacrado por pelo menos trinta crianças, todos estavam em cima dele transformando-o em uma montanha de lixo. Três meninos muito bravos estavam me escoltando até a saída da sala, apesar de terem me entregue uma arma de grosso calibre. Mas não sei por que eu iria usá-la se tudo que eu via no caminho estava morto, despedaçado e ensangüentado.

- Vocês fizeram isso? – perguntei olhando para os zumbis desmembrados.

- Não nós, as meninas. Nós fizemos aquilo! – eles apontaram para uma parede onde haviam Beherit’s presos e sendo torturados por outros meninos.

Você deve estar se perguntando, se um grupo de meninos prendeu tão facilmente um Beherit, por que todo aquele medo do início? Eu explico para você.

Os beherit’s são criaturas protegidas de Lúcifer, qualquer um que se atrever a machucar um protegido de Lúcifer está em um enorme problema. No nosso mundo, Lúcifer é como se fosse um rei, tudo que ele manda todos fazem, mas ele só aparece em casos extremos, quem mandava ativamente são os Beherit’s.

Quando cheguei aqui, dei a coragem que todos precisavam para dar o ponta pé inicial para a ‘liberdade’. Hoje tenho orgulho de falar que fui o mentor da revolução que resultou na libertação de todos aqui, mesmo eu tendo que pagar preços muito caros.

- E você ouviu nomes ou algo assim, nomes dos demônios que possuíram a Sam? – perguntei.

- Não, eles trancaram-na no banheiro, só conseguimos ouvir que era mais de um. – um dos meninos falou.

- Ela está muito longe?

- Não, está logo ali.

Chegamos a um lugar totalmente destruído. Pedras tinham caído do teto e haviam várias portas, uma em especial, estava aberta e toda arranhada.

- Foi ali, - um menino apontou para a tal porta – ela ficou presa ali.

Cheguei mais perto e vi sangue, o que ocorreu aqui? Eu vi mais adiante a pulseira de ouro da Sam, é daquelas que tem uma espécie de plaquinha com o seu nome, a pulseira estava mergulhada em uma poça de sangue.

- Lá na rua! – um menino gritou olhando para a janela.

Saí correndo e vi a Sam na rua, ela estava correndo e mordendo seu próprio braço, em algumas vezes ela tirava pedaços da sua própria carne.

- SAAAAAAAAAAM! – gritei saindo para a rua.

- Mamãe, mamãe. – os meninos gritaram também saindo para a rua comigo.

Samantha emitiu uns sons estranhos e nada mais, a cada passo que ela dava eu via mais de

perto o seu estado. Seus olhos estavam negros, seu rosto estava arranhado em um lado, seus dedos sangravam muito pois ela perdeu as unhas quando arranhou a porta do banheiro.

- Diga alguma coisa. – pedi com toda educação.

- Nós somos os que habitam aqui dentro. – Uma voz grave saiu da boca da Sam, logo ela que tinha uma voz doce.

- Em nome de Deus, digam os seus nomes. – gritei.

- Certa vez eu habitei Judas, eu sou Belial. – Sam parou e seu rosto enegreceu.

Fiquei parado diante da sua expressão de maldade extrema.

- E eu sou Lúcifer, o demônio em carne e osso. – ela finalizou.


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Notas finais do capítulo

Bem ,gente desculpa a demora,é que teve feira de ciências,provas finais e não teve como eu postar,mas enfim espero que tenham gostado e não se esqueçam dos reviews '-'
Ps :Ah, é uma pena que agora só possa coocar apenas uma imagem por capítulo "/ tinha tantas imagens sexys aqui OIHAIHOSA .n
enfim bises,Heart



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