A Pequena Coleção de Memórias escrita por Scila


Capítulo 1
O Conto de Scorpius


Notas iniciais do capítulo

Resumo: Scorpius é um menino quieto que passa tempo demais na biblioteca, seu avô está preocupado. Ele pode ser um Corvinal!



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O Conto de Scorpius


Resumo: Scorpius é um menino quieto que passa tempo demais na biblioteca, seu avô está preocupado. Ele pode ser um Corvinal!


- E faz quanto tempo que ele está lá?

- Ah não muito. Algumas horas.

- Tem... Absoluta certeza que ele saiu de lá desde ontem?

- Ora Lucius, claro que sim.

Silêncio. Narcissa continuou a tomar seu chá tranquilamente, esperando o inevitável momento em que Lucius tentasse o questionamento novamente. O marido podia fingir o quanto desejasse que estava concentrado na leitura d'O Profeta Diário, mas ela o conhecia.

- Certamente ele gostaria de voar um pouco? O tempo está ótimo para uma partida de Quadribol.

Apenas concordou com um "Aham", virando a colher dentro da xícara.

- Ontem mesmo comentei com Draco sobre envolvê-lo mais em esportes. Ar livre faz milagres.

Repetiu a resposta, mantendo-se seu ar de desinteresse no assunto. Lucius começava a "perder" interesse no jornal, abaixando o papel para encará-la melhor.

- Afinal mal o vimos desde que chegou. Estranhamente calado, esse menino.

- Timidez é normal na idade. Suponho que seja bem expansivo em sua própria casa – bebericou o chá calmamente.

Mais uma pausa, sua resposta obrigara Lucius considerar melhor sua visão do menino. Infelizmente, seu marido não tinha o costume de mudar de idéia sobre algo.

- Timidez eu entendo, mas se enfiar na biblioteca? Estou entrando nos meus sessenta anos e eu não passo tanto tempo enfiado em livros.

Deixou que continuasse, preferiu concentrar seus esforços em colocar a quantidade perfeita de açúcar em sua bebida, equilíbrio era imperativo para um bom chá.

- Draco não era assim nessa idade. Qual o problema com esse menino? Será a mãe? Verificamos tudo não?

- Claro que sim. Moça bem educada, família tradicional, bonita e inteligente. E não há problema nenhum com nosso neto, querido.

- Mas... Dificilmente será um líder, um político nem mesmo será um sonserino se continuar escondido dentro de bibliotecas. Onde está ambição dele?

Narcissa levantou uma das sobrancelhas delicadamente.

- Todo esse discurso é por isso? Porque está com medo que ele acabe em uma casa que não for a Sonserina?

- É a tradição, Narcissa. Malfoys vão para a Sonserina, nunca em toda a história da minha família...

- Bem, na história da sua família talvez. Mas existiram Black na casa Corvinal antes e não vejo qual é o problema.

Lucius desviou o olhar de volta para o jornal e Narcissa sabia que não significava sua retirada da discussão.

- Dificilmente Black entenderiam o significa manter uma tradição... – murmurou usando o jornal para esconder seu comentário, não que lhe ajudou muito.

- O que disse querido?

- Nada querida.

Levantou uma sobrancelha cuidadosamente.

- Corvinal é uma casa perfeitamente aceitável – afirmou, desejando defender a reputação de sua família Black.

- Mas Sonserina é preferível, concorda?

- Isso é Scorpius que deve determinar. E se ele preferir outra Casa, não será você que o deixará constrangido com a escolha não é mesmo Lucius?

- Narcissa! Claro que não. Ele é meu neto, nunca o constrangeria intencionalmente.

Terminou seu chá, colocando a xícara de volta na mesa. Lucius voltou à leitura do jornal, uma vez ou outra olhando na direção da porta que dava para a biblioteca. Narcissa poderia até concordar com sua preocupação em relação ao neto, afinal, toda vez que visitava os avós Scorpius corria a toda oportunidade até lá e só aparecia quando chamado. Mas suspeitava que não era relacionado à futura Casa do menino e mais com Lucius.

No primeiro dia que Draco deixou Scorpius na casa deles, Lucius pegou o neto no colo e lhe deu uma cobra de pelúcia (que estava enfeitiçada para sibilar). O menino, que tinha dois anos na época, começou a chorar sem parar e só recuperou a calma quando Draco o pegou no colo e tirou a cobra de perto.

Algumas vezes depois Lucius resolveu dar ao neto uma vassoura de brinquedo... As conseqüências foram trágicas. Scorpius tentou voar e acabou batendo contra a parede em um acidente escandaloso. A mãe do menino, longe dos ouvidos de Lucius claro, pedira para o brinquedo ser devolvido para evitar mais problemas.

Recentemente Lucius criara a mania de visitar Scorpius na casa do filho (portanto, longe do olhar crítico dela), levando objetos estranhos (e potencialmente perigosos) de presente. Draco contara que cada presente vinha acompanhado de uma história assustadora (para Scorpius, Lucius provavelmente achava que eram inofensivas) cheias de violência sobre o passado da família Malfoy (que eram longe de ser membros positivos e normais da sociedade).

Narcissa se viu na posição embaraçosa de proibir gentilmente o marido de assustar o neto em sua própria casa. Tarefa difícil, mas felizmente concluída.

Em resumo, Narcissa tinha quase absoluta certeza, a verdade era que Scorpius morria de medo do avô. E a biblioteca parecia o único lugar que Lucius não se aventurava muito. Não sabia se contar para o marido sua teoria faria bem ou mais mal.

- Será que ele está ainda lá? Quantos livros temos mesmo nessa biblioteca?

Suspirou. Lucius não ficaria satisfeito até o dia que Scorpius entrasse na Sonserina e possivelmente virasse Ministro da Magia.

- Acho que vou até lá... Fazer companhia.

Narcissa fechou os olhos, balançando a cabeça negativamente.

- Não, é melhor não, Lucius.

- Mas Narcissa...

- Se insiste, deixe que eu vá.

Lucius estava claramente decepcionado, mas ele também conhecia sua esposa e preferiu concordar com a sugestão.

Narcissa levantou e devagar se dirigiu a infame biblioteca, atrás de seu neto tímido. Encontrou o menino sentado num canto da sala, várias pilhas de livros em volta dele, um deles em suas mãos pequeninhas e em seu colo.

- Olá Scorpius. Seu avô e eu estamos procurando por você. Está tudo bem?

O menino tirou o nariz do livro que lia com tanto interesse e encarou sua avó com relutância

- Meu pai chegou para me pegar?

- Ainda não.

- Ah – suspirou decepcionado, voltando a ler o livro.

- Não quer sair um pouco no jardim? Ver o pavão albino?

- Não obrigado, vovó.

- Que tal alguns doces? Posso mandar o elfo trazer uma bandeja...

- Não obrigado, vovó.

Estava quase desistindo e indo embora quando viu de relance o título de um dos livros na pilha perto do neto. "Tradições e Sangue: O que é herança mágica". Sobrancelha levantada resolveu perguntar o que menino andava lendo.

- O que está lendo?

O menino ficou vermelho, mas respondeu.

- História da família.

- É mesmo? Que interessante... Mas se você quer saber sobre a nossa família é só perguntar para nós... Sabemos bastante sobre o assunto – sorriu.

- Eu sei... É que...

- Sim?

- É que tudo que faço parece incomodar o vovô. Aí, pensei que talvez... Eu estivesse faltando algo mágico, porque... Porque atrapalho ele tanto.

Narcissa derreteu completamente. Seu querido netinho não tinha medo do avô, só queria desesperadamente, assim como seu filho antes, agradá-lo. Já que Scorpius era um menino único e diferente de Lucius, as coisas que o avô fazia confundiam o neto.

Abaixou-se e passou uma das mãos no cabelo loiro dele, sorrindo.

- Você não atrapalha seu avô, Scorpius! Ele adora você. Vovô só... É muito animado com o passado então quer te ensinar muitas coisas, mas você não incomoda! E não tem nada de errado com seu sangue mágico.

Ele abriu um sorriso pequeno e assentiu a cabeça, agradecido. Depois de um momento de relutância fechou o livro que lia e se levantou.

- Posso comer doces agora?

- Claro! Vou te levar na cozinha e você pode observar enquanto os faço!

- Você vai fazer eles, vovó? Sério?

- Acha que eu não consigo? – riu Narcissa lhe dando uma piscadela. – Passei um tempo sem elfos-domésticos em casa, tive que pegar alguns truques.

Algumas coisas mudavam, outras continuavam iguais. Mas Narcissa tinha certeza que Scorpius seria feliz, seja na Sonserina ou em qualquer outra Casa.


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