Na manhã seguinte, Eleonor tenta o máximo que pode não olhar na direção de Oliver, o sonho ainda perturbava, durante o café, ela olhava insistentemente para o interior de sua xícara.

Enquanto ela lentamente sorvia um pouco de seu café, Yuri pergunta a Oliver.

- Oliver, você sabe o que ela tem? Está muito quieta hoje.

- Deve ter tido algum sonho obsceno a meu respeito... – ele diz num tom casual, desinteressadamente brincando com uma moeda.

Eleonor engasga, parte do café vai parar em seus pulmões, não podia ser tão obvio assim...!

- Ah... – todos na mesa dizem, no mesmo tom casual.

Ela se esforçava para respirar sem tossir, e dizer algo em sua defesa, sem muito sucesso.

- Relaxe. – Katrina diz. – Isso acontece com qualquer garota.

A possibilidade de Katrina ter passado por isso, fez a tosse ficar pior... Oliver nem sequer parecia ligar pra isso de forma nenhuma.

Eleonor queria berrar que não tinha sido nada disso (apesar de ser exatamente isso), mas depois de passado o acesso de tosse sua voz ficou um pouco fraca, por isso ela simplesmente se levantou, limpando a garganta, e foi para o seu quarto.

Naquela noite, ela sabia que o irmão de Oliver chegaria, e de certa forma, isso parecia interessante, ele parecia perigoso, e os outros a mandaram ficar longe dele, então, ela teria de ter cuidado.

Ela desce, estão todos na sala. Boris, Nathaniel e Sebastian estão sentados ao redor de Katrina, e ninguém parece estressado.

Gira-se a maçaneta da porta da frente, e a porta é empurrada de leve.

- Oizinho. – o rapaz que era EXATAMENTE igual a Oliver diz, com um lindo sorriso parado na porta.

- Dietrich. – Katrina diz.

A ÚNICA coisa diferente entre ele e Oliver, era a cor dos olhos, azuis escuros... E o fato de se vestir de forma bem mais provocante, o que era triste para Eleonor...

O olhar de Dietrich se dirige a Eleonor, e ele abre um sorriso.

- Olá mocinha. Quem é você? – ele pergunta.

- Não fale com ela. – Oliver diz, seu tom de voz é gelado.

- Não falei com você Olie, a gente conversa depois. – ele diz.

Ele atravessa a sala sem dificuldade, chegando até Eleonor, sorrindo e reforçando:

- Então?

- Me chamo Eleonor. – ela diz.

Era estranho, mas Eleonor não se sentia reprimida ou ameaçada pela presença de Dietrich... Talvez pelo fato de ele se parecer tanto com Oliver.

- Prazer em conhecê-la! – ele abraça Eleonor, como se os dois fossem velhos amigos. – Eu sou Dietrich, irmão de Oliver.

Todos na sala estão muito tensos... Menos Oliver, ele só está com raiva mesmo.

- Por que Ekatherina não está com você? – Oliver pergunta.

- Ah... – Dietrich diz, sem muito interesse, colocando as mãos nas costas. – Ela se matou.

- Isso quer dizer que você a matou? – Oliver pergunta.

- Nãão. – Dietrich diz, amigavelmente. – Isso quer dizer que ela se matou, bobinho. – ele sorri. – Eu nem estava por perto na hora. – ele inclina a cabeça para a direita.

- Isso não te impede de colocar um monte de lixo na cabeça dela até ela querer se matar. – Oliver diz.

- Não, não impede. – Dietrich sorri. – Mas eu não fiz. – ele endireita as costas.

Eleonor o achava estranho, mas não perigoso... Que coisa, ele não parecia ameaçador.

- Então Eleonor, você é a namorada do Olie? – Dietrich pergunta.

Antes que Eleonor pudesse pensar na resposta, Oliver a declarou, categórico.

- Não.

Eleonor ficou em silêncio.

- Que ótimo! – Dietrich diz, com um sorriso animado. – Então amanhã, nós vamos ao zoológico. – ele diz, pegando as mãos de Eleonor.

- Mas... – Eleonor tenta dizer.

- Eu não aceito um “não” como resposta. Venho te buscar amanhã. – ele sorri, acenando. – Tchauzinho.

Ele sai da casa com um sorriso, sumindo na sombra externa da noite.

Assim que Dietrich sai, todos parecem respirar melhor... Menos Oliver, que continua com raiva.

- AH! – Oliver grita, atirando um vaso no chão. – Aquele bastardo maldito! Como eu o odeio!

- Oliver, calma. Pelo menos ninguém saiu ferido. – Yuri tenta dizer.

- Não saiu ferido por enquanto! Quando ele se cansar de Eleonor nós fazemos o que?! Hein?! Pensamos: “Ah, pelo menos a morte dela foi rápida”?!

O sangue de Eleonor gelou dentro do corpo.

- Por que você não me deixa matá-lo?! – ele vira a Katrina.

- Ele ainda é seu irmão...

- Aquele assassino sorridente não é meu irmão! Meu irmão era normal! E ele está morto! Morreu junto com o mestre! Aquilo é só um monstro, frio e psicótico. – ele disse com nojo, e aos berros.

- Não vou discutir com você, Oliver. Você não está pensando direito...

- EU?! O pescoço dela está na linha de fogo! E EU que não estou pensando direito!

- Oliver, não fale nesse tom de voz comigo! Eu ainda sou sua mestra!

- NÃO! Você não é! O meu mestre está morto! Junto com o meu irmão! E logo logo com ela também! – ele aponta pra Eleonor.

- Oliver!

- Quieta! Eu não tenho que escutar isso! Vocês TODOS tem o sangue dela nas mãos! Não é mais da minha conta!

Oliver vai na direção da porta da frente, batendo-a com força atrás de si, um dos quadros cai e quebra.

Katrina está chocada com a atitude de Oliver, ele nunca tinha gritado com ela antes... Nem lhe faltado com respeito. Isso foi muito inesperado para todos.

- Devemos ir atrás dele? – Nathaniel pergunta.

- Não... Ele precisa pensar... – Katrina diz, suas mãos estão trêmulas.