Doll House escrita por Aleksa


Capítulo 29
Capítulo 30




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Eleonor dispara na direção do primeiro lugar que consegue pensar: a casa de Dietrich.

Chegando lá ela bate na porta.

- Oi?... Eleonor?

Dietrich parece estranhar o fato de Eleonor estar chorando.

- O que houve? – ele pergunta.

- Oliver... – ela diz.

Ele a deixa entrar, ela se senta no sofá, chorando.

- Isso está virando o sofá das lamentações... – ele comenta. – O que aconteceu?

- Eu não sei, de repente Oliver disse que não me queria mais na casa... Que teria sido melhor se eu não tivesse voltado.

Dietrich mostra complacência à dor de Eleonor.

- Eu entendo...

Enquanto isso, de volta a Doll House.

Nathaniel está completamente transtornado.

- Oliver! Seu imbecil! Se ela acabar machucada nós fazemos o que? – Nathaniel dispara.

- Ela está com Dietrich... – ele diz, encostado a parede.

- Com Dietrich?... – Sebastian pergunta.

- É... Eles estão conversando na sala... Dietrich sente pena dela. Ele está dizendo que eu já sei que ela está lá.

- E por que você não faz nada? – Dominik dispara, antes que os outros pudessem dizê-lo.

- Eu vou chegar lá e dizer o que pra ela? Nem eu sei o que está acontecendo...

- Faça como quiser! – todos gritam, estão todos cansados de se envolver nesse amor estranho e mal resolvido dos dois.

Saindo pela porta da frente, Oliver vai ao jardim, assistir um pouco mais do que estava acontecendo com Dietrich e Eleonor naquele momento.

De volta a casa de Dietrich...

- Eu não entendo... Acho que ele está zangado por eu ter vindo com você...

- Eu sei. – Dietrich declara.

- O que está havendo?

- Oliver está acostumado demais em ter toda a sua vida sob seu total controle, ele subjuga a todos os conflitos e discórdias que lhe passam por todo o tempo em que esteve vivo. Ele foi o responsável a cuidar de três gerações de Vandervilt, todos lhe depositam muita confiaça e respeito pelo fato de ser muito responsável e preso aos seus compromissos, definindo com total segurança suas prioridades... Até que você apareceu.

- Eu...? – ela soluça, limpando os olhos.

- Você. Criatura de existência finita que por si só arrancou todos os cálculos e certezas definidas que Oliver pudesse ter... Eleonor, ele não tem mais onde se apoiar. A incerteza é demais pra ele, ele não sabe o que fazer com ele mesmo, suas obrigações como criado ditaram isso até o presente momento, agora ele está sozinho, ele e os próprios desejos.

Dietrich respira profundamente, sentindo um leve pesar.

- E uma vez que vocês dois já dormiram juntos... – ele completa.

Eleonor sente ter levado um enorme e escancarado tapa no meio de seu rosto.

- Você viu aquilo?

- Emoções fortes demais... Acabou vazando para dentro dos meus olhos... Foi bastante perturbador... – ele diz, mexendo nas pontas de seu cabelo e olhando para o chão.

- E-Eu... Perdão Dietrich... Quer dizer... Você não precisava...

- Fico feliz que meu irmão esteja fazendo algo que vale a pena na vida dele. – ele sorri, havia uma doce simpatia sincera em seus olhos.

- Dietrich...

- Eu já volto, pode me esperar aqui um segundo?

- Claro.

Dietrich caminha pelo corredor, sumindo em uma curva, Eleonor ouve o som de uma das portas se fechando e em seguida silêncio.

Esperando a volta de Dietrich, e agora um pouco mais calma, ela percebia mais e mais o quanto os dois eram semelhantes, não apenas em relação ao comportamento como também em relação à tranqüilidade simpática com a qual encaravam seus problemas, ainda assim, cada um em seu elemento.

Oliver: A razão.

Dietrich: A emoção.

- Estou começando a perceber um padrão nesses dois... – ela sussurra pra si mesma.

Dietrich se aproxima novamente pelo corredor, limpando a boca com um lencinho de cor escura, um verde opaco e liso.

- Desculpe. – ele diz.

- O que houve?

- Nada. – ele sorri.

Com alguma dificuldade, e por trás do maravilhoso e reconfortante sorriso de Dietrich, ela pode ver alguma angústia e ansiedade. Depois de decifrar os sentimentos esquecidos de Oliver, parecia ser possível decifrar a qualquer um.

- Então por que você me parece angustiado?

- Não é nada de mais, só estou um pouco cansando, só isso.

Driblando a mesinha de centro, Dietrich se senta ao lado de Eleonor.

- Se sente melhor? – ele pergunta.

- Estou... Falar com você ajudou bastante.

Dietrich sorri amigavelmente.

- Fico feliz por ter ajudado.

- Talvez possa me ajudar também...

Oliver está parado na porta, encostado ao batente com uma expressão perdida.

- Você... – Dietrich fala, num tom de voz quase de desespero. – O que faz aqui?

- Fiquei me perguntando isso o caminho todo até aqui. – ele suspira, olhando fixamente para o chão. – Não sei responder... Não sei mesmo...

- Estão por que veio...

- Por que ela está aqui... – ele aponta para Eleonor. – E ela também acredita em você... Eu não sei por que, mas ela acredita... Então... – ela respira fundo, como se não acreditasse no que estava prestes a dizer. – Eu acredito também, confio nela.

Os olhos de Dietrich se estreitam, não parecem acreditar totalmente no que acabara de ouvir.

- Não fala sério... – ele diz.

- Nunca falei tão sério em toda a minha vida chata, monótona e repetitiva.

- Você não precisa se obrigar a isso... Você sabe que não precisa.

- Não mesmo... Mas eu quero, pelo menos uma vez na vida, ter feito alguma coisa impulsiva sem estar drogado pra isso...

- Oliver...

Eleonor assiste a cena silenciosamente, isso era maior e mais importante que ela, era um ódio rancoroso de setenta e quatro anos que podia enfim ser resolvido.

- Não fique tão chocado Dietrich. Tenho certeza que você, melhor do que ninguém deve saber como foi difícil pra mim vir até aqui...

- Eu sei... Você... acredita mesmo em mim?

- Não... Mas você tem o resto da eternidade pra me convencer que eu estou errado.

Dietrich acena negativamente com a cabeça.

- Não o resto da eternidade... Só mais seis meses.

- Seis meses? – Oliver estranha.

Dietrich sorri melancolicamente.

- Eu vou morrer logo...

Oliver pareceu ser pego de surpresa.

- Seis meses...?

- Esse é todo o tempo que me resta... Espero que consiga te convencer até lá. – ele lamenta.

- Desde quando você sabe disso...?

- Desde sempre... O mestre me disse...

- Por que você não me disse?...

- De que adiantaria? Você faria o que se soubesse?

- Eu tentaria te ajudar...

Dietrich suspira tristemente.

- Sempre mais preocupado com os outros do que com você... – Dietrich sorri.

- Você APESAR DE TUDO ainda é meu irmão.

- Não se preocupe comigo... Eu vou ficar bem, eu sempre soube.

- Não! Você NÃO vai ficar bem!

- Pra alguém que me queria morto a poucos segundos, você está se importando demais.

- Por que quando eu decido te dar uma chance, você me diz que vai morrer...?

- Desculpe por te avisar agora, mas se eu te dissesse antes não mudaria nada...

- Eu não quero perder você de novo... Eu já te vi morrendo antes... Não quero passar por isso de novo...

Oliver vai caindo junto ao batente da porta, até acabar sentado no chão.

- Eu sempre estive aqui. – Dietrich diz.

- Não pra mim... Pra mim você tinha morrido junto com o mestre.

- Isso não muda o fato de que eu sempre estive aqui...

- De novo não... – Oliver leva as mãos ao rosto.

O silêncio se instaura no ambiente.


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